Não consigo dormir até mais tarde, e à medida que envelheço, tenho a impressão de que meus dias estão começando cada vez mais cedo. Hoje, feriado de 15 de novembro, abri os olhos à 4:45 da manhã e não consegui mais dormir.
Os sons dos passarinhos na árvore à janela do quarto me atraem feito um ímã. Logo, a luz avermelhada do sol começou a entrar através das cortinas. Peguei meu Kindle e fui sentar-me na varanda para ver o sol nascer – e ele nasceu lindo, entre nuvens pesadas cinzentas e arredondadas, caprichosamente formatadas pelo vento. Olho para as copas das árvores e vejo que as criaturas da natureza despertaram bem mais cedo do que eu – sabiás na lida, maritacas voando em bandos pelo céu, meu casal de tucanos, que fez ninho em um tronco de árvore morta, se esforçando para alimentar o filhote. Bem-te-vis cantam, trocando mensagens à distância. As cambaxirras andam pelo muro com seu filhotinho, que bate as asinhas pedindo comida.
Olho lá para baixo e vejo Mootley, meu cachorrinho, caminhando pelo jardim. Faço silêncio, pois se ele descobrir que já estou acordada, fará um escândalo, e isso acordará minha outra cachorrinha, a Leona, e ambos passarão a latir e esmurrar a porta da cozinha até que eu vá até eles.
Gosto de acordar sempre cedo, pois na minha opinião, dormir até tarde é viver apenas a metade do dia, o que significa, no final das contas, viver pela metade. O dia será longo, e haverá muitas tarefas a serem feitas: preciso limpar a geladeira e passar a roupa. Preciso cuidar do almoço e também preparar as minhas aulas para amanhã. E quanto mais cedo eu começar, mais tempo livre eu terei no decorrer do dia.
Tive tempo até mesmo de escrever esta breve crônica.
Bom dia a todos.