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Meu marido recebeu uma homenagem do Rotary Clube de Petrópolis ontem à noite, por destaque em sua profissão. Fiquei muito orgulhosa dele. Nem sequer somos membros do Rotary, mas mesmo assim, as pessoas lembraram-se dele, e enquanto há tantas outras que também mereceriam a homenagem, ele foi o escolhido.
Houve também uma homenagem às mães, e o presidente do Rotary Clube de Petrópolis, Luiz Fernando Soter, discursou a respeito. Seu discurso foi breve e simples, mas bastante tocante. Partilharei aqui a ideia geral: ao saber que uma filha estaria tendo problemas de relacionamento com a mãe, ele a chamou para conversar. Explicou a ela que ele vem de uma época diferente, uma época na qual os filhos não tinham problemas de relacionamento com a mãe, por um simples motivo: para eles, as mães eram perfeitas.
Sem querer, eu senti minhas sobrancelhas se erguendo, crítica diante de tal afirmação, mas conforme fui escutando o restante do discurso, eu o compreendi e tive que concordar com ele.
As mães são perfeitas, segundo ele, porque , embora possamos ter muitas amigas, primas, tias, cunhadas, etc.., só temos uma mãe. A ela nós devemos carinho e respeito. Ninguém pode dizer que tem mais de uma mãe, pois a mãe é única no mundo.
Lembrei-me imediatamente da minha, que foi embora no dia 1 de janeiro de 2013. Ela não era perfeita. Mas era a minha mãe. A única que conheci, a que dedicou muitos anos de sua vida a cuidar de mim e de meus irmãos, a que passou várias noites em claro comigo no colo com medo que eu sufocasse quando eu era bebê e tive coqueluche. A única que, na época de matrículas escolares, ficava em filas enormes tentando conseguir bolsas de estudo com vereadores para que eu pudesse estudar em uma escola particular. A única que, ao receber a herança do pai, gastou-a toda conosco em roupas, sapatos, brinquedos, livros, dentista, e outras coisas. A que conversava comigo durante horas e horas enquanto preparava o jantar, e me falava de sua infância, das pessoas que conheceu e das casas onde morou.
Minha mãe foi a única pessoa que me empurrou nos balanços da Praça da Liberdade, e comprou-me caixas de estalinhos e brinquedos baratos nas bancas daquela mesma praça.
Certa vez, em um momento difícil da minha vida quando eu tinha 29 anos, ela passou uma noite em claro me escrevendo uma carta. O título era: "Para ler nas horas difíceis." Guardo esta carta até hoje. Pouco antes de ela morrer, em uma visita que ela me fez, mostrei-lhe a carta. Aos 85 anos de idade, ela pegou-a e leu algumas linhas, dizendo que não se lembrava de tê-la escrito... fiquei triste na hora, mas depois eu pensei: E daí? Jamais esquecerei de tê-la lido, e li-a muitas vezes, nas minhas "horas difíceis," como ela sugeriu. E que pessoa passaria uma noite em claro escrevendo-nos uma carta com uma mensagem que vale para a vida toda, a não ser a nossa mãe?
Se estivesse aqui, minha mãe teria completado 87 anos de idade no dia 1 de maio. Eu não fui ao cemitério, e nem irei no Dia das Mães, pois se as mães são realmente perfeitas, isso significa que elas não estão lá. Prefiro fazer uma oração sincera, curta e silenciosa daqui de casa mesmo, em agradecimento por ela ter sido uma mãe perfeita, apesar de suas imperfeições. Porque mães não podem ser vistas como meros seres humanos. Elas transcendem a humanidade ao exercerem seus papéis de mães.
Lindo e tocante! Parabéns!
ResponderExcluirAna, lindo texto, amei ler a adoro essa sua capacidade de dizer seus sentimentos, pois eu também sou assim, digo o que penso, embora isso muitas vezes não agrada muito as pessoas, pois é, muitos acham que devemos ir ao cemitério em todas as datas significativas, que devemos chorar e muito quando pessoas amadas se vão, eu choro sim, mas sozinha no meu quarto, ou melhor, choro embaixo do chuveiro, mas não muito, só para desabafar, depois é seguir em frente!
ResponderExcluirViver é bom, mas tem de ser com sentimentos, pois se tem uma coisa que é verdadeira nessa vida é o sentir, eu sinto e não disfarço nenhum sentimento.
As mães são únicas em nossas vidas, merecem nosso respeito nem todas merecem amor, pois é, nem todas, mães são seres humanos que erram e acertam como todo mundo nesse mundo!
Minha mãe se foi com sessenta e nove anos, morreu de repente, nem tive tempo de dizer adeus, mas a vida é assim, temos de aceitar o que não se pode mudar!
Amei ler aqui como sempre, seu blogue está sempre mudando de visual, amei também esse!
Abraços linda amiga!
Parabéns pela homenagem ao maridão e o texto da mãe foi lindo!" Adorei tuas palavras e colocações sobre ele e as recordações da tua! Somos mães, imperfeitas, tentamos acertar, mas como e omo erramos!!! bjs, chica
ResponderExcluirNós q já perdemos as nossas sabemos valorizar e quantificar a importância delas em nossas vidas. Seus pais estão lindos nas fotos ... tb tenho fotos dos meus nestes mesmos estilos da época ... minha mãe teria completado 90 dia 25/04 e meu pai completaria 88 dia 23/07.
ResponderExcluirBeijão
ps: parabéns ao Maridão.
Que pais lindos Ana, que maravilhosa declaração de amor à sua mãe, ninguém é perfeito, nem mesmo nossas mães, mas o mais importante é aceitarmos e agradecermos a mãe que tivemos. Obrigada por compartilhar, abraços carinhosos
ResponderExcluirMaria Teresa
Oi Ana
ResponderExcluirFelizmente ainda tenho a minha, com seus 91 anos, mas gozando de perfeita saúde física e mental. Concordo com você, não é perfeita mas, para mim, é a melhor do mundo.
Bjux
Acreditas que a tua Mãe não se lembrasse de ter escrito essa carta ?
ResponderExcluir- Eu não !
Foi mais uma prova da sua discreta mas sempre presente função de MÃE !
Uma Mãe que sempre te amou em qualquer circunstância.
Felicitações pela homenagem que o teu marido recebeu do R.C. P.
Um beijo, querida Ana.
Olá, querida Ana
ResponderExcluirTambém levei muito minha filhota no parque da Praça... aliás, os filhos... só que com ela, morava eu aí... podia desfrutar de tudo e de toda beleza do lugar...O vestido de noiva da sua mãe foi bem parecido com o da minha...
Mãe sempre perdoa porque ama mas toda regra tem exceção...
Seja feliz e abençoada!!!
Bjm fraternal
Nossa imagino a emoção, maridão deve ter ficado nas nuvens.
ResponderExcluirMãe é um bem maior, quisera se Deus eternizasse cada uma delas.
bjokas =)
Parabéns ao seu marido pela homenagem e parabéns a você pelo belo texto falando de sua mãe. ´
ResponderExcluirAbraços, Élys
Querida amiga Ana
ResponderExcluirParabéns pela homenagem
recebida por seu marido.
Mães são perfeitas.
Vivem em nós
tanto na presença
quanto na ausência.
E nos receberão em algum lugar
onde a vida continue,
com o amor mais perfeito
que precisamos...
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Gostaria de convidá-la a visitar o meu outro blog
www.semvoceeunaoseria.blogspot.com.br
Nele estou publicando textos inspirados em músicas.
Projeto de um livro para acordar sentimentos.
Se puder, escute a música, leia o poema
e deixe sua valiosa opinião.
Amigos sabem ler nossas entrelinhas,
e muitas vezes nos veem melhor do que
realmente somos.
Aluísio Cavalcante Jr.
Quando me perguntam se o amor é eterno, eu logo penso no amor de mãe como raiz para a questão. A ponte que liga um casal, é feita de amor, também, a de irmãos, de amigos...mas nada me convence que há algo mais forte neste amor de mãe, que sem dúvida transcende a derme! abraços
ResponderExcluirAna, faço minhas as tuas palavras. Se a minha mãe fosse viva teria 87 anos! Continuo a sentir a sua ausência e o buraco que deixou na minha alma nunca fechou. Esta é uma conversa íntima, entre nós duas, que ninguém nos ouve ...
ResponderExcluirGrande beijinho para ti.
Ana