witch lady

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terça-feira, 11 de junho de 2019

MEMÓRIA









Tinha sido um dia ensolarado de primavera. As pessoas chegavam em casa do trabalho, procurando por seus chinelos e se dirigindo ao banho, as toalhas penduradas no pescoço. Eu podia escutar o ruído da panela de pressão na cozinha: minha mãe preparava o jantar. Eu, adolescente, estava lá fora, observando a noite chegar. O luar estava lindo, branco e enorme, projetando brilhos sobre as folhas de bananeira no quintal dos fundos.

De repente, o vizinho da casa acima da minha ligou o toca-discos em volume alto, e uma música maravilhosa começou a tocar. Atraída pela música, minha mãe veio para o lado de fora e juntou-se a mim: “Que música linda é essa?” Eu, que estivera entretida com a beleza do comecinho de noite, virei a cabeça  para trás para olhar para ela e respondi: “Não conheço, mas sei que é a Barbra Streisand cantando.”

Ficamos a duas caladas, desfrutando a beleza daquele momento, no qual a música serviu como se fosse um pó mágico. Uma brisa muito suave soprava, fazendo com que as folhas das bananeiras parecessem dançar ao som daquela música, que alguns dias depois, descobri ser “Memory”, interpretada por Barbra Streisand.

Logo, a canção terminou, e nós duas ainda permanecemos em silêncio por alguns segundos, tomadas pela magia da emoção causada pela música integrada à paisagem, como se precisássemos de tempo para voltar ao mundo real.

Hoje eu escutei “Memory” outra vez; usei-a durante uma aula de inglês, e as memórias daquele fim de dia tão distante voltaram de repente.

Hoje eu sou outra pessoa, e minha mãe já não está mais aqui. Muitos já não estão mais aqui. Mas ficam as memórias.

É engraçada a maneira como uma simples canção pode sacudir momentos adormecidos e trazê-los de volta à vida.




quarta-feira, 5 de junho de 2019

Palavras e Palavras...




Mais uma aula termina. Olho o texto na tela do computador, onde a última aula preparada ainda figura: palavras, palavras, palavras... às vezes eu me pergunto como elas podem caber dentro da minha cabeça, ocupando um espaço tão importante na minha memória. Penso em todos os anos em que eu estudei arduamente para memorizar tantas regras gramaticais, expressões idiomáticas, phrasal verbs... vocabulário... palavras e palavras...

Penso na forma como elas chegam até a minha boca tão naturalmente, sem que eu tenha que pausar para pensar no que dizer – sendo que a língua que eu ensino não é minha língua materna. Acho que sei infinitamente mais a respeito desta língua estrangeira do que a respeito da minha própria língua!

Eu me recordo de quando comecei a aprender inglês, através de músicas e letras de músicas que vinham em fascículos de uma coleção da Editora Abril: as frases cheias de coisas impronunciáveis, que eu escutava e escutava, repetia e repetia, até que tivesse memorizado as letras e os significados de todas as doze canções que vinham em cada disco de cada fascículo! A maioria delas, eu sei cantar até hoje. É como se a primeira palavra puxasse pela mão todas as outras palavras que vêm depois dela, e elas fossem se alinhando na minha mente e saindo naturalmente. Até hoje é assim: tenho grande facilidade para memorizar letras de músicas em inglês. 

São muitos anos aprendendo e ensinando. Agradeço todos os dias pela minha profissão, e pela oportunidade que eu tive de aprender inglês quando as circunstâncias da minha vida eram tão difíceis, e os sonhos, sempre tão distantes. Foi muita força de vontade e perseverança. E de repente, uma coisa mágica acontecia: era como se eu não estivesse aprendendo uma nova língua, e sim lembrando-me dela! As frases que eu não conhecia nas letras das músicas contavam-me sobre seus significados, que mais tarde, eu confirmava nos dicionários. 

Ensinar aquilo que eu sei tem sido a principal missão da minha vida. É o que eu escolhi fazer. Não me importo tanto com o quanto eu posso ganhar, o que não é muito, mas a recompensa de ver alguém se comunicando nesta língua, viajando, obtendo sucesso nas entrevistas de emprego e provas de seleção, e saber que existe uma participação minha ali, é o que me move, a minha recompensa.




Your Ticket to English




terça-feira, 4 de junho de 2019

Conversa






Existem coisas que só eu sei,
E que eu gostaria de gritar ao mundo,
Mas tenho medo dos olhares enfadonhos,
Das indiferenças,
Das malquerenças que se jogam sobre os sonhos.

O anonimato protege o coração.
Mantenho os meus olhos no céu
Enquanto eles mantém seus olhos no chão.

Existem fadas em meus pensamentos,
Mágicos caminhos,
Estranhas canções.
As fadas sorriem; adormecem protegidas
Pelos meus atentos dragões.



segunda-feira, 3 de junho de 2019

Estrelas





Estrelas que há muito se foram
Emitem seu brilho lá de cima
E distraídos, apontamos para elas...
Como pode ser possível
Que elas estejam lá, sendo que não mais estão?

O vento passa, arrancando as folhas,
E elas sempre voltam  a brotar, 
Soltam-se sem reclamar,
E nenhuma delas, nenhuma,
Tenta segurar-se.
Quem são essas folhas, em quem tanto confiam?

As águas de um rio passam sobre as pedras,
Tantas e tantas vezes, que as tornam lisas,
Limosas, arredondadas,
Pedras formatadas em vida...
Como podem as pedras saberem mais do que eu?

Como pode o mesmo céu ser azul e ser breu,
E o dia ensolarado de repente virar chumbo
Numa tempestade que arrasta mundos?
Como pode, meu Deus, eu conversar contigo
Sem nem sequer saber de que o teu rosto é feito?

Eu me olho no espelho, e de relance
Rapidamente, em um breve lampejo,
Vejo dentro dos meus olhos estrelas que brilham,
Que estão aqui, mas que já se foram.

Eu deixo que o vento me arranque as memórias,
E as espalhe pelo chão, sem que eu tenha certeza
De que um dia elas voltarão...
O rio passa, e carrega consigo
Tudo o que foi meu, e o que tem sido.
Sobre a minha pele, um musgo antigo,
Escorregadio e muito, muito liso...








quinta-feira, 30 de maio de 2019

Mudanças de Paradigmas e Caminhos - Life by Lufe






E se eu te Dissesse?



...Que aquela pessoa que andava escondida,
Que afundava o rosto nos pés que pisavam a vida,
Sem olhar, sem sentir, sem atrever-se
A desejar ser, a pensar, a dizer,
Já morreu há muito tempo?

Espero que o mesmo vento que a levou
Sopre em teus ouvidos, e te ajude a entender
Meu novo olhar, meus novos sentidos,
Para que jamais te esqueças ou te percas
Em caminhos já de mim banidos.

Aboli palavras que me incomodavam,
Que ficavam zunindo por horas em meus ouvidos,
Apaguei os passos que me ligavam
A caminhos fechados,
Caminhos só de ida...

Voltei, renovada, mais aguerrida,
E a batalha que eu escolho lutar de hoje em diante,
É contra a manada dos meus próprios elefantes.
Expulso-os da sala - desenho mandalas,
Canto mantras que ninguém sequer escuta...

Não creio que a vida deva ser uma luta,
Mas um jardim que eu mesma escolho plantar.
Eu olhei para o jardim em meu retorno sem escolta,
E esse mesmo jardim, sorrindo, me olhou de volta.


Escrevi ontem o poema acima. Ele explica a mim mesma - como se resumisse parte da minha nova história. Muitas coisas aconteceram em minha vida nos dois últimos anos, e a maioria delas foi muito boa, pois mesmo que algumas tenham começado de forma aparentemente ruim, trouxeram-me ao momento atual.

Para começar, eu nunca antes em toda a minha vida, tinha sido engajada em causas políticas. Para mim, o mundo da política era apenas um lugar do qual eu queria distância e que, portanto, ignorava. Mas nosso país foi caminhando em uma direção cada vez mais perigosa, e chegou um momento (tenho certeza que muitas pessoas como eu e que também se engajaram na mesma causa também sentiram a mesma coisa) em que foi impossível simplesmente ignorar, deixar pra lá, como eu sempre fazia. Eu olhava as coisas acontecendo na Venezuela, comparava com o ritmo do que ia por aqui e pensava: estamos indo pelo mesmo caminho.

E eu não queria aquilo para mim. Não queria que o Brasil mergulhasse naquele mesmo caos - e já estávamos mergulhados até o pescoço, faltando pouco para sufocarmos de vez. Daí, me envolvi em coisas pesadas, pois  a política é algo pesado e cheio de negatividade. Paguei caro pela minha escolha, mas ao mesmo tempo, consegui ajudar a maioria das pessoas a parar aquele processo medonho no qual vínhamos caminhando. Acho que a vida é assim: existem momentos em que precisamos desarrumar a casa, hastear bandeiras, gritar, bater panelas; mas existem momentos em que precisamos acender um incenso e rezar, simplesmente.

Depois do objetivo alcançado, senti falta da minha paz de espírito. Minha intuição me disse: "Agora chega. Você fez a sua parte. Vá cuidar de você e esqueça o assunto, pois não é mais responsabilidade sua." E fui procurar outras coisas, sem saber bem o quê. Sentia que antes precisava me limpar daquela energia, e assim, acabei encontrando um curso de terapias holísticas que me despertou para muitas coisas em relação à minha espiritualidade, tão negligenciada; com ele, vieram as aulas de tarôt e as dezenas de livros sobre espiritualidade que passei a devorar, sem contar com os livros antigos que reli. Também abri um canal no Youtube, o Espiritualidade na lata. Escolhi este nome porque procuro sempre falar de uma forma breve e direta sobre aquilo que experiencio.

Também cheguei a alguns canais no Youtube que estão sendo de grande importância para mim; é isso: quando a gente muda a estação, as ondas certas nos chegam. Entre eles, estão o canal Escola Esotérica, que já recomendei aqui antes, e a minha mais recente descoberta (já citado em um de meus vídeos): Life By Lufe. Amo!!!

Estes canais se harmonizam perfeitamente a esta minha nova busca. Deixo aqui um dos vídeos do Life by Lufe, onde você poderá encontrar dicas sobre harmonização de ambientes, decoração, espiritualidade e grandes viagens espirituais. Só estou recomendando porque realmente gosto, está me fazendo muito bem assistir. Não conheço ninguém nesses canais, nunca conversei com eles e eles nem sabem que eu existo - e provavelmente, continuarão sem saber. Meu único interesse, é propagar essa energia vibrante e positiva que eles passam. Eis um dos vídeos. Impossível não amar.








Histórias





Invento pessoas,
Fico pensando nessas vidas imaginárias,
Personagens alegres e tristes,
Bandidos, mocinhos, santos e vilões,
E no meio disso tudo,
Sou deus em meu pequeno mundo.

E quando acabam as histórias,
Existirá um lugar
Aonde essas pessoas inexistentes
Começam a ser?

E se existe,
Haverá um dia no qual elas olharão para o céu,
Após verem passar um fogo rápido,
E se indagarão:
"- Quem nos trouxe aqui?"

E assim, 
Elas mesmas, então reais,
Começarão a contar suas histórias de fantasmas,
Fundarão seitas e religiões sobre mim,
Um deus obscuro, inseguro,
Criador de um mundo 
Sem começo ou fim.






Quem desejar conhecer alguns desses personagens, acessem o link do meu blog (já avisando que minhas histórias são longas e continuarão sendo),

HISTÓRIAS:





sábado, 25 de maio de 2019

Olha o Aviãozinho!



Eu



Eu, sentada na cadeira da cozinha olhando desanimada para um prato de comida. Eu sabia que minha mãe tinha misturado abóbora amassada no feijão, e eu não gostava de abóbora. Eu era muito pequena, e me lembro que precisava de ajuda para me sentar na cadeira e também para sair dela. Me lembro de tudo: o prato de comida na minha frente, eu choramingando; minha mãe de costas para mim, indo da pia ao fogão, o rádio ligado na Rádio Difusora. 

A menina da vizinha gritava: “Aninha! Vem brincar!” Meu coração dava um pulo, mas minha mãe olhava para trás: “Só depois que terminar de comer!” Era assim todos os dias.

Até que ela pegava o livrinho de histórias e colocava em cima da mesa. Ela o abria e ia mostrando as figuras, enquanto tirava a colher da minha mão e ela mesma passava a enchê-la de comida e leva-la à minha boca trancada: “Olha o aviãozinho!” Mas eu não queria saber de aviõezinhos. Eu queria o final da história, que eu já conhecia de cor.

Minha mãe ralhava: “Se quiser que eu conte, abra bem a boca e engula a comida!” Vencida, eu obedecia, e enquanto ela ia virando as páginas e contando a história, eu engolia dezenas de aviõezinhos sem perceber. De repente, ela raspava o prato vazio com a colher: “Acabou! Viu só? Agora pode ir brincar!” 

E eu ia brincar, ainda com bigodes de aviõezinhos na boca, carregando fadas, castelos, reis, rainhas  e princesas na imaginação. 

Um dia, ela me trouxe uma cartilha: “Senta aqui. Vamos aprender a ler!” Eu tinha quatro anos e meio. Ela colocou o lápis em minha mão, segurando-a e me ajudando a cobrir as letras “A” na linha pontilhada algumas vezes. Depois, me instruiu: “A é a letra do seu nome. Agora vá cobrindo os pontinhos até terminar a página toda.” E eu gostava daquilo!

Aos cinco anos, já sabia ler e escrever muito bem. Cobrira pontinhos suficientes para chegar até  a lua. Peguei o gosto pela leitura e também pela escrita, pois bem pequena, já arriscava umas histórias. 

Mas eu cresci, e meu sonho de ser escritora foi se esvaindo, como a comida do prato que entrava em minha boca através dos aviõezinhos. Meus escritos foram lançados por aí, em milhares de aviõezinhos – a maioria muito pouco lidos. Mas o prazer de escrever me alimenta. Sem estes aviõezinhos, a minha alma tem fome. 



Mãe


segunda-feira, 20 de maio de 2019

Objeto









Quando no meio do lixo,
Uma flor 
É um objeto
Abjeto.

O erro que te define,
Não está no chão,
Mas no teto.

Olhe em volta, 
Dê a volta,
Realinhe
Tua mira
Torta.

Pois se és
Objeto,
Que não sejas
Abjeto,
Plataforma,
Pouso livre
A todo tipo
De inseto.






sexta-feira, 17 de maio de 2019

Mentiras que Amamos










A verdade era quase óbvia; estava na falta de concordância verbal evidente em quase todas as suas falas, nas datas equivocadas, nos diplomas inexistentes para mestrado em Harvard e também na cronologia impossível de suas histórias. Estava no tom de voz exagerada e falsamente sofrido durante a palestra da TED e nos relatos de vida desencontrados, na fala compulsiva de quem fingia demonstrar a não vitimização usando a vitimização para justificar-se (sou negra, mulher, pobre e venci na vida).

Porém, aquela era exatamente a mentira que eles estavam procurando para exaltarem e justificarem suas causas: a mulher pobre, negra, sofrida, excluída, que através de força de vontade e muita luta, dá a volta por cima e vai fazer doutorado em Harvard. 

E a mentirosa foi entrevistada, exaltada, premiada cinquenta vezes, aplaudida por artistas lacradores, e até mesmo teria sua incrível biografia exibida em um filme. 

Só que não.

Uma leve arranhada na superfície (que ninguém teve a coragem de dar, talvez porque a mentira lhes estava sendo útil e colaborava com a causa que defendiam) foi o suficiente para desmascarar a farsante. E a verdade é assim: uma vez que ela vem à tona, nunca mais poderá ser ignorada. 

E a atriz Global lacradora Taís Araújo, em ato de falsa nobreza e humildade, ainda teve tempo de negar interpretar o papel de Joana D’arc por não se achar negra o suficiente para tal. 

Ontem à noite, andando pelas cercanias do Youtube, ainda deparei com uma outra moça (atriz Global também, para variar) que justificou a atitude da professora, alegando que se não fosse assim, uma mulher pobre, negra, etc, etc como ela, jamais teria alcançado a notoriedade que alcançou; ainda se referia aos brancos (em extrema atitude de preconceito e falta de respeito) como “A branquitude.”  Daí eu me pergunto: qual a vantagem de se alcançar notoriedade através de uma mentira tão horrorosa???

É isso, minha gente.

O caso da professora deveria ser analisado por psiquiatras, pois pode se tratar, realmente, de um problema mental sério. Se nenhum problema psicológico for detectado, acho que ela deveria ser afastada do seu cargo e punida pela mentira que propagou, pois não está apta a servir de modelo aos seus alunos. 

Mas toda essa história nos serviu para uma coisa: provar a necessidade de verificar notícias antes de espalhá-las a torto e a direito. Escolher  analisar histórias antes de decidir acreditar nelas. Depois de ver quanta gente ‘inteligente’ e poderosa foi enganada facilmente por uma mentira tão mal contada e de verificação tão simples, dá para entender melhor o poder de uma mentira bem contada. 






terça-feira, 14 de maio de 2019

A Memória das Estátuas






Estão todos alinhados,
(Alguns, de braços dados)
Olhos presos nas colinas
E além delas.

Refazem todo o caminho
Percorrido, ao chegarem
A esse lugar tão ermo.

Não sei do que eles se lembram,
Ou de quem se esqueceram.
Saberão dizer os nomes
Que um dia eles tiveram?

Parecem estátuas eretas,
Caladas e misteriosas,
Como as da Ilha de Páscoa.

Não sabem de onde vieram,
Ou se alguém virá busca-los.

A terra na qual eles vivem
É toda feita de memórias
Alheias às suas vontades.

Sonham em serem esquecidos,
Sonham muito com o tempo
Em que serão varridos
Desta terra adormecida.

Às vezes, me pego pensando
Nas suas vozes distantes,
Nas peles cheias de marcas
Que só quem olhou de perto, 
Realmente conheceu.

Nas pupilas dilatas
Que eles tinham quando riam,
Se assustavam ou sofriam...

Eu me lembro da alegria,
Também lembro da tristeza,
E do quanto eu não queria
Entre nós, essa distância
Que pouco a pouco se abria.

Mas eu penso no alívio
Que seus últimos suspiros
Concederam à minha dor.

Me lembro de toda pena
Que senti, por tanta vida
Que um dia, foi amor.





segunda-feira, 13 de maio de 2019

Algumas Coisas







Algumas coisas são.
O sol nasce, invariavelmente, todos os dias – mesmo que chova.
Movem-se em redemoinho as folhas soltas,
O vento brincando com a morte,
Erguendo as sementes pelo ar
Para depois
Soltar.

Eu olho tudo com olhos de primeira vez,
E ao mesmo tempo,
Com olhos de nunca mais.
Até quando, eu não sei,
Só sei que agora eu sou
E então,
Não.

Bate o passarinho com o bico na vidraça,
Tentando me chamar a atenção.
“Eis aqui o mundo,” ele diz,
“Venha cá para fora e alimente-me!”
Eu o obedeço,
Contente.

Alguns pensam nos amores proibidos,
Guardando gritos na garganta
Feitos de sonhos não vividos.
Mas ah, se fossem reais!
Talvez pássaros indo bater no vidro,
Para caírem depois, amolecidos,
Fio de sangue a escorrer dos ouvidos
- A sua essência
De mortais.

Nesse meu tempo em contagem regressiva,
Não quero muito da vida.
Quero ir lá para fora e vislumbrar o passarinho
Que canta escondido no galho mais alto,
Quero andar descalça pelo asfalto,
Mas de pés nus sobre o gramado.
Quero ter o conforto de não ter que fazer muitas escolhas,
Quero ver o vento
E o redemoinho de folhas,
Um pouco de música,
Minha casa,
Meu amor,
Meus cães,

-Nada mais.










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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...