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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Nós Aprendemos







Nos comportamos como se fôssemos viver para sempre.
Compramos, vendemos, fazemos escolhas, pagamos, devemos...
Nós só somos inteiros todo dia primeiro de cada ano, ao abrirmos a rolha;
É quando nós sonhamos.

Vêm marços chuvosos e maios gelados, agostos com ventos e dores, setembros com nuvens e flores...
Verões tresloucados, outonos cinzentos calados...
E tudo começa de novo, a mesma peça, alguns novos atores...
Nós somos os mesmos, mas mudamos sempre:
O que antes era deleite, torna-se a nossa maior dor.
Vêm e vão as pessoas, vêm e vão os lugares, vêm e vão os amores - mas ficam as dores.

Às vezes eu paro, me olho e pergunto: pra quê tanto estudo?
Por que tantas roupas, e pratos, e discos, e livros, e copos e computadores?
E velas, e flores, cadernos, canetas, sapatos, echarpes, colares, e quadros?
Pra quê tantas coisas, pra quê tantas coisas?

Vivemos como se fossemos ficar para sempre,
Nem percebemos o tempo que chega e nos transforma em criaturas...
...Fantasmagóricas
Que arrastam correntes por entre as enchentes de coisas compradas,
Lições aprendidas, lições ensinadas, palavras roubadas e outras caladas
Agarradas às barras de nossas etéreas saias!

Nós aprendemos tanto, e quando nos vamos, não sabemos nada:
Nem sequer para onde, nem mesmo o instante, nem mesmo a origem,
Se é o começo ou o fim da jornada.

.


.


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4 comentários:

  1. Boa noite, querida amiga Ana!
    Sabe, neste ano me senti um pouco acorrentada por bens materiais no lar...
    Tive que respirar fundo... para aguentar o 'peso' de ficar atada, sem liberdade de sairmos por aí mais leves. Uma casa por si só já nos 'prende'...
    Mas estou melhor pois era Deus trabalhando em mim o desapego total ...
    Gostei muito de ler seu texto que vem de encontro ao que estou procurando viver: como no primeiro dia do ano em todos os dias...
    É tão leve!
    Tenha dias venturosos e aconchegantes!
    Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem

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  2. Tão bonito... Adorei :)) Obrigada pela partilha:))

    O nosso amigo Gil António, diz: Queria abraçar-te ... meu amor

    Bjos
    Votos duma óptima Terça - Feira.

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  3. Que linda reflexão em seu belo poema!
    Também penso nisso, "pra quê tantas coisas" se nem sequer sabemos se iremos usufruir por muito tempo, mas sempre queremos, compramos, acumulamos, acho que todos somos assim!
    Amo a vida e viver, mas queria ser bem minimalista, ainda há tempo para praticar o desapego, basta querer, espero querer para sentir a liberdade que nos desprende de tudo!
    Abraços querida Ana!

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