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terça-feira, 24 de maio de 2016

Quem Mora Naquelas Casas?






Enquanto caminho, passo por casarões antigos. As portas estão sempre fechadas, as janelas cerradas - parece que há muito tempo - e apenas os caseiros circulam por ali . Nos jardins, vemos criações de galinhas, carros já bem velhos que pertencem às pessoas que trabalham ali, o gramado alto e mal-cuidado, varais cheios de roupas e a casa se deteriorando cada vez mais, aos cuidados de quem definitivamente não faz o seu trabalho, e tem certeza de que sua displicência não será fiscalizada. Dá uma pena enorme, ver estes casarões antigos quase abandonados! Ao passar por eles, surgiu-me um poema:


QUEM MORA NAQUELAS CASAS?


Passando pela calçada,
As casas enfileiradas
De paredes descascadas
Me fizeram perguntar:
Quem mora naquelas casas,
Por trás de tantas fachadas,
E de portas bem fechadas
Onde o sol veio brincar?

O vento assovia mantras
Por entre as venezianas
E as gretas das vidraças:
Quem veio escutar o som,
Diapasão do passado,
As notas dessa canção
Que a vida veio tocar?

Quintais de terra e cimento,
Velocípedes virados,
Brinquedos velhos, quebrados,
E ninguém mais quis brincar...
Margaridas, beijos, rosas,
Balanços abandonados,
Padrões no chão desenhados,
Nas sacadas, dormem gatos.

Quem mora naquelas casas,
Serão os anjos sem asas
Que nunca mais vão voar?
Ou serão só os fantasmas,
Grudados sobre as paredes
Balançando com as redes
De franjas arrebentadas
Que a brisa vem agitar?




4 comentários:

  1. O fato é que nelas existem relíquias que os modernistas não valorizam. O modelo arquitetônico é um exemplo. Belo e bem condizente ao tema.

    Abraços,

    Furtado

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  2. Amiga Ana, este poema dá música, aliás, uma linda música! É só aparecer alguém para musicá-lo.
    Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas uma linda semana.

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  3. Deu uma tristeza de ler... esses casaroes antigos, com tanta historia, assim abandonados... da a impressao de um passado se apagando...

    Beijos...

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  4. Eu adoro fazer esses passeios pelo meu bairro, principalmente descobrir algo nos casarões antigos, misteriosos como sempre.
    Belo teu poema.
    beijos.

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