witch lady

Free background from VintageMadeForYou

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Personagens





Minha mãe contava histórias,
Enquanto eu ia engolindo
Sem perceber, colheradas
De arroz e purê de batatas.

Os meus olhos, fascinados,
Brilhavam a cada menção
De reis e rainhas distantes,
Personagens encantados...

Minha mãe apresentou-me
Muita gente da nobreza,
Príncipes, fadas madrinhas,
Duques, magos e princesas!

Ela um dia deu-me a mão
E guiou-me pelas selvas
Onde moram os sacis
E alados cavalinhos
Alimentam-se de relva...

Minha mãe não  deu-me muito,
Mesmo assim, mostrou-me  o mundo
Onde eu hoje vou morar 
Na dor, em silêncio profundo.

Minha mãe, eu agradeço
Por aquelas colheradas
Que fizeram minha vida
Um pouco mais encantada...

E no último momento
Na derradeira viagem
Vou rever aquelas tardes,
Encontrar os personagens...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Erótico ou Caótico?






Há muitos anos, a mulher vem lutando para ter o seu espaço e sair debaixo dos dogmas e convenções onde foi colocada pela igreja, pela sociedade e por ela mesma - já que é ela a principal responsável pela educação das crianças, pois passa mais tempo com elas, e por isso, são as mães que mais contribuem para a formação do caráter de seus filhos. Se existem machistas, não será porque , após o almoço de domingo, as mães dizem às meninas: "Venha ajudar-me na cozinha," e aos meninos: "Vá assistir ao jogo com o papai?"

Bem, de qualquer forma, viver é aprender, e muito caminho já foi percorrido neste processo de libertação da mulher. E eu entendo por libertação, não o feminismo, que é apenas uma masculinização feminina, uma competição onde a mulher entrou para perder, já que ao invés de definir um lugar para si, tenta tomar o lugar dos homens.

Conquistar um lugar ao sol, não significa tomar o lugar de outrem, mas estabelecer fronteiras e pontos de intersecção, onde se possa inter-agir adequadamente, sem subestimações e sem conflitos desnecessários. Hoje, a mulher trabalha, ocupa posições de liderança, diz o que pensa (e deste direito, eu jamais abrirei mão) e não precisa mais temer os homens, nem submeter-se a qualquer tipo de violência 'pelo bem da família.' Acredito que isto foi um grande progresso.

Uma pena que estejamos, aos poucos, retornando ao ponto de partida, através de mulheres-objeto, ou mulheres-bunda, que sentem orgulho em serem chamadas de 'cachorras,' 'periguetes,' 'preparadas,' e outros adjetivos muito mais que pejorativos. E ainda escrevem livros promovendo o sadomasoquismo, ou seja, a total submissão aos caprichos de homens egoístas, cruéis  e pervertidos. E ainda chamam a isto de erotismo... triste mundo em que vivemos!

A banalidade grassa no mundo. De repente, alguma coisa - devido ao capricho com que é tratada pela mídia, pois existe esta facilidade - é tão massivamente divulgada, que torna-se moda. E poucos se preocupam em saber o que aquilo realmente significa... não é um grito de liberdade coletivo, e sim, um grito de independência financeira individual, que favorecerá a apenas uma pessoa.

Existe no mundo de hoje um vazio tão grande, que qualquer um pode tornar-se um guru; basta que, para isto, grite com autoridade e persuasão uma idiotice qualquer, e terá seguidores, defensores, praticantes e divulgadores. Aonde vamos chegar com isto? A total gelificação cerebral! É preciso aprender  a observar, pensar, considerar e concluir, e não apenas seguir a Grande Massa. É preciso que cuidemos das nossas almas com mais carinho e atenção. Não somos bonecas infláveis.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Hoje Não é Segunda feira - ou: 21 de Dezembro Vem Aí!





Bom dia a todos!

A felicidade é uma coisa sempre tão simples... após um feriadão que começou na quinta e terminou ontem, uma certeza nos levanta nesta manhã: hoje não é segunda feira! É quarta! Já estamos no meio da semana, que será curtinha, trazendo logo o nosso tão sonhado sábado.

Mês quase terminando, e lembrando que estamos a exatos trinta dias do final do mundo! 21 de dezembro vem aí. Seria interessante que começássemos uma contagem regressiva, e que tentássemos fazer algumas das coisas que estivemos adiando a vida toda... quem sabe, uma viagem, ou ligar para um velho amigo? Sei lá... todo mundo tem alguma coisa que vem adiando fazer.

E mesmo que o mundo não acabe daqui a um mês, estaremos mais completos se usarmos este prazo para sermos um pouco mais felizes.



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Meu Caso Com o Vento






Tudo começou quando eu nasci. Libra é um signo do ar, e portanto, o vento é meu principal elemento. Minha mãe dizia que eu era uma criança distraída, calma, introspectiva. Passava horas brincando sozinha, criando minhas histórias que mais pareciam-se com as novelas que eu assistia na TV, só que meus personagens eram bonecos de papel que eu mesma desenhava e recortava. 

Às vezes, minha mãe dizia que nem parecia que havia uma criança em casa. Eu também gostava de brincar e interagir com outras crianças, mas o vento sempre me levava de volta à minha escolhida solidão. 

Perto de onde eu morava, a algumas horas de caminhada, fica a represa que abastece quase toda a cidade de Petrópolis. Quando o dia estava quente e bonito, as pessoas iam para lá, a fim de aproveitar os muitos poços e quedas d'água que existiam no local, todos muito limpos naquela época. Hoje, infelizmente, a maioria está cercada por favelas, e poluídos por lixo e dejetos.

Certo dia de domingo, após o almoço, a família toda resolveu dar um passeio por lá. Era inverno, e os poços estavam vazios. Fomos de carro até onde a estrada terminava, e seguimos o resto a pé. Eu, que era uma adolescente tímida, tive uma reação inesperada ao cruzarmos uma colina aberta, onde o vento soprava livremente:

De repente, o zumbido do vento em meus ouvidos fez-me ter a impressão de que estava totalmente sozinha. Eu mal ouvia as vozes das outras pessoas, e num ímpeto de pura liberdade, eu abri os braços e comecei a correr colina abaixo. O vento parecia aprovar a minha loucura, soprando mais forte. Eu parecia vislumbrar faíscas pelo ar, talvez devido à luz do sol que já começava a se por, infiltrando-se por entre os galhos de árvores. Corri até o final da colina, e depois, parei, extasiada, respiração ofegante, sentindo um formigamento pelo corpo todo. Aquilo tudo durou apenas alguns minutos, mas foi como se eu tivesse saído de mim mesma. Foi incrível!

Durante muito tempo, minha mãe comentou o acontecido com outras pessoas, indagando-se "que bicho tinha mordido a Ana naquela colina".
Mas eu sei que foi naquele dia que o Vento e eu nos enamoramos.

Meu Poema






Meu poema me trascende,
E por vezes,
Me surpreende...
Diz o que eu não sabia,
Acordando emoções
No fundo de um eu silente...



Poema bom, é o que vem
Como uma comporta aberta,
E mostra uma alma nua
Inunda outra alma incerta.



A rima vem por acaso...
Pois o poema se escreve
Com tinta de ectoplasma.
E o nascer de um bom poema
Faz sangrar e faz sorrir,
Misturando sentimentos
Profusos, em seu parir.



Nem sempre, será o poema
Bom para quem o lê,
Mas importa que ele seja
A clareza de quem o escreve
Sobre aquilo que nem vê.

Minha Esperança











Minha esperança natimorta
Nasceu por último
E morreu primeiro.

Trancafiei-a numa torre
Bem alta, 
Aonde apenas as águias podem chegar.

Deixarei lá, a minha esperança natimorta,
Em um cantinho esquecido,
atrás da porta...

Quem sabe, um dia,
Minha esperança natimorta
(que já nasceu torta, deformada,
sêca e mal-formada),
Possa acordar?...

IMAGINA!







Imagina!...
Há uma esperança alçando voo,
As estrelas por cima...
Páginas brancas que se cobrem
De poemas que transcendem
A compreensão do poeta
Que os escreve...

Imagina!...
Deixa correr solta e sem destino
A palavra que te nasce
Deste voo, desta cisma...
haja verdade, haja humildade
Para aceitar esses versos
Que nunca foram teus...

Imagina!...
Quem sabe, veio das nuvens,
Ou do coração da vida
A qual tu tanto procuras,
Visando encontrar a paz,
Tentando a felicidade
Da qual nunca te aproximas?...

Imagina!...
Deixa o vento te guiar
E te levar para cima...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Final do Dia






O dia termina. Novamente. As avenidas estão cheias de pessoas e carros. As padarias estão cheias, e as pessoas se juntam nelas para o último cafezinho do dia. Os pais compram o pão. As crianças de uniforme compram os sonhos e pães doces. 

Os ônibus estão cheios, e as lanternas avermelhadas dos carros colorem o crepúsculo. 

Nos bairros, as avós ligam os rádios para ouvir a Ave Maria. Os cães latem nos portões das casas, devido ao movimento de carros e pessoas chegando.Portões se abrem. Pessoas entram. As crianças estão sentadas às mesas das cozinhas e salas de jantar, terminando a lição de casa. As crianças que tem irmãos, brigam. As mães ralham com elas. 

Pelo ar, cheiros de jantares que estão sendo preparados. Fragmentos de conversas. Boas tardes, boas noites. Buzinas amigáveis. Alguém liga a TV. E todos começam a ligaras suas TVs, e as luzes dentro das casas se acendem. Os homens calçam seus chinelos, as mulheres lavam seus cabelos, mandam as crianças tomarem banho, põe as mesas... 

Os casais comentam sobre o dia que terminou. Como foi o trabalho? Conseguiu resolver aquele problema? Lembrou-se de pagar aquela conta? As crianças brigam, e alguém ralha com elas novamente. Quem passa pela rua, vê as casas com suas vidraças iluminadas, gente dentro delas vivendo suas vidas. Cachorrinhos, gatinhos... as cigarras cantam alto na mata. As luzes dos postes já se acenderam. O céu ainda está claro, mas aos poucos, as estrelas começam a se destacar no fundo cada vez mais escuro. Mas ninguém se lembra delas, pois estão dentro das casas, cuidando de suas vidas.

E as pessoas que moram do lado de dentro das vidraças iluminadas, não sabem o quanto são felizes. São tão felizes!... E é uma felicidade de cenas que aconteceram no passado, acontecem hoje e acontecerão no futuro. Uma felicidade tão comum, que como as estrelas no céu, ninguém presta atenção a ela.

Mas um dia, alguém sentirá saudades... um dia, alguém se lembrará daqueles dias simples, por trás das vidraças iluminadas.

Dia de Princesa





Encerrou-se oficialmente hoje, às 14 horas, o Dia de Princesa de minha cadela Latifa de Sá Benjor, que teve início ontem pela manhã (dia anterior ao dia da faxina).

No Dia de Princesa, Latifa tem autorização para circular livremente dentro de casa, dormindo nos tapetes, coçando-se no meu soalho, deitando-se em minha sala de estar e fazendo suas refeições na cozinha. Findo o período que antecede a faxina, a carruagem volta a ser abóbora e ela volta a ser cachorro.

Pobre Latifa...

domingo, 18 de novembro de 2012

COMANDO













Mão no leme,




Cabeça erguida 


Olhos presos 


Ao que vem lá do horizonte... 


Tempestades, ventos, 


calmaria, montes 


de icebergs 


De pontas diminutas 


E corpos imensos... 











É o mar que rema o barco,




É o mar o comandante... 


Jamais a lugar algum 


Se chega depois, ou antes...

Choveu de Madrugada...





Durante a noite, acordei com uma ventania  e o barulho da chuva  sobre o telhado. Gostoso, estar debaixo das cobertas, enquanto chove lá fora! Dá uma sensação de puro aconchego.

Agora de manhã, quando acordei, ainda estava chovendo. Mas agora, parou. Comecei a minha rotina diária, de fazer café e de cuidar de cães e pássaros. Quando fui pendurar as garrafinhas dos beija-flores, de repente, uma forte brisa fresca começou a soprar. Fechei os olhos, e deixei que ela soprasse através de mim. Por um instante, foi como se eu tivesse me tornando transparente.

Abri os olhos, e olhei o céu cinzento e pesado, mas com um ar de mormaço de sol querendo chegar. A chuva presente em todos os lugares: nas poças no quintal, pendurada em gotas nas folhas das árvores e plantas, fazendo brilhar os telhados e folhas. Estávamos precisando muito desta chuva!

Os passarinhos parecem mais tranquilos, pois até que a chuva esteja seca, não haverá mais queimadas, e seus ninhos estarão seguros.

Abençoada chuva!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Perigo!







Existe na vida da gente um momento de grande perigo: e este momento é exatamente aquele em que pensamos ter alcançado a luz.  De repente, achamos alguma doutrina que vai ao encontro de tudo aquilo em que acreditamos, totalmente ou pelo menos, quase totalmente. E nos achamos 'iluminados.' Sabedores da Verdade da Vida. Portadores da luz.

Acho que todo mundo sabe a história de Lúcifer, o anjo mais lindo do céu. Seu nome - Lucem ferre - também significa ,  estrela matutina. Tão lindo, que tornou-se extremamente vaidoso e cheio de si. Tão vaidoso, que pensou ser melhor que o próprio Criador, e revoltou-se contra Ele. Tão lindo, iluminado e vaidoso ele era, que pensou que poderia ser um líder, um guia espiritual.

Foi expulso do paraíso, e hoje, seu nome representa O Mal em si, a queda, o anjo caído. O diabo.

Quem se acha portador da verdade, receptáculo de todas as respostas, está tão cheio de convicções, que nada mais cabe dentro si. Perdeu a humildade, o bom senso, a caridade. Pois até mesmo a caridade que pratica, torna-se um motivo de auto-exaltação, e ele pode até mesmo desprezar os outros que ele pensa não serem 'tão caridosos quanto ele.'

A presunção é o primeiro degrau da escadaria que alguém sobe para cometer o suicídio espiritual. O pretensioso pensa saber de tudo, até mesmo da vida de quem o cerca. Acha que sabe a causa de todos os males, e brada, sem a menor caridade, frases como 'Aqui se faz, aqui se paga," "A cada um conforme suas obras," ou até mesmo, "Teve o que mereceu."  E embora estas frases possam conter alguma verdade, na boca do presunçoso elas tomam a forma da maldade pura. 

Ele acha que todos são cegos - ou seja, todos que não pensam como ele, todos que discordam de suas ideias e dogmas.

Fico aqui, na minha sombrinha, de onde posso vislumbrar, de vez em quando, um pouquinho de luz. Porque até mesmo a luz, quando é demais, causa a cegueira, não apenas naqueles que a cercam, mas principalmente em seu portador.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O Espelho do Céu







O ESPELHO DO CÉU



...E o céu tornou-se verde
Pelo musgo do passado,
E mergulharam os anjos
No lago, em busca das nuvens...

E o teu rosto refletia-se
No espelho daquelas águas,
Eu pensei que tu voltavas,
Eu pensei que tu voltavas...

E o lago todo enrugou-se
Com uma pedra atirada
Sobre a sua superfície...
O teu rosto ficou triste...

E os anjos, assustados
Voltaram lá para o céu,
E o teu rosto foi com eles,
Restou-me o amor afogado.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Missão








Percebi
Que o caminho
Por onde eu me pensava
Perdida
Era a estrada
A mim preparada
Pela vida.

Percebi
Que a resposta
Que eu tanto queria,
Era outra pergunta
Descansando
Dentro de outra,
E mais outra,
E que todas, juntas,
Apontavam a resposta
Que eu não via.

Percebi
Que a verdade
E a mentira
Eram apenas
Uma questão
De geografia,
E a mentira era só
O que eu, cega,
Escolhia.

Percebi
Que havia
Outras trilhas
Ao final das chegadas,
E que chegar
Afinal, não era nada...

Pois descobri
Que aquilo que eu buscara
Na ânsia de cada dia
A vida toda,
Na verdade, me seguia...


Brisas e Plumas









Asas de ouro
Pesadas
Não alçam voo...
Levam penas,
Duras penas...

O vento só aceita
Penas e plumas
Rarefeitas,
Que a brisa, em sopro,
Alça às alturas.





segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Tudo Cala!...



Tudo cala,
E fica bem mudo:
A saudade maior,
O amor deixado,
O amor roubado,
A solidão,
A chuva no telhado,
O medo do escuro,
O muro
A separação,
O coração quebrado,

Tudo cala,
E fica calado,
O emprego perdido,
A injúria,
O desejo forte
Não realizado,
O sonho abortado,
A dor de uma perda,
O tapa na cara,

Tudo cala,
A dor do abandono,
O sol escaldante
Que seca as colheitas,
As desfeitas,
O ser desprezado,
O chute na alma,
A doença sem cura,
A usura,

Tudo cala,
E fica bem quieto,
Até mesmo a morte
Diante da sorte
Daquele que chora
Por saber-se
Condenado,
Sem sol no horizonte,
Ou água na fonte,
Uma dor sem nome...

Tudo cala,
E fica calado
Diante da dor
 De quem sente  fome!

*

A fome do corpo é maior que a fome da alma. É uma dor sem consolo, e quando sem esperanças, é ainda mais terrível, pois quem morre, vê-se morrer por algo tão básico, comum, tão cliché... um prato de comida, apenas um prato de comida.

domingo, 11 de novembro de 2012

Conclusão





Talvez um dia
Concluas
Que aquelas luas
Que vias
Andando à toa, nas ruas,
Eram só uma.

Tua vista
Dividida, distorcida,
Partia a lua,
Partia a vida,
Partias,
Ausências doídas...

Talvez um dia
Me olhes
E vejas
Que afinal, sou bem menos
Pesada, em tua peleja,
Bem mais amável
Do que desejas...

Talvez um dia, o monstro
Que tu criaste,
Te olhe , enfim,
E as pupilas
Sejam bem claras,
Não ferinas...

Talvez um dia, tu cheires
A flor temida
Da vida
E descubras
Que o perfume
Era doce
O tempo todo,
Embora os pés
Pisem o lodo.

Talvez um dia 
Percebas
Que afinal, sou apenas
Uma alma
Como tantas
Que guarda em si a criança
Adormecida
Com a qual lutas.

Talvez um dia concluas
(Quando eu não mais estiver)
Que eu era doce,
Que me amavas,
Talvez tu sintas
A minha falta
No do coração
Que hoje te falta.


*
 

Quem te Esquece





Quem te esquece
Jamais lembrou-se, 
Realmente
De ti...
Não te merece.
Quem te amofina,
E te deixa,
E se queixa,
E te apunhala
Pelas costas
Sem motivos
Por diversão
Por vingança
Ou por aposta,
Não merece
Nem sequer
Uma resposta,
Uma lágrima tua,
Uma memória,
Ou menção
Desonrosa.
Não merece nem mesmo
O espinho da rosa!
Quem te esquece
Porque você
Não rendeu-se
Aos desejos
E conveniências
De uma falsa
Sapiência,
E denigre
O que de bom
De ti, resta
Nos corações
Que o cercam,
Não merece, sequer
Um olhar,
Um sorriso,
Um olá.
Quem se esquece
De ti, por raiva,
Vingança,
Ódio,
Inveja,
Desejo de domínio
Ou por outro
Qualquer desatino,
E te acusa, 
E te expõe
No teu dia
(que deveria ser)
De glória,
Não merece fazer parte
Da tua história.
E quem o segue
Por maldade
(ou comodidade)
Te esquecendo,
Te esquecendo,
Te esquecendo,
Só merece
O mesmo de ti,
Que tu sigas
Tua vida
Esquecendo-se,
Esquecendo-se,
Esquecendo-se...
Melhor não estar
Onde ninguém
Te quer,
Isso fará de ti
Uma pessoa
Verdadeira.
Não me lamento
Jamais
Por conhecer a verdade,
Não faço questão
De falsidade.

*


E enquanto houver, em mim, uma ínfima dose dese veneno, desse horror,  hei de purgá-lo até ver-me livre, para não morrer.


sábado, 10 de novembro de 2012

Uma Lua a Mais




Que hoje haja
Mais uma lua,
Uma lua a mais
Brilhando no céu
Sem competir
Com a outra lua,
Mas a encantar,
Acrescentar.

Que haja, sim
Uma luz a mais
Para São Jorge  cavalgar,
Mas sem dragões
Que ele precise matar.

Que haja uma lua
A mais, para ser vista
Das janelas, das ruas,
E ser fotografada
Pelos turistas
Nas pistas,
Uma lua a mais 
Para os poetas
E artistas.




sexta-feira, 9 de novembro de 2012

CINQUENTA TONS DE CINZA - resenha






Cinquenta Tons de Cinza - por E.L James, tradução de Adalgisa Campos da Silva
455 páginas , editora Intrínseca
Ano: 2011

O que torna um livro um best-seller?

 Deveria ser a mensagem que ele contém, a beleza, quem sabe, a verdade - mesmo que nua, dura e crua. Senão a verdade, talvez a fantasia que enleva o espírito, ou a trama que prende e amedronta, enfim, o que torna um livro um best-seller, deveria ser algo mais além da mídia.

Mas vivemos em uma época na qual o escândalo e o consumo rápido são o que encanta. Não importa o que um livro contenha, desde que ele seja anunciado por todos os meios de comunicação, apareça nos programas de TV e nas resenhas de jornais. Que ele esteja exposto nas vitrines das livrarias importantes, e que se faça dele tanta propaganda, que lê-lo torne-se uma obrigação. E diz a amiga: "Ainda não leu?! Em que planeta você vive?"

Tive a infelicidade de receber de presente o livro "Cinquenta Tons de Cinza." A pessoa que, com todo o carinho e boa vontade me presenteou, avisou que tratava-se de um livro talvez um pouco pesado (embora ela mesma não o tivesse lido; comprou-o por tratar-se de um best-seller). Pensei em outros livros um tanto pesados que eu lera e gostara imensamente, como os de Rubem Braga, Dalton Trumbo (Uma Arma Para Johnny), Nelson Rodrigues, enfim, livros que contém violência e erotismo existindo dentro de um contexto lógico e interessante.

Cinquenta Tons de Cinza conta a história da jovem estudante de literatura Anastasia, que conhece o jovem bilionário Christian Grey, atraente e misterioso, e os dois iniciam um relacionamento. Até aí, nada de novo, a não ser pelo fato de que Grey promete casar-se com ela apenas se ela concordar em assinar um bizarro contrato, entregando-se totalmente às suas vontades sádicas. Bem, isto é o resumo do que está resumido na contra-capa. E não é preciso ler mais nada, pois o resto do enredo, pelo que percebi das páginas que li,  é apenas trocas de mensagens entre os dois, cenas de sadomasoquismo onde Anastasia, submissa,  obedece às perversidades de seu algoz dizendo coisas como 'Sim senhor' (total degradação da mulher) enfim,  pornografia barata  de péssima qualidade.

Se você gosta de pornografia, não precisa gastar $35,00 para comprar este livro; por menos que a metade, você poderá adquirir alguma coisa semelhante (sem as tentativas bizarras de aspirar tornar-se literatura, ou seja, 'cutting the crap') em qualquer sebo ou banca de jornal. E sem sentir-se enganado.






Baile do Cafona











Minha sobrinha Carolina chega aqui em casa ontem, acompanhada de minha mãe e minha irmã. Parecia um tanto constrangida, como alguém que quer dizer alguma coisa e está se segurando. De repente, ela manda: "Mãe, será que eu falo?" E minha irmã: "Fala, pergunta, ué!"

E ela, olhando para mim e torcendo as mãozinhas: "Tia, não se ofenda... mas será que você não teria um vestido antigo, alguma coisa que você não usa há muito tempo?" Minha irmã: "Carol, não é festa do antigo, é festa do cafona!"

Àquela altura, eu estava mais confusa do que antes. Carol continua: "Então, tia, você não teria uma roupa para me emprestar para eu ir ao Baile do Cafona?"

Tensão.

Ninguém está pronto para um momento como este. Você tenta, se esmera para ter uma boa aparência. Usa roupas de marca, vai ao cabeleireiro, faz as unhas, cuida da pele. E de repente, uma sobrinha te pede emprestado um vestido para ir ao baile do cafona.

Examinei, mentalmente, o meu armário, antes de responder. Não costumo guardar coisas que não uso, mas de repente, eu visualizei, lá no fundo, o vestido vermelho de babados sobrepostos. Comprei-o para ir a um casamento, e ele só me deu azar. Durante a festa, havia um barman fazendo 'performances.' Uma delas, consistia em encher a boca de querosene e cuspir fogo. E ele o fez justamente na hora que eu ia passando pelo bar, e como o teto era baixo, ele cuspiu todo o querosene em cima do meu vestido vermelho de babados sobrepostos.

Ninguém está pronto para um momento como aquele, também. Querosene, além de feder, deixa uma mancha gordurosa. Passei o resto da festa fedendo a querosene, e com uma enorme mancha de gordura na frente do vestido. Algumas gotas respingaram no meu cabelo, que ficou um lixo. Pingava querosene do meu chanel com ponta. Em casa, seguindo conselhos, deixei-o de molho em água com detergente de cozinha e a mancha, após uns três dias, acabou saindo. O cheiro demorou um pouco mais.

Na segunda vez que usei o vestido - uma noite de natal - também derramei alguma coisa nele que não me lembro o que foi, e na terceira, quando cheguei em casa, vi que um dos babados estava soltando, descosturado. Enfim, aposentei o vestido fatídico e esqueci-me dele.

Minha sobrinha ficou muito satisfeita com o presente. Experimentou-o e ficou desfilando pelo meu quarto, dando gargalhadas. Bem, eu não achei graça nenhuma... Caramba! Como eu tive coragem de usar aquilo? E para completar, ela ainda tirou o babado da pala, 'para ficar menos cafona,' e pregou umas lantejoulas em volta da gola.

Mas para tudo na vida existe um propósito, e com certeza, o destino daquele vestido horroroso e enfeitiçado -pois eu voluntariamente o peguei no cabide daquela loja, um dia, trazendo-o para minha vida- era ser modelo de baile do cafona. Bem feito para ele!

Espero que a Carolina se divirta, receba muitos elogios pelo seu vestido voo doo e fique longe , bem longe, de garçons que fazem performances.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

TALVEZ...








Estive pensando naqueles que, segundo dizemos, 'morrem cedo.' Aqueles que vão antes, ainda na flor da juventude, e que nos deixam para sempre com um buraco por dentro, pensando no porquê das coisas. Lamentamos sua ida, mas nem sequer pensamos na responsabilidade que eles carregam consigo.

Certezas, não as temos; mas temos as nossas suposições, baseadas em religiões ou concepções pessoais, advindas de diferentes fontes. Eu mesma tenho minhas próprias... é o que eu gostaria de expressar aqui, embora nenhuma delas possa ser especialmente esclarecedora. Estes são apenas pensamentos, conceitos que se formam após minhas reflexões, e que não pretendem nada.

TALVEZ...

Talvez, aqueles que vão primeiro carreguem nos ombros grandes responsabilidades; nós ficamos aqui, lamentando a perda de um ente querido, enquanto os que se vão, perdem, de repente, todos os entes queridos de uma só vez, e precisam adaptar-se à estas perdas.

Talvez, eles tenham ido primeiro porque tivessem importantes lições a ensinar aos que ficam; lições de fé, perseverança e amor. Talvez eles tivessem como missão ensinar-nos a imprevisibilidade da vida, e a necessidade de aceitarmos as coisas que são.

Talvez eles precisem, ao chegarem seja lá aonde for, preparar o nosso chegar. Talvez eles estejam lá, para nos receber, quando tivermos que ir também.

Talvez eles tenham descoberto que a morte é algo totalmente diferente daquilo que lhes ensinaram. Que ela não é tão terrível. Nem tão feia e nem tão cruel.

Talvez eles estejam bem perto, bem ao nosso lado, às vezes, e talvez nos vejam e entrem em desespero ao perceber que não os percebemos...  a morte pode não ser a cessação de todas as dores, mas a descoberta de novas.


Talvez a morte seja apenas uma transformação, como dizem as religiões. A mais difícil pela qual tenhamos que passar. De qualquer forma, nunca ninguém jamais voltou para contar como é.

Estas são especulações baseadas em coisas que a gente ouve por aí. Mas é melhor ter alguma base, alguma coisa na qual se apoiar nestas horas, mesmo que todas elas provem estar erradas mais tarde. É melhor do que não ter nada. Pelo menos, tenho a minha intuição, e do outro lado, há apenas um abismo sem fundo. Eu acredito na sobrevivência da alma.

Fico com a minha intuição.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coerência







Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência.
É uma difícil ciência,
A arte de se dizer
E de ser o que se diz.

Guarda-chuvas contra flores,
E andanças em jardins
Coalhados de pedras duras
E de escuras sepulturas...

A água fresca cuspida
Veneno, aos goles, tomado...
As amizades traídas
Inimigos exaltados.

Há muito deixei de buscar
Neste mundo coerência...
Pois aquilo que se pensa
Nem sempre é o que é.

Um sentimento escrachado,
Por línguas de fogo e de fel,
Ouvidos atentos procuram
O som que os tire do céu...
Assassinos desalmados
De almas e de poesias
Mil poetas degolados
Sobre a lage branca e fria.

Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência...

Cliché





Clichè
*****


Talvez morrer seja a coroa da moeda,
A profecia que o religioso prega,
Fechar os olhos e abri-los n'outro mundo,
Talvez  morrer só seja um sono mais profundo...

Talvez morrer seja esquecer o que viveu,
E acordar em um geena pessoal,
Compreender que tanto faz o Bem ou o Mal,
Que é inútil repensar o que viveu.

Talvez morrer seja o clichè que Deus prepara
E que quem chega do outro lado, se depara
Com a mesma vida que viveu  nesta existência,
Talvez morrer nos traga um pouco de decência...

Talvez morrer não seja nada, e nada exista,
Um precipício todo branco, cuja vista
Nos deixe cegos, nos tragando totalmente
E ao cairmos, nada mais se sinta ou pense...

Talvez morrer seja a maior das recompensas,
Após a vida de tristeza e de carência
Que empurramos, todo dia, nesse mundo,
Talvez morrer seja o retorno ao  Oriundo...

Talvez morrer seja igualzinho à própria vida:
Uma piada que algum bebum contou,
Da qual ninguém jamais sorriu ou entendeu...
Talvez morrer seja o avesso do seu eu!

*

Parceiros

EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...