witch lady

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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Generalizações






Tenho ainda muito o que aprender nessa vida, mas uma coisa eu já aprendi: não se devem fazer generalizações de qualquer espécie! O que é bom para uns, pode não ser bom para outros. Não existe receita para se viver, e se existe, ela é pessoal e intransferível. É claro, existem algumas coisas lógicas, que qualquer pessoa de bom senso poderá tomar para si como regras que facilitem o viver, mas jamais tentar impô-las aos outros.

A generalização diz que a minha verdade é a correta, e que todas as opiniões contrárias, estão equivocadas. A generalização gosta de citar pessoas famosas que as deem suporte. Gostam de ditar regras para se viver. Dizem, do alto de sua pretensão: "Se assim aconteceu comigo, assim acontecerá a todos!"

Generalizar é clamar: "Eu estou certa, pois tenho conhecimento sobre o assunto, estudei, fiz pós graduação e escrevi uma tese sobre isso, baseado em blá, blá, blá..." Mas o que o generalizador se esquece, é que cada experiência de vida é única! E mesmo que aquilo se dê com a maioria das pessoas, para TODAS as regras, existem exceções! 

Por trás das generalizações e verdades absolutas, escondem-se a arrogância e a pseudo-sabedoria. Fico com a minha ignorância assumida, baseada apenas naquilo que vivi até agora, conjuntamente com os exemplos sobre os quais li ou ouvir falar, mas todos eles, passados sob o crivo da minha própria experiência. E prefiro não sair por aí generalizando e me achando a dona da receita do iogurte.

A Coceira - Conto



Há alguns dias, ela vinha sendo incomodada por uma coceira intermitente nas suas partes baixas. Consultara o ginecologista, mas este, após vários exames minuciosos, nada encontrou de errado com a moça. Desesperada, ela consultou outros especialistas: dermatologistas, acupunturistas e até um Pai de Santo - que, por incrível que pareça, foi quem deu-lhe o melhor diagnóstico:

-Suncê tá sofrendo de tédio, zinfia.
-Tédio, eu?!
-Tédio, sim...
-Impossível! Eu tenho uma vida agitada, trabalho oito por horas por dia, vou à academia três vezes por semana, saio com as amigas duas noites após o expediente, faço pós, jazz, enfim... tenho uma vida agitada!

O Preto Velho, que ouvira seu relato pitando seu cachimbo cuidadosamente, apertou os olhinhos e observou:

-E cumé que tá seu casamento, zinfia?

Ela hesitou, antes de responder:

-Hã... bem...
-Eu num disse que suncê tá entediada?
-Mas... já estamos casados há seis anos, meu Pai. É natural... não é?

O Preto Velho, virando a cabeça para trás, solta uma gargalhada, respondendo:

-Depende... cumé que anda as noite docês?
-Bem, eu confesso que já não há mais a mesma paixão de antes. No sexo, eu quero dizer.
-Mas e nas outras coisas, fia?
-Que outras coisas?

O Preto velho dá uma longa baforada em seu cachimbo:

-Suncês não tem mais nada em comum? Suncês num conversa de noite? Não conta história? Num fala do dia? Num ri?
-Temos, um filho! Bem, é isso, temos um filho em comum.
-Num é disso que eu tô falando... que coisas suncês tem juntos? Se divertem? Tem amizade? Cumplicidade?

Ela não responde. Olha para as mãos. O Preto Velho diz:

-Essa coceira aí é por causa de que suncê só casou com a parte de baixo! E num existe fogo que queima pra sempre com a mesma intensidade, fia... tende a ir virando uma brasinha, e se não tiver lenha pra manter acesa, apaga de vez... e a lenha tá na ... na... cumé que ocês dizem, quando dois moram juntos...
-Convivência?
-Isso! Cunvivência! É na cunvivência que o casal vai buscar lenha pra manter o resto aceso... hehehehe...

A moça, corando um pouco (jamais imaginaria falar sobre um assunto daqueles com um Preto Velho), responde, torcendo as mãos no colo:

-Mas a minha analista me disse que o sexo é a parte mais importante do casamento, e eu fiz tudo direitinho: realizei todas as nossas fantasias, comprei uns equipamentos para apimentar a relação, me vesti de enfermeira, de empregada, e de estudante, de prostituta, entre outras coisas... mas mesmo assim, chegou uma hora em que aquelas artificialidades todas começaram a deixar de surtir efeito...

-Hehehehe... porque o que é erguido em cima de coisa artificial, é artificial, e acaba caindo com o tempo. Aliás, zinfia... hehehe... tudo acaba caindo com  o tempo... hehehehe... umas brincadeira de vez em quando é bom, mas se for só isso, num sobra muita coisa!

O Preto Velho serviu-se de um pouco de vinho em sua cuia de coco, e bebendo uma golada,  acrescentou:

-Zinfia...as parte de baixo é importante para se ter uma relação, mas num é tudo, não... tem as outras partes, que são essa daqui (ele coloca a palma da mão sobre o coração) e essa daqui (ele toca a própria cabeça). Se num tivé as três, não dura! E tem tumém a amizade. 

-Mas, Pai, e a minha analista?
-Ela é casada, fia?
-Divorciada! Duas vezes.
-Ela tem perna de calça, fia?
-Muitos... sabe, após tantos anos de análise, ela acabou me contando um pouco da vida dela.
-Ela num tem marido, então?
-Não!
-Ela faz muito sexo?
-Disse que sim!

O Preto Velho, oferecendo a cuia com vinho para a moça beber, solta uma gargalhada e diz:

-Hehehehehe... cada um fala do que sabe, fia! Ela fala dela mesma! E suncê, ao invés de ficar vivendo baseada no que os otro diz, no que os otro acha certo, no que os otro acha errado, devia se ocupar de construir uma vida procê. O mundo tá cheio de gente que acha que a própria vida pode servir de exemplo pros outros... hum-hum...

Fotografias





As fotos não mostram
O que há por trás dos sorrisos
E das poses...
Elas não registram
Saudades sentidas,
Ausências,
Dores e mágoas.

Alguém diz: "Sorria!"
E algum momento
Se eterniza,
Momento passageiro,
E nem sempre,
Verdadeiro...

As fotos não mostram
Os pensamentos...
Não falam dos ódios,
Mas falam do tempo...
Dentro das pupilas,
O espocar do flash
Preenche os vazios.

Alguém diz, "Sorria!"
Mais uma mentira,
Mais uma fotografia...

domingo, 15 de julho de 2012

DITADORES





Caem ditadores 
ao redor do mundo
Sobre o sangue quente
De seus ex-súditos.

Caem, e não veem
Que as suas armas
Embora trucidem,
Já não calam vozes.

Caem ditadores,
Sobre seus ditados
Sobre o massacrado
povo entediado.

Caem ditadores
Ao redor do mundo,
Pois o mundo muda,
E eles não seguem.

Caiam todos eles,
Sobre os corpos mortos
De quem destruíram!
Caiam, e jamais
Voltem a erguer-se
Haja paz no mundo,
Finalmente!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Beleza









Enquanto inspiro-me para escrever esta crônica, olho para fora e vejo as gotas de chuva insistindo em cair. As mesmas gotas de chuva que causam tanta destruição. Sinto-me culpada por achá-las tão belas! Mas não posso negar a beleza da chuva. O mistério que carrega o assovio do vento quando passa pelas frestas da janela.

O que é a beleza? As pessoas valorizam demais a beleza física, a etiqueta, a elegância, o adaptar-se aos padrões. "Uma mulher tem que aprender a sentar-se. Tem que saber empostar a voz. Tem que saber vestir-se." Quem define este saber? Acho que a mulher que tem bom-senso e autoconfiança, saberá sempre vestir-se, portar-se, usar a sua voz, caminhar... sempre demonstrando bom-gosto. Não importa o que dizem os padrões estabelecidos. Eles são apenas um pedaço em branco de um quebra-cabeças  sobre uma mesa, onde pouquíssimas peças encaixam-se.



Eu vejo a beleza nas coisa mais simples. Às vezes, um pedaço de parede azul contra um pouco de mato. Um passarinho. A chuva. A natureza. 





A beleza mais impressionante jamais durará, se estiver apenas do lado de fora. Conheci pessoas que foram tornando-se cada vez mais bonitas, à medida que eu as conhecia melhor. Mas também conheci mulheres deslumbrantes, que foram tornando-se cada vez mais feias, devido a um coração duro e uma personalidade frágil e corrompível. Tinham todos os homens a seus pés, mas por pouco tempo. Por mais bela que a mulher seja, se ela não tiver conteúdo, não passará de um bibelô na prateleira de alguém, do qual ele logo se cansará... e a  trocará por outra!





Eu não gosto da tentativa de perfeição. As coisas são mais bonitas quanto revelam sua incompletude, sua natural imperfeição. E também sua inevitável transitoriedade. Mulheres que tentam permanecer jovens para sempre, podem estar apenas tentando agradar aos outros. Sofrem, fazem sacrifícios tremendos, passam fome, submetem-se a dolorosas cirurgias... por puro pavor. É claro, muitas dependem de sua aparência física devido à sua profissão; modelos, atrizes, até cantoras. Mas por que uma mulher comum preocupa-se demasiadamente com a beleza fisíca?





Eu sou vaidosa. Gosto de vestir-me bem, cuidar das unhas e cabelos, da pele, manter o peso. Mas não admito sacrificar-me ou impor a mim mesma padrões extremados. 





A beleza, às vezes, não é óbvia; precisa ser descoberta. Desvendada. Ela pode estar ali, logo depois da curva, no gatinho que dorme tranquilo sobre o latão de lixo. Pode vir com o vento, que traz um revigorante perfume de café fresco, em um final de tarde, após um dia cansativo de trabalho. Pode estar  até em uma fila de ônibus ou de banco, quando as pessoas começam a conversar entre si. Talvez, em uma criança que, distraída, brinca com seus brinquedinhos, espalhados pelo chão.





Acho que a beleza  precisa ser confirmada por uma boa base de conteúdo. Ou ela será apenas beleza vazia. E quando ela mudar (toda beleza transforma-se com o tempo), só continuará existindo se houver algo mais além de simplesmente, beleza.









quinta-feira, 12 de julho de 2012

Intensamente!






Só há um caminho a seguir,
Quando tudo se perde...
Só há uma realidade,
Quando todos os sonhos morrem...
Só há um tempo a ser vivido,
Quando tudo o mais, já passou...

Este caminho,
Esta realidade,
Este tempo,
É viver intensamente,
Sonhar intensamente,
E recomeçar,
Tudo novamente...

Vai Ficar Tudo Bem - Esgotado




Olá, pessoal!

Mais uma vez, venho agradecer a todos que, de alguma forma, contribuíram com o meu primeiro livro, "Vai Ficar Tudo Bem," que eu anunciei no dia 8 de junho, seja comprando, recomendando, colocando selinhos em seus blogs, desejando-me sorte, enfim, meu muito obrigada a cada um de vocês que torceram por mim!

Os exemplares que ficaram comigo já foram todos vendidos, e quem desejar adquirir, favor entrar em contato com Miriam Salles de Oliveira, da Pimenta Malagueta editora. É só jogar no Google! Mas ela tem apenas poucos exemplares.

Muito obrigada!

Estou 'de caso...'




Vocês nem imaginam! Estou 'de caso virtual...'

Com a Chica, a Marilene, a Helena Frenzel, o Chagoso, o Luiz Alfredo, o André, o Jorge, e mais uma porção de pessoas que eu comento e que me comentam. Porque quando alguém comenta outra pessoa, e se isto se torna um hábito, na mente poluída de alguém (que não tem a coragem de revelar-se) significa que eles estão tendo um romance. Se for assim, acho que estou tendo um caso com pelo menos 104 pessoas! Nossa, que maravilha! Bati um record!

Coitado (a) de você, pessoa! Vê se cresce e toma vergonha na cara! Sou CASADA, e muito bem casada, há quase 24 anos, com a mesma pessoa, e muito feliz, por sinal! Ele é meu maior fã e incentivador; inclusive, foi meu marido que deu força para que eu escrevesse um livro. Ele sabe de absolutamente toda a minha vida virtual, pois não tenho nada a esconder dele. Sabe, inclusive, destes comentários idiotas que você deixa por aqui. 

Sou uma mulher de 46 anos, adulta (olhe bem a grafia: ADULTA, e não adúltera). Não tem nada de interessante para fazer na sua vida? Vá catar pulga de macaco no zoológico! Pegue um tanque de roupas para lavar, vá fazer uma faxina, ou quem sabe, um curso de alfabetização, já que comete tantos erros. Enfim, 


ME ERRA!!!!!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Eu só Tentei




Eu só tentei
Tornar tudo mais claro,
Eternizar
Um momento raro,
Mas é vã
Toda tentativa
De explicar a vida.

E minhas letras
Tornaram-se
Obsoletas.

E o que eu queria
Desfez-se
Na fantasia.

E eu só tentei,
Mais nada,
Atravessar as paredes
De mais um dia...

Manchas de Luar



Manchas esparsas
De um luar derramado
Sobre as folhas
Manchas liquefeitas
De lua derretida
Entre os galhos...

Os olhos seguem a luz,
Da janela do carro,
Movimento, ilusão...

A lua me olha
Me vê liquefeita, derretida,
Passando...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Palavras Sufocadas


Li teus versos,
Que apesar de tão belos,
Pareciam contidos,
Domados, educados,
Mais rimados que sentidos...

A palavra estava rija,
E apesar de tão coesa,
Parecia um pouco presa...

Solta a palavra, poeta!
Deixa-a correr solta
Extravasando a métrica
A rima e a estética,
Dexa-a sair dos trilhos!

Deixa o poema nascer,
Criar seu próprio sentido...
E se houver rimas, poeta,
Elas mesmas se farão,
Adaptando as palavras
Às linhas do coração!

Ainda






A vida chamava lá fora.
Os cães latiam e uivavam,
Nas árvores, pássaros cantavam,
Mil flores desabrochavam.

"Resta pouco tempo!"
As coisas gritavam.

E as pessoas, em seus mundos
Ignoravam.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Cuidado!!!





Cuidado, não mordas a língua,
O veneno liberado
Pode ser tua desgraça...

Esse amor que me  inventaste
Para driblar o teu tédio,
Envergonha a tua face!

Vê se acorda para a vida,
Vê se encontra alguma coisa
Que te dê satisfação!

Essa língua tão ferina,
E a palavra proferida
São sinais de mau amor!

Quem espalha vil dizeres,
Condenado, está, de fato
A ser pego no vil ato!

Gente ruim não morre nunca,
Cria chifre, cria rabo,
E se perde pelo mato!

domingo, 8 de julho de 2012

Ouro de Tolo





Para quem não sabe, esta expressão significa 'ouro falso'. Ela é usada por garimpeiros, para definir pedras que apesar de reluzirem e de serem douradas, não são de ouro, e portanto, não tem valor comercial.


Eu não sou pedra. Nem metal. Sou gente. E nunca pretendi ser de ouro. Sou humana, de carne e osso. Mas tenho uma mente forte. Passo batido por situações difíceis. Não permito que me definam, ou que me presenteiem com adjetivos falsos - sejam eles positivos ou negativos. O que me dizem, se for algo positivo, eu agradeço; senão, desconsidero, ou respondo como eu acho que devo.

Não sou humilde. Não pretendo que pensem que tenho uma alma nobre. Não quero aparentar ser nada. Não preciso de platéia. Quem me segura sou eu. Quem gosta de mim, terá que gostar de mim como eu sou. Mas isso não significa que eu não mude, pois não sendo de pedra, estou sempre mudando, renovando, aprendendo. 

Estou plenamente consciente de meus muitos defeitos, mas entre todos eles, existe um que nunca tive: não tenho duas caras. Não ajo por trás. Sempre que me aborreço, eu me manifesto, mas dou a MINHA cara para bater, sem máscaras, sem fakes, sem falsas aproximações, sem falsas abordagens adocicadas.

Portanto, não precisam ficar achando que eu sou ouro falso, porque nem de ouro eu sou! Sou de carne, osso, sangue, nervos, músculos, pelos e alma.

E não quero ou pretendo ser nada mais do que isso. 

As minhas atitudes são tomadas em face de acontecimentos que se dão comigo, e são problemas meus. Tenho sempre as minhas razões para agir como ajo, e não preciso explicá-las a mais ninguém. Quem não quiser acreditar em mim, esteja à vontade! Não vou ficar choramingando pelos cantos. Para quem não aprecia meus textos, existem aqui milhões de pessoas, e sempre haverá alguém que goste deles.

Aqui eu escrevo meus poemas, minhas crônicas e pensamentos, e quem gostar de lê-los, sejam bem-vindos! Quem quiser opinar sobre meus textos, estejam à vontade; mas por favor, poupem-me de comentários pessoais, sejam sobre minha aparência física, minha fotografia ou meu jeito de ser. Julguem os textos. A pessoa, quem julga sou eu. E Deus.

Camadas





Camadas
Mal-amadas
Acamadas
Nadas...

Afoga-se
Em rios
De lavas
Em brasas.

Camadas
Sobre camadas
De nadas.

Unhadas
Com unhas
Encravadas.

Faces
Sangradas,
Desespero
Em camadas.

Sob?
O nada.
Sobre?
Mais nada.

Profissões



Acredito que todas as profissões que existem são valorosas, pois todas prestam um serviço necessário aos demais. Quando um profissional - seja ele um advogado, professor ou coletor de lixo, não importa - honra aquilo que faz, e dedica-se à sua profissão, ele será um grande profissional, sempre. 

Aquilo que fazemos por amor nos torna melhores; mas aquilo que fazemos por obrigação apenas, sem que nos troquemos, nos mata aos poucos... e pode tornar outras pessoas vítimas da nossa falta de dedicação. O dinheiro é importante? É claro! Todo mundo quer receber justamente pelo trabalho que faz. Mas ele - o dinheiro- não pode (ou não deve) sera a principal causa de alguém ter escolhido uma profissão.

Tornei-me professora de inglês quase que por acaso. Foi um momento de mudança em minha vida, no qual achei que precisava experimentar outro caminho, pois minha profissão estava me deixando insatisfeita. Todos os dias, ir para o trabalho tornava-se um sacrifício cada vez maior, e ao final do dia, eu estava demasiadamente cansada e mau-humorada. Acabei gostando de dar aulas.

Mais tarde, dar aulas em curso estava fazendo com que eu deixasse de gostar da profissão, pois eles exigiam cada vez mais, e davam cada vez menos! Eu sentia que minha profissão estava sendo prostituída, e que o amor que eu tinha a ela, estava morrendo. Decidi salvá-la, e comecei a dar aulas em casa. Graças a Deus!

Existem bons e maus profissionais em todas as categorias. A falta de profissionalismo não se limita a apenas algumas profissões. Todos sabemos de médicos, professores, balconistas, bancários, atores, enfim, de pessoas em todas as categorias profissionais, que são excelentes , e também , de pessoas que são profissionais medíocres. Mas estas pessoas - os profissionais medíocres - jamais podem servir como exemplo para que se generalize uma classe profissional. Nem todos os professores de inglês são ruins, nem todos os motoristas são ruins.

Também não podemos pensar, por exemplo, que todos os médicos são deuses. Profissionais são pessoas, apenas pessoas. E se eles serão bons ou maus profissionais, é uma escolha pessoal, uma questão de atitude.

Falar a Língua de um Cão

Latifa e seu 'brinquedo'






Quando a Latifa veio aqui para casa, era apenas um bebezinho, que mal chegando aos nossos pés, deitava-se em cima deles e adormecia profundamente. Aliás, para que ela adormecesse, bastava que a pegássemos no colo e a virássemos de barriga para cima, como se faz com os bebês, e ela imediatamente, dormia.


Diferentemente do que aconteceu com o Aleph, meu primeiro cão, custei muito a aprender a comunicar-me com a Latifa. Estávamos sintonizadas em canais totalmente diferentes. Enquanto Aleph era inteligente e obediente, e eu era capaz de entender o que ele queria através de um simples olhar, e vice-versa, não havia comunicação entre Latifa e eu. Às vezes, eu gritava com ela, e até dava-lhe umas palmadas, mas ela não entendia seus limites ou as coisas que eram proibidas a ela fazer, como por exemplo, arrancar as plantas do jardim e fazer buracos. Na mesma hora em que eu a repreendia, ela voltava a fazer o que estava fazendo, sem a menor cerimônia!

Aquilo deixava-me exasperada! Cheguei a pedir que meu marido a devolvesse ao ex-dono várias vezes, e queria presenteá-la a qualquer pessoa que vinha aqui em casa e achava bonitinha.

Ela era terrível! Além de desobediente, ela tornava a vida do Alpeh um inferno: mordia-lhe as patas traseiras quando ele andava, tomava-lhe a cama, agarrava-se com os dentes às bochechas dele, que ia arrastando-a e chorando enquanto andava, destruía seus brinquedos. Não sei como ele aguentou... e se eu ameaçava bater nela, ele literalmente se punha entre nós duas, com aquela cara de cachorro que quebrou a louça.

Hoje, Latifa está mais velha. Fez sete anos. Já passamos tantas coisas juntas, que aprendemos, há tempos, a falarmos a língua uma da outra. Ela só precisava de mais paciência e amor.

Tenho uma grande "cãopanheira" na Latifa. Ela deita-se no tapete e adormece, enquanto escrevo. Segue-me pela casa, e procura estar sempre o mais próxima possível de mim, chegando a ficar debaixo da janela da sala de aula se eu estiver trabalhando.  Mas não foi fácil, no começo.

Se você quiser ter um cão pela primeira vez, precisa entender que a 'cãomunicação' raramente é imediata; pode levar algum tempo. É preciso que você dê ao seu cão uma chance. Bem, talvez duas ou três, quem sabe... mas no futuro, você perceberá que ele vale as plantas picadas, os buracos no jardim e os pés de mesa roídos.

******


Publicado no recanto das Letras em 2011

ENCANTO






Por trás da tristeza, o encanto,
A magia de viver
Espalhada em cada canto.

Uma nesga de jardim,
Colibri beijando flor,
Besouros fazendo amor.

Cantam, preguiçosamente
As cigarras lá na mata:
Este dia será quente!

Joaninha de bolinha,
Borboleta distraída,
Por trás, essa dor fininha...

Lindo dia se anuncia,
Mais um dia sem você...
Sem resposta e sem porque.

Olho o sol que se levanta,
Mais um dia sem você,
Ou será menos um dia?...

Que Seja...





Que seja o meu derramar de palavras, independente da aceitação da maioria. Quando eu pegar na caneta, ou tocar no teclado, que venha para fora a minha verdade, o meu pensamento, sem censuras, sem dissimulações, sem medos. E se houver brandura , que ela seja gerada pelo respeito, e não pelo medo, sem jamais camuflar a verdade dos fatos.

Que seja o meu escrever, um exercício de prazer e necessidade íntima, e não de necessidade de aplausos; se eles chegarem, que venham através de meu mérito, como uma consequência, e não como um objetivo. 

Que o dom de escrever seja usado por todos que o tem como uma forma de demonstrar seus sentimentos, quem sabe, chegando àqueles que precisem das palavras que estiverem lendo, geradas por nós, exatamente daquelas palavras, por estarem vivendo um momento de dúvida e poderem ver nelas, uma resposta ou um consolo. E mesmo que apenas uma única pessoa as leia, que possamos fazer a diferença de modo positivo na vida daquele ser.

Para isso, nem todas as palavras deverão ser  fáceis... mas que sejam ditas.

Pois nem todas as palavras são bonitas.

Mas espero que as palavras, belas ou não,  não sejam uma distorção da realidade dos fatos, apenas para servirem de vingança! Quando isso acontece, todo mundo perde: quem as escreve, quem as lê e aquele a quem elas foram direcionadas. As palavras devem ser retas, limpas, sem segundas intenções, jamais retorcidas e moldadas como ferro quente, a fim de adquirirem, à força, o sentido mentiroso que queremos fazer parecer verdadeiro. Pois assim, maculamos a palavra.

Que a palavra seja dita de forma direta, e não indireta, cheia de segundas intenções, sentidos ocultos e ofensas veladas. Pois quem tem algo a dizer, deve dizê-lo de forma direta, ou então, calar-se... que a palavra faça de nós criaturas livres, libertas, íntegras, e não lobos em pele de cordeiro.

Coração Raso




Você me fez mil promessas
Tolamente, acreditei.
Plantou-me um jardim de flores
(Murchas, mas não notei...)
Inventou lindas histórias
Encantou meu coração.
Mas não vi, por trás das glórias
O desfecho da ilusão.

Em teus olhos sempre frios
Eu pensei ter visto amor.
Em teu abraço vazio
Desejei sentir calor.
Apertei, nas mãos, a flor,
Mas não vi, no meio, o cardo...
Como pude esperar tanto
Do fundo de um coração raso?

Parceiros

O MEDO

O MEDO   O medo é uma voz que grita, Mas só a ouve quem teme. Mas quem a teme, disfarça O coração que se esgarça, A voz sumida, que geme.   ...