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quinta-feira, 14 de março de 2019

New York, New York!

Estátua da Liberdade



Estivemos em Nova Iorque recentemente - na semana do carnaval - e amei a viagem! Pela primeira vez na minha vida, eu vi a neve. A sensação dos floquinhos caindo sobre o rosto é maravilhosa! Foi uma experiência muito enriquecedora estar diante de uma cultura e de um estilo de vida completamente diferente do meu. Pensei no meu mundinho pequenininho aqui, nesta casa onde vivo e trabalho, entre as paredes forradas de hera do meu muro e as muitas árvores do meu pequeno jardim... me perdi entre prédios e neons, shows de rua, lojas e compras.


Central Park

Também livrei-me de alguns estereótipos sobre o povo americano; não é absolutamente verdade que:

-Americanos são antipáticos;
-Americanos não param para dar informações nas ruas;
-Americanos são quase todos obesos;
-Americanos têm cultura pobre;
-A comida americana é ruim.

Ao contrário, fomos muito bem tratados e eu percebi o grande patriotismo daquele povo, o amor que eles têm pelo seu país - que é uma coisa que falta a nós, brasileiros.

Central Park

O que mais gostei, foi o Central Park. Estava muito frio - tivemos alguns dias com temperaturas abaixo de sete, e sensação térmica mais baixa ainda (entre -10 e -12, quando fomos à estátua da Liberdade). Ouvi dizer que esse frio é um tanto atípico nesta época do ano, e me senti com sorte, pois só assim pudemos ver a neve!

Vista da cidade; foto obtida da Ponte de Manhattan, a Ponte do Brooklin aparece lá no finalzinho. 


Fizemos longos percursos à pé. Cruzamos pontes, ruas, museus e parques. Entramos em várias lojas e restaurantes.  Para mim, esta é a melhor maneira de se conhecer um lugar. Tomamos o metrô algumas vezes, enfim, só íamos ao hotel para dormir.


Fiz amizade com alguns nativos... os esquilos e passarinhos do Central Park vinham comer na nossa mão, e as gaivotas deixavam que chegássemos bem perto delas. Foi ótimo, pois adoro estar perto dos animais e da natureza.







Não tive grandes problemas com o frio, a não ser no dia em que fomos visitar a Estátua da Liberdade. Adoro o frio, e ele me ajuda a ficar bem disposta. Mas aquele dia estava frio demais!!!



Um dos sonhos que realizei, foi conhecer o Hard Rock Café de Nova Iorque. Temos dois aqui no Brasil, sendo que um deles é em Curitiba, e o outro, em Gramado, mas o de Nova Iorque é icônico! Claro, trouxe lembrancinhas de lá - chaveiro, ima de geladeira e uma echarpe maravilhosa. 


Fascinante, tanto para  quem ama Rock quanto para quem não ama tanto assim. Eu amo.


Lógico que eu não sairia do Hard Rock  sem tomar um drink!


A Times Square é uma loucura! Amei, pois é tão diferente de tudo ao qual estou acostumada, que me senti meio-caipira por lá.







Kkkk... Claro que percorri todos os andares da Macy's, e também usei a escada rolante antiquíssima e original, da época que a loja foi inaugurada, em 1902!!! Comprei só um parzinho de botas que estavam com um preço bom, pois a loja não é nada baratinha. Mas fui a todos os andares, vi cada coisinha.




O World Trade Center Memorial é um espetáculo à parte. A gente fica olhando para aquele buraco escuro, onde a água escoa, e pensando em tudo o que aconteceu por lá... é triste ver os nomes das vítimas do ataque terrorista escritos no mármore, em volta do monumento. Depois, a gente entra em um espaço todo branco, muito futurista, maravilhoso, onde logo se percebe a capacidade de resiliência do povo, e como eles transformaram a tragédia em algo positivo.






Na Saint Patrick's Cathedral, acendemos velas. Pedimos proteção, agradecemos pela oportunidade de estarmos vivendo aqueles momentos. Percebi que em alguns pontos ela é muito parecida com a nossa catedral em Petrópolis, a de São Pedro de Alcântara.



Bem, esta é a primeira parte desta postagem. Em breve, a segunda, com mais fotografias e registros de experiências. Tenho muitas histórias para contar.

Tirei esta foto da Ponte de Manhattan, que percorremos à pé. 








quarta-feira, 13 de março de 2019

Saindo do Facebook







Acabo de excluir - não de desativar, mas de EXCLUIR - a minha conta no Facebook. Estava cansada de tanta hipocrisia e falsidade. Eu estava me aborrecendo muito com tantas baboseiras e sandices que lia por lá. Estava ficando irritada com tanta gente desqualificada acessando meu perfil. No mais, manterei - enquanto assim for saudável - a minha conta no Blogger e meu perfil no Recanto das Letras.

As pessoas te acessam para te ameaçar e chantagear. Hoje de manhã, uma aparente 'senhora religiosa' , daquelas que mandam ursinhos desejando um bom dia, me acessou no Messenger - só li a mensagem porque eu havia excluído após um desentendimento com ela, e achei estranho ela me mandar mensagem e novo pedido para adicioná-la - e a tal mensagem dela continha uma ameaça: dizia que sabia de coisas abomináveis sobre mim, contada a ela por amigas. Depois, ela se despedia, deixando no ar uma ameaça de que poderia publicar algo contra a minha reputação. Não sei o quê, pois não tenho nada a esconder, e disse isso a ela, fazendo uma postagem na minha página sobre a ameaça dela.

Logo depois, minhas publicações e comentários foram bloqueados pelo site. Com certeza, ela denunciou meu perfil, pois eu a bloqueei e disse a ela que tinha feito um 'print' da mensagem dela, o que é verdade. Está no meu celular. Pensei: "Quer saber, Ana? Já deu. Você não precisa disso!"

E excluí minha conta. Talvez um dia eu abra outra, e selecione melhor os pedidos de amizade que recebo. Não preciso temer nada que alguém tenha a dizer sobre mim ou sobre a minha reputação, porque eu sei muito bem quem eu sou. Não tenho sujeira escondida debaixo de tapetes, não banco a boazinha. Não sou HIPÓCRITA. Detesto gente hipócrita, que se finge de santa enquanto destila veneno pelos cantos e caminhos alheios. 

Fiz isso pela minha saúde, e não por temer ameaças de velhas fuxiqueiras siririquentas de mentes apodrecidas. Que ela encontre pelo caminho exatamente aquilo que espalha.

MORNA






Não gosto daquilo que é morno,
Das palavras sibiladas entre os dentes,
Das pessoas que não dizem o que sentem.

Não gosto de espelhos com pouco aço
Que refletem falsas imagens
De rostos doentes.

Detesto as mensagens em mormaço,
Que não comunicam, só insinuam,
Deixando vago o que foi dito.

Não gosto de gargantas entupidas,
Que incham, como as dos sapos,
Enquanto sufocam seus gritos.

Sim é sim, não é não;
Este é o meu lema.
para mim,
Existem sim, o certo, o errado,
O franco, o dissimulado,
O começo, o fim.

Não me movimento como as cobras,
Que se livram das sobras de pele
Sujando o caminho de quem passa.

Prefiro ser pássaro livre,
Que voa por cima;
Eu não aceito ameaças.

Sei que nem todo mundo me aguenta,
Mas quem realmente tenta,
Me conhecerá a fundo.

Verá que eu sou mais do que dizem,
Menos do que insinuam,
E que é vasto o meu mundo.


Deixe as pedras no chão
Ao bater à porta da minha casa,
Ou então... te ponho para fora!

E se existe em mim alguma coisa
Em que podem confiar, 
É na minha palavra.





terça-feira, 12 de março de 2019

Um Dia










Um dia é só um dia,
Pó que cai sobre as prateleiras do tempo.
Um dia após outro dia, após outro dia, após outro dia...

Um olhar pode durar um segundo,
E mesmo que nunca haja um segundo olhar,
Ele pode ficar para sempre, para sempre, para sempre...

Como a vida é estranha,
Como a vida é sagrada,
Como a vida se entranha,
E faz eterna morada
Nas coisas incompreendidas!





A Cidade das Luvas Perdidas







Penduradas nas grades do Central Park,
Caídas nas calçadas, sem um par,
Sobre a neve, sob a chuva e a geada,
Jazem as luvas esquecidas que alguém deixou cair.

Nunca mais serão usadas em nenhum aceno,
Não serão colocadas nos bolsos,
Após tiradas às pressas numa loja quente,
Por alguém que inconscientemente se despoja
De um acessório inconveniente.

A quem pertenceram essas luvas caídas? 
São pretas, marrons, cinzentas, 
Verdes, de lã, de couro, de feltro,
De grife, ou de “street vendors,”
Todas têm em comum uma caraterística ímpar:
Seus pares se foram, e elas, ficaram esquecidas.

Às vezes, acabam nas mãos estendidas
De bonecos de neve, dedos em galhos
Frangalhos fotografados por turistas,
Os fios usados nos ninhos dos esquilos.

Nas calçadas da Times Square, na Quinta Avenida,
Elas são pisoteadas, varridas pelo vento, congeladas,
Até que alguém as descarte finalmente,
E elas nunca mais sejam vistas,
 -Como se fossem pessoas falecidas.




domingo, 24 de fevereiro de 2019

Cada Vez Entendo Menos...





Cada vez entendo menos a volatilidade da mente de certas pessoas. Observando suas postagens em redes sociais, reparo que muitos gostam de alternar ideias totalmente opostas, que não se encaixam em nenhum senso de lógica coerente.

O problema, não é o idealismo político diferente do meu. Todos têm o direito de pensar diferente, mas não consigo aceitar que pessoas de bem possam apoiar certas coisas. Para que me compreendam melhor, falo da situação das pessoas na Venezuela. 

 Abaixo, separei alguns exemplos daquilo que eu me lembro de ter visto por aí, em postagens alternadas nas páginas de alguns ex-amigos – ex sim, pois não aguento mais isso – no Facebook; baseado em fatos tristemente reais:

Postagem 1 – “É uma maldade o que o Governo está fazendo com os aposentados no Brasil! Daqui a pouco, não terão mais dinheiro nem para comer!”

Postagem 2 – “O povo venezuelano que tenta fugir do país são traidores da pátria!”

Postagem três – (Figuras com ursinhos, florezinhas, desenhos de cachorrinhos e gatinhos, e um “Bom Dia! Deus te ama!”), acompanhado de: “Agradeça todos os dias pelas pequenas bênçãos que Deus coloca em sua vida!”

Postagem 4 – “Somos Resistência! Vamos derrubar o governo! Ninguém larga a mão! Vamos derrubar o governo!

Postagem 5 – Uma oração pela paz mundial.

Postagem 6 – Fotos de uma mulher defecando sobre retratos de pessoas com quem ela não concorda, e um convite para ‘botar para quebrar’ em uma passeata.

Postagem 7 – “Controle de natalidade é coisa de governo Fascista! Todas as mulheres têm o direito a terem quantos filhos desejarem! Ser mãe é um dom divino!

Postagem 8 – Fotos de mulheres fazendo sexo com a extremidade de uma cruz em local público, bonecos sujos de sangue simulando um aborto e os dizeres: “Sou dona do meu corpo!”

Postagem 9 – “O Bolsa Família é essencial para que as pessoas mais pobres não passem fome!”

Postagem 10 – “Bolsonaro não tem nada que mandar ajuda humanitária para a Venezuela! Deixem Maduro em paz e cuidem dos próprios assuntos!”

Postagem 11 – “Sejamos um caminho de luz para aqueles que estão nas trevas!”

Postagem 12 – “Força, Maduro! Estamos juntos nessa!”

Postagem 13 - "Sou contra as armas. A paz não se conquista através delas.  Eu sou da paz!!!"

Postagem 14 - "Somente mudaremos o país quando derramarmos sangue!!!"

Postagem 15 - "Todos têm direito a postar o que quiserem em suas páginas! Se não concorda comigo, não venha aqui!"

Postagem 16 - (na página da gente, em forma de comentário:) "Você não passa de uma fascistazinha de merda!"

E como já estou cheia dessa gente, ando excluindo tais criaturas da minha página e da minha vida. Não me interessa ter amizades com pessoas que apoiam que outros seres humanos morram aos poucos de fome, e pessoas que dão suporte a ditadores sanguinários.

É muito gasto de energia com gente que não vale a pena.




terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Prática Espiritual






Eu acredito na espiritualidade. Para mim, somos bem mais do que esse corpo físico e essa vida material. Eu escolhi acreditar nisso, escolhi enxergar a vida desta forma. Por este motivo, todos os dias eu guardo tempo para minhas práticas espirituais – que são privadas, pessoais, não invasivas, não conectadas à denominações religiosas específicas, mas uma mistura de tudo o que eu gosto e faz com que eu me sinta bem, e que não pretendem provar nada a ninguém. 

Acho que todo mundo deveria ter uma prática espiritual, não importa qual seja ela. Quem gosta de religião, que o faça dentro da sua religião; por exemplo, quem não gosta do catolicismo, que cultue a natureza, Gaia, Shiva, Pan ou seja lá o que for que lhe deixe feliz. Até mesmo os ateus podem ter uma prática espiritual, ou seja, que cultuem a vida em si, as oportunidades que ela oferece, momentos calmos escutando música, ou o Nada Absoluto. 

Quando começo meu dia com as minhas práticas espirituais, me parece que ele é mais leve e rende bem mais. Se por algum motivo eu não posso, pelo menos dirijo uma oração curta ao firmamento. Também acho importante agradecer, todos os dias, por tudo. Mas tudo o que? Bem, a água correndo das torneiras, meus cachorrinhos, minha casa, a comida sobre a mesa todos os dias, roupas, livros, família, trabalho e até mesmo pela Netflix. Por que não, se ela me proporciona momentos tranquilos e felizes de distração e relaxamento?

A prática espiritual provavelmente não vai transformá-lo em Buda, trazer-lhe a Iluminação ou colocá-lo em estado alfa, gama ou beta; não vai colocá-lo em contato com ETs, nem trazer-lhe a imagem de Cristo revelada. Não vai transformar você em um ser perfeito, que não se aborrece, compreende todo mundo o tempo todo, não xinga, não comete erros e não se exalta. Você continuará sendo um ser humano. Terá defeitos e enfrentará problemas. Sua vida não se tornará um suceder-se de acontecimentos felizes e perfeitos. 

Mas você se sentirá mais forte e preparado para vive-la. Será mais feliz sim, embora não seja feliz o tempo todo. Sua fé aumentará, e ajudará você a confiar em si mesmo e tomar decisões mais acertadas. Poderá também atrair acontecimentos mais felizes, já que a prática espiritual ‘limpa’ seu campo energético. Também vai ajudar você a se manter seguro contra energias negativas emanadas de outras pessoas, lugares ou até de si mesmo. O principal: você se transformará em uma pessoa mais tranquila e centrada. É claro, terá ainda seus arroubos de fúria, pois como eu disse anteriormente, a prática espiritual não o transformará em Buda ou em Cristo. Mas tais acontecimentos serão bem mais raros, e você vai se recuperar deles muito mais rapidamente. 

Experimente. 




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

DOAÇÕES - ou Para Quem Ficarão Suas Coisas, Quando Você se For?








Todos os dias, quando abro minha página no Facebook, eles me perguntam se gostaria de deixar meu tipo sanguíneo para fazer alguma futura doação de sangue. Bem que eu gostaria, e com certeza o faria regularmente, caso não tivesse sido vítima de hepatite antes dos dez anos de idade, o que me impossibilita de doar sangue ou órgãos. 


Mesmo assim, gostaria de ir embora deste mundo sabendo que fiz alguma coisa útil por alguém, e por isso, pretendo fazer um documento doando meu corpo à uma faculdade de medicina para que as pessoas possam aprender alguma coisa através dele.


Não tive filhos e não tenho herdeiros. Nem tenho nada de substancial para deixar, materialmente falando, a não ser metade de uma casa simples. E quanto a isso, eu já tomei minha decisão, e dentro em breve, tomarei também as medidas legais a respeito: a minha metade da casa, após a morte de meu marido, será doada a uma instituição – talvez o GRAAC, com quem simpatizo e a quem em 2012 doei toda a renda que arrecadei com a venda de um livro que lancei, através do pagamento de um boleto. Não foi muito, porém, mas foi tudo, absolutamente tudo o que eu consegui. 


Não sou uma pessoa apegada a bens materiais, embora eu tome muito cuidado com tudo o que tenho e ame as coisas que conquistamos ao longo da vida, pelas quais sou muito grata. Não pretendo ter mais, e nunca pretendi ser milionária, a não ser que o dinheiro me chegasse como uma dádiva. 

Trabalhar duro feito louca a fim de ficar rica nunca foi meu objetivo. Mesmo assim, sempre trabalhei e sempre cobri minhas despesas, pois nunca gostei de ‘ficar nas costas’ das pessoas. Acho que todo mundo deve trabalhar para viver, ao invés de contar com heranças e outras facilidades.


Amo demais a minha casa! Ela é o retrato daquilo que sou e de tudo o que amo, tanto material quanto espiritualmente falando, e realmente gostaria que ela cumprisse uma missão espiritual. Assim será feito. 





quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Desapegando dos Meus Paninhos de Prato







Há meses venho planejando arrumar minhas gavetas de panos de prato. Isso mesmo, no plural: gavetas! Tenho muitos, e recentemente estive um uma loja em Juiz de Fora – lindíssima, por sinal – onde comprei dois conjuntos novos, prometendo – a pedido do meu marido, que estava comigo quando os comprei – que faria uma limpeza geral nas gavetas. Ele disse: “Mais panos de prato? Mas você já tem tantos!” Ele tem razão. Mas eu sou uma mulher estranha, uma espécie em extinção, do tipo que ama paninhos de prato e coisinhas para a casa. Quer me dar um presente, mas não sabe o que comprar? Panos de prato! 

Adiei o quanto pude, até que hoje de manhã, eu disse a mim mesma: “É hoje; ou vai ou racha!” E abri minhas gavetas, retirando-as do lugar e colocando-as no chão da cozinha, em volta de mim. Sentada no chão, comecei a examinar as gavetas. Tinha alguns já bem amarelados, de tanto ficarem guardados, pois não dou conta de usar todos os que tenho; outros – meus favoritos – já velhinhos, meio puídos, são os que “enxugam bem.” Ah, esses eu não posso tirar! 

No meio do processo, meu marido aparece na cozinha para tomar café da manhã: “Finalmente!” E de soslaio, ele me observa, enquanto dobro e coloco de novo na gaveta os panos mais velhinhos. Ele arrisca: “Ana, isso não está velho demais não? Por que não joga fora?” Pensei: como jogar fora os meus melhores panos, os que enxugam? Mas novamente, ele tem razão. Mas só que não. Não dá para jogar fora. Ele parece ler meus pensamentos, e sugere: “Estou precisando de uns paninhos velhos na garagem, para limpar o carro. Você podia deixar alguns lá!” Essa possibilidade me anima: melhor do que jogar fora. Ele escolhe dois. Apenas dois. 

Então me animo, e separo alguns para deixar guardados na área de serviço, como panos de limpeza. Ainda sobram muitos depois disso! Decido coloca-los junto com as roupas que separei para doação. Meu marido ergue as sobrancelhas, e sei exatamente o que ele está pensando: ”Quem vai querer ficar com isso???” Respondo: “Podem ser úteis para alguma coisa! E se não quiserem, que joguem fora.” 

E recomeço a separar os panos. “Olha esse! Compramos na viagem para Natal, lembra?” Ele concorda, e me aponta um outro que trouxemos de Recife, todo bordado e amarelado. Mostro a ele um verde com um desenho de um pescador, que tenho desde que nos casamos (meu marido adora pescar, e alguém nos presenteou para brincar com ele). Passamos por um conjunto que tem os dias da semana, um em cada paninho. “Lembra desses? Ela me deu dois pacotes. Deve ter sido difícil para ela pagar por eles...” A pessoa que nos presenteou não tinha boas condições financeiras, e já faleceu. Não tenho todos, a maioria já gastou, mas sobraram a segunda, duas quintas e uma sexta. Separo dois para a área de serviço e guardo os outros na gaveta. 




Ele se despede para ir trabalhar, mas antes olha um todo bordado, feito pela mãe dele. “Esse aqui não foi a minha mãe que bordou?” Concordo, e ponho de volta na gaveta. E tem aquele outro, presente de aniversário da fulana. E outro que compramos naquela viagem à parte histórica de Minas. Um de Fortaleza. Um lindo, com um cordão de papais-noéis em croché na borda, daquela lojinha fofa de Itaipava que infelizmente, já fechou. 

Enfim: tive que fazer um esforço para me desapegar de alguns deles, mas acabei arejando bastante as gavetas. Antes, eu precisava de três gavetas, e agora ocupo apenas duas. Aproveitei a que ficou vazia para guardar alguns utensílios de cozinha. 

Os paninhos de prato são lembranças de lugares por onde viajamos, momentos felizes que vivemos, presentes de pessoas que já não estão mais aqui e de outras que ainda estão e que são tão queridas... tenho alguns presenteados por alunas e ex-alunas, pessoas de quem eu gosto muito. 

As pessoas que vão receber alguns deles, mesmo que amarelados, não fazem ideia do carinho que tenho por eles. Espero que eles sejam usados; espero que alguém enxugue sua louça com eles, ou limpe a sua cozinha, e que seja num dia de festa muito feliz, entre conversas na cozinha e música tocando na sala.




terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

UTOPIAS DESOBEDIENTES





Este texto surgiu de uma discussão online onde as pessoas argumentavam sobre Henry David Thoreau e sua utópica, porém não menos valiosa, obra. Li dois de seus trabalhos: Walden e A Desobediência Civil. Gostei de Walden, pois fala da vida entre as belezas da natureza e as importantes reflexões que momentos de solidão e contemplação podem nos trazer.


Porém, temos que levar em conta dois fatores:


-A propriedade rural na qual Thoreau construiu sua cabana minimalista para provar sua teoria, era emprestada do amigo Ralph Waldo Emerson. Finda a experiência, que durou dois anos, ele retornou para a cidade a pedido do proprietário da casa.


- Algum tempo depois de ir viver lá, ele foi preso por não pagamento de impostos ao Governo americano “opressor e capitalista”, mas teve sua fiança paga pela tia. Caso contrário, teria ficado na prisão durante bastante tempo, pois todos sabemos que sonegação de impostos nos Estados Unidos dá cadeia.


Ou seja: teorias bonitas e utópicas funcionam muito bem quando temos amigos e parentes ricos que as sustentem. Viver na natureza, em total desobediência civil, pode ser uma experiência enriquecedora que irá funcionar muito bem por algum tempo, mas não durante uma vida inteira, e jamais em larga escala. E mais enriquecedora ainda será tal experiência quando aquele que a desfrutou puder escrever livros e garantir sua sobrevivência através deles – Thoreau ganhava a vida como professor de Liceu, segundo consta em sua biografia.


As pessoas parecem pisar em nuvens de éter nos dias de hoje. Talvez devido ao mundo violento em que vivemos, aos problemas econômicos, políticos e sociais que enfrentamos, exista em todos nós um desejo de encontrar soluções rápidas e mágicas para nossos problemas. Daí surgem os gurus, as novas religiões e as novas práticas. Porém, tenho observado que todos os gurus têm vidas curtas – basta ver o que aconteceu recentemente em Abadiânia.


A teoria bonita e vazia de que o pensamento positivo tudo pode, tudo cura e tudo cria, morre no exato momento em que os gurus e líderes religiosos que as pregam precisam de tratamentos médicos em hospitais regulares, usando a medicina alopática. Ou então quando seu lado humano e imperfeito vem à tona – e ele quase sempre vem; quando não vem, é porque eles o souberam esconder muito bem, o que está ficando cada vez mais difícil em tempos de internet, celulares com câmeras e filmadoras que gravam tudo e postam em redes sociais.


Acredito piamente que o pensamento positivo e os tratamentos alternativos sejam essenciais para todo aquele que quer ter uma vida feliz e saudável, mas eles não resolvem problemas econômicos nem salvam ninguém de uma doença grave, embora possam ajudar-nos a enfrenta-la com coragem e até mesmo ajudar na cura.


Sejamos realistas: viver em meio à natureza pode ser bonito e mágico durante alguns dias, quem sabe, alguns meses, mas logo sentiremos falta de tudo o que o progresso pode nos fornecer: água corrente, eletricidade, conexão de internet, ar condicionado, aquecedores, etc... porque nós nascemos para progredir, e não para ficarmos estacionados no tempo.


Nossos espíritos querem fluir, mas ao mesmo tempo, para que isso aconteça, precisamos ter condições de bancarmos os nossos corpos. Ninguém será feliz dormindo em um buraco no meio de uma floresta.


A Bed Peace de John Lennon e sua histórica canção “Imagine” são lindas utopias que nos fazem lembrar de coisas essenciais ao espírito; mas não nos esqueçamos de que ele passou seus últimos dias em um país capitalista, desfrutando dos confortos de um apartamento luxuoso com vista para o Central Park.


Tudo é muito bom quando temos a cabeça nas nuvens e os dois pés bem plantados no chão.





sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Recomeço









E tudo começou de novo,
O fim do mundo, 
Os ponteiros do relógio que marcam
Dois minutos apenas
Para a meia-noite.

Tragédias, assaltos, doenças,
Partilhas funestas e tristes,
-Quero sair deste corredor,
Onde tudo o que existe é a dor!

Preciso de um pouco de ar,
Preciso de letras amenas,
Preciso, quem sabe, de alguns poemas...

Abro as janelas do lado leste,
E deixo que entre a luz do sol,
Nascendo, em raios que se espalham em leque
Cobrindo de arco-íris o chão da sala!

Quero saber de pássaros, de árvores, de verde,
Pelo amor de Deus, que me mandem
Boas notícias
-Mas que sejam verdadeiras!

Porque o mundo, meu amigo, o mundo,
Ainda vale a pena, em algum lugar,
Ainda existe alguma coisa que preste,
E esse lugar, é quando eu fecho as janelas ao sul
E abro as janelas ao leste.

Não, eu não quero tudo de novo!
Eu quero tudo novo!





Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...