Eu estou na santa paz do meu lar, tentando meditar a fim de tornar-me uma pessoa melhor, quando o telefone toca. É um daqueles números enormes de localidades que ficam do outro lado do país; já tentei ignorar, mas quando o faço, eles insistem até você ter um ataque de nervos. Tente dar aulas com o telefone berrando dentro de casa. Respiro fundo, e atendo. Dá-se o seguinte diálogo:
Eu, com voz de animal predador que ainda não almoçou: - Alô.
Ela, com um sotaque característico de alguns operadores de telemarketing – aliás, acho que eles estão criando um novo dialeto que consiste na repetição compulsiva das palavras senhor / senhora e no uso exagerado do gerúndio (não estou dizendo que todos os operadores de telemarketing são assim, mas esta que me liga, é): -Bom dia / boa tarde, senhora. Gostaria de estar falando com a senhora Alessandra?
Eu, tentando manter a calma: - Não tem ninguém aqui com esse nome.
Ela, após alguns segundos de silêncio:- Não, senhora?
Eu: - Não.
Ela: - Mas ela deixou este número, senhora.
Eu, já começando a perder o controle: - Não tenho nada com isso. Aqui não mora nenhuma Alessandra.
Ela, insistindo veementemente: - Tem certeza, senhora?
Eu, já começando a ter as minhas dúvidas, afinal, quem sabe eu não esteja morando na casa errada, ou meu marido esteja escondendo uma amante no sótão? Tento não pensar nestas possibilidades, ou em Alzheimer precoce, e respondo: - Tenho. Esta casa é minha e aqui não mora nenhuma Alessandra.
Ela: - E a senhora não conhece nenhuma Alessandra?
Eu, admirada com a insistência dela, e já sentindo o rosto ficar vermelho:- Não.
Ela, perdendo a noção do perigo: - Tem certeza, senhora?
Eu, já quase berrando: - Tenho, tenho certeza sim! A não ser que a Alessandra em questão seja um dos lados da minha personalidade psicótica multifacetada!
Silêncio do outro lado. Ela tapa o bocal, e ouço vozes como se ela conversasse com alguém, até que ela diz: - Não compreendi, senhora. Poderia repetir?
Eu, já começando a ficar trêmula e precisando de água com açúcar: - Não. Esquece. Também não vou soletrar, porque pelo jeito, não vai adiantar muito.
Mas se quiser, deixe seu endereço e eu mando o desenho: “Aqui não tem nenhuma Alessandra!”
Ela ri, e responde: - Obrigada pela atenção, senhora, e tenha uma boa tarde, senhora. Vou estar ligando de novo amanhã.
Eu: - *&¨%$#@)(*&¨%$!!!!
Você pode estar pensando que eu sou mal-educada. Talvez eu seja. Agora, imagine receber telefonemas assim umas três, quatro vezes durante a semana.
Bem! Eu super te entendo porque sou bem pior que você com os tais telemarketing. Atendo para que o telefone não fique berrando na minha cabeça [bom é Smartphone que você coloca na lista de rejeição]. Detalhe: já atendo dando patada. Se não desligam de cara e insistem aí vou com todos os impropérios possíveis. Normalmente não ligam mais ou então ligam com outro número. rs
ResponderExcluir#simplesassim
Beijão
Ana Bailune
ResponderExcluirNa verdade o diálogo dá para perder a cabeça, mas que por dever de ofício, está habituado atender o telefone a toda a hora, não tem tempo a perder e ao dizer que telefonema foi engano, já está a desligar o telefone. Em determinada altura, á hora do almoço no restaurante se lá tocasse o telefone, eu dava de imediato um salto da cadeira. Devo dizer que ainda não havia celular, porque quando passou a haver. Só em casa o usava. Os do escritório já bastavam.
Beijos
Adorei, mas isso acontece mais de 10 vezes por dia nos celulares. Esses telefonemas são discados de dentro das penitenciárias ou a comando delas, Ana! Eu clico na tecla de rejeição, caso contrário chamam sem parar. Quando eles descobrirem que não atendo, a coisa afrouxa.
ResponderExcluirbj
Puxa Alessandra, larga de bobeira e atende a mulher direito ôxente!
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