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terça-feira, 9 de maio de 2017

Quando a Casa Não é Nossa





Desde bem pequenos, somos ensinados pelos nossos pais a nos comportarmos diferentemente ao estarmos na casa de outra pessoa. Nunca devemos nos sentir tão à vontade na casa de outrem quanto nos sentimos na nossa - por mais que nosso anfitrião nos diga para ficarmos à vontade. Minha mãe sempre dizia coisas como: 

"Não mexa em nada! Não corra, nem faça barulho. Ao sentar-se, não se esparrame no sofá e mantenha os pés afastados do assento ou da mesa de centro. Não diga palavrões. Não fale alto demais. Ao comer, seja educada, e não se sirva de porções grandes. Não interrompa a conversa dos adultos. Diga sempre 'com licença', 'obrigada' e 'por favor.' Não coloque copos molhados sobre mesas de madeira; use o porta-copos." E várias outras recomendações. 

Mas ao crescermos, nós às vezes nos esquecemos destes detalhes. Não é nada agradável ter uma visita que não sabe se comportar, e que ao sair, deixa aqueles enormes torrões de terra sobre o piso ou o tapete da sala, marcas de copos pela mesa, louças espalhadas nos lugares mais estranhos (por exemplo: atrás do sofá, no chão, sobre a estante da sala) papel de bala no piso, e pior de todas as coisas, cheiro de cigarro e guimbas pela casa toda! É terrível, ao usarmos o banheiro de nossa casa - sendo não fumantes - descobrirmos que alguém o usou para fumar. As toalhas fedem à fumaça, e às vezes, há cinzas e guimbas dentro da lixeira, o que faz com que o cheiro permaneça. 

Quando se tem crianças, as recomendações devem ser parecidas com aquelas que minha mãe me fazia; se elas forem pequenas demais para compreender, é melhor que haja um adulto tomando conta e controlando o acesso do pimpolho aos objetos quebráveis e às escadas ou outros locais perigosos. Não é nada sensato ou gentil deixar a segurança da criança à cargo do anfitrião. 

Certa vez, recebi alguém que tinha um menininho; bem, tenho escadas em casa, e o menino ainda era bem pequeno. A casa ainda estava nos acabamentos finais, e as escadas estavam ainda sem o corrimão. A todo momento, eu era obrigada a  sair a procura do pimpolho, que cismava em subir as escadas, cujos degraus eram ainda altos demais para ele, correndo o risco de se machucar seriamente; a mãe? Não estava nem aí... Também tive que remover alguns objetos da mesa de centro para que ele não os quebrasse.

Em outra ocasião, enquanto eu lidava com bandejas e comes e bebes, cheguei à sala de jantar e deparei com a gaveta da cristaleira aberta e meus panos de copa, limpos e passados,  espalhados do lado de fora enquanto a criança brincava de pisoteá-los e usá-los para limpar o chão. A mãe? Nem aí...

Lembro-me de uma vez em que surpreendi um rapaz, que tinha sido contratado para prestar um serviço, à porta da minha geladeira servindo-se de um copo de suco. Ele não tinha me pedido licença, e nós não tínhamos nenhuma intimidade. Eu parei e fiquei olhando, a boca aberta, sem saber o que dizer diante de tanta falta de educação, até que me controlei e finalmente  pedi a ele que quando quisesse beber alguma coisa, pedisse antes. Arrematei explicando que eu não gostava que abrissem minha geladeira sem a minha permissão.

Também acho que deveria haver um cartaz de "proibido", dirigido às visitas,  à porta do quarto de bebês recém-nascidos: 

-Proibido pegar no colo sem a autorização da mãe.
-Proibido ficar horas e horas prolongando a visita. (Mães de recém-nascidos dormem muito pouco à noite, e precisam descansar)
-Proibido falar alto.
-Proibido tossir ou espirrar, ou chegar perto do bebê se estiver gripado.
-Proibido sacudir a criança.
-Proibido tocar no bebê sem lavar bem as mãos.
-Proibido falar em cima do rosto da criança.
-Proibido tocá-lo se você estiver cheirando a cigarro.
-Proibido perguntar "E quando você vai dar um irmãozinho para ele?"

E acima de tudo:

-PROIBIDO BEIJAR!!!

A casa dos outros não é a nossa casa. Acho que compreender este conceito e levá-lo ao pé da letra pode significar amizades mais duradouras e reuniões mais agradáveis. 




3 comentários:

  1. Excelente Ana!
    Como vamos perdendo, esquecendo o que nossas mães já falavam... para nós mesmos, para os filhos, sobrinhos, netos, enfim.
    Mas, eu vou pedir-lhe licença, para acrescentar uma modernidade aí na tua lista "Qual a senha do wi-fi?"
    E o que era para ser uma visita, uma troca, uma conversa, fica intermediado a cabeças baixas, olhares esgueirados para as telas de celulares.
    Adorei! Beijo.

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  2. Que beleza,Ana!

    Há quem se sinta tão à vontade que tuuuudo parece esquecer e esquecem as mamães que ficaram anos e anos tentando educar... E quanto aos bebês? Um horror o que se vê! ADOREI! bjs, chica ( Adorei tb a intervenção da Ana Paula que bem lembrou dessa modernidade!!!)

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  3. Existem muitas pessoas sem noçao e sem educaçao e parece que esse numero esta crescendo... tbm fui criada por minha mae com esses mesmos conceitos de educaçao e respeito as outras pessoas... as vezes nos pegamos em certas situaçoes que nao sabemos nem o que falar...é a tal da vergonha alheia...é isso mesmo que vc descreveu...

    Beijos...

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