Você não tem que perdoar tudo o que te fazem, por mais que as outras pessoas digam isso o tempo todo. Duvido que elas mesmas pratiquem o que pregam. Você não tem que fingir que sente algo que não sente de verdade.
Mas aquilo que você não consegue perdoar não deve se tornar uma obsessão, um pensamento fixo. Melhor é tentar esquecer e seguir em frente. Vingar-se pode ser bem mais doloroso do que seguir em frente, e dá muito mais trabalho – sem contar que a vingança cria uma energia negativa que fica pairando em volta de quem se vinga, contaminando o ambiente e afastando as boas pessoas e os bons fluidos. A vingança pode deixar você fisicamente doente.
Porém, hoje em dia somos dados a exageros. Tais exageros apaixonados colocam-nos em situações terríveis e emocionalmente desgastantes. Muitas vezes – e isto também já aconteceu comigo – perdemos a razão porque deixamos que as palmas das nossas mãos caiam pesadas demais sobre alguém.
Você não precisa desejar que a pessoa que o ultrapassou pela direita no trânsito sofra um acidente e morra; não precisa quebrar o ônibus porque o motorista se atrasou; não precisa furar os olhos de alguém que te olhou com inveja ou com raiva; não tem que desejar a morte ou o mal de alguém que o magoou ou ofendeu; não precisa pisar na cabeça do colega que está competindo com você por uma promoção; não tem que difamar alguém a fim de destacar-se na mesma área que ele. Você não tem que cortar os dedos de alguém que apontou um erro seu. Você não precisa ser um ditador emocional a fim de tentar fazer com que as pessoas ajam da maneira que você acha certa. Você não tem que humilhar alguém a fim de conceder-lhe seu perdão por um erro que tal pessoa cometeu contra você.
Você não tem que perder uma noite de sono porque não sabe que vestido vai comprar para ir àquela festa; não tem que levantar a voz só porque alguém não entendeu o que você disse da primeira vez; você não está agindo certo ao xingar alguém só porque essa pessoa não pensa igual a você. Não é justo que você xingue a atendente da loja porque ela não lhe concedeu a atenção que você achava que merecia – basta ir a outro estabelecimento comercial.
Os exageros nas atitudes não são sinônimos de justiça, e sim de medo. Quem se vinga o tempo todo não está feliz. Ninguém carrega uma arma se não estiver com medo, se sentindo inseguro, e raríssimas são as ocasiões em que uma arma de fogo se torna necessária. Ninguém precisa de um rifle para atirar em uma aranha. Melhor seria se todos pudéssemos ter mais paciência, discernimento, bom senso e educação.
Muitas vezes, tomamos para nós alguma coisa que uma pessoa disse ou fez – também acontece comigo – e então passamos a esperar por uma oportunidade de “devolver” à pessoa algo que não pertence a ela, magoando-a injustamente. E assim, cada vez mais, o espaço em volta da gente vai se tornando cada vez mais deserto. Tudo por causa dessa atitude que parece não ter muita importância, mas que tem sido o pivô de muitos conflitos, separações de casais e afastamentos de pessoas amigas: o exagero.
Genial teu texto! Porém esse trecho: Isso aprendemos em tenra idade no colégio e na Igreja. Realmente nunca entendi. Se não conseguimos perdoar, há que se respeitar. Aliás, certas coisas não se perdoa mesmo. É uma defesa.
ResponderExcluirAna, obrigada pelos seus votos, desejo o mesmo a você. Ficarei aguardando, em 2017, suas ideias, seus textos que sempre gostei muito de ler, sempre com toques de verdades, muito bem escritos.
bjs!
Bem reflexivo. As vezes tudo vira uma bola de neve: vc é injusta com alguém e a pessoa te devolve e vocÊ devolve pra pessoa e assim por diante.
ResponderExcluirQuerida Ana que beleza de texto cronica reflexão à luz da lucidez e da mente liberta para falar tão bem destes exageros, que normalmente somos levados à cometer em nome de um nada, que não nos agrega nada, apenas para satisfazer umas das bobagens de nosso ego. Já não nos bastassem as irremediáveis e inevitáveis perdas, ainda nos colocamos vulneráveis às perdas de pessoas em vidas, que muitas vezes nos são muito importantes.
ResponderExcluirSabemos o caminho contra estes exageros, que é a desaceleração dos sentimento repentino, onde moram as piores reações do ser. Elas não se limitam e levam à uma intensidade imensurável.
Que assim procedemos nos possamos sonhar com um 2017 mais leve; Que possamos canalizar nossas forças para alavancar as inércias que deixam nosso país em situação ridícula de se viver.
Vamos sonhar grande e fazer a grande virada da vida.
Meu abraço de agradecimento pela companhia nesta viagem até aqui e que possamos embarcar em 2017 para mais uma viagem, creio que seja já o sétimo ano de boa companhia desde os tempos dos Cavaleiros do Apocalipse,rsrs.
Bjs no seu coração amiga.