witch lady

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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Faixa de Gaza





Faixa de Gaza

Enfaixados, um a um,
Os cadáveres e as almas
Lado a lado, empilhados
Desterrados, enterrados.

Amarrados aos escombros
Pelas faixas do rancor
Podridão, destruição,
Consumados no terror.

Dia e noite, noite e dia
Fuzis, bombas, rebeldia
Numa terra de ninguém
O algoz feito refém.

Todos rezam para Deus
A pedir que sejam salvos
E que sejam protegidos
De transformarem-se em alvos.

Deus retira-se, cansado
Ele mesmo , indiferente
Aos pedidos absurdos
Desta raça de dementes

Que não vê que em uma guerra
Não há nenhum vencedor
Nem vencido, apenas vítimas
De um constante desamor.

Em Breve




Em breve será noite,
E a brisa leve que transporta as nuvens,
Trará meus sonhos de volta,
Leves e macios,
Bastará que eu feche os olhos,
Entregando-me ao sono tardio.

Em breve, tudo será quieto,
Tudo em volta, um só mistério,
E apenas o velho relógio
Há de ser ouvido,
Marcando o compasso
Dos meus fracos passos
Até aquele sonho perdido...


Em breve, um negro abraço
Há de embalar o que resta
Dos meus tênues desejos,
Trocando-os pela promessa
Que ninguém nos prometeu,
Mas que da morte, cobramos,
Como quem nem sequer viveu...

Em breve, estarei sozinha,
E todos terão ido embora,
Deixando cair, pela última vez,
A última lágrima de saudade que restar...
Serei esquecida, varrida,
Com tudo o que ficar de mim 
Em outras vidas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Diante de um Olhar Vazio







Diante de Um Olhar Vazio


Diante de um olhar vazio,
Perdido nas ondas agitadas de um copo,
A vida passa, e não retorna.

Cada momento sendo bebido, tragado,
Virando ressaca
Dentro do teu olhar frouxo e dormente...

Olha, que a vida passa,
Ela passa, e não retorna
Para buscar quem não foi com ela!...
Olha, que a vida morre,
E ela se esconde, de repente,
N'algum buraco de terra,
Negro, frio e indigente!...

E mesmo que, ao reabrir dos olhos,
Tu lá estejas novamente,

A vida que passou mornamente
Não voltará atrás; é vida ida,
Perdida, largada e escorrida
Pelos esgotos da indiferença...

domingo, 5 de agosto de 2012

Flores Pelo Chão






As flores soltas voaram
Dos galhos pendentes
E pousaram suaves
No chão de cobalto...

Antes, lá do alto,
Contemplavam a vida,
Desejando o vôo
Liberdade
des
a
bri
da...
Que
da
li
vre...

O Vôo foi mágico,
O sentir da brisa...

E no fim,
O murchar da vida...

...Ou?...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Olhos Secos







OLHOS SECOS

Um homem sentado ao alpendre
Com seu olhar de boi manso
Contempla um fio de nuvem
Que some no azul do céu.

Aos seus pés, a terra seca
Onde brincam os seus filhos
De pés descalços e secos,
De olhos baços e secos,
Cabelos de arame seco,
E risos secos de fome.

"Quando será?..." um pergunta,
Estendendo-lhe a cuia vazia.
E o homem, com olhos de boi,
Aperta o chapéu contra o peito
Diz só: "Quando Deus quiser..."

Aos poucos, morrem-lhe os filhos,
Um a um, ele os sepulta.
Mas os olhos de boi manso
Há muito não choram mais...

Quem sabe, se Deus quiser,
Eles voltam a nascer
Do chão seco do sertão
Quando Deus mandar chover?

Ao Abrir dos Olhos










Angústia
Abrir os olhos
Dia chegou
Mais uma vez.

Descer ao mundo
E ver
Sem saber
O que me espera.

Bem lentamente
Me aproximo
E vejo
Teu olhar

Angústia
Olhas em volta
Fechando os olhos
Anoitecendo.

****


Texto escrito na época em que Aleph, meu cão (foto) estava despedindo-se deste mundo. Todos os dias pela manhã, eu acordava e descia as escadas para vê-lo, sem saber se o encontraria. Amei demais este cão, e hoje, existe em meu jardim uma pedra onde escrevi o nome dele.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Introspecção




Dentro da noite
Onde as horas dormem
A espera do dia,
Na chama da vela
Que bruxuleia
Na incerteza
Da lua cheia,
No cansaço
Das pálpebras
Que pesam,
Querendo adormecer

Para poder te ver,
para poder te ver...

Repousa, serena,
A minha esperança,
Que aos poucos, despede-se
Da minha certeza.

A nuvem que passa
No céu da madrugada
Carrega consigo
Um breve pedido:
"Amanheça!"

Abismo

Foto: Praia da Pipa, Natal-RN




O mar é lindo,
E assustador!...

Matizes de azul,
De verde, de espuma,
Que forma uma bruma
Quando as ondas morrem...

Meus olhos percorrem
Navegam, naufragam,
Percorrem o sob
Das ondas do mar...

Um vento sinistro
Faz arrepiar...

O mar é lindo,
E assustador!

A vida é pequena
Diante do mar!

Que Bobagem!





Eu às vezes penso:
"Que bobagem!
Se tudo isso o que vivemos
Não passa de uma viagem
E logo, logo,
Onde estaremos?"

E a vida de repente
Passa a ter outros valores,
Vejo algumas outras cores
Sobre tudo o que fizemos...

E o que importa, na verdade,
Se, enfim, nada sabemos?

Caminhamos, um a um,
Em direção a um destino
Que se estende, caprichoso,
Entre as flores e os espinhos!

E a única certeza
Nesse vale dividido
Entre prazeres e dores,
É que nem sequer sabemos
Em que porto atracaremos...

Quebrar-se-hão os espinhos,
Murcharão todas as flores.



Mulher Sem Saudades





Não tenho saudades, tenho lembranças.



A saudade é a vontade 


(Tresloucado sentimento) 


de reviver as vivências 


Que se perderam no tempo. 



A lembrança é o lembrar-se 


Do que de bom se viveu 


Sem querer emaranhar-se 


A um passado que morreu. 



Não tenho saudades, tenho lembranças.



A saudade dói, 


A lembrança faz sorrir. 


A saudade escraviza, 


A lembrança deixa ir. 


A saudade adoece, 


A lembrança apenas cura. 


A saudade contagia, 


A lembrança é sempre pura. 



Não tenho saudades, só tenho lembranças.



Pois o que se foi, ido está. 


O que acabou, se perdeu. 


Quem disse adeus, já partiu. 


E a lembrança é o que ficou 


Depois que a saudade morreu.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Abissal







Abissal


Escolhi do mar
As lembranças
Que desejei ter...
Quase afogada,
Pés atados pelas algas
Que tentavam me reter.

Um cavalo marinho,
Para cavalgar em meus sonhos salgados,
Uma estrela do mar,
Para fazer um pedido,
Uma tartaruga
Para eu, distraída, vir a perder,
Três peixes,
Que me ensinem a nadar sem morrer
E que me levem aonde está você.


terça-feira, 31 de julho de 2012

Fé na Pedra - conto









Um dia, caminhando por um jardim público, em um momento no qual passava por uma imensa tristeza e muitas dificuldades, Julia vislumbrou através da nuvem de lágrimas que encobria seus olhos, alguma coisa que faiscava de brilho, no chão, alguns passos adiante. Secou as lágrimas com as costas da mão, e inclinando-se até o chão, pegou o objeto.

Era uma estranha pedra branco-azulada, com alguns veios dourados que mais pareciam estradas tão finas quanto fios de cabelo em seu interior. O mais incrível, é que ela tinha a forma perfeita de uma pirâmide.

Julia tinha lido, há algum tempo, que pirâmides eram objetos que continham muito poder e magia, e considerou seu achado como um presságio de boa sorte. Levou a pedra para casa, e colocou-a em seu pequeno altar, onde já moravam a imagem de São Jorge, em uma estátua, um vaso com flores sempre frescas e uma fotografia de seu falecido pai.

Naquela noite, ela acordou e foi olhar a pedra. Ao acender o abajur, a luz fez com que ela brilhasse intensamente. Era mesmo uma linda pedra! Ainda um pouco entorpecida pelo sono, Julia viu-se fazendo um pedido à pedra: que lhe ajudasse a ter sorte na entrevista de emprego que faria na manhã seguinte.

Quando amanheceu, ela vestiu-se muito bem, maquiou-se levemente e, confiante, sentou-se à mesa para o café. A mãe e a irmã comentaram que Julia estava com uma aparência radiante! Foi para sua entrevista, e foi imediatamente selecionada, entre muitos candidatos!

Depois de  apenas algumas semanas, recebeu uma promoção e um bom aumento de salário. Os colegas a olhavam com admiração, dizendo que não era comum que funcionários novos fossem promovidos tão rapidamente. Julia sorriu, lembrando-se de seu amuleto da sorte.

Um dia, após o trabalho, ela estava indo para casa, em uma tarde quente de verão. Suava em bicas dentro do coletivo lotado, e ao chegar em casa, olhando para a pedra, pensou: "Gostaria de poder ter um carro para ir ao trabalho e voltar para casa..."  No dia seguinte, ficou sabendo que a companhia ceder-lhe -ia um de seus carros.

Desde que encontrou a pedra, a vida de Julia mudou radicalmente, e para melhor! Passou a ter mais confiança em si mesma, e coragem para ir atrás das coisas que desejava.  Sua fé aumentou consideravelmente, e embora ela atribuísse tudo à pedra que encontrara, não sabia que esta era apenas um objeto que a ajudava a acreditar em si própria. Um símbolo, através do qual ela projetava a si mesma.

Um dia, recebeu em sua casa a visita de uma velha amiga, que ao ver a beleza da pedra, perguntou a Julia do que se tratava. Animada, ela contou-lhe toda a história - da tristeza em que se encontrava ao achar a pedra, e da reviravolta que sua vida dera desde que levara a pedrinha para casa. A amiga, que era uma pessoa muito religiosa, quase beirando ao fanatismo, imediatamente retrucou:

"Jogue esta pedra fora, Julia! Com certeza, é um amuleto do diabo. Superstições não ajudam ninguém a melhorar de vida, apenas a fé pura em Deus e em Nosso Senhor Jesus Cristo."

"Mas... mas eu tenho fé em Deus e em Jesus Cristo!"

"Se tivesse, não precisaria de uma simples pedra. Prove que tem fé realmente, jogando-a fora agora mesmo!"

Julia hesitou bastante, mas finalmente, após a insistência da amiga - que teimava em descrever a Julia o que significava a verdadeira fé - ela pegou a pedra e atirou-a com força pela janela.

Na manhã seguinte, após uma noite mal-dormida, ela amanheceu adoentada, e não pode ir ao trabalho. No outro dia, quando apareceu no escritório, tinha a aparência cansada, e cometeu muitos erros. Semanas depois, foi demitida. Em pouco tempo, Julia voltou a ser a pessoa triste e derrotada que fora antes de encontrar a pedra.

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Moral da história: quem somos nós para questionar a fé de alguém? Talvez, para alguns, a fé em um simples objeto ou ritual,  as ajude a se tornarem mais confiantes, até que possam perceber, em seu próprio tempo, que na verdade, não necessitam dele.

Às vezes, Deus nos manda uma pedra quando precisamos de fé.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

RASTILHO





O rastilho lastra a pólvora
Fareja destruição
Fogo rasteia o pavio
Procura por explosão...

O chiado ciciando,
Pavio curto apontando
A pólvora se preparando
O rastilho rastejando...

A cobra acende o pavio,
A maldade aviva o cio,
Explode, queima, destrói,
E o veneno se espalha!

A palavra arrematou
O fio desta mortalha!
E o que restou da pólvora
Secou por sobre a cangalha...

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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...