Trecho do volume II do livro A Ciência Secreta, publicado em 1926 - por Henri Durville -
Obs: mantive a grafia do texto original
Certamente, as pedras tem uma alma, a alma daquelles que as reuniu, daquelles que viveram na sua sombra doce ou cruel. E essa alma, nessas horas meditativas, penetra a nossa. Sentimol-a no fundo de nós mesmos, despertar todo um mundo de pensamentos deliciosos. Encontramos de novo essa alma, diversa e profunda, segundo os seres que a formaram.
É a mesma cousa em toda parte e a alma que encontramos nas pyramides do Egyto differe, em sua calma religiosa e funeraria, da paz reclusa do convento dos monges occupados a instruir os homens, abencôal-os, sob a guarda dos cavalleiros sem cessa preoccupados em os defender, em uma epocha em que só a espada protegia aquelles que faziam florescer, á margem dos manuscriptos, as mesmas flores que a sombra, cahida das rendas de pedra, traçava sobre os muros dos corredores acinzentados.
Nos livros, encontramos o pensamento daquelles que os escreveram.
Os auctores desappareceram, mas o seu pensamento vive nas suas obras, mais poderoso pelo seu recuo do que pelo tempo em que a palavra vibrava no ar. Lemos, e os pensamentos saltam de dentree as paginas do livro, adejam-nos como grandes passaros, tocam-nos, entram em nosso cerebro, e ahi se vão combinar, em profundezas ignoradas, com as nossas acquisições anteriores.
Tal quadro nos commove. Primeiramente o assumpto que representa attrahe o nosso olhar attento. Examinamol-o, porém, mais seriamente. Então, a alma do pintor nos penetra. Sentimos a sua magua ou a sua alegria e se, como o Vinci, por exemplo, elle pôz um symbolo profundo em sua obra, descobrimol-o e a nossa impressão artistica é sublimada.
Vibramos em unisono com seu pensamento. A alma do artista está alli, presente na sua obra.
O pensamento, é , pois, um elemento capital na base da nossa vida mental. A influência de tudo o que nos rodeia é uma verdade da maxima evidencia e é por que somos accessiveis a essa suggestão do pensamento dos outros que somos capazes de suggerir em torno de nós.
Certamente, o pensamento é uma formidável potencia.