witch lady

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segunda-feira, 6 de abril de 2015

ALGUÉM






Alguém que não me conhece
Tenta contar minha história:
Escolhe lindas palavras
(Muito embora, equivocadas),
Arranhando, em longas páginas,
Com as unhas, uma face
Onde pensa desenhar
Esboços da minha alma;

Espalha-os,  feito estrelas
Salpicadas num céu negro:
Ah, linhas desordenadas!

Os cometas passam feito
Mil luzes de fogo e água,
E com eles, passam sombras
De uma vil face borrada...
E eu aqui, mãos sob o queixo,
Cotovelos sobre o muro,
Observo o céu noturno
Que de mim, não me diz nada.





sexta-feira, 3 de abril de 2015

Feliz Páscoa!






Que nas casas de vocês exista a paz do renascer. Que a manhã de domingo seja pacífica, doce, silenciosa e contemplativa. Feliz Páscoa!

Deixo de presente de Páscoa, um poema meu:


VOLTA AO VENTRE


Disseram que a mulher que deu-lhe à luz
Não era, de um deus, mãe verdadeira.
Que os anjos lhe falaram; foram vê-la,
E no ventre fechado, semearam.

Nasceu-lhe sob o brilho de uma estrela,
E a alegria ao vê-lo, misturava-se
Ao medo do futuro anunciado,
Pois ao mirar seus olhos de bebê,
Ela reconheceu-lhe o triste fado.

Tentou não dar ouvidos aos profetas,
Tentou negar, dos  anjos,  a palavra...
Viu-o crescer, e os passos que ele dava
A cada vez, mais dela o afastavam!

Até que um dia, fez-se a profecia:
Do alto de uma cruz, ele a mirava...
Sua alma de bebê, tornada homem,
Era a alma de um deus que a deixava!

E  hoje, a cada Sexta-feira Santa,
A alma dele abriga-se  em seu ventre,
Ela o envolve em luz, e ele sente
A paz entre as palavras que ela canta.


Feliz Páscoa!














Que nas casas de vocês exista a paz do renascer. Que a manhã de domingo seja pacífica, doce, silenciosa e contemplativa. Feliz Páscoa!

Deixo de presente de Páscoa, um poema meu:


VOLTA AO VENTRE


Disseram que a mulher que deu-lhe à luz
Não era, de um deus, mãe verdadeira.
Que os anjos lhe falaram; foram vê-la,
E no ventre fechado, semearam.

Nasceu-lhe sob o brilho de uma estrela,
E a alegria ao vê-lo, misturava-se
Ao medo do futuro anunciado,
Pois ao mirar seus olhos de bebê,
Ela reconheceu-lhe o triste fado.

Tentou não dar ouvidos aos profetas,
Tentou negar, dos  anjos,  a palavra...
Viu-o crescer, e os passos que ele dava
A cada vez, mais dela o afastavam!

Até que um dia, fez-se a profecia:
Do alto de uma cruz, ele a mirava...
Sua alma de bebê, tornada homem,
Era a alma de um deus que a deixava!

E  hoje, a cada Sexta-feira Santa,
A alma dele abriga-se  em seu ventre,
Ela o envolve em luz, e ele sente
A paz entre as palavras que ela canta.


Que nas Casas de Vocês...






Que nas casas de vocês exista a paz do renascer. Que a manhã de domingo seja pacífica, doce, silenciosa e contemplativa. Feliz Páscoa!

Deixo de presente de Páscoa, um poema meu:


VOLTA AO VENTRE


Disseram que a mulher que deu-lhe à luz
Não era, de um deus, mãe verdadeira.
Que os anjos lhe falaram; foram vê-la,
E no ventre fechado, semearam.

Nasceu-lhe sob o brilho de uma estrela,
E a alegria ao vê-lo, misturava-se
Ao medo do futuro anunciado,
Pois ao mirar seus olhos de bebê,
Ela reconheceu-lhe o triste fado.

Tentou não dar ouvidos aos profetas,
Tentou negar, dos  anjos,  a palavra...
Viu-o crescer, e os passos que ele dava
A cada vez, mais dela o afastavam!

Até que um dia, fez-se a profecia:
Do alto de uma cruz, ele a mirava...
Sua alma de bebê, tornada homem,
Era a alma de um deus que a deixava!

E  hoje, a cada Sexta-feira Santa,
A alma dele abriga-se  em seu ventre,
Ela o envolve em luz, e ele sente
A paz entre as palavras que ela canta.






terça-feira, 31 de março de 2015

Minha Roseira

Inspirada em um poema de Luiefmm, "CARAMUJO", publicado no Recanto das Letras




Minha Roseira


Minha roseira anda triste,
Debruçada sobre o muro...
Pendem rosas sem perfume,
Quase sem cor e sem lume, 
Transidas, num canto escuro.

Não tenho tempo de vê-las,
Cheirá-las, amá-las, colhê-las...

Elas se abrem de manhã
Desfolhando-se  à beira
Do mais triste anoitecer...

Roseiras da minha vida...
Sem a luz do meu olhar
Morrem tristes, ressequidas,
Esquecidas em um canto
De jardim, onde ninguém
Se lembrará de voltar!




sexta-feira, 27 de março de 2015

POR UM TRIZ






Se te deixa tão feliz
Acreditar nas minhas mentiras,
Que seja assim;
(Deixo-te crer
Que creio nas tuas).

A tranca da porta não tem trava,
Quebrou-se o cadeado,
Invade teu quarto o cheiro das ruas...
Mas te sentes protegido
Ao fingir que estás trancado.

Da bala perdida ao esconjuro,
Teu coração, malogrado,
Se arrasta no escuro
Em busca da luz - que eu te juro
Ainda brilha em mil vidrilhos.

Por um triz,
Antes do trem, tu sais dos trilhos,
Mas erras a letra e o estribilho,
Tropeças na trave dos teus olhos,
Mas vês os ciscos nos meus.

Por um triz,
Te crês feliz,
E eu te abençoo.




Quintalzinho




Quando eu era pequena, a nossa casa tinha um quintalzinho de terra. Não era muito grande, mas eu me lembro de que minha mãe plantava canteirinhos sob as janelas da frente e nós, crianças, plantávamos couve, alface e cheiro verde na lateral da casa. Na parte de trás, meu pai costumava plantar abóboras que se esparramavam e tomavam quase todo o espaço, e em um terreno baldio, plantei mudas de flores que ganhei de uma vizinha, e fiz um pequeno jardim. Sempre que eu chegava da escola, ia lá para molhar as plantas e afofar a terra. 

Havia dois abacateiros por perto, que tinham sido plantados por meu avô. Eu me encostava no tronco e ficava olhando o sol passar pelas folhas... certa vez, meu pai, que era serralheiro, construiu um recipiente de ferro e colocou-o na ponta de um bambu comprido, e nós colhemos muitos abacates depois daquilo. 

Eu gostava daquele canto da casa, no terreno baldio. Era úmido e silencioso, e a terra preta de boa qualidade garantia lindas floradas de cravos, azaleias, margaridas, beijos e bocas-de-leão. Mas um dia, ao mexer na terra, acabei desenterrando uma grande aranha, de aspecto apavorante. Depois daquilo, eu nunca mais fui ali, e o jardinzinho ficou abandonado, cobrindo-se de mato. 

Hoje, pensando naquilo, arrependo-me de ter abandonado meu jardinzinho porque não soube conviver com a possibilidade de deparar com as aranhas que viviam nele. Aprendi que é preciso ter coragem para viver e enfrentar os perigos que existem pelos jardins da vida, mas também a compreender que, em alguns jardins, existem tantos perigos sob as flores, que é melhor abandoná-los.



quinta-feira, 26 de março de 2015

É sempre a mesma coisa...







É Sempre a Mesma Coisa...


Acordo cedo, pois minhas aulas começam, geralmente, às sete da manhã. Gosto de ter tempo suficiente para tomar meu banho com calma, tomar café da manhã sentada e sem pressa, abrir a casa, cuidar dos meus cães e meditar alguns minutos. Portanto, eu geralmente me levanto às cinco e quarenta.  

Meus cães – Mottley e Leona – dormem na área de serviço, e mal escutam meus passos pela casa, começam a bater na porta de madeira. O dia começou, e eles estão ansiosos para brincar lá fora. Assim, abro a porta da cozinha que dá para o jardim e depois, abro a porta da área de serviço aonde eles dormem – as duas portas ficam bem em frente uma da outra. Os dois passam voando por mim, direto para o jardim, mas eu espero; sei o que vai acontecer logo em seguida: Mootley volta correndo, apanha um de seus brinquedos – geralmente, um caranguejo laranja – e com ele na boca, volta correndo para o jardim. Segundos depois, os dois voltam para me fazer muitas festinhas. Só então, partem alucinados para o jardim, Leona com sua bola, e Mootley com seu brinquedinho. Parecem dizer: “Oba!!! Começou mais um dia para sermos felizes!”

E eles não desperdiçam um só segundo. Olho para os dois brincando de correr, e a alegria deles me contagia. Vou preparar a sala de aula, e meia hora depois, ponho os dois de volta na casinha, pois está na hora de começar a trabalhar... o primeiro aluno logo vai chegar, e não vai ficar muito contente ao ser recebido por patinhas sujas de terra em sua roupa de trabalhar. Volto a soltá-los na hora do almoço.

ainda bebês


Toda vez que eles me veem, parece que é a primeira: a alegria com que me recebem é sempre a mesma, esfuziante, maluca, cheia de lambidas e carinhos, mesmo que tenham se passado apenas cinco minutos desde a última vez que nos vimos. 


Às vezes, quando eu os deixo soltos no jardim sem supervisão, chego na cozinha e os encontro sentados lado a lado, os narizes sujos de terra, feito dois anjinhos que nunca pecaram: é claro, sei que vou chegar no jardim e encontrar um buraco do tamanho do mundo... portanto, já vou munida de vassoura para tentar varrer a terra de volta para o buraco, mas ela nunca é suficiente para enchê-lo. Deixo a maior parte da tarefa para o jardineiro, especialista em tapar buracos de Mootley e Leona.

Hoje eu estava sentada à mesa da cozinha almoçando, quando escutei as patinhas de alguém chegando devagarinho. Senti que algo esbarrava em meu pé, e quando olhei, deparei com a bolinha verde da Leona. Era ela, me chamando para brincar. E vamos lá para fora. Eu jogo a bolinha e ela corre atrás, numa alegria tão grande e tão absoluta, arfando, trazendo a bola de volta para mim até cansar. Mootley só fica observando de longe... de repente, ele sai correndo, as orelhas enormes balançando, as patinhas curtas ganhando o gramado. Corre, apenas. Uma corrida sem razão, sem propósito. Alegria pura, prazer de viver. Derrapa nas curvas, os olhinhos arregalados, a língua para fora, e quando eu menos espero, ele vem na toda e pula sobre o meu colo! “Ainda bem que ele é pequeno,” penso. Deixa atrás de si tufos de grama arrancados.



Olho para o gramado, e vejo os brinquedinhos espalhados: uma bola amarela e uma verde, um caranguejo laranja, um elefante verde, uma meia velha, um pedaço de galho. Pontos de cor que falam da presença alegre dos dois. 

Minha cozinha e minha área de serviço nunca mais foram as mesmas. Tem sempre marcas de patinhas no chão, por mais que eu varra e limpe tudo várias vezes ao dia. O puxador do armário está roído, o jardim pede misericórdia. A porta de vidro da sala de estar está cheia de marcas de lambidas e patas enlameadas, e já desisti de querer vê-la sempre imaculadamente limpa. Limpo quando dá.

Mas mesmo assim, a casa é bem mais alegre quando a gente tem cachorros.




quarta-feira, 25 de março de 2015

Sombrio




Num canto escuro da casa
Os fantasmas aguardam sentados,
Os rostos na sombra,
As mãos nos joelhos,
Os olhos velados
Por sob os chapéus.

As mulheres murmuram
Debaixo  dos  véus,
Os lábios cerrados,
Os rostos em sépia,
Os pés calejados
Descalços e frios.

Os homens aguardam,
De olhos fechados;
Sonhando com o dia,
Se perdem na noite
Sonhos desbotados,
Da Terra do Nunca,
Da Terra do Nada
Jamais voltarão.


Não há nada errado,
É que eles se foram,
Eles já morreram,
Não são nem lembrança,
Pois não há ninguém
Que chore por eles,
Que chame seus nomes,
Que olhe os retratos!




TEU É O REINO - Abilio Estévez





Perto de Havana, em meio a uma vegetação exótica e exuberante, numa propriedade chamada a "Ilha", repleta de fontes e estátuas fantasmagóricas, vive uma pequena comunidade que, inspirada num ser supremo e onipotente, parece estar à espera de um acontecimento que romperá para sempre sua abúlica inércia. Em meio aos resplendores do mundo do Caribe, numa elétrica atmosfera de um trópico turbulento, pequenos incidentes, aparentemente inocentes, vão se sucedendo no labirinto de um presente impreciso, feito de memórias, evocações e desejo. 



Trecho do livro Teu é o Reino, de Abílio Estévez


O que é a morte?

A Ilha.

Vocês já repararam na Ilha? Imenso cemitério sem túmulos, cemitério gigante, a Ilha.
Almas errantes vagam pela Ilha,
e quando morreram esses pobres ilhéus?
Entre os Balonda, dizem, o homem abandona a choça e a terra onde morreu sua mulher favorita, e quando volta ao lugar, é só para rezar por ela.
Morrer é entrar na segunda vida, a melhor.
Eu não quero outra vida, que me deixem nesta para sempre, aguardente, majarete e, se for possível, um disco de Nico Membiela ou Blanca Rosa Gil, outro de Esther Borja cantando Damisela Encantadora, damisela por ti yo moero. 
Não se preocupe, nesta você continuará para sempre, pois os mortos não percebem que estão mortos, daí o drama, o terrível drama dos mortos.
Isso mesmo, que me deixem tomando cerveja Hatuey, comendo linguiças El Minõ, leitão assado, abóbora e mangarito cozidos com mojo, entendam, tem coisas que não são para esta noite.
O homem é uma roupa, um trapo velho que alguém esquece pendurado num prego, e o tempo passa, e quando você vai ver, nada, poeirinha no chão que se deve varrer.
Você já se perdeu na Ilha?
Ah, perder-se na Ilha, justo nessa hora da Ilha em que ninguém sabe exatamente que horas são.
Acordar sem saber quem você é, nem onde está, nem o que vai fazer,
tirar as camadas de terra que jogaram em cima de você, levantar para nada, olhar ao seu redor sem nada ter para olhar,
não, morrer é uma festa, um baile com Maravilhas da Flórida, 
com a orquestra de Belisario López, un son, um mambo, um cha-cha-chá, um bolerinho...







Abilio Estévez (Havana, 7 de janeiro de 1954) é um escritor cubano, nacionalizado espanhol, que atualmente vive em Barcelona, Espanha.

Nasceu em Marianao, na rua Medrano (hoje 102), junto ao antigo quartel de Columbia, onde o seu pai era radiotelegrafista do Cuerpo de Señales. Viveu em Marianao até deixar Cuba. A sua família é oriunda de Bauta y Artemisa, aldeias do interior de La Havana e Pinar del Río, respetivamente. Foi aluno do Pre-Universitario de Marianao. Em 1977, licenciou-se em Língua e Literaturas Hispânicas na Universidade de Havana, onde no ano seguinte realizou uma pós-graduação em filosofia. Ganhou o prémio "José Antonio Ramos" pela sua peça teatral La verdadera culpa de Juan Clemente Zenea, levada a cena por Abelardo Estorino, com Adria Santana e Julio Rodríguez como protagonistas. Aos 46 anos abandonou Cuba, sendo crítico do regime. Considerado um dos mais importantes dramaturgos da sua geração, escreveu uma dezena de peças e foi professor em vários países (Estados Unidos, Itália, Venezuela).
Estévez é um escritor polifacetado, romancista, contista, poeta e dramaturgo, que foi premiado em todos os géneros em que trabalhou. O seu romance Este é o teu reino, considerada por muitos como a sua melhor obra até ao momento, recebeu o Prémio da Crítica Cubana de 1999 e o Prémio ao Melhor Livro Estrangeiro publicado em França no ano 2000. Os seus livros foram traduzidos e publicados em inglês, francês, alemão, italiano, português, finlandês, dinamarquês, holandês, norueguês e grego.

Fonte: Wikipedia





segunda-feira, 23 de março de 2015

Num Instante






Pedaço quebrado de tempo,
O instante;
Jazendo entre a palavra,
O silêncio
E o livro na estante.

O tempo não perdoa,
Ele anda depressa,
E para quando bem quer:
Segura, entre os dedos,
O mister.

À janela,
Um pássaro bobo
Deixa um canto descuidado,
Caído,
Escorrendo sobre o reboco. 

Vem o tempo, e o silencia,
Vem o tempo e o ressuscita. 
Acende a luz da esperança
E assim, ao mesmo tempo,
Apaga as velas da vida.

O tempo não tem paciência,
Não perdoa o desperdício,
Não perdoa a nossa pressa,
Ele passa como quer,
Se encolhe, se estica,
Mas jamais fica.




Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...