witch lady

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

SORRISO


Nada me disse o teu sorriso
Preciso,
Forjado,
Tão isento de mágoas,
Afogado nas águas
Dos teus nadas.

Consolação que eu não pedi,
Solidariedade forçada,
Sorriso fúnebre,
Daqueles que passam nos velórios,
Sob as ceras das velas
Apagadas.








quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Luz Acabou!




Nem houve uma tempestade; eu esperava pelo último aluno do dia, quando mais ou menos às seis e trinta da tarde de repente a luz acabou. Meu marido já tinha avisado que chegaria um pouco mais tarde, e percebi que teria que ficar esperando por meu aluno sozinha no escuro - isto é, com a Latifa, que por incrível que pareça, também não gosta da escuridão.

Ainda havia a luz do crepúsculo, o que me deixou tempo suficiente para procurar velas e fósforos. Acendi as velas da varanda, três castiçais que pendem das vigas do telhado. Depois, acendi as velas que tenho sempre em volta da lareira e as seis velas dos castiçais da sala de jantar; ainda acendi uma outra sobre a pia da cozinha e mais uma na mesinha de centro da sala de estar; pronto!

Fui lá para fora aguardar a chegada do aluno, já que a campainha não estava funcionando por falta de eletricidade. Esperei, esperei... e ele estava bem atrasado; consegui trocar mensagens e decidimos cancelar a aula, já que a luz não voltava. 

Suspirei fundo: já estava bem escuro por volta das sete horas. Da garagem, olhei para a casa iluminada pelas velas, no meio da escuridão total e absoluta do jardim. Aqui, quando a luz acaba, fica tudo negro. O céu estava nublado e não dava para ver as estrelas ou o luar. Senti um certo pânico, pois não gosto de escuridão. Mas de repente, passou um vaga-lume, e depois outro. Fiquei encantada, olhando-os... esqueci do meu medo de escuro.

Desci as escadas e entrei na casa. A luz de velas dava a tudo um ar solene e mágico. Sentei-me no sofá, olhando em volta sem sentir qualquer desconforto. Lá fora, a escuridão parecia ser uma barreira que transformava minha casa em algum lugar separado do mundo real, isolado na atmosfera alternativa de alguma terra distante.

Adormeci, e quando despertei, a luz havia voltado. E eu estava de volta ao mundo real. Levantei-me e fui apagar as velas.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Brincar de Poesia



Poesia é coisa livre,
Nos chama para brincar
Seja de riso ou de dor,
Poesia é o que é amar...

Poesia é brincadeira,
Fogueira de São João
Sobre a qual, à meia-noite,
Pula sempre um coração.

Poesia não tem dono,
A não ser o sentimento;
Nasce livre, e sempre cabe
Dentro de qualquer momento.

Poesia é navegar
Nas águas de um mar que é doce...
Levar a concha aos ouvidos
Escrever - fosse o que fosse!

Momento de pura graça
Sem barreiras ou grilhões;
Poesia só agrada
Se brotar nos corações.

Poesia é sempre livre,
Não tem dono nem senhor...
Nasce do que traz a vida,
Seja riso ou seja dor.

Ela é sempre democrática,
Seja qual for a temática...
Poesia é fantasia,
Sem grilhões, jamais estática!

Pode ter métrica ou rima,
Mas o arremate final
Tem que vir sempre das linhas
De um sentimento abissal!

Poesia é a expressão
Mais profunda, mais bonita
Nasce em todo coração
Que queira cantar a vida!




É TÃO FÁCIL ODIAR!




Hoje em dia, principalmente porque vivemos em uma era tecnológica na qual ideias e pensamentos transitam livremente, chegando aos lugares mais distantes, odiar tornou-se muito fácil; por exemplo, basta que alguém diga ou escreva: "Não concordo com você." Esta curta frase é suficiente para causar desentendimentos, transtornos e discussões sem o menor sentido! 

As pessoas acham-se donas das ideias, e inflamadas por um ego que desconhece limites, acham-se no direito de impô-las; motivadas pelo anonimato, tecem comentários equivocados sobre a vida de pessoas que não conhecem, e desenham sobre seus rostos as piores feições, tracejadas de desejos de vingança. Chegam a proferir ameaças de agressões físicas e surras, desencadeando uma trilha de desamor e maledicências contra seus desafetos, angariando súditos que passam, através de sua influência, a também odiar aquela pessoa - que nem sequer conhecem.

Acredito que pessoas que agem desta maneira talvez estejam mal consigo mesmas. Desejam encontrar alguém que lhes sirva de bode expiatório para tudo o que há de errado em suas vidas. Qualquer observação ou comentário alheio servem de rastilho de pólvora para que possam explodir e aliviar suas tensões.

É tão fácil odiar! Novamente, estes pensamentos me fazem lembrar de uma conversa que tive com uma senhora espírita, que me advertiu: "Hoje em dia, o mal paira sobre nossas cabeças, procurando por uma brecha para que chegue até nós e cause danos irreparáveis. Antigamente, quando alguém desejava influenciar a outros espiritualmente, recorria a trabalhos de magia negra; hoje, basta desejar o mal, e ele prontamente faz seu trabalho; mas atinge também aquele que buscou lançá-lo contra alguém. É preciso tomarmos muito cuidado com o que pensamos e falamos." O que ela disse ficou gravado em minha cabeça.

É admirável (no mau sentido) a capacidade que as pessoas tem de odiar alguém, com todas as forças, apenas porque suspeitam de algo que só está dentro de suas cabeças, mesmo sem qualquer embasamento. Elas não desejam esclarecer mal-entendidos; não é este o seu propósito. Querem apenas dirigir todo o ódio e frustração que carregam dentro de si contra algum alvo. Escolhem-no e atiram. Depois, fazem-se de vítimas. Tentam fazer com que o maior número possível de pessoas se voltem contra seu desafeto, e quem se recusar a fazê-lo, passa a ser ignorado ou igualmente atacado.


Passam também a tentar  ofender os outros pelo que expõe sobre sua idade, aparência física ou outra característica que pode até nem ser real, incentivando outros a praticar o mesmo bullying que praticam. Não percebem que agindo desta forma, estão ofendendo também todas as pessoas que se encontram na mesma situação que seu alvo - que são mais velhas, ou que estão acima do peso, que são mulheres ou que não são mestres em literatura (sendo que o pretenso ofensor também não é, embora se veja como tal). Se esquece que ele mesmo está se encaminhando para a velhice, e que daqui a poucos anos, será velho, podendo ele mesmo estar acima do peso ou perder a saúde.


É... odiar é muito fácil. Às vezes, basta que alguém tenha alguma coisa que ele - o que odeia - não possui, seja um talento, um estilo de vida, ou pessoas que o admiram. 


Se amar fosse tão fácil quanto odiar, o mundo de hoje não estaria na situação em que se encontra.



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

COISAS QUE O VENTO TRAZ





TRISTE FLOR




Triste, triste, triste flor
A debruçar, sobre o muro
Pétalas brancas de dor!

Vem a chuva, e as recolhe
Tolhe sua florescência...

Triste, triste, triste flor!
No meio-fio da calçada,
Murchas manchas de amor...

Vem o vento, e as assopra,
Espalham no ar sua essência...

Triste, triste, triste flor!
Tua vida derramada,
Buquê transido de adeuses,
Murchas ausências sem cor...




FLORBELA

Florbela Espanca | Docilda



Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...


Aos olhos dele

Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa;
Pelo azul do ar. E assim fugiram
As minhas doces crenças de criança.

Fiquei então sem fé; e a toda a gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!

Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:

Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!

... Fel: Ficção e performance no Diário íntimo de Florbela Espanca


Eu ...

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!


domingo, 16 de fevereiro de 2014

DOAR






Existe um momento em que o espaço nos armários fica pequeno demais; difícil encontrar as peças de roupa, os sapatos, as bijuterias e jóias. Tudo passa a exalar aquele característico aroma de mofo e de coisa guardada.  Às vezes, caminhar pela casa passa a ser uma aventura que consiste em desviar de móveis e objetos de decoração que atravancam o caminho, e fazer uma limpeza pode levar dias a dias devido ao grande número de adornos e mobília.

É hora de doar.

Penso que sempre que algo novo entra pela porta da casa, algo usado da mesma categoria deve sair. Isto ajuda a manter o espaço harmonizado e limpo, além de fazer um bem tremendo a alma da gente - doar coisas que não usamos mais, quando em bom estado, significa preencher uma falta na vida de alguém que necessita daquele objeto.

Doar é bem mais do que simplesmente livrar-se de algo que atrapalha: deve ser um gesto que venha  do coração. Não significa caridade alguma, pois a caridade verdadeira está em doar aquilo que mais precisamos. Mas pode significar um pequeno gesto de solidariedade. Faz bem à casa e à alma.

Achei sensacional a ideia de um site de compra e venda, cuja 'tagline' é: "Desapega, desapega!" Doar é desapegar-se. 



Uma Mulher à Moda Antiga





Acredito que eu seja uma mulher à moda antiga. Gosto muito quando um homem me cede o lugar em um espaço público, ou permite que eu adentre um ônibus ou sala diante dele. Gosto quando meu marido faz questão de pagar a conta do restaurante sozinho e me ajuda em pequenas tarefas caseiras. Acima de tudo, adoro quando vejo cavalheirismo genuíno, sem segundas intenções, aquele que vem do berço, da boa educação e de um sentimento de solidariedade ao próximo - seja o próximo homem ou mulher.

Infelizmente, homens assim fazem parte de uma rara categoria hoje em dia... o que mais vemos, são jovens que dirigem-se a garotas chamando-as de 'popozudas', 'cachorras' e outros codinomes menos honrosos. Pior de tudo: elas sentem orgulho ao serem desvalorizadas desta maneira. Há homens que furam filas, empurram mulheres e dizem palavrões diante de senhoras e crianças, desrespeitando o espaço comum e a sociedade onde vivem.

Hoje em dia, o apelo sexual parece ser a 'qualidade' mais valiosa de uma mulher ou de um homem. A todo momento, vemos homens que se referem ao tamanho do seus penduricalhos ou à sua performance sexual (geralmente impecável, embora não endossada por mulher alguma) ou até à sua capacidade de gerar bebês como prova de sua masculinidade... eu penso que os que assim agem, não tem mais nenhum valor moral ou sentimental, ou qualquer capacidade de argumentação que lhes reste; além disso, apenas demonstram seu machismo e sua tremenda falta de educação e sensibilidade. Não percebem que, ao ofenderem uma mulher referindo-se ao tamanho do seu corpo, ofendem também a todas as outras mulheres que se enquadram na mesma categoria. E ao oferecerem seu penduricalho como prova de masculinidade, degradando a moral de uma mulher, degradam a moral de todas as outras mulheres - inclusive a de sua própria esposa.

Alguns homens ainda tentam criar a imagem machista de donos da verdade e superioridade intelectual às mulheres através do pênis apenas porque não tem mais nenhum argumento que os suporte. Agem como maricas, difamando e insultando a imagem de pessoas que nada lhe fizeram apenas porque sua baixa autoestima determina que pisem e esmaguem antes de serem pisados e esmagados. São covardes.

Infelizmente, o cavalheirismo está agonizando na UTI da vida. Talvez a causa mortis sejam a arrogância e a falta de educação.


PS: este é um texto de desabafo. Se você, homem, não se encaixa nesta triste categoria a qual me refiro, não se sinta ofendido.



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Pétalas de Flor pelo Corredor





Dias secos, quentes e cheios de vento morno. O vizinho tem uma árvore no jardim que é cheia de flores amarelas - não sei o nome. Quando o vento sopra, as pequenas pétalas voam com ele, e se espalham por todos os cantos e todos os jardins vizinhos.

Minha casa, que fica sempre de portas e janelas escancaradas em qualquer época do ano, deixa entrar essas gotas de luz amarelas. Elas entram principalmente pela varanda do segundo andar, e vão descendo as escadas e se espalhando pelo tapete do corredor. Eu deixo que fiquem lá até murcharem.

Um privilégio, ter pétalas amarelas espalhadas pela casa!



The Long and Winding Road - The Beatles - letra e tradução






The Long and Winding Road - A Estrada longa e Tortuosa
The Beatles

The long and winding road that leads to your door 
(A estrada longa e tortuosa que conduz à sua porta)
Will never disappear 
(nunca desaparecerá)
I've seen that road before 
(Eu vi esta estrada antes)
it always leads me here 
(Ela sempre me conduz até aqui)
Leads me to your door 
(Me conduz à sua porta)

The wild and windy night that the rain washed away 
(A noite selvagem e tempestuosa que a chuva levou embora)
Has left a pool of tears crying for the day 
(Deixou uma poça de lágrimas a chorar pelo dia)
Why leave me standing here, let me know the way 
(por que deixar-me de pé aqui, permita-me conhecer o caminho)
Many times I've been alone and many times I've cried 
(Muitas vezes estive só, e muitas vezes eu chorei)
Anyway you'll never know the many ways I've tried 
(De qualquer modo, você nunca conhecerá as muitas estradas que experimentei)
And still they lead me back to the long and winding road 
(E elas ainda me trazem de volta à longa e tortuosa estrada)
You left me standing here a long, long time ago 
(Você me deixou de pé aqui há muito, muito tempo)
Don't leave me waiting here, lead me to you door 
(Não me deixe esperando aqui, leve-me até sua porta)

But still they lead me back to the long and winding road 
(mas elas ainda me trazem de volta à longa e tortuosa estrada)
You left me standing here a long, long time ago 
(Você me deixou de pé aqui há muito, muito tempo)
Don't keep me waiting here (Don't keep me wait), lead me to you door
(Não me mantenha esperando aqui, conduza-me à sua porta) 
Yeah, yeah, yeah, yeah


Talk of dividing the nation. What we need now is more lists. I noted on Twitter that the New Zealand parliament had broken into song after voting for same

Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...