E você descobre
Que está coberta,
Que se afogou
Na maré cheia,
E você entende
Que já é passada
A hora certa,
E que tem vivido
Espremida
Entre as horas alheias.
E você percebe
Que sua existência
Pede permissão.
E você se arrasta,
E você se gasta
Por compreensão.
E você se olha,
Não se reconhece,
Não sabe se sobe,
Não sabe se desce.
E você se esquece
De como chegou
Aonde chegou,
Não sabe aonde vai,
Se deve ficar,
Pois nem se dá conta
Do que lhe restou.
E você assunta,
Você se pergunta
Se valeu a pena,
- Protagonizou
O seu espetáculo,
Ou tem sido apenas
O receptáculo,
O palco cedido
A um outro show?
E você se sente
Sempre deslocado,
Os olhos vidrados,
Os lábios colados,
Coração pesado,
O ar rarefeito
O peito abafado.
E você se isola,
Pois a solidão
É a única cola,
Uma proteção
Um alívio, um jeito
De cuidar daquilo
Que ainda restou.
E você se vê
Em paz, finalmente,
A vida entre os dentes,
Os anos no fim
A vida no fim,
Lembranças em fileiras
Sobre as prateleiras
Empoeiradas
Catalogadas , etiquetadas:
“Aqui jaz o escopo
De uma vida inteira.”
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirProfundo e belo teu poema!
Sublime!
ResponderExcluirAdorei o poema!
Tão realista que até doi.
Meus parabéns.
Um beijo
:)
https://olharemtonsdemaresia.blogspot.com/
Triste poema. Me gusto mucho. Te mando un beso.
ResponderExcluirUm profundo sentido repassar da vida nesta longa travessia por um labirinto. Tem dias assim que a gente sente que já passou, que tudo ficou para trás. Tem dias que as noites aprofundam amiga Ana.
ResponderExcluirAbraços e bom domingo de uma semana reparadora.
Uma reflexão, este seu poema. A amargura destrói muitas das emoções que queremos guardar e recordar toda a vida.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.