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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

TUDO TÃO QUIETO...


 





As nossas manhãs são tão diferentes agora,

Depois que você foi embora...

Não há pelos a varrer,

Marcas de patinhas

No chão da cozinha.

 

As manhãs, antes tão ruidosas,

Preenchidas pelos sons de latidos alegres,

Hoje são silenciosas.

 

Ao abrir da porta da cozinha,

Você corria para dentro, rodopiando de alegria,

Acompanhada do nosso outro amiguinho,

E eu, feliz, dizia: "Bom dia!"

"Bom dia, e que bom que você está aqui,

Que bom que você é nossa,

Que bom que você é minha!"

 

E ambos corriam para o jardim,

Causando uma revoada de passarinhos aborrecidos

Que tiveram perturbada, de repente,

A sua paz, pelos seus rosnados contentes.

 

Hoje, a nossa família está menor,

E ao abrir a porta, encaro o vazio,

O silêncio, o frio,

A casinha cavernosa e profunda, vazia dele e de  sua dama,

Já que hoje, nosso outro cachorrinho

Dorme conosco, em nossa cama.

 

E a cada dia, você se vai mais um pouquinho...

 

Ontem ventou muito,

E ao me sentar no gramado com ele em meu colo, enovelado,

Percebi que em minhas roupas, nas pernas das calças pretas,

Havia pelos seus, emaranhados

Ao redor dos meus tornozelos.

 

A casa estã tão limpa, 

-Nada a ser feito de manhã,

O pano de chão, antes tão utilizado,

Descansa na beirada do tanque, retorcido,

Ressecado.

 

E nossa pequena família

Tenta continuar de onde você parou

Todos os dias,

Tentando nos readaptar à nossa nova rotina,

Fazendo planos para, quem sabe, um dia,

Na condição de eternos aprendizes,

Possamos ser, novamente,

Felizes.



A ausência dela me fez ver que o tempo todo, a bagunça era feita por ela (eu pensava que era tudo feito pelo Mootley), as marcas de patinhas enlameadas eram dela, era ela a barulhenta, a esfuziante, a que chamava o Mootley para latir no portão, a que escondia os brinquedos (ontem encontrei, escondidas entre os vasos de plantas, duas bolinhas e uma rodelinha de plástico amarela, semienterrada no canteiro), era ela que nos chamava para a vida todos os dias.


Foi sempre ela. O Mootley era apenas mal-influenciado.




 



6 comentários:

  1. Quanta saudade esses nossos amados bichinhos deixam...Tristeza! beijos praianos, chica

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  2. Boa tarde de paz, querida amiga Ana!
    Até hoje me lembro que meu Sansão abria um sorriso me mostrando os dentinhos ao abrir a janela da varanda vindo me dar bom dia!
    Detalhes tão pequenos de nós dois....ao ler sei texto me veio à mente...
    Só quem tem que sabe como é...
    Tenha um final de semana abençoado!
    Beijinhos

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  3. Querida Ana, sei bem o que é isso, esses nossos amiguinhos e filhos, amamos tanto que quando se vão deixam mesmo uma grande dor, já passei por isso muitas vezes, a cada quinze anos mais ou menos perdemos um filho de pelos e patinhas que deixam uma imensa saudade!
    Força minha amiga, só o que posso dizer!
    Abracos brm apertados!

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  4. Deve ser muito triste perder um animal que se ama. Sinto consigo essa tristeza.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  5. Amiga Ana,
    A perda é a certeza de que vamos nos distanciar involuntariamente do amor... E essa dor não tem explicação, paramos no tempo e no espaço diante das nossas perdas afetivas, pois, o querer bem não diminui diante do silêncio... Diante da ausência.
    Um abraço!!!

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  6. Esses seres tão especiais que vem só para nos amar e nos fazer felizes, quando se vão deixam um vazio tão imenso, uma tristeza sem fim...
    Abraços fraternos!

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