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quinta-feira, 31 de agosto de 2023

SEJA O QUE FOR


SEJA O QUE FOR

Seja o que for, vai passar; se estiver vivendo momentos felizes – e geralmente, eles não vêm com etiquetas luxuosas, mas trazem elementos como um passeio à pé com o cachorro, tomar café com pão de tardinha na mesa da cozinha, rir de um filme engraçado, escutar música ao anoitecer, ou simplesmente, chegar ao supermercado e poder comprar a sua comida – aproveite, viva, valorize. Uma voltinha no shopping, comprar uma roupa nova, encontrar amigos, estar com pessoas que você gosta – tudo isso é o que menos valorizamos enquanto estamos vivendo.

E se você estiver passando por momentos ruins que parecem infindáveis, e a dor de vivê-los for quase insuportável, causando aquele aperto de ansiedade no plexo solar e fazendo com que seu primeiro pensamento ao acordar seja sobre o que te machuca, seja o que for, vai passar. Um dia, passa.

Já vivi várias ocasiões muito difíceis que eu achei que nunca fossem acabar. Mas elas acabaram. Um dia, acordei me sentindo menos triste. E desde então, fui melhorando até poder sorrir de novo de verdade. É assim com todo mundo. Basta que não nos agarremos à dor, mas que deixemos ela se curar quando chegar o momento. Acho até que a cura é uma reação química do organismo, ele precisa se curar para que a vida possa continuar. Talvez seja algo hormonal. Mas é que às vezes nós não achamos justo que estejamos bem quando aquele ser que tanto amamos nos abandonou ou morreu.  Olhamos as fotos daquela criatura que parecia tão saudável, tão bonita, e dá uma sensação de que aquilo simplesmente não pode ter acontecido.

Mas quanto mais cedo aceitarmos que aquilo aconteceu, melhor.

Gosto de assistir a filmes ou vídeos ou ler livros que retratem o que estou sentindo, pois assim é mais fácil aceitar a realidade de que não é só comigo, mas que é parte da vida. Isso me ajuda. E é claro, escrever, escrever, escrever... colocar para fora o que estou sentindo. Ajuda a dimensionar melhor os acontecimentos. Ajuda a aceitar.

Dificilmente achamos alguém que nos ouça nestas ocasiões. As pessoas não querem saber de tristeza. As pessoas só querem “ser felizes” o tempo todo. A dor alheia as faz lembrar das próprias dores que elas nunca têm a coragem de enfrentar, mas que socam lá para o fundo de si mesmas, negam, selam o pacote com um sorriso amarelo, daqueles de rede social,  e fingem que está tudo bem. Mas não é culpa delas. Cada um tem a sua forma de reagir. E como é assim, melhor nem procurar alguém para desabafar; as pessoas não estão dispostas a ouvir.

Escreva. Fale sozinho, reze, pague um analista (embora eu não goste da ideia de ter que pagar para ser ouvida, prefiro escrever). Mas viva seu luto até o final. Não deixe que tentem “te alegrar.” As pessoas que fazem isso não sabem o quanto são inadequadas. Melhor que te deixem em paz. E se estiver muito, mas  muito difícil, se o tempo for passando e você sentir que não dá para sair dessa sozinho, procure ajuda profissional, tome remédios (alguém me disse isso, e ela está certa). Só sei que um dia, o sol brilha de novo. Um dia, a dor passa e ficam as boas lembranças.

Já passei por isso muitas vezes, e cada vez é única, o sentimento é diferente, a dor pode ser mais ou menos intensa, mas o desfecho tem sido o mesmo: passa.








2 comentários:

  1. Boa tarde de paz, querida amiga Ana!
    Um texto fabuloso com profundo conhecimento das dores humanas.
    "As pessoas não querem saber de tristeza. As pessoas só querem “ser felizes” o tempo todo."
    Totalmente verdadeiro.
    Aprendi na psicologia que aquele que disfarça sua dor não a suporta, muito menos a dos outros e não querem, fogem mesmo dos que sofrem.
    A espiritualidade ajuda muito no mistério da dor.
    Para mim, Deus não dá o frio além do cobertor que já possuímos.
    Assim que, quando vem a dor, eu penso que meu cobertor está bem grosso e felpudo.
    Imagine você que estou tratando de um pé, o esquerdo. Bem recuperado e já podendo fazer minhas caminhadas que adoro... ontem levei um tombo sem mais nem menos na cozinha e pumba! Lá vou eu para o hospital de novo e novas radiografias do outro pé e nova série de medicamentos. Sem poder andar de novo.
    Para me distrair, escrevi, escrevo e escrevo. Leio, leio e leio...
    Sem poder andar fisicamente, mas caminhando na agilidade mental.
    Enfim, como bem você disse, seja o que for vai passar.
    "A casa dia basta o seu mal".
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos




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  2. Querida amiga Ana, que texto profundo, verdadeiro, sim minha amiga sensível e querida, senti a grande energia aqui e é mesmo assim, todos nós tivemos, temos e teremos momentos difíceis que nos dão algumas vezes, a sensação de que não vai passar, mas passa, sim, ainda bem que passa e sempre saímos fortalecidos de tudo isso!
    Muito difícil viver sem as pessoas amadas que partem e a morte ainda é o que mais nos assusta e nos faz perceber o quanto todos temem sofrer, as pessoas não conseguem nos aliviar s dores!
    Assim como você, também gosto de assistir filmes, tudo o que pode me dar alívio pelas agruras.
    Sou imensamente sensitiva e percebo e sinto todas as energias, assim como percebo aqui!
    Amo ler seus escritos, sempre me dão alguma direção!
    Abraços apertados sempre!😍

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