Às vezes,
há ainda uma corrente
Muito fina e cristalina
Que quer correr para o mar,
Ainda há um par de pernas
Que caminham devagar,
Mas que querem caminhar.
Há uma história em seu final,
Porém, algo a se contar
E também a se escrever;
Uma alma que pressente
Que as palavras são cansadas,
Que os olhos estão baços
Mas ainda querem ver.
Às vezes,
A memória se confunde,
Misturando em seu cadinho
O presente e o passado,
Mas ainda há um futuro,
Um epílogo iminente
Cujo fim está marcado.
Às vezes,
Ainda arde o desejo
De abrir portas e janelas,
E pôr aquele vestido
De saias muito rodadas
E pedir que um vento lúdico
Venha brincar, divertido,
Mas vem a voz do repúdio,
Aquela, que sempre diz “não”
E encerra o interlúdio
Com um só gesto de mão.
Às vezes,
Ainda há um caminho
Com vontade de pegadas,
Há um pedaço de sonho
Sob as pálpebras fechadas,
Porém, à realidade,
Desfolha-se a rosa murcha
Debaixo dos olhos críticos
Que sentem-se ameaçados.
E um dia, sob a terra,
Ficará aquela história
De alguém que já se foi,
E nem fez muita questão
De incomodar a memória
De deixar uma lembrança
Num canto de coração.
Olá Ana, admiro por demais seus escritos, e esse poema foi feito de metáforas, gostei dele todinho, porém destaco:
ResponderExcluir"Há um pedaço de sonho
Sob as pálpebras fechadas,"
Coisa linda de se ler.
Desejo um findi azul cheinho de paz.
Bjs!
Um excelente poema. Gostei imenso amiga.
ResponderExcluirDesejo muito que se encontre bem.
Bjs.
Irene Alves
Lindeza Ana, como esta folha coração que o tempo amarelou, mas não mudou sua forma de ser.
ResponderExcluirHaverá sempre este futuro.
Abraços com carinho.