Diante do azul
Ele se sentava
(Havia tantas lembranças
No frio azul daquelas águas!)
Os olhos perdidos entre as letras
De um velho jornal que ele olhava
Mas não lia;
As letras se embaralhavam,
Escrevendo outras histórias.
O sol nos ombros
Tentava esquentar a dor
Da solidão que ofuscava
A paisagem,
Mesclada de antigas viagens,
-Ah, e a limpidez daquelas águas...
Dentro do silêncio
Que ele tentava abafar
Com a música alta que tocava,
As vozes chamavam,
As vozes gritavam,
Contando uma história feliz
Que já terminara...
E destemido,
O tempo avançava sobre ele,
Deixando em seu rosto
As marcas que ele temia,
As estradas por onde ele voltava
-Mas nunca chegava.
E eu o olhava
Da janela da minha casa,
Um mundo imenso entre nós dois
Nos separava,
E havia a vida que ele vivia,
Surda às palavras solidárias
Que eu calava.
Lindo
ResponderExcluirDigo que
Quando as palavras tiram férias de mim, não me expresso
De azul fico cinza
Eu sem palavras sou como céu e mar sem azul
E de branco em branco, brandura, braveza, bravura
Azulo-me e saiu do casulo
Em palavras e em azul
Que caiam todos os muros de nossas vidas ...
ResponderExcluirAna, boa noite. Gostei muito. Uma história, até emocionante, em belos versos.
ResponderExcluirParabéns. Abraço fraterno.
Olá Ana, existem pessoas que se isolam atrás dos muros, dificilmente ouvirão suas palavras, por mais sensível e solidária que seja...
ResponderExcluirAgradeço, abraços carinhosos
Maria Teresa
Que belo, Ana! Observar alguém que também olha o horizonte, mas com outra perspectiva, agita a imaginação. Mas ela costuma chegar perto da realidade. A solidariedade muda constituiu um esplêndido final. Bjs.
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