Prefiro molhar-me de lágrimas
A viver uma vida seca,
Onde os sonhos se esfarelam
Sob o toque do martelo.
Prefiro essa rua vazia, essa casa,
Prefiro dormir sobre as pedras
E sonhar com as asas
A vertigem do voo que medra,
E perpetra a queda.
Prefiro guardar as palavras,
Usar as palavras,
Brincar com as palavras,
Prefiro drenar meu rio de mágoas
E achar, lá no fundo,
A paz procurada.
Prefiro uma alma lavada,
Prefiro a alegria silenciosa
E domesticada...
Não gosto, não quero jamais
A ostentação patética
Daquilo que não sou...
Meu poema é seco,
Mas sei de onde eu vim,
Escolho aonde vou.