witch lady

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quinta-feira, 7 de março de 2013

O Quarto







Abriu ambas as janelas, deixando que o sol da manhã entrasse e que a brisa refrescante circulasse pelo quarto. Aproveitou e abriu também gavetas e armários, para que fossem arejados pelo frescor da manhã. Dentro, suas roupas e sapatos, cuidadosamente arrumados e separados conforme eram considerados 'para sair' ou 'para ficar em casa.'

Passou os olhos sobre as pilhas de blusas bem dobradinhas nas gavetas, e escolheu uma preta, bordada com borboletas douradas. Separou também uma saia jeans. No aparelhinho de CD, sua música preferida.

Olhou em volta: como adorava aquele quarto! Tudo era tão seu... a estante com os os livros e Cds, sua televisão sobre a cômoda, seus pequenos bibelôs, as bijuterias guardadas em suas inúmeras caixinhas.

E as fotografias antigas. Havia uma caixa e uma velha bolsa de couro, cheias delas. Havia documentos antigos - carteiras de trabalho, suas do seu pai e do falecido marido. Ali, a história de suas vidas, desde que eram ainda bem jovens: todos os lugares onde trabalharam, quanto tempo ficaram, quando recebiam de salário. Olhou-os, suspirando. Recordou-se dos tempos em que era aquela mocinha da fotografia. Achou também uma velha fotografia de seu falecido pai, dentro de um dos livros. Lembrou-se dele com carinho.

Olhou seu reloginho de pulso, e constatou que estava quase na hora. Foi fechando as gavetas, passando as mãos sobre as roupas para que elas assentassem direitinho no lugar. Fechou o armário e guardou com cuidado as fotografias. Passou os olhos sobre as lombadas dos livros.

Fechou as janelas e cerrou as cortinas.

Pegou a bolsinha florida, que continha algumas mudas de roupa que usaria enquanto estivesse no hospital, aguardando a cirurgia.

Antes de fechar a porta atrás de si, olhou para tudo aquilo mais uma vez, demorando-se um pouco. Depois, fechou a porta bem devagar, e saiu.

Para nunca mais voltar.

Ficaram nas caixas, armários e gavetas tudo o que restou da passagem daquela vida por este mundo. Ficaram traços de sua fisionomia em seus filhos, que vivem, cada qual, uma história de vida  própria que ela ajudou a construir. Ficaram os registros em documentos e as imagens, que provam que ela existiu.

Olhando aqueles documentos, relendo as histórias daquelas vidas - meu pai, meu avô, minha mãe, meu sobrinho, minhas tias - eu fico pensativa... tento adivinhar o que ia na cabeça de cada um deles no momento da foto. Fico me indagando o que cada um sentiu quando aquelas carteiras de trabalho foram assinadas pela primeira vez, e penso nos anos e anos que eles estudaram, trabalharam, viveram, aprenderam e ensinaram. Penso nos momentos felizes e nos momentos tristes que se derramaram sobre aquelas vidas que eu conheci (ou pensava ter conhecido) tão bem.

Fico especulando o que cada um pensou no dia em que morreu, ou um dia antes; tiveram medo? Sabiam que nunca mais voltariam para casa, na última vez que partiram? E quando olharam por cima de seus ombros, no momento em que fecharam a porta, o que sentiram? Será que a gente tem algum aviso, algum mecanismo implantado no nosso subconsciente que nos avisa quando a hora de ir está chegando?

E o que fazer agora, com todos aqueles documentos, fotos, cartas, livros, objetos? Simplesmente jogar fora? Mas como jogar fora vidas inteiras? Como desfazer-se daquelas coisas que foram guardadas durante tantos anos com tanto cuidado e carinho, tão amadas, tão protegidas?...

Penso que devo fazer uma seleção e guardar apenas  o que for mais significativo. Mas o que é mais significativo, dentro de caixas cheias de lembranças?

Santa Ignorância, a Minha...




Peço-lhes desculpas. Porque as pessoas me escrevem, dizendo que não conseguem comentar meus blogs, e eu não tenho a menor ideia do porquê disto estar acontecendo. Todos os meus três blogs estão configurados para receberem comentários de qualquer pessoa, embora os mesmos estejam moderados.

Peço-lhes desculpas também porque meu blog de contos não aparece no meu perfil do Google, e eu também não sei como mudar a situação. Já mexi nas configurações, ativei e desativei coisas, rezei para São Jorge, fiz promessa para São Longuinho, e nada; ele continua lá, quase incógnito, não fosse pelos meus fiéis quatorze amigos que, de alguma forma, conseguiram acessar o botão de 'seguidores.'

Peço desculpas aos blogs que eu não tenho visitado; as postagens de vocês nem sempre aparecem nas minhas listas de leitura, e também não sei o motivo. De vez em quando, eu vou lá, olhar blog por blog (quando dá tempo) e descubro que houve várias postagens das quais eu nem fiquei sabendo. Sorry... não que eu esteja com tempo disponível para seguir tudo, mas pelo menos, uma visita de vez em quando...

Desculpem-me porque eu não coloco selinhos nos meus blogs, apesar dos convites; não o faço por dois motivos:

1) Minha internet é meio-lenta, e coisas demais nos blogs faz com que eles fiquem pesados e demorem demais para abrir.

2) Eu não sei como colar aquelas coisinhas em meu blog.

Algumas pessoas me disseram para pedir ajuda ao senhor Google,  Administrador dos Blogs , mas ele é tão poderoso e distante! Não acho que ele - O Todo Poderoso - vai dar ouvidos a minhas humildes súplicas.

Enfim, ainda estou aprendendo e acho que vou ficar assim a vida toda: aprendendo. Mas peço por favor  que, se você deseja colocar comentários por aqui e não está conseguindo, entre em contato comigo. E afinal de contas, eu ainda me divirto fazendo os blogs, e espero que gostem.

Ilusões de Padrões e Padrões de Ilusões- O Andar do Bêbado




Trecho do livro "O  Andar do Bêbado", de Leonard Mlodinow


(...) Quando estamos diante de uma ilusão - ou em qualquer momento que tenhamos uma nova ideia - em vez de tentarmos provar que nossas ideias estão erradas, geralmente tentamos provar que estão corretas. Os psicólogos chamam esta situação de viés da confirmação, e ela representa  um grande impedimento à nossa tentativa de nos libertamos da interpretação errônea da aleatoriedade. (...) Como afirmou o filósofo Francis Bacon em 1620, "A compreensão humana, após ter adotado uma opinião, coleciona quaisquer instâncias que a confirmem, e ainda que as instâncias contrárias possam ser muito mais numerosas e influentes, ela não as percebe, ou então as rejeita, de modo que sua opinião permaneça inabalada."

Para piorar ainda mais a questão, além de buscarmos preferencialmente as evidências que confirmam nossas noções preconcebidas, também interpretamos indícios ambíguos de modo a favorecerem as nossas ideias. Isso pode ser um grande problema, pois os dados muitas vezes são ambíguos; assim, ignorando alguns padrões e enfatizando outros, nosso cérebro inteligente consegue reforçar suas crenças mesmo na ausência de dados convincentes. Por exemplo, se concluirmos, com bases em indícios instáveis, que um novo vizinho é antipático, quaisquer ações futuras que possam ser interpretadas dessa forma ganharão destaque em nossa mente, e as que não possam serão facilmente esquecidas. Ou então, se acreditarmos num político, damos-lhe mérito pelos bons resultados que obtiver, e quando a situação piorar, jogamos a culpa no outro partido, reforçando assim nossas ideias iniciais.

(...)

O viés da confirmação tem muitas consequências desagradáveis no mundo real. Quando um professor acredita inicialmente que um de seus alunos é mais inteligente que outro, ele se concentra seletivamente em indícios que tendam a confirmar esta hipótese.
Quando um empregador entrevista um candidato a emprego, sua tendência é formar uma rápida primeira impressão do sujeito e passar o resto da entrevista buscando informações que a corroborem. Quando um profissional da área clínica é informado previamente que o paciente a ser entrevistado é combativo, ele tende a concluir que o paciente é combativo, mesmo que não seja mais combativo que a média das pessoas. E quando as pessoas interpretam o comportamento de alguém que seja membro de uma minoria étnica, tendem a interpretá-lo no contexto de estereótipos preconcebidos.

A evolução do cérebro humano o tornou muito eficiente no reconhecimento de padrões. Porém, como nos mostra o viés da confirmação, estamos mais concentrados em encontrar e confirmar padrões que em minimizar nossas conclusões falsas. Ainda assim, não precisamos ficar pessimistas, pois temos a capacidade de superar nossos preconceitos. Um primeiro passo é a simples percepção de que os eventos aleatórios também produzem padrões. Outro é aprendermos a questionar nossas percepções e teorias. Por fim, temos que aprender a gastar tanto tempo em busca de provas de que estamos errados quanto de razões que demonstrem que estamos certos.



quarta-feira, 6 de março de 2013

Meu Amigo Charlie Brown



Há muito tempo,
Cantou-te Benito:
"Meu amigo Charlie..."

E ele nem sabia
Que era você!

*

 Se você quiser,
Vou lhe mostrar
Que a sua vida
Podia ser boa...

Se você quiser, 
Vou lhe mostrar
Que a poesia
Não há de acabar.

Se você quiser
Vou lhe mostrar
Que as águas passam
Qual rios chorados...

Se você quiser
Vou lhe mostrar
Que a morte não cura
Um peito fechado.

Meu amigo Charlie,
Descanse em paz
Deitado, feliz
Sobre o teu telhado.

(Ficamos Snoopies
De rabos cortados.)


Para Chorão



Eu Não Sou o Diabo!





Arranco as correntes
Que me prendem.
Causa-me asco
Esse cheiro de alho
Nos hálitos quentes!

As bocas frementes
Murmuram,
As bocas famintas,
No escuro...

Ando pela vida
Cercada de flores
(Algumas, murcharam)...
Canteiros de dores,
Pétalas de risos,
Sons de cigarras
E de guizos...

Às vezes, eu voo,
Às vezes, viajo
E me perco,
Me engano,
caio...

Nasci em setembro
De dentro de maio
Que foi-se em dezembro.

Por vezes, eu grito,
Parece que bebo,
Parece que salto
Ao som de um apito...
E o motivo?
-Pode ser um vento,
Um rito.

Quem olha, me vê
Sobre a superfície,
E julga com os olhos,
Bocas e ouvidos...
Não vê as entranhas,
E não faz sentido!...

Não sou o diabo,
Pois gosto do vento,
Do frio, e o inferno
É quente demais.
Não uso tridentes,
Não me delicio
Com ranger de dentes...
Eu prefiro a paz.

Não sou o diabo,
E esse discurso
Que me apresentas,
Eu já sei de cor!
Vê se te emenda,
E passa direto,
Corre, vá de retro,
Pois não sou o diabo,
Mas posso ser pior!

*






 

A Simplicidade da Complicação









Viver e morrer é tão simples,

Tão fácil
Tão natural...
É quase como ir ao banheiro,
Lavar as mãos,
Fazer uma refeição,
Virar uma esquina...

A moça pula do prédio
Se esborracha lá no chão...
Enquanto isso,
Nasce o bebê da vizinha,
Agoniza um velho,
Morre um cão.

Velório e chôro de um lado,
Compras no shopping e MacLanche Feliz,
Luto e tristeza,
Festa, luzes, Música sertaneja.

Viro outra esquina,
Entro na contra-mão.
Viver e morrer é tão simples,
Só que nem sempre é bom...




*

Alexander Soljenítsin




Nascido a 11 de dezembro de 1918 em Moscovo, Russia, e morto em 3 de agosto de 2008, Alexander Soljenítsin foi  romancista, dramaturgo e historiador.
Foi preso por fazer alusões críticas a Stálin em carta a um amigo, durante a Segunda Guerra, e permaneceu em campos de trabalho forçado por oito anos. Em 1950 foi enviado a um campo especial para prisioneiros políticos, onde trabalhou como pedreiro, mineiro e metalúrgico.
Em 1953, foi exilado para o Cazaquistão, onde lecionava em escolas durante o dia e escrevia secretamente à noite. Recebeu o Nobel de Literatura em 1970.

Fonte: Wikipedia


Algumas frases e pensamentos:


"Hoje em dia, não pensamos muito no amor de um homem por um animal. Rimos de pessoas que são apegadas a gatos. Mas se pararmos de amar os animais, não estaremos na iminência de parar de amar os homens também?"

"Tão logo a falsidade seja desmascarada, a violência nua terá que aparecer em toda a sua hediondez - e a violência, derrotada, desaparecerá."


"Justiça é consciência, não uma consciência pessoal mas a consciência de toda a humanidade. Aqueles que reconhecem claramente a voz de suas próprias consciências, normalmente reconhecem também a voz da justiça."



"Quando eu estava em Gulag, eu escrevia, às vezes, até mesmo em paredes de pedra. Costumava escrever em rascunhos de papel, cujo conteúdo eu memorizava, e depois destruía."


"Cresci acostumado ao fato de que, em todo o mundo, o arrependimento público é a mais inaceitável opção ao político moderno." (Durante uma entrevista a Spiegel, quando perguntado a respeito do terrorismo praticado por políticos no poder)


terça-feira, 5 de março de 2013

Feng Shui Para Uma Vida Melhor - Parte I







Trechos do livro Feng Shui Para Uma Vida Melhor - por Kathryn Mickle



"No esquema natural das coisas, há um lugar para o crime, para o chamado mal e para todas as outras experiências. Na verdade, eu acredito que não haja acidentes na vida e que essas situações existem para nos ensinar certas lições."




"Como você bem sabe, na vida existe sempre alguém querendo que você faça alguma coisa. É preciso estar sempre vigilante para saber em cada situação qual é o desejo do outro e qual é o seu."




"Se você acha que para realizar as coisas depende de um apoio financeiro ou de posses, sua segurança pode desaparecer a qualquer momento. Meu pai dizia que eu não podia ou não devia fazer nada, como uma viagem, por exemplo, até que eu tivesse dinheiro suficiente para fazer as coisas que queria, então me seria permitido fazer.
Quando eu estava crescendo, percebi que os meus momentos de maior felicidade não estavam ligados Às posses materiais. Os tempos mais felizes eram aqueles que eu passava num ambiente natural, aproveitando o que estava ao meu redor e em contato com a natureza."



"O Feng Shui nasceu de um desejo de vivermos em harmonia com a natureza. Os antigos observaram seu ambiente e perceberam que onde a terra era mais próspera, a energia era mais abundante. Eles organizaram suas estruturas para ficarem em maior harmonia com essa energia. Instalaram também seus vilarejos e cidades em lugares cercados de colinas ou montanhas para protegê-los das adversidades do tempo. Uma das localizações mais tranquilas é aquela que se parece com uma poltrona de braços, com uma colina por trás, como se fosse o encosto, e que tem uma bela vista d'água na frente."



Imagem: Ana Bailune



Uma Casa






Uma casa não é só feita de quatro paredes em volta de móveis e eletrodomésticos. É preciso sentir-lhe as energias, pois ela guarda um pouco de cada pessoa que vive ou já viveu dentro dela. Exatamente por este motivo, é aconselhável limpar muito bem e pintar as paredes de uma casa já usada, antes de começarmos a viver nela. 

Uma casa são as roupas no varal, o cheirinho de sabão e amaciante. A grama no jardim, as flores nos canteiros, e cada passarinho que dá o ar de sua graça pousando sobre o muro, ou sobre um galho de árvore. Uma casa é feita dos passos que circulam dentro dela, e de todas as intenções dos seus moradores. Janelas abertas, cortinas esvoaçantes, pétalas de flor jogadas no assoalho, trazidas pelo vento. Um pouco de poeira na mesa de centro, precisando ser limpa. Um cachorrinho, um gatinho, um animal de estimação enfeitando o quintal.

Em algum canto, fotografias de pessoas queridas. Nossos CDs prediletos tocando no final da tarde, enquanto acendemos um incenso e descansamos por alguns minutos na velha poltrona gasta. Uma peça de mobília ou objeto que herdamos de nossos pais ou avós. A panela de pressão chiando sobre o fogão, onde a comida fresca e cheirosa aguarda sua hora de ser consumida.

Plantinhas. Árvores. O sol e suas sombras mutantes. 

Só sei que uma casa é muito mais do que apenas um lugar onde alguém mora. Por mais humilde ou sofisticada, alugada ou própria, por mais simples ou luxuosa, uma casa precisa ter alma e ser considerada como uma coisa viva. Porque uma casa é feita para que pessoas a habitem. E habitar uma casa é quase como entregar-se a ela, agir com/sobre ela. É preencher e compreender-lhe os espaços e humores. respeitar a sua história, sua estrutura original. 

Não gosto quando vejo uma casa antiga sendo 'modernizada' demais. Não gosto das paredes derrubadas, dos telhados cujos formatos são modificados, das antigas janelas de madeira sendo substituídas por 'coisas' de alumínio. É claro que uma casa deve ser confortável para quem vive nela, mas modificar demais uma casa!... ah, eu vejo isto como falta de respeito a quem a  arquitetou e planejou, e uma injúria ao seu estilo original. Uma verdadeira profanação.

Porque uma casa é, de certa forma, um templo construído para que possamos adorar a vida.

*


segunda-feira, 4 de março de 2013

NUNCA





Nunca, 
Nem uma palavra...
Teu olhar fechado,
Tua boca, travada!...

Quanta coisa oculta,
Sufocada, aflita,
Carinhos sem mãos,
Canções sem ouvidos!...

Nunca, 
Nem uma palavra...
E o tempo todo,
Só eu te amava!

Enquanto choravas,
Enquanto sofrias
Pelas vidas frias 
Que te ignoravam,

Eu sempre morria,
De noite e de dia
Pela tua falta,
Pelo que de ti
Não me conhecia...

Nunca, e o tempo
Passou sobre nós,
Rompendo as amarras
Que nos conectavam!...

Te foste daqui,
Sem sequer notares
Que o tempo todo,
Eu sempre te amara...

Achei tuas cartas,
Abri teus segredos
Tão esparramados
Em palavras tantas
Em livros fechados!

Significados
Não se revelaram...

Nunca mais, e agora
Existe uma ausência
E uma distância
Ainda maiores...

E não há resgate
Para duas almas
Que se separaram
Por mais que elas chorem...

Nunca me ouviste,
E as palavras tristes
Que tu escreveste
Tão desnecessárias!...

Não resta mais nada,
A não ser lembranças,
Arrependimentos
Pelo que ficou
Perdido no tempo.








Platão

Frases de Platão




"O belo é o esplendor da verdade."




"O que mais vale não é viver, mas viver bem."




"Vencer a si próprio é  a maior de todas as vitórias."





"A harmonia se consegue através da virtude."





"Uma vida não questionada não merece ser vivida."




"Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de jogo do que em um ano de conversação."





"Calarei aos maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que posso fazer da maledicência."





"O que faz andar o barco não é  avela enfunada, mas o vento que não se pode ver."




"Só os mortos conhecem o fim da guerra."




"O sábio fala porque tem alguma coisa para a dizer; o tolo, porque tem que dizer alguma coisa."



Não Te Peço Para Esquecer




Nem pretenderia que você se esquecesse do que foi vivido. Também sei que a tua dor é a maior do mundo, pois você perdeu aquilo que mais amava, de uma maneira tão dolorosamente longa... aos poucos... eu acompanhei o que você viveu bem de perto, e sei muito bem tudo o que você passou. O que todos nós passamos.


Não pretendo dizer que 'sei exatamente como se sente.' Não sei. Nunca saberei. Só você sabe, pois a dor de uma perda - principalmente uma perda como a sua -  é muito pessoal.

Algumas pessoas te dizem para esquecer, para continuar vivendo, para agarrar-se ao que ainda resta, mas elas não são você. Não acordam todos os dias na mesma casa onde alguém não mais está, e nunca estará; não precisam abrir um guarda roupa e lidar com a realidade das roupas que jamais voltarão a serem usadas, com as quais você ainda não teve coragem de lidar. Não tem que , bem no meio do noite, acordar com o som de uma voz que vem de longe, e que embora fale, está calada para sempre. Elas não são você. Elas não podem saber.

Não te peço que você se esqueça. Pelo contrário, eu peço que você se lembre, mas de uma outra maneira. Muito, todos os dias; lembre-se  do que foi bonito. Lembre-se dos momentos felizes, das horas em que ele chegava em casa cheio de assuntos e novidades, das risadas, dos amigos enchendo a casa, das tardes de pizzas e filmes, e até mesmo das briguinhas entre irmãos que você presenciava e com as quais tentava lidar da melhor forma possível. Saiba que tudo aquilo foi vida! 

Ele veio como um presente, com a missão especial de despertar os sentimentos - os mais profundos - de todos que conviveram com ele. Talvez tenha sido parte da missão dele, neste mundo, nos fazer mais fortes, capazes de enfrentar aquilo que muitos se julgam incapazes de enfrentar. Quem sabe, ele tenha vindo aqui apenas por um breve tempo, a fim de oferecer-nos as lembranças de dias felizes que ficarão para sempre...

Não fique focada apenas na perda; tente focar-se mais naquilo que ficou. As lembranças que estão guardadas na caixinha do coração, e que jamais irão embora, são suas! São nossas! Elas não são morte, são vida. A história de uma vida.  Pense que foi um privilégio ter convivido com ele, e que nós não seríamos quem somos se ele não tivesse existido.

Pense também - embora eu saiba que isto soa como um cliché (aliás, é um cliché)- que, esteja onde estiver, ele ficará muito feliz ao saber que continuamos, que somos gratos, que acreditamos em um reencontro que se dará. Eu acredito! Lembre-se sempre de que ele desejaria ver você feliz, que isto o faria feliz.

A morte é o destino de todos nós, embora muitos não tenham coragem de encarar esta simples e inevitável verdade. Uns apenas vão antes. Outros, vão depois. Mas todos vamos. E a vida por aqui, afinal, diante da Eternidade, não é tão longa assim. A vida é uma gota no tempo. A vida é uma sede, uma busca por uma verdade que um dia, conheceremos.

A vida é um rio para a morte, e a paisagem à margem desse rio, pode ser linda.... todos iremos na correnteza deste rio que existe, onde todos mergulharemos, finalmente.



domingo, 3 de março de 2013

Moinho




Gira a roda,
Esmaga sonhos,
Vira as páginas,
Move
O moinho.

Jorra a água nova.

Os raios da roda
Presos ao centro
Jamais se quebram...

Na torre, dormem
Corujas,
Pombos,
E o vento faz
Com que abram
Os olhos sonolentos
E lembrem...

Gira a roda,
Sob as nuvens cinzas
E o  céu azul,
Encimando
A grama verde
E as flores mortas.

Ah, que sede,
Que sede de vida,
Que gosto de morte,
Nessa água que escorre
Da roda que gira!

Velho moinho
Que é visto, ao longe,
Pelo caminhante
Que pisa em espinhos!

Parece uma fonte
Que salva,
Resgata,
Apascentando
A sede que mata!

Mas há as corujas
Dormindo na torre,
Há o vento,
Os pombos melancólicos
No escuro...

*






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O TUCANO

O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...