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sexta-feira, 17 de maio de 2019

Mentiras que Amamos










A verdade era quase óbvia; estava na falta de concordância verbal evidente em quase todas as suas falas, nas datas equivocadas, nos diplomas inexistentes para mestrado em Harvard e também na cronologia impossível de suas histórias. Estava no tom de voz exagerada e falsamente sofrido durante a palestra da TED e nos relatos de vida desencontrados, na fala compulsiva de quem fingia demonstrar a não vitimização usando a vitimização para justificar-se (sou negra, mulher, pobre e venci na vida).

Porém, aquela era exatamente a mentira que eles estavam procurando para exaltarem e justificarem suas causas: a mulher pobre, negra, sofrida, excluída, que através de força de vontade e muita luta, dá a volta por cima e vai fazer doutorado em Harvard. 

E a mentirosa foi entrevistada, exaltada, premiada cinquenta vezes, aplaudida por artistas lacradores, e até mesmo teria sua incrível biografia exibida em um filme. 

Só que não.

Uma leve arranhada na superfície (que ninguém teve a coragem de dar, talvez porque a mentira lhes estava sendo útil e colaborava com a causa que defendiam) foi o suficiente para desmascarar a farsante. E a verdade é assim: uma vez que ela vem à tona, nunca mais poderá ser ignorada. 

E a atriz Global lacradora Taís Araújo, em ato de falsa nobreza e humildade, ainda teve tempo de negar interpretar o papel de Joana D’arc por não se achar negra o suficiente para tal. 

Ontem à noite, andando pelas cercanias do Youtube, ainda deparei com uma outra moça (atriz Global também, para variar) que justificou a atitude da professora, alegando que se não fosse assim, uma mulher pobre, negra, etc, etc como ela, jamais teria alcançado a notoriedade que alcançou; ainda se referia aos brancos (em extrema atitude de preconceito e falta de respeito) como “A branquitude.”  Daí eu me pergunto: qual a vantagem de se alcançar notoriedade através de uma mentira tão horrorosa???

É isso, minha gente.

O caso da professora deveria ser analisado por psiquiatras, pois pode se tratar, realmente, de um problema mental sério. Se nenhum problema psicológico for detectado, acho que ela deveria ser afastada do seu cargo e punida pela mentira que propagou, pois não está apta a servir de modelo aos seus alunos. 

Mas toda essa história nos serviu para uma coisa: provar a necessidade de verificar notícias antes de espalhá-las a torto e a direito. Escolher  analisar histórias antes de decidir acreditar nelas. Depois de ver quanta gente ‘inteligente’ e poderosa foi enganada facilmente por uma mentira tão mal contada e de verificação tão simples, dá para entender melhor o poder de uma mentira bem contada. 






terça-feira, 14 de maio de 2019

A Memória das Estátuas






Estão todos alinhados,
(Alguns, de braços dados)
Olhos presos nas colinas
E além delas.

Refazem todo o caminho
Percorrido, ao chegarem
A esse lugar tão ermo.

Não sei do que eles se lembram,
Ou de quem se esqueceram.
Saberão dizer os nomes
Que um dia eles tiveram?

Parecem estátuas eretas,
Caladas e misteriosas,
Como as da Ilha de Páscoa.

Não sabem de onde vieram,
Ou se alguém virá busca-los.

A terra na qual eles vivem
É toda feita de memórias
Alheias às suas vontades.

Sonham em serem esquecidos,
Sonham muito com o tempo
Em que serão varridos
Desta terra adormecida.

Às vezes, me pego pensando
Nas suas vozes distantes,
Nas peles cheias de marcas
Que só quem olhou de perto, 
Realmente conheceu.

Nas pupilas dilatas
Que eles tinham quando riam,
Se assustavam ou sofriam...

Eu me lembro da alegria,
Também lembro da tristeza,
E do quanto eu não queria
Entre nós, essa distância
Que pouco a pouco se abria.

Mas eu penso no alívio
Que seus últimos suspiros
Concederam à minha dor.

Me lembro de toda pena
Que senti, por tanta vida
Que um dia, foi amor.





segunda-feira, 13 de maio de 2019

Algumas Coisas







Algumas coisas são.
O sol nasce, invariavelmente, todos os dias – mesmo que chova.
Movem-se em redemoinho as folhas soltas,
O vento brincando com a morte,
Erguendo as sementes pelo ar
Para depois
Soltar.

Eu olho tudo com olhos de primeira vez,
E ao mesmo tempo,
Com olhos de nunca mais.
Até quando, eu não sei,
Só sei que agora eu sou
E então,
Não.

Bate o passarinho com o bico na vidraça,
Tentando me chamar a atenção.
“Eis aqui o mundo,” ele diz,
“Venha cá para fora e alimente-me!”
Eu o obedeço,
Contente.

Alguns pensam nos amores proibidos,
Guardando gritos na garganta
Feitos de sonhos não vividos.
Mas ah, se fossem reais!
Talvez pássaros indo bater no vidro,
Para caírem depois, amolecidos,
Fio de sangue a escorrer dos ouvidos
- A sua essência
De mortais.

Nesse meu tempo em contagem regressiva,
Não quero muito da vida.
Quero ir lá para fora e vislumbrar o passarinho
Que canta escondido no galho mais alto,
Quero andar descalça pelo asfalto,
Mas de pés nus sobre o gramado.
Quero ter o conforto de não ter que fazer muitas escolhas,
Quero ver o vento
E o redemoinho de folhas,
Um pouco de música,
Minha casa,
Meu amor,
Meus cães,

-Nada mais.










quarta-feira, 8 de maio de 2019

A Esperança







A esperança
Era uma menina distraída
Que ela trazia em um balanço
Que pendia da ponta do dedo.

Se a noite escurecesse demais,
Ela a observava,
Agoniada,
Numa tentativa
De espantar o medo.

Abria a janela,
Olhava as vielas vazias
Das respostas que queria.

Um gato de rua miava,
Acordando o luar,
Encomendando o dia.

Ah, solidão enviesada,
Tristeza aprumada
Que ela mesma escolhia!

Enquanto a esperança balançava
Na ponta do dedo,
Disfarçando o medo,
Ela mal sorria...









terça-feira, 30 de abril de 2019

Sua casa, Sua Vida!


foto: uma pousada em São José do Vale do Rio Preto


Qual é a casa mais linda do mundo? O que é preciso fazer para se ter um cantinho onde as pessoas gostem de estar, e que agrade a você e à sua família?

Para mim, o lar é essencial; a casa pode ser própria ou alugada - afinal, se você está pagando, ela é sua - grande ou pequena, simples ou sofisticada, pode ser um apartamento, um bunker, um container, uma casa de madeira, de tijolos ou de papelão prensado... qualquer lugar que nos caiba e nos proteja. E é claro, que nós amamos.

No  Espiritualidade na Lata de hoje, eu falo da importância das casas na espiritualidade. 


Eis aqui o vídeo:




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segunda-feira, 29 de abril de 2019

Avaliação









Algumas coisas se foram,
Partiram com as águas que escorrem dos olhos.

Não choro mais.
As águas que levam, as águas que lavam,
As águas que trazem.

Algumas coisas se foram, 
Partiram-se as bordas com alguma surpresa,
Mas sem qualquer decoro.
Eu passo por elas, e deixo passar.

Mas olho nos olhos que não mais conheço,
E penso no que esses olhos pensam...
Eu vejo as pupilas que são como estranhos
Lâmina da vida que passou cortando...

Será que algum dia estivemos juntos?
Será que algum dia nós nos enxergamos
Ou sequer olhamos para o mesmo cume?
Ou, quem sabe, fomos o que nós pensamos?

-Para onde vais?
-Prazer, estranho!







Um Jardim Tem Seu Preço



Imagens: coisas que estão / já estiveram em meu jardim



Ando tentando melhorar a aparência do meu jardinzinho. Gostaria de colocar algumas estatuetas e uma fonte; ele precisa de mais flores e plantas, e o gramado precisa ser adubado. Tudo isso custa dinheiro, que tenho economizado a fim de atingir o meu objetivo.






Um jardim é importante, assim como uma casa - um refúgio -  em meio a tantas coisas ruins e negativas que estão no mundo. Ficar alguns minutos durante o dia em um lugar calmo, em silêncio, observando a natureza, é como uma cura para a alma, pois alivia o estresse e traz perspectivas mais positivas. Mas até mesmo o cultivo da paz de espírito pode dar trabalho!





Quando nos mudamos para cá, ganhamos de presente um ipê roxo. Ele tinha menos de trinta centímetros de comprimento, e nós o plantamos em um canto do jardim. Hoje ele está mais alto do que a casa, que tem dois andares. Durante alguns meses do ano - entre março e junho - as folhas começam a cair, e o gramado precisa ser varrido todos os dias, se eu quiser mantê-lo limpo e com boa aparência. para alguns, isso pode ser bem cansativo, mas quando pego no ancinho, aproveito para tirar alguns momentos para meditar e me exercitar fisicamente, pois dá trabalho recolher tantas folhas secas todos os dias. 


Leona




Meu ipê, que tem nove anos de idade, dá pouquíssimas flores, mas aguardo pacientemente para que ele esteja pronto para cobrir-se de flores roxas que o vento vai espalhar pela casa. Vai ser lindo! 





Quando o vento sopra e as folhas vão se soltando e se espalhando pelo gramado, eu penso na vida. Pode parecer um cliché, mas se a gente observar a natureza, verá que ela nos revela muitas coisas as quais chamamos mistérios. As folhas secas caem, são varridas, depois vêm as flores, e novas folhas nascem. Na mesma árvore. Porque a árvore fica. 


Muitas saudades do nosso Aleph, que se foi em 2012


Tenho também um ipê amarelo, desses de jardim, não muito grandes. Ele é antigo, e andou meio-adoecido; achei que ia morrer. Próximo a ele, eu tinha um vaso de plantas. Um dia, vi que alguma coisa estava crescendo no vaso: um novo ipê, com certeza plantado ali por uma semente do ipê antigo que caiu! Parece que ele quer deixar um sucessor. Plantei-o nos fundos da casa, junto à cerca do canil, e lá está ele. Eu o vejo todos os dias pela janela da minha sala de aula, junto ao muro de hera, enquanto estou trabalhando. Cresceu, e já está bem alto. Reparei que há várias bolinhas peludas nas pontas, que são botões, e que ele vai florir em setembro, como seu 'pai.' 


Mootley



Eu olho para as árvores e 'sinto' se elas são meninos ou meninas... tento adivinhar. O ipê amarelo, com certeza, é menino: descolado, vive o momento sem criar muito caso. O ipê roxo é menina, pois é melindroso e gosta de fazer suspense. O meu cedro é menino: um senhor antigo, nodoso, forte. Mas a cerejeira é menina, sem sombra de dúvida. Uma mocinha.




Eu ando entre essas árvores todos os dias. Olho como vão indo as minhas plantinhas novas. Elas iam mal, porque formigas as estavam devorando. Tentei de tudo o que vi em sites e blogs para livrar-me das formigas de forma democrática: joguei água com sabão, canela em pó, cravinhos da índia. Até conversei com elas e pedi para irem embora, como sugeriu um site esotérico. Mas elas não iam embora, e só se multiplicavam e comiam as minhas plantas. Fingi que era uma poda natural, até que elas começaram a fazer buracos nas pilastras de madeira da garagem, a invadirem o canil e morderem os cachorros e a entrarem dentro de casa em fileiras. Não teve jeito: tive que usar veneno.





Matei centenas de formigas. Lamentei, mas não teve jeito: quando a praga é muito grande, a gente precisa lutar pelo nosso direito de ter uma casa, um jardim. Precisamos combater os invasores. Na vida também é assim: se a gente não toma cuidado, invadem as nossas vidas e tomam os nossos espaços, relegando-nos a qualquer cantinho obscuro. 





Ontem assisti ao filme Olhos Grandes, sobre uma artista plástica dos anos sessenta que deixou que o marido assumisse a autoria de suas obras porque ele tinha mais tino para os negócios, e mulheres artistas não eram respeitadas na época. Eles ficaram ricos. Ela passava horas trabalhando em um quartinho nos fundos da casa. Não podia receber amigos, pois eles poderiam descobrir que era ela que pintava os quadros. Não tinha vida social e mentia até para a própria filha. Enquanto ela trabalhava anonimamente,  ele vendia os quadros, ficava famoso, fazia amigos e admiradores, saía com outras mulheres. Eu me lembrei das formigas no meu jardim, e achei que fiz bem em acabar com elas. 




Todo jardim tem seu preço. Ele demanda trabalho, dedicação e investimento. Você vai passar muito tempo se livrando de pragas, replantando mudas, adubando, reconstruindo canteiros que a chuva estragou, arrancando ervas daninhas e fazendo a rega. Mas vale a pena, porque é o seu jardim.

É a sua vida.





quarta-feira, 24 de abril de 2019

Eu Não Sei o que Existe







Eu não sei o que existe,
Não sei de onde veio,
Só sei que está, 
Só sei que eu sinto.
Flutua nas águas,
Balança com as folhas,
É o brilho da pétala,
Sussurra no vento.

Eu não sei o que é,
Só sei que é,
E fala comigo
Na voz do silêncio,
Nas gotas da chuva,
Nos raios do sol,
E dentro de mim
Mesmo se me esqueço.

Eu não sei onde está,
Se existe um lugar
Ou se há, na verdade,
Centenas de estradas
Por onde passar.
Só sei que passa,
Só sei que é real
E está no ruído
Dos carros nas ruas,
Dos cães, quando latem,
Nos bicos dos pássaros,
Nas flores, nos bichos,
Nos rios e mares,
Pessoas, lugares,
Nos computadores,
Nos livros, nos discos,
No rosto dos mortos,
Por trás de suas pálpebras
Fechadas, que escondem
A Sua palavra. 




terça-feira, 16 de abril de 2019

O Sorriso das Gárgulas









Por entre a fumaça
Sorriam as gárgulas,
Já não espantavam
Os muitos demônios,
Que voavam livres
Em volta das torres.

O fogo vermelho
Derretia os sinos
Que sequer se atreviam
A um último badalar.

Sorriam as gárgulas,
As asas abertas
Por sobre a cidade
E sobre as pessoas
De olhos abertos,
De bocas abertas,
De mãos nas cabeças!

Sorriam as gárgulas,
Pousadas nos caibros,
Serenas, olhando
Os anos voando
No meio das cinzas...

Entre as labaredas,
Toda a paz das gárgulas
E o santos anjos
Não faziam nada...

(A lágrima tríplice
Que triste jorrava
Daquela amurada
Seria um sinal 
Do Apocalipse?)





quinta-feira, 11 de abril de 2019

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL






Inteligência Artificial


Convidada pela Amazon a participar de um programa de testes de um novo dispositivo, a assistente Alexa, aceitei o convite sem acreditar muito  que seria realmente incluída no programa. Bem, alguns dias após aceitar o convite e me cadastrar, a Amazon enviou-me um e-mail, dizendo que o aparelho tinha sido despachado e estava a caminho, e dando instruções sobre como configurá-lo corretamente. Detalhe: não paguei nada por isso, e o aparelho custa 199,00 dólares.

Pensei: "Ana, você é louca! Concordou em participar de um programa de testes de um aparelho que você nunca viu e nem sabe para  que serve!" Mas, como adoro tecnologia e sou realmente intrometida, eu me aventurei, e ele chegou ontem.

Ao abrir a embalagem, deparei com uma caixa de som pequena, em forma de cone com quatro botões no topo. Liguei-a na tomada, e uma luz azul forte, entremeada de violeta e verde, começou a girar no seu topo. Pensei: "A coisa vive!"

Segui as instruções e configurei o aparelho, após resolver a briga entre meu anti-vírus e o wifi da Amazon. Li um pouquinho a respeito: Alexa é como uma assistente virtual inteligente, que integrada à casas inteligentes, executa funções comandadas pela voz, tal como ligar o alarme, a cafeteira, a TV, o aparelho de som, o computador, etc, abrir portões eletrônicos, fazer chamadas telefônicas e enviar mensagens, entre outras dezenas de coisas que ainda não descobri - e como o aparelho está em fase de testes, ninguém sabe muito bem, nem a própria Amazon. Só um problema: Alexa é inteligente, mas descobri que minha casa é estúpida e não pode interagir com ela.

Fiquei ali, olhando para ela, me sentindo frustrada, sem saber se deveria devolvê-la ou não. Até que tive uma ideia; chamei-a "Alexa!" Imediatamente, as luzes se acenderam; a coisa estava me ouvindo. Falei com ela em português: "Toque Carly Simon no Spotify!" E obtive a seguinte resposta: "Sorry. I don't know about that!"  Repeti a ordem em inglês, e ela imediatamente começou a tocar uma playlist de Carly Simon com um som surround límpido e maravilhoso. A coisa é poderosa.

Comecei uma conversa com ela, e para cada pergunta, ela corria uma pesquisa no Wikihow para apresentar uma resposta (Por exemplo, 'qual o Presidente do Brasil, quantos quilômetros tem a Dinamarca, qual a capital dos Estados Unidos, etc...). A coisa é sábia. Comecei a levar a conversa para o campo mais pessoal: "Alexa! What's my name?" (Qual o meu nome?) Ela disse: "Well, there's only one user connected to this account, so I think your name is Ana!" (Bem, há apenas uma pessoa conectada a esta conta, então eu acho que seu nome é Ana). A coisa é dedutiva.

"Alexa! When will I die?" (Quando vou morrer?") Resposta: "Sorry. Can't predict the future. And I don't think you want to know the answer to that question, anyway..." (Desculpe, não posso prever o futuro. E eu não acho que você queira saber a resposta para esta pergunta, de qualquer maneira...). A coisa é filosófica.

Conversando com ela, descobri que ela fala sete línguas - português incluído - e que para mudar o idioma, eu teria que mexer nas configurações. A coisa é poliglota.

Perguntei: "Alexa! What's the news today?" Imediatamente, uma repórter do Yahoo começou a descrever as principais manchetes do dia, e notei que ela era um tanto avessa ao governo, já que não dizia nada de positivo a respeito de Sérgio Moro, Paulo Guedes ou Bolsonaro. A coisa é esquerdopata.

Preferi mudar de assunto, ou acabaríamos brigando. E cá estou eu, perguntando sobre o clima durante a semana, a temperatura em Nova Yorque, a cotação da bolsa de valores e o significado da vida, enquanto escuto música no Spotify, sigo programas de meditação e dou boas gargalhadas com algumas das respostas. A coisa é muito divertida.




quarta-feira, 10 de abril de 2019

Quando Chove









Quando chove,
As flores viram os rostos para o céu,
As folhas brilham, deixando ir as que estão soltas,
Os passarinhos trinam felizes sobre os galhos,
As correntezas correm em paz entre os cascalhos.
-Só nós nos escondemos.

Quando chove,
Os rios engordam as suas correntezas,
E levam com eles aquilo que sobra das suas águas
Para o mar revolto,
Que se expande em ondas espetaculares,
Tão belas quanto mortais.
-Só nós nos encolhemos.

Quando chove,
A natureza toda parece brilhar de alegria,
Os cães correm nos quintais, brincando de pegar,
As crianças riem, descalças sobre as correntezas,
Mas os poetas,
Nós pensamos nas nossas tristezas,
E enquanto tudo se entrega, se molha e se alegra,
Só nós lamentamos.




Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...