Eu fico com o que somos.
Do que fomos, já não resta
Quase nada, a não ser
Marcas de passos no chão,
Perfumes de amanhecer
Ruídos de fim de festa.
Não quero olhar pela fresta
E ver o que está guardado
Nalgum lugar impossível,
Vencido, inacessível,
Porque são fantasmas híbridos
Daquilo que nos restou.
Eu fico com o que somos
Após todos esses anos:
Passos muito mais pesados
Mas bem menos apressados
Pelo chão que conhecemos
Num cenário que mudou.
O teu rosto envelhecido,
Diante do meu, tão marcado;
Olhares que se desvendam.
O resto, é só o passado
Na prateleira esquecido,
Por trás do espelho rachado.