Nem na poesia
O amor deveria
Rimar com dor.
Qualquer sacrifício
Exigido como ofício
A alguma coisa
Que se chame amor,
É só o egoísmo,
O egocentrismo
Um lobo vestido
Da pele arrancada
De alguma ovelha
Só e desgarrada.
Nem nos romances
Que estão nos livros
O amor deveria
Ter permissão
De pisotear
Um coração.
Ao dedicar-se
À ilusão
De ser amada
Dobrando a espinha
Ao egoísmo,
Qualquer pessoa
Despreparada
Cava com as mãos
O próprio abismo.
Que o amor não seja
O resultado
De um cataclismo
Emocional,
Que não se vista
De escapismo,
Que seu olhar
Não seja torto
Pelo estrabismo
De um futuro
Que já está morto
Nas contas mudas
Daquele terço
Que prende os pulsos
Mas se disfarça
De amuleto.