witch lady

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quinta-feira, 30 de maio de 2013

POÇO




Poço ambicioso
Que nunca se enche,
Por onde gotejas
E te esvazias?

O que te incomoda,
O que te transforma
As águas em poças
Tão estagnadas?

Por mais que te encham,
Por mais que te enchas,
Jamais é bastante,
Tua sede não estanca!

De nada adiantam
 As águas que chegam,
A chuva profusa,
Ou mil afluentes,

Pois nada preenche
A tua secura,
A tua loucura
Ah, poço de mil sedes!


quarta-feira, 29 de maio de 2013

Tristeza






Trecho do livro "O Céu Está em Todo Lugar" - de Jandy Nelson



A tristeza é uma casa
Em que as cadeiras
Se esqueceram de como nos segurar,
Os espelhos, de como nos refletir,
As paredes, de como nos conter.
A tristeza é uma casa que desaparece
Cada vez que alguém bate à porta,
Uma casa que se vai com o vento
À menor rajada,
Que se enterra no solo
Enquanto todos estão dormindo.
A tristeza é uma casa
Em que ninguém pode proteger você,
Em que a irmã caçula
Vai envelhecer mais que a mais velha,
Em que as portas
Não deixam mais você entrar
Nem sair.



O Céu Está em Todo Lugar - Resenha (livro)






O Céu está em Todo Lugar - Autora: Jandy Nelson
Título Original: The Sky is Everywhere
Categoria: Romance juvenil
Editora Novo Conceito
2011 - 423 páginas

Lennie Walker é uma adolescente que acaba de perder a irmã mais velha, Bailey, também adolescente. Bem, a partir desta descrição, imagina-se uma história sempre triste e pesada, mas Jandy Nelson consegue dar ao luto uma nova face - mais leve e até mesmo bem-humorada, através dos olhos de sua personagem.

Lennie mora com seu tio Big e a avó, uma ex-hippie dada ao misticismo, cuja filha saiu pelo mundo, deixando as netas aos seus cuidados. A imagem da mãe ausente entra na vida das meninas através de uma pintura inacabada feita pela avó - a Mãe Pela Metade - que fica na sala de estar da casa.

A fim de tentar extravasar e tentar compreender as emoções naturais de seu luto, misturadas à aventura  de crescer, Lennie escreve poemas, e os espalha pela cidade, nos locais mais inesperados: sob pedras, em lixeiras, em folhas de caderno, e até mesmo em embalagens de pirulito e copos de papel. 

De repente, Lennie se vê apaixonada pelo ex-noivo da irmã, que corresponde sua paixão. Sentimentos de culpa e inadequação tomam conta de ambos, quando surge Toby, um jovem músico por quem Lennie também se apaixona, e os três passam a formar um triângulo amoroso. Confusa, Lennie conclui: "Eu deveria estar de luto, não me apaixonando..."

Para Lennie, ao mesmo tempo, é chegada a hora de saber o que realmente aconteceu à sua mãe, colocar em ordem seus sentimentos pelos dois jovens com quem se envolveu e superar o luto pela perda da irmã. 

O Céu Está em Todo Lugar é um romance que, embora dirija-se ao público juvenil, agradará pessoas de todas as idades. Uma história mágica, comovente e instigante.




terça-feira, 28 de maio de 2013

Título






Título



Queria ter todos os os direitos naturais e autorais
Sobre as palavras e os sentimentos,
Esquecendo que na vida
Se repetem e se entrecruzam
Diferentes momentos.

Queria ostentar a liberdade que aprisiona
Dentro da sua sofisticada
Embaçada, 
E falsa redoma.

Queria ser o dono, o senhor de um vil castelo,
Enquanto , com o seu cutelo,
Cortava as palavras emperrando as aldravas,
Lançando setas agudas e envenenadas,
Tal qual um maricas das palavras!

De cavaleiro, sobraram-lhe apenas as ferraduras
De uma montaria que fugiu,
Já cansada das surras,
E alguns súditos que inda viviam sob o seu jugo,
Adoradores de um falso ídolo.

Queria ser o tal, negar o existencial,
Pregar o evangelho de uma bíblia que não seguia,
Pois que da refrega se empanturra e se esfrega,
Enquanto murmura obscenidades.

Queria achar-se dono de um falo desejoso,
Enquanto nem notava toda pena e todo entojo
Causados por sua pena, em fortes ânsias de nojo!

Ah, título emprestado, ou quiçá, talvez roubado
De uma tal nobreza que jamais lhe pertenceu,
Um título forjado, que escondia um vil plebeu
Por sob os podres brocados de um mendigo desbocado!


Eu Vejo





Eu vejo, e nem sempre entendo...

Caminhamos por um mundo
Cheio de falsos "lords" e "mestres,"
Preconceitos e salamaleques,
Rapapés e risos 
Onde os incisivos sempre sobressaem.

Caminhamos, e vamos achando
Pelo caminho, espinhos,
Enquanto as pétalas servem de ninhos
Às serpentes e  salamandras mancas.

Caminhamos, e enfim chegamos
Ao final da jornada, ao muro
Onde nos aguarda
Um imenso espelho
Diante do qual, ninguém se engana.

E finalmente, a malfadada trama
Onde se engalfinham os egos errantes
Revela que os "lords", os" príncipes" e os "plebeus"
Vieram da, e para lá voltarão, todos juntos
mesma luz e ao mesmo breu
De onde nasceram - que coisa aberrante!






segunda-feira, 27 de maio de 2013

Prisma






Prisma


Prisca combinação de cores,
De onde derivam
Todas as outras cores...
O prisma absorve
E as devolve em feixes
Multicores.

Assim é a alma da gente,
Prisma
Captando a vida
E re-interpretando as alegrias 
E as dores.

Mas no fim,
Tudo são apenas
Cores.

*

Yung e o Tarô - Uma Jornada Arquetípica





Trechos do livro "Yung e o Tarô - Uma Jornada arquetípica," de Sallie Nichols 



A carta 18 - O Diabo: anjo Negro - 

(...) Dir-se-há  que, através das atividades de Satanás, nós, seres humanos, fomos expulsos do Éden da obediência instintual e da natureza animal a fim de podermos cumprir o destino de nossa natureza especificamente humana. E agora, tendo provado do conhecimento do bem e do mal, enfrentamos, para todo o sempre, a responsabilidade da escolha moral. Já não somos capazes, como crianças obedientes, a permanecer seguramente dentro dos limites de um código superposto de ética. estamos, segundo Jean-Paul Sartre, "Condenados a ser livres."
Sem liberdade para escolher, não pode haver moral verdadeira. O fato é que a maioria de nós tem hoje mais escolha livre do que supomos; muitos, porém, ainda inconscientemente aprisionados dentro dos mores culturais, recusam-se a aceitar a responsabilidade da escolha moral. (...) Enquanto nos recusarmos a virar-nos e a enfrentar nossos próprios diabos interiores - seja qual for a forma que possam assumir - não seremos humanos.
(...) De acordo com Baudelaire, que tinha considerável experiência com esse sujeito (o diabo), "O artifício mais hábil do diabo é convencer-nos de que ele não existe."


Carta 10 - O Carro - Leva-nos para casa

"O eu utiliza a psique individual como meio de comunicação. O homem, por assim dizer, é propelido ao longo da estrada para a individualização." - Yung

(...) O Carro parece simbolizar com propriedade o poder transportante da psique. A psique não é um objeto, uma coisa; é um processo. Sua essência é o movimento. Assim como a paisagem externa passa por nós quando viajamos, assim diante do olho interior as imagens se sucedem numa constante fita de cinema. São imagens que sintonizamos quando fechamos os olhos para as coisas externas e subimos no carro para uma viagem interior. Semi-vislumbradas, às vezes totalmente não reconhecidas, tais imagens afeiçoam nossa vida e nossos atos. Contém a semente vital da vida.


Carta 11 -  Justiça - Há alguma?

"O equilíbrio é a base da Grande Obra." - Aforismo alquímico.

(...) Um significado da palavra 'inocente' é ignorante. Só a ignorância se imagina inocente. (...) O simbolismo da Justiça acentua significativamente uma união harmoniosa de forças opostas. Sentada num trono, a grande figura feminina simboliza o poder feminino sobre-humano. No entanto, empunha uma espada e usa um elmo de guerreiro, a denotar que a discriminação e a coragem masculinas estão também envolvidas em seu trabalho.

"Não trago a paz senão a espada." Nessa série do tarô, o herói deixou para sempre a paz bem-aventurada para da inconsciência para assumir o desafio e a responsabilidade que a espada representa. Agora precisa deixar de invectivar os Fados, ou os pais, pelos pecados que cometeram contra ele por mais reais que estes possam ter sido, e assumir o fardo da própria culpa.  Só o néscio se interessa pela culpa dos outros, visto que não lhe é dado mudá-la. Se o herói ainda vê os pais como diabos, responsáveis pelos seus erros e limitações, está tão vinculado a eles como estava quando os supunha seus infalíveis salvadores. Cortar o cordão umbilical significa psicologicamente livrar-se de toda e qualquer dependência infantil, tanto negativa quanto positiva.  (...)


domingo, 26 de maio de 2013

AMOR OU ESCUDO?...





Amor ou Escudo?...


Que jamais usemos
O amor como escudo,
Como teto e proteção,
Contra as intempéries da vida
E do mundo.

Que ele seja a semente
De algo que já nasce com a gente,
E cresce um pouco mais a cada dia,
Simplesmente...

Que ele seja forte, e domine a mente
Sem que sejam necessárias forças
Para abrir caminho entre os espinhos
Que na vida, encontraremos
Pelo caminho!

Que o amor não seja a resposta, nem a pergunta,
Mas que esteja no ar que respiramos,
Na terra onde pisamos,
Nas fontes onde bebemos,
Nos frutos dos campos
Dos quais nos alimentamos...

Que o amor nos faça transcender
Todo e qualquer julgamento,
Separação ou explicação minusciosa,
E nos ajude a respeitar tudo:
A vida, a morte,
A alegria, o sofrimento,
Os espinhos da rosa!

Que o amor faça de nós aceitação,
E não escudo!
E que nós amemos o amor por ele mesmo,
Sempre sabendo
Que ele não nos protegerá de qualquer dor,
Não nos salvará da morte,
Não nos poupará dos sofrimentos,
Não nos fará imunes a nada neste mundo,
Pois quem ama, ama por amar,
E não faz do amor uma troca!


As Realidades - poema Surrealista de Louis Aragon




As Realidades (fábula), de Louis Aragon.

Era uma vez uma realidade
com suas ovelhas de lã real
a filha do rei passou por ali
E as ovelhas baliam que linda que está
A re a re a realidade.
Na noite era uma vez
uma realidade que sofria de insônia
Então chegava a madrinha fada
E realmente levava-a pela mão
a re a re a realidade.

No trono havia uma vez
um velho rei que se aborrecia
e pela noite perdia o seu manto
e por rainha puseram-lhe ao lado
a re a re a realidade

CAUDA: dade dade a reali
dade dade a realidade
A real a real
idade idade dá a reali
ali
a re a realidade
era uma vez a REALIDADE.




Surrealismo


SURREALISMO - Movimento que surge em 1924 com o Manifesto Surrealista de André Breton. Propõe que o homem se liberte da razão, da crítica, da lógica. Adere a filosofia de Sigmund Freud. Expressa o interior humano investigando o inconsciente.

sábado, 25 de maio de 2013

Resposta ao Tempo





Resposta ao Tempo
Nana Caymmi

Autores: Cristovão bastos e Aldir Blanc


Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Pra ter argumento

Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei

Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há folhas no meu coração
É o tempo

Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei

E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, e ele não vai poder
Me esquecer

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer




ABRAÇO O DIA








Abraço o dia devagar, 


Com mansa alegria e reverente cerimônia, 


Sabendo que ele é dádiva, 


Sabendo que meus sonhos ficarão descansando 


Na fronha. 




O dia colhe os pesadelos, 


Enrolando-os em pesados novelos 


E lançando-os todos ao abismo 


Da claridade, 


Onde eles se desfazem. 




Abraço o dia com gratidão, 


Sabendo que qualquer dia, 


Será o último 


Em que nós estaremos juntos, 


Em que eu te verei - e te abraçarei. 




O dia suspira surpresas, 


Espalha delicadezas 


Em forma de gotas de orvalho pendentes das pétalas, 


Fiapinhos de nuvens no céu da manhã, 


Cantos de passarinhos com frio, 


Florzinhas miúdas nos cantinhos... 




Abraço o dia como quem não quer nada, 


Embora em meu coração despertem vontades 


E desejos de estradas... 


Sigo por aquelas que o dia me apresenta, 


Passo a passo, com respeito e reverência, 


Até que chegue a próxima noite. 



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