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domingo, 8 de setembro de 2019

Por um Mundo Melhor?






Eu acredito em um mundo melhor. Acredito que todos que estão aqui caminham para um processo evolutivo – até mesmo aqueles com quem eu não concordo, ou que cometem as maiores atrocidades e crimes contra as outras pessoas e até contra a humanidade. Para estes últimos, a melhor coisa é isolá-los da sociedade e aplicar-lhes a punição necessária; afinal de contas, é através de limites claros e definidos e de punições aplicadas a todos aqueles que os infringem, causando prejuízos aos demais, que aprendemos até aonde podemos ir.

E o melhor limite será sempre o respeito. Se eu sei respeitar o fato de que aqui nesse mundo existem pessoas de gostos e compreensões diferentes, estarei bem. Estarei contribuindo para um mundo melhor. Mas isso não significa compactuar com o mal, fazer vista grossa à intolerância ou aplaudir a criminalidade e a corrupção.


Hoje muito se discute a respeito do que fazer para termos um mundo melhor. Alguns clamam que, caso todos pensassem da mesma forma, não havendo assim a necessidade de divergências de opiniões, o mundo seria melhor; já outros defendem a ideia de que um mundo governado pela esquerda ou pela direita seria um mundo melhor. Enquanto isso, alguns defendem a liberdade sexual, a liberdade religiosa, a liberdade política, e todas essas liberdades convivem juntas e frequentemente se chocam umas com as outras. Porque é exatamente onde começa a minha liberdade que a sua termina. 

Sou livre para acreditar no que eu quiser – desde que não me oponha a quem acredita em coisas diferentes; sou livre para defender a homossexualidade ou a heterossexualidade, contanto que eu exerça aquilo que eu quero e respeite quem prefere o contrário. Sou livre para achar que a minha religião é a mais correta, contanto que eu não interfira na sua. 

As pessoas acham que a melhor forma de se viver é tendo liberdade total para praticar o que quiser onde bem entender. Mas eu acho que é preciso que aprendamos a criar mais quadradinhos, e a ficarmos dentro deles mais tempo quando estivermos expressando as nossas liberdades. Ou então que procuremos quadradinhos iguais aos nossos, sem pisarmos nos quadradinhos alheios. 

Precisamos compreender que nem tudo é para todos, nem todos pensam como nós e que é preciso respeitar isso; se eu condeno as religiões que cobram dízimos de seus praticantes, estarei invadindo um território que não compreendo, já que muitas pessoas pagam esse dízimo com prazer e alegria e se acham desfrutando daquilo pelo qual pagam. Se estão sendo enganadas ou não, é problema delas. Se eu visito um canal esotérico e compro um curso sobre Feng Shui ou desenvolvimento pessoal, estarei pagando por um serviço prestado e obtendo as vantagens ou desvantagens daquilo pelo qual paguei. O problema é meu, e de mais ninguém. 

Todas as religiões cobram um preço, pois todas elas são instituições que precisam sobreviver. Experimente tentar ir a um templo Budista no Tibet ou na Índia, e verá que sem pagar, você não poderá permanecer lá por mais que algumas poucas horas. Se quiser batizar ou crismar seus filhos, ou casar-se na Igreja católica, você precisa pagar (e às vezes, bem caro).

Na última Bienal, muitas pessoas se escandalizaram porque um devido político protestante mandou recolher um livro que tinha uma cena de beijo homossexual. Tal livro chama-se Vingadores – A Cruzada das Crianças. Não li o livro, e não sei do que se trata. Se ele mostra mesmo conteúdo inadequado para crianças, não deveria estar sendo vendido abertamente e sem nenhum tipo de aviso. Deveria estar lacrado para que as crianças presentes, atraídas pelo título, não o abrissem e acessassem o conteúdo. Se isto for verdade eu concordo com o político, mas não concordo com a arbitrariedade da ação. Ele poderia ter solicitado que os livros fossem plastificados.

Acho este um exemplo claro de falta de respeito de ambos os lados. Porém, a ação apenas ajudou para que os tais livros fossem vendidos em tempo recorde. Que cada pai e mãe decida o que deseja que seus filhos acessam ou não. Mas para que isso seja possível, é preciso que haja informações disponíveis sobre os produtos. Acho que vender livros assim sem colocar qualquer tipo de advertência é pisar sem dó no quadradinho alheio; ao mesmo tempo, mandar recolher um livro com força de polícia e sem prévio aviso apenas porque seu conteúdo, segundo meus critérios, é inadequado, é arbitrário. 

Faltou respeito aí.



12 comentários:

  1. Oi Ana
    Infelizmente as pessoas agem em nome da tal liberdade esquecendo-se que neste intervalo existe o espaço do outro e que a sua liberdade não dá poderes para tais arbitrariedades
    Um texto fantástico minha amiga
    Beijinhos e um feliz domingo

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  2. Ana liberdade não é libertinagem! Eu mesma não compraria para meus filhos, só se eles fossem adultos. Agora deveria ter sim um aviso e não estar aberto bem na pág do beijo. Ou deveria estar envolvido por uma embalagem transparente. Na bienal de SP Qualquer livro estava assim para preservar o produto. Um lado quis provocar o outro agiu deforma impulsiva havia outras medidas que poderiam ser tomadas. Sem proibir a venda do livro. Abraços!





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    1. Pois é. Se houvesse respeito de ambas as partes, a polêmica teria sido evitada, Márcia.
      Grata pela presença!

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  3. Introdução perfeita Ana com nossos quereres mais sublimes que é o direito de expressar e o de escolha e que saibamos o limite deste nosso direito até o quintal do vizinho. Acabei de ler um texto inspirado nos "Carneirinhos" de Cecília Meireles e outras palavras trás esta mensagem, o querer e o poder de todos nós.
    E feliz você faz um fechamento perfeito e lindo destes atos truculentos numa bienal. Também não tenho detalhes de obra e autor, apenas a polêmica foto, que dizem. Estamos num período muito delicado de tipo caça às bruxas, como foram aos comunistas e é preciso muita calma e prudencia com os limites e rigores das leis. Se estamos na democracia, havemos de defende-la de unhas e dentes.
    Um bom dia amiga e que tenhamos uma semana com melhores noticias da caminhada da humanidade.
    Carinhoso abraço

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    1. Olá, Toninho.
      Estou lendo algumas crônicas da Cecília em um livro que baixei na Amazon. Tomara que esta crônica esteja lá, mas se não estiver, vou procurar na internet.
      Ontem vi um post no Instagram de uma pessoa que aprendi a admirar muito, e continuo admirando. Bem, ele tem um canal esotérico no Youtube, que eu sigo há mais ou menos dois anos. Não gostei muito do posicionamento dele sobre a questão, pois ele xingou a religião protestante porque não concordou com o posicionamento de UM pastor, um apenas. Entendi que o post dele deve ter sido ofensivo a todas as pessoas que praticam esta religião.
      Em momentos assim - de situações polêmicas - as máscaras da gente caem. Não podemos combater atitudes xiitas com outras atitudes igualmente xiitas. Não posso afirmar que quem não concorda comigo, como ele afirmou, "Não deseja realmente um mundo melhor." Afinal, qual é a visão de mundo melhor que é realmente representativa deste?

      Eu não sei. Ninguém sabe. E quando afirmamos que para o mundo ser melhor ele tem que ser exatamente como EU penso, estou sendo xiita.

      Muito grata pela leitura, Toninho.

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  4. Um texto excelente para pensar sobre ele. Concordo que a nossa liberdade é extremamente importante mas devemos respeitar a liberdade dos outros. E devemos ser tolerantes. E para termos um mundo melhor devemos começar por nós e pelos que nos rodeiam. Concordo com o comentário do Toninho.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  5. Muito interessante, esta publicação. Obrigada

    Hoje:-Procuro na solidão. |Poetizando e Encantando|

    Bjos
    Votos de uma óptima Segunda-Feira.

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  6. Excelente reflexão.
    A nossa liberdade termina onde a dos outros começa, por isso o respeito entre todos é fundamental.
    Beijinhos
    Maria

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  7. Ana,
    Concordo contigo.
    Mas, o problema é que no Brasil, qualquer pessoa que enverede para a política, passa a ser taxado de estúpido. Ainda existe o fato, do atual prefeito do meu Rio de Janeiro (tão maltratado politicamente ultimamente), ser pastor da Igreja Universal e, isso ajuda no descontentamento de muitos, que misturam "alhos com bugalhos" e no fim, as pontas da corda nunca se juntam.
    Resumindo, como você bem disse, eu também acho este um exemplo claro de falta de respeito de ambos os lados.

    CENSURA NUNCA MAIS! (E um jornalista sabe bem por que diz isso).
    Beijos!!!

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  8. Expressou aqui trazendo uma boa reflexão. O mundo anda muito confuso e cheio de enganos.
    Haja luz nas escolhas!
    Abraço e boa sexta-feira...

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  9. Concordo inteiramente consigo, Ana.
    Esse respeito pelos ideais, ideias, sexualidade e outros aspetos das vidas de outras pessoas, é sinónimo de evolução, de civismo, de cultura.
    Estou convencida que são as posições extremadas e altamente conflituosas que têm mergulhado o Brasil no caos, porque a política só funciona bem com cedências, pontes de entendimento e alianças.

    PARABÉNS, ANA, PELA EXCELENTE CRÓNICA.

    Ótimo fim de semana.
    Abraço de paz e cordialidade.
    ~~~~

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