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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Rendendo-me ao Kindle e à Publicação Virtual




Há algum tempo, dei aos meus alunos de inglês um texto sobre e-readers - leitores de e-books - e debatemos sobre a possibilidade de, um dia, os livros impressos serem substituídos pelos livros virtuais. O texto no qual trabalhamos falava mais especificamente sobre o Kindle, o e-reader da Amazon. Naquela época (até parece que foi há muito tempo, mas na verdade, foi em 2010) o Kindle era uma plataforma muito básica de leitura, com poucos recursos. Eu pensava que jamais substituiria meus livros de papel pelos livros virtuais. Gosto de fazer minhas anotações, sentar-me ao sol com meus livros e ler na cama. Achava que um leitor de e-books não me proporcionaria este prazer, pois pensei que a tela não ficaria bem visualizada em ambientes muito escuros ou à luz do dia. Também achava que a bateria do dispositivo seria uma preocupação, já que apesar de tanta tecnologia que vemos nos dias de hoje, as baterias dos smartphones deixam muito a desejar, e pensei que seria a mesma coisa com os e-readers.

Mas recentemente, com a publicação de dois livros no Amazon, decidi comprar o Kindle. Uma escolha muito acertada, pois estou adorando; para quem gosta de ler, é uma ferramenta útil e confortável! Imaginem só, estar em casa sem ter muito o que fazer e poder acessar uma livraria com milhares de títulos e baixar os que desejar para o seu leitor em questão de segundos! Sem falar nos mais de mil títulos cujo download é gratuito. Estou me sentindo nas nuvens!

O Kindle é pequeno, bonito e leve; a iluminação da tela pode ser adaptada de forma que  tanto a  leitura ao ar livre (até mesmo sob sol forte) ou em ambiente escuro seja feita com todo conforto, sem cansar a vista; podemos escolher também a fonte que desejarmos e o tamanho das mesmas. Posso ler sem meus detestáveis óculos. E mais: posso selecionar trechos e fazer anotações pessoais! Melhor impossível! E a bateria é quase um milagre: se o wi-fi estiver desligado, ela dura até oito semanas! 

Começo a acreditar que muitas portas se abrirão para nós, autores mundialmente desconhecidos; e mesmo que permaneçamos mundialmente desconhecidos - afinal, todo mundo diz que somos maravilhosos e que deveríamos publicar livros, mas quando o fazemos, ninguém compra - teremos o prazer de ver os nossos trabalhos lá, guardados para a posteridade... quem sabe, sobrevivendo à hecatombe final e sendo redescobertos daqui a milhares de anos por uma civilização adiantada.

Publicar na Amazon  é relativamente fácil, e sem custos (Helena Frenzel: minha dificuldade deveu-se à minha característica de anta virtual, e o suporte deles é o melhor que já vi; deixei o número de telefone lá e em menos de dez segundos recebi uma ligação). Meu primeiro livro, "A Ilha dos Dragões," teve alguns problemas de formatação devido a uma figura que coloquei na primeira página, e que passou a ocupar as cinco primeiras páginas do livro; terei que reformatá-lo e reenviá-lo, o que ainda não deu tempo de fazer. Mas o texto está perfeito.

O segundo livro, de poemas, "Sempre Cada Vez Mais Longe," ficou direitinho. Está lindo, lindo, lindo!  E os preços são muito em conta. Quem estiver interessado em dar uma olhada, pode ir na loja da Amazon e procurar minha página de autora - Ana Bailune. Meus bebês estarão lá, e logo aumentarei a prole.

ps: Não recebi um tostão para escrever este texto. Juro. Mas o que é bom merece divulgação.

ps: o conteúdo dos livros da Amazon podem ser visualizados em outros aparelhos, como o iPad, iPhone e até mesmo em seu computador.





Depois do Almoço






Depois do Almoço


Sábado passado, fomos almoçar em casa de minha sogra; depois do almoço, nós nos sentamos na varanda dos fundos da casa, as pernas ao sol, olhando o céu que estava absurdamente azul, enquanto descansávamos do almoço.

Foi quando ouvi a corneta e o pregão do homem que vende picolés, e o garotinho da vizinha desceu as escadas de casa, acompanhado de uma senhora, para comprar picolés. Fiquei com inveja dele... me deu uma saudade enorme dos tempos de criança!

Tarde de verão escaldante; nós, brincando no quintal após chegarmos do colégio. De repente, a cornetinha do sorveteiro, anunciando: "Tem de milho-verde, creme-holandês, morango, coco e chocolate!" Eu e minha irmã corríamos para catar moedinhas de dentro das gavetas, enquanto Seu Orlando, o sorveteiro, nos aguardava na rua. Às vezes ele nos pedia um copo d'água, suado e cansado de subir a ladeira carregando a caixa de isopor cheia de picolés, debaixo daquele solão!

Não eram os maravilhosos picolés da Kibom, e sim, uns picolés meio-aguados, feitos em casa. Meu favorito era o de creme holandês, uma mistura de groselha com leite, que tinha um cremezinho que se acumulava na base. Era o mais doce de todos. Depois que Seu Orlando ia embora, soprando sua cornetinha, eu e minha irmã nos sentávamos nas escadas de casa, olhando a rua e tomando nossos picolés.

Acho que estou ficando velha mesmo!



Escrito em 11/10/2010

Tranças





Tranças



O tempo, em transe,
Vai trançando-se às estações,
Trazendo consigo as flores do inverno,
O frio da primavera,
O calor do outono,
Os frutos do verão.

As tranças do tempo confundem tudo,
Juntam e ajuntam,
Empilham lembranças,
Arrastam consigo muitas vidas,
Estas tranças...

Até que um dia, 
A fita negra amarra as pontas,
E nada mais adianta...
Vem a tesoura, e mata
Tudo o que tempo
Não arremata.



domingo, 18 de agosto de 2013

Falar a Língua de Um Cão






Quando a Latifa veio aqui para casa, era apenas um bebezinho, que mal chegando aos nossos pés, deitava-se em cima deles e adormecia profundamente. Aliás, para que ela adormecesse, bastava que a pegássemos no colo e a virássemos de barriga para cima, como se faz com os bebês, e ela imediatamente, dormia.

Diferentemente do que aconteceu com o Aleph, meu primeiro cão, custei muito a aprender a comunicar-me com a Latifa. Estávamos sintonizadas em canais totalmente diferentes. Enquanto Aleph era inteligente e obediente, e eu era capaz de entender o que ele queria através de um simples olhar, e vice-versa, não havia comunicação entre Latifa e eu. Às vezes, eu gritava com ela, e até dava-lhe umas palmadas, mas ela não entendia seus limites ou as coisas que eram proibidas a ela fazer, como por exemplo, arrancar as plantas do jardim e fazer buracos. Na mesma hora em que eu a repreendia, ela voltava a fazer o que estava fazendo, sem a menor cerimônia!

Aquilo deixava-me exasperada! Cheguei a pedir que meu marido a devolvesse ao ex-dono várias vezes, e queria presenteá-la a qualquer pessoa que vinha aqui em casa e achava bonitinha.

Ela era terrível! Além de desobediente, ela tornava a vida do Alpeh um inferno: mordia-lhe as patas traseiras quando ele andava, tomava-lhe a cama, agarrava-se com os dentes às bochechas dele, que ia arrastando-a e chorando enquanto andava, destruía seus brinquedos. Não sei como ele aguentou... e se eu ameaçava bater nela, ele literalmente se punha entre nós duas, com aquela cara de cachorro que quebrou a louça.



Hoje, Latifa está mais velha. Fez sete anos. Já passamos tantas coisas juntas, que aprendemos, há tempos, a falarmos a língua uma da outra. Ela só precisava de mais paciência e amor.

Tenho uma grande "cãopanheira" na Latifa. Ela deita-se no tapete e adormece, enquanto escrevo. Segue-me pela casa, e procura estar sempre o mais próxima possível de mim, chegando a ficar debaixo da janela da sala de aula se eu estiver trabalhando. Mas não foi fácil, no começo.

Se você quiser ter um cão pela primeira vez, precisa entender que a 'cãomunicação' raramente é imediata; pode levar algum tempo. É preciso que você dê ao seu cão uma chance. Bem, talvez duas ou três, quem sabe... mas no futuro, você perceberá que ele vale as plantas picadas, os buracos no jardim e os pés de mesa roídos.





Crônica escrita em 18/10/2011
Aleph, infelizmente, nos deixou naquele mesmo ano...

Lealdade & Fidelidade





Lealdade & Fidelidade



Ao passar por uma banca de jornal ontem à tarde, li na capa de uma revista a declaração de uma jovem e talentosa atriz Global da novela das nove, que dizia mais ou menos o seguinte: "Preocupo-me mais com lealdade do que com fidelidade." 

Passei, mas a frase ficou em minha cabeça, e fiquei pensando... no dicionário, temos: 

Lealdade: s.f. Consideração aos preceitos que dizem respeito à honra, à decência e à honestidade. 
Que honra com seus compromissos com retidão e responsabilidade; probidade. 
Característica daquilo ou de quem se pauta nessa probidade. 
(Etm. leal + dade)

Fidelidade:s.f. Exatidão em cumprir suas obrigações, em executar suas promessas: jurar fidelidade.
Afeição e lealdade constante: fidelidade de um amigo.
Obrigação recíproca dos esposos de não cometer adultério.
Exatidão, semelhança: fidelidade de uma narração.
Lealdade; probidade.

Em conversa com meu marido, ele tentou me explicar o que a atriz quiz dizer: "Por exemplo: Sou súdito de um rei, e leal a ele. Mesmo assim, de vez em quando, eu 'durmo' com a rainha. Sou leal, mas não fiel."

Mais uma vez, fiquei pensando, e concluí que lealdade e fidelidade são sinônimos, e uma não pode existir sem a outra! Como posso dizer-me leal a alguém, se eu o trair com outras pessoas? E como posso ser infiel, continuando a ser leal? Achei o cúmulo da hipocrisia a declaração da moça. É como tentar tapar o sol com uma peneira cheia de buracos enormes.

Para mim, leal e fiel são a mesma coisa.  Porque se lealdade consiste em respeitar, honrar e ser honesto, ao mesmo tempo que ser fiel significa afeição e lealdade constantes, como posso ser leal sem ser fiel, e vice-versa?

E os conceitos vão sendo readaptados à realidade atual, para que as pessoas se sintam melhor a respeito do que elas fazem de errado, e se justifiquem pelas promessas que elas não cumprem. Melhor não prometer nada, e assim, ser leal e fiel.



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Garganta de Flor




Garganta de flor
Corredor de cor
Um pólen de voz
Perfume de amor.

Lá vem beija-flor,
O sumo da foz
Despeja-lhe  a flor,
Não pensa na dor.




Conversa em Família à Mesa da Cozinha





Três gerações de mulheres sentam-se em volta da mesa da cozinha para conversar. Num círculo, como bruxas em um coven. A avó (minha mãe), suas filhas (eu e minhas irmãs) e netas (minhas sobrinhas). O motivo: a comemoração do aniversário de duas de nós. Nascidas no mesmo dia, ambas em casa, através de parteira, mas com uma diferença de onze anos uma da outra. Librianas por coincidência.
Os homens da casa, como sempre, estão no sofá assistindo TV, discutindo política, futebol e o futuro da humanidade. Piedosas, nós às vezes colocamos uns copos de refrigerantes, sanduíches e salgadinhos e levamos para eles.
A avó idosa às vezes perde o prumo da conversa, e de repente faz perguntas que já foram respondidas, criando situações muito engraçadas. Nós rimos, respondemos novamente, e ela às vezes comenta nossas respostas usando os comentários mesmos que alguém acabou de usar.
A conversa prossegue. Discute-se quem era a preferida do pai, quem estudou nas melhores escolas, quem era a mais rebelde, a mais calma, a mais namoradeira... quem engordou mais...contamos e recontamos nossas estórias, de vez em quando, deixando entrever um traço de ressentimento, logo encoberto por uma sonora gargalhada. As netas ouvem mais do que falam, e tenho certeza de que em alguns anos, elas hão de se lembrar destas tardes à volta da mesa da cozinha.



Fico sabendo que meu parto foi o mais complicado. Descubro que meu padrinho de batismo foi escolhido como meu padrinho porque foi ele quem correu para chamar Dona Maria Carioca, a parteira, quando minha mãe começou a sentir as dores. E que depois do demorado parto, tiveram que chamar um médico, pois as dores não paravam.
Lembramos do bebê que um dia fomos. As mais velhas conhecem algumas das estórias, e reforçam as estórias da avó com seus comentários.
A avó diz: "Só falta o irmão..." mas comentamos que ele nunca esteve presente em reuniões de família.
Conversas se cruzam, um "X" entre o presente e o passado. Assuntos variados surgem ao mesmo tempo, e as netas falam de seus mestrados, doutorados e carreiras, enquanto as irmãs e a mãe discutem dietas, menopausas, receitas, estórias da infância e pessoas que se foram.
Mas logo um assunto em comum volta a ser o foco. "O que você pôs nessa torta salgada?" 
De vez em quando, um dos homens vem até a cozinha para ver o que está acontecendo. Alguém diz: "Não está na hora de partir o bolo?" E uma de nós concorda: "É melhor... tenho que acordar cedo amanhã..." e todas suspiramos, lembrando da segunda feira que se aproxima.
Velas, parabéns, mais refrigerantes, eu corto as fatias de bolo, minha irmã as distribui. Repetimos. Sobre a mesa, na toalha branquinha da minha irmã, farelos de bolo de chocolate e nozes.
Em seguida, as despedidas e promessas de "Até uma próxima vez!"




publicado no Recanto das Letras em 29/09/2009

Yo-Yo Ma: Um Músico Grandioso!



Yo-Yo Ma - Quem ainda não conhece, precisa conhecer!


Yo-Yo Ma nasceu na França numa família de origem chinesa com forte influência musical. Sua mãe, Marina Lu, era cantora, e seu pai, Hiao-Tsiun Ma, era maestro e compositor. Ma começou estudando violino e depois viola, antes de se interessar pelo violoncelo, instrumento que começou a manipular aos quatro anos de idade, com seu pai. Depois de um primeiro concerto em Paris, aos seis anos de idade, a família de Ma se muda para Nova Iorque.

Ma era uma criança prodígio, tendo aparecido na televisão norte-americanda com oito anos de idade, em um concerto conduzido por Leonard Bernstein. Ele entrou para a Julliard School (na qual tinha aulas com Leonard Rose), e passou um semestre estudando na Universidade de Columbia antes de se matricular na Universidade de Harward, mas se questionava sobre se valeria a pena continuar a estudar até que, nos anos 70, o estilo de Pablo Casalso inspirou.



Retorna à França para tocar com a Orquestra Nacional da França e com a Orquestra de Paris, sob a direção de Myung-Whun Chung.

Já desde sua infância e adolescência, Ma possuia uma fama bastante estável e havia tocado com algumas das melhores orquestras do mundo. Suas gravações e interpretações das Suites para violoncelo solo de Johann Sebastian bach são particularmente aclamadas.
Vida adulta e carreira.

Em 1978, Ma se casou com a violinista Jill Hornor. Eles têm dois filhos, Nicholas e Emily. Sua irmã mais velha, Yeou-Cheng Ma, também nascida em Paris, é violinista e junto com Yo-Yo coordena um projeto chamado Children's Orchestra Society (COS) em Long Island, nos EUA.


Atualmente, Ma toca com o Silk Road Project, que visa juntar músicos de vários lugares do mundo de países pelos quais passava a histórica Rota da Seda

Conforme anúncio do secretário geral das Nações Unidas, Kofi Anan c em janeiro de 2006 Ma se uniu à lista dos embaixadores da paz da OU, a exemplo de vários outros músicos, como o tenor Luciano Pavarotti e o jazzista Wynton Marsalis.


O principal instrumento de performance de Yo-Yao Ma é o Petúnia, feito por Domenico Montagnana em Veneza em 1733. Esse instrumento já foi esquecido no banco traseiro de um táxi em Nova York, mas mais tarde reencontrado ileso.


Outro violoncelo usado por Ma é o stradivarius Davidov, tocado anteriormente por Jacqueline du Pré e arrematado por Ma pelo valor de um milhão de dólares, após a morte de sua antiga dona. Du Pré já havia expressado sua frustração com a imprevisibilidade daquele violoncelo, enquanto Ma associa isto ao estilo passional de du Pré ao tocar e diz que esse cello necessita ser domado por seu intrumentista. Até pouco tempo atrás, esse cello era utilizado apenas para a execução de música barroca . Ma também possui um violoncelo de fibra de carbono, criado por Luis & Clark.




Yo-Yo Ma é habitualmente citado pela crítica como o "o mais omnívoro de todos os cellistas" e de fato possui um repertorio muito mais eclético do que é esperado para um instrumentista erudito.

Fonte: WIKIPEDIKA


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Pegue um Poema







Pegue um poema,
E com a fita
Meça-lhe as métricas,
Corte-lhe os versos,
Escolha apenas
Frases formais
E rebuscadas...
Pintando a cena...

Pegue um poema,
Ajeite o tema,
Corrija tudo
O que é ruim,
Estique um pouco
Aquela letra,
Rebusque o estilo
Antes, chinfrim.

Trabalhe nele
Como um soldado,
Deixando os versos
Bem martelados,
Alexandrinos,
Seja o que for,
Mas com cuidado:
Não mate o amor!




terça-feira, 13 de agosto de 2013

FRIO




Amanhece;
Como numa fotografia,
A vida coberta de neblina.
Sobre tudo, o frio pousado.

Pássaro quieto sobre o fio,
Que balança e solta, aos poucos,
Gotas de orvalho chorado.

Vem um raio de sol, cintila
Sobre as cores das asas do pássaro
Que do dom de voar, declina;
Medita sobre a paisagem.

Parece triste, o passarinho...
Seu canto destoa de tudo,
E as notas hesitantes
Modificam as imagens.

Antes, ficasse mudo.

Cutuca-lhe as asas
Mais um fio
De raio de sol.

E de repente, lá vai ele,
Asas abertas
Ao chamado 
Do vento e da vida...

Mas deixa cair uma pluma
Sobre o gramado.

Das Coisas que eu Vejo





Passando os olhos pelo Facebook, muitas vezes deparo com fotografias de animais - geralmente, cães e gatos - que estão abandonados nas ruas, magros, esqueléticos, doentes, os olhares tristes e sem esperanças. Da mesma forma, às vezes, na correria do dia a dia, passo por animais assim aqui mesmo em minha cidade. Não posso recolher esses animais. Não tenho condições de cuidar deles. Quando é possível, ponho um pouco de água e comida. A dor da vida dói muito mais quando atua sobre os inocentes.

Vejo gente brigando e reclamando da vida que tem, desejando mais, maldizendo aqueles que tentaram ajudá-los, esquecendo-se de que a gratidão deveria ser a flor mais cultivada da vida, a mais plantada e oferecida.

Vejo jovens se drogando e morrendo nos noticiários, e me lembro de meu sobrinho de 24 anos ( e tantos como ele) que morreu de câncer, na flor da idade, desejando tanto continuar vivendo.

O tempo todo, vejo pessoas que não aprendem nunca através de suas experiências, cometendo sempre e cada vez mais, os mesmos erros. Existem algumas que se acham acima do bem e do mal, e que acreditam, realmente, que dinheiro, diploma e posição social são importantíssimos para definir o caráter de alguém.

Vejo pessoas que, por medo de se mostrarem vulneráveis, jamais dizem coisas como "Eu sinto muito," "Eu errei, me perdoa!"  Elas acreditam que pessoas que o fazem são fracas, e que as outras pessoas tirarão vantagem delas se elas admitirem que erraram. Assim, acabam criando suas próprias verdades, através da distorção dos fatos. Tentam adaptar a realidade às suas necessidades - e não o contrário - como se isto fosse possível.

Eu vejo coisas tão tristes nesse mundo de meu Deus. Coisas que eu preferiria não enxergar. Às vezes, é difícil acreditar que elas sejam verdade. Mas são. Fazem parte da realidade diária de todos nós.

Mas daí, há dias em que eu acordo e percebo uma tonalidade diferente de azul no céu, e o horizonte rosado se abrindo para o sol que nasce. Vejo uma pequena cambaxirra carregando galhinhos para depositar na casinha de passarinho que está na minha varanda; observo a calma e a simplicidade de seus movimentos, e a paciência com que ela transporta e adapta cada galhinho, até que o local esteja confortável para receber seus filhotes. Chego no jardim e, ao olhá-lo, eu vejo uma porção de borboletinhas voando. Respiro fundo, e sinto o cheiro de grama, terra e cedro.

E então eu me sento na grama, e começo a lembrar-me de tantas coisas boas que já me aconteceram, e percebo que elas estão em maior número do que as ruins. O sol de inverno aquece as minhas costas, e eu sinto nascer dentro de mim uma força, e uma gratidão, e uma alegria intensas! E de repente, eu fico triste, porque eu sei que estas pessoas que eu vi pelo caminho raramente se sentirão assim... mas eu gostaria que fosse bom para elas. Sinceramente, eu gostaria que elas vivessem em paz. Todo mundo! O mundo todo. O tempo todo.

Gostaria que as pessoas deixassem de se comparar às outras o tempo todo, e parassem de invejar, desejar o mal, querer possuir o que não lhes pertence. Gostaria que as pessoas pudessem se sentir bem a respeito delas mesmas sem que para isso precisassem humilhar ou rebaixar os outros. Queria que as atitudes fossem mais honestas, de modo que todos pudéssemos olhar nos olhos uns dos outros sem medo e sem culpas. 

Queria que as pessoas parassem de abandonar seus animais de estimação nas ruas, e que jamais os maltratassem ou permitissem que alguém os fizesse. Que elas tivessem mais responsabilidade, para com eles e para com as outras pessoas também.

E quando a gente errasse - porque todo mundo erra - que fosse mesmo sem querer, sem intenção, sem maldade. Apenas um erro, uma escolha ruim, e não um plano deliberado, direcionado para prejudicar alguém, para tirar vantagens de alguém. Sem maquinações! Só assim a energia deste planeta - que anda cada vez mais pesada - poderia ser depurada.





Há Muito tempo, Uma saudade...






Macarronada cheia de queijo-ralado e pastéis: tudo o que o médico proibiria (se eu tivesse lhe dado uma chance). Para disfarçar, uma enorme salada: alface, tomate, ovos cozidos, pimentão cru picado bem miudinho. Tudo bem regado ao azeite, é claro. E um suquinho de frutas com adoçante para disfarçar.

Ontem não fiz caminhada, pois recebi a visita dos sobrinhos. Passamos a tarde no jardim, ao sol, jogando conversa fora, sentados na grama. Latifa, feliz da vida, trazia seus brinquedos para que os jogássemos para ela, e Aleph, austero, assistia a tudo, de vez em quando achegando-se para um rápido carinho (ele não é de muito agarramento) indo deitar-se à sombra do telhado da varanda. Depois, quando o sol ficou mais forte, nós nos juntamos a ele, espalhados pelas cadeiras e rede.

Falamos das coisas da vida, coisas que estão acontecendo - umas boas, outras, nem tanto. Mas tudo são coisas da vida. Começou a esfriar, e entramos. Fomos para o meu quarto, ouvir o ensaio da banda do meu sobrinho em seu MP3. Também escutamos um pouco de música do meu tempo, e eles gostaram tanto, que levaram o CD para gravar. Deixaram-me um do Foo Fighters. Troca de experiências geracionais.



No finalzinho do que restou daquela tarde maravilhosa, descemos para tomar café com calóricos bolinhos de banana. Queijo branco, para disfarçar. 

Início da noite, despedidas no portão. Promessas de repetirmos a dose. Logo depois que eles saíram, senti a casa imensa. Sobre a mesinha da TV, os CDs que eles deixaram. 

Chega meu marido, cheio de pacotes de comida: pão, bolo de chocolate, queijo, "Carolinas". Frutas para disfarçar. Decepciona-se ao ver que eles foram embora - tinham planejado passar a noite, mas a chegada da namorada tem prioridade, é claro! Meu marido reclamou: "Pô, eu trouxe tanta coisa, pensando que eles estariam aqui..." Percebi que sua decepção não era pelas coisas que tinha trazido...

Sangue jovem. Música. Alegria. Conversa fiada. Papo sério. Até outro dia!



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Como me Lembro de Você





Quando eu me lembro de você - e isto acontece muitas vezes durante o dia - não procuro fazê-lo apagando todos os seus defeitos, e muito menos, acusando-a por causa deles. Também não fico me lembrando apenas do que foi maravilhoso, endeusando a sua personalidade. Sei que todos nós temos defeitos e qualidades, e isto não nos torna melhores nem piores do que ninguém.

Mas quando eu me lembro de você, me vem cenas do nosso cotidiano; revejo momentos, conversas que tivemos, momentos em que nos desentendemos mas também nos entendemos bem. Lembro-me da sua voz, do seu rosto, dos seus medos, e de tudo o que você procurava me ensinar. Lembro-me de que inúmeras vezes eu precisei de você e você não estava lá, presente, para me defender ou para me aplaudir.

 Hoje mesmo acordei me lembrando de uma ocasião, durante um desfile de Sete de Setembro na escola, em que eu a procurei na platéia e você não estava lá. Eu tinha sido retirada do pelotão minutos antes da parada começar, pois havia excesso de alunos. Eu e mais uma meia-dúzia (um garoto gordinho, uma menina de cor e um outro que usava óculos e estava com o uniforme incompleto, e ainda outros que como nós,  não eram tão populares). Eu me preparara durante meses para aquela ocasião, e na última hora, me retiraram... eu queria que você estivesse lá para me defender, mas você chegou apenas no final da apresentação, porque perdeu o ônibus. Quando eu perguntei se tinha me visto, e para não me magoar, você mentiu: "Vi sim, você desfilou muito bem!" E eu fiquei aborrecida, porque eu nem tinha desfilado.  

Lembro-me que muitas vezes eu não concordava com suas atitudes ou seus pensamentos. Às vezes, quando eu era adolescente, me envergonhei de algumas delas...eu era demasiadamente preocupada com o que os outros pudessem pensar. Condenava a tua franqueza e a tua maneira simples e direta de dizer e fazer as coisas. Mas com você, eu aprendi a não ser dissimulada. 

Engraçado... aprendi muito com as suas qualidades, e mais ainda, através dos seus defeitos, quando eu a observava, pensando: "Eu não quero ser assim..." e no fim, o saldo foi muito positivo.

Eu a conheci bem, mas não a conheci completamente. E sei que o mesmo se deu com você. Tenho certeza que houve ocasiões em que você e meu pai me olharam, tentando compreender aquela garota tão diferente dos outros irmãos, tão complicada, como meu pai dizia, "uma fiteira." E se perguntaram de onde eu tinha vindo. A garota que sonhava em ser cantora, bailarina, escritora, que queria aprender a tocar piano, que desejava aprender música, filosofia, mitologia, inglês. De onde surgiam estas ideias?! De todos os sonhos que tive, apenas um vocês tiveram condições de me ajudar a realizar: tornei-me professora de inglês. Minha carreira de 'bailarina' foi curtíssima, limitando-se à algumas aulinhas no colégio, e a de aprendiz de música, mais ainda. 

Mas o que ficou de tudo o que vivemos nesses quarenta e sete anos, foram as coisas boas que aprendi, as memórias bonitas e acima de tudo, a sua honestidade incontestável! Você era uma pessoa muito, muito honesta! Preocupada com a sua integridade, com o empenho da sua palavra, jamais fingindo gostar de quem não gostava ou dando-se a paparicar pessoas a fim de conseguir favores. Franca ao extremo - qualidade (ou defeito?) que herdei, e que ando tentando lapidar um pouco. Você sempre pagou todas as suas contas religiosamente em dia. Sempre assumiu os seus compromissos, e também aprendi isso com você.

E acho bonito isso. Que tenha ficado comigo a imagem de uma pessoa íntegra, literalmente inteira, mas que também errou muito, demasiadamente, em várias ocasiões. Mas afinal de contas, quem não errou? Por isso mesmo, eu jamais admitiria que alguém sujasse a sua memória. Principalmente agora, que você nem está mais aqui para se defender.

E é justamente na esperança de que respeitem o que você tentou me ensinar, que eu o faço.



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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...