witch lady

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Claro Como o Dia







"Eu vinha desenvolvendo um novo apreço pelos processos da natureza. Quando morávamos na Califórnia, eu costumava passar muito mais tempo ao ar livre - jogando tênis, fazendo uma caminhada vez por outra. Alguns dos campos de golfe  que eu jogava eram quase tão rústicos quanto o mato. Mas durante os últimos vários anos, e com certeza, durante aqueles em que estive no topo, a natureza ficara em segundo plano.

Agora, a minha admiração por ela estava de volta. Fiquei mais sensível à brisa (talvez por manter, boa parte do tempo, os olhos semicerrados ou fechados, para me aquietar e evitar convulsões focais. O apelo visual não era mais o que foi um dia). Almoçando no clube, próximo ao último buraco no campo, eu ouvia as vozes e os sons das tacadas de golfe dos jogadores. Eu adorava o sussurro da brisa nos ramos dos pinheiros. Lembrava a água, o oceano. Eu sentia o aroma do cedro. Os pássaros, em incríveis matizes de azul e vermelho, voavam à nossa volta.  Sentado nesse mesmo lugar um ano antes, eu não teria apreciado tanto - talvez sequer percebesse - todas as coisas excitantes que se achavam tão próximas.

Para os que não entendem como os prazeres menores possam realmente superar os maiores, tenho um conselho: as tacadas brilhantes dão fama, as simples dão grana.

Mas não seria exato dizer que a transformação do meu ponto de vista a partir da doença fosse uma nova admiração pelas pequenas coisas. O que pode ser maior do que a natureza? O que pode ser maior do que a água?

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Trecho da contracapa:





Esta é uma história verdadeira. Quando foi ao consultório médico, no dia 24 de maio de 2005, o executivo Eugene O'Kelly tinha uma agenda cheia de planos e projetos, capazes de mantê-lo ocupado durante décadas. Menos de uma semana depois, teve que reformular radicalmente essa agenda para um período de cem dias: era o tempo que lhe restava de vida. O'Kelly tinha câncer cerebral - e morreu em setembro daquele ano.

"Claro Como o Dia" é o relato sincero e emocionado que O'Kelly decidiu fazer de sua agonia. Mas que não se espere uma narrativa amarga ou ressentida. Diante da morte anunciada, ele não se desesperou. Ao contrário, considerou-se abençoado por poder planejar em detalhes seus últimos meses, aplicando à sua vida a disciplina e a persistência que o levaram a uma bem-sucedida carreira nos negócios.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Pecados






Ah, eu bem que gostaria
De poder 
Ter cometido
A maioria dos pecados
Que me atribuías!

Gostaria de ter tido
Tanta coragem, assim,
Para dizer aquilo,
Tudo aquilo
Que eu deveria ter dito!

Ah, quem sabe até
Eu seria
Bem mais feliz,
Muito mais feliz
Do que jamais fui
Ou serei
Um dia?...

A Lenda da Cotovia



Cantava
A cotovia,
Do alto do galho
De onde não via.
Falava
Da liberdade,
E nem enxergava
As barras
Da gaiola
Que a cercava.

Sorria,
A cotovia,
Do começo
Ao fim do dia,
Pulava
De galho em galho,
Voava baixo,
Mentia.

A pobre
Cotovia
Que não enxergava
Nem sentia,
Cantava
Uma canção
Que lhe ensinaram...
Repetia!

Só por ser ave,
Só por ter asas,
Achava-se livre,
Mas se esquecia
De que o voar
É arte aprendida
Que nem toda ave
Sabia...

Pulava entre os galhos,
Catava os insetos
Que a alimentavam,
Batia as asas...
Achava que assim
(Pobre cotovia!)
É que se voava
Mas não via

O mergulho solto
Dos bem-te-vis,
O canto elevado
Dos sabiás,
O salto no alto
Das andorinhas,
O voo zumbido
Dos colibris,
O mergulho no abismo
Dos gaviões
O pouso sereno
Dos urubus...

Achava-se deusa,
Achava que todos
Fossem cotovias
E que só pulassem
Pelos mesmos galhos
Onde ela vivia...


*



cotovia


Gibran - Fala-nos Sobre o Tempo...





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E um astrônomo disse: "Mestre, que dizeis do Tempo?"

E ele respondeu:

"Gostaríeis de medir o tempo, o ilimitado e o incomensurável.

Gostaríeis de ajustar vosso comportamento e mesmo reger o curso de vossa alma de acordo com as horas e as estações.

Do tempo, gostaríeis de fazer um rio, na margem do qual vos sentaríeis para observar correr as águas.





Contudo, o que em vós escapa ao tempo sabe que a vida também escapa ao tempo.

E sabe que ontem é apenas a recordação de hoje e amanhã, o sonho de hoje.

E aquilo que canta e medita em vós continua a morar dentro daquele primeiro momento em que as estrelas foram semeadas no espaço.

Quem, dentre vós, não sente que seu poder de amar é ilimitado?

E, porém, quem não sente esse amor, embora ilimitado, circunscrito dentro de seu próprio ser, e não se movendo de um pensamento amoroso a outro, e de uma ação amorosa a outra?





E não é o tempo, exatamente como o amor, indivisível e insondável?

Contudo, se em vossos pensamentos deveis dividir o tempo em estações, que cada estação envolva todas as outras estações,

E que vosso presente abrace o passado com nostalgia e o futuro com ânsia e carinho."



Haikai







Um passarinho
Assoviava feliz
A sua fuga




*





terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O Momento Certo






"Quero fazer isto agora, " ela disse. Imediatamente, a outra respondeu, cheia de boas intenções (mas na verdade, pensando que, se a amiga fizesse o que realmente desejava fazer, ela e seus problemas  deixariam de ser o foco total de sua atenção): "Se eu fosse você, esperaria pelo momento certo."

A primeira moça hesitou por alguns segundos, e pensou, antes de responder. E veio à sua boca uma resposta que ela sentiu como não sendo sua, pois ao mesmo tempo que a proferiu, era como se outra pessoa falasse através dela:

"Estou cansada de esperar pelo momento certo!"

E qual é o momento certo?

Quem sabe, o momento certo seja após a cura de alguém doente? Ou após a tempestade? Ou quando 'as coisas melhorarem?' 

Tenho aprendido, à duras penas, que enquanto aguardamos o momento certo, a vida vai se enchendo de momentos errados, e que intercalá-los com momentos certos - permitir-nos pequenas alegrias entre os momentos doloridos - teria feito com que tudo fosse bem mais leve!

O melhor momento para se fazer alguma coisa, é exatamente quando sentimos vontade de fazê-la - antes que a covardia, os conselhos 'bem intencionados', o comodismo e a preguiça se estabeleçam. O momento certo, é antes que o momento passe.

Fala-nos da alegria e da Tristeza... - Gibran



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Então, uma mulher disse: "Fala-nos da alegria e da tristeza."

E ele respondeu:

"Vossa alegria é vossa tristeza desmascarada.
E o mesmo poço que dá nascimento a vosso riso foi muitas vezes preenchido por vossas lágrimas.
E como poderia não ser assim?
Quanto mais profundamente a tristeza cravar a sua garra em vosso ser, tanto mais alegria podereis conter.
Não é a taça que contém o vosso vinho a mesma que foi queimada no forno do oleiro?
E não é  a lira que acaricia vossa alma a própria madeira que foi entalhada à faca?


Quando estiverdes alegre,s olhai no fundo de vosso coração e achareis que o que vos deu tristeza é aquilo mesmo que vos está dando alegria.
E quando estiverdes tristes, olhai novamente no vosso coração e vereis que, na verdade, estais chorando por aquilo mesmo que constitui vosso deleite.




Alguns dentre vós dizeis: "A alegria é  maior que a tristeza," e outros dizem: "Não, a tristeza é maior."
Porém, eu vos digo que elas são inseparáveis.
Vem sempre juntas; e quando uma está sentada à vossa mesa, lembrai-vos de que a outra dorme em vossa cama.




Em verdade, vós estais suspensos como os pratos de uma balança entre vossa tristeza e vossa alegria.
É somente quando estais vazios que estais equilibrados.
Quando o guarda do tesouro vos suspende para pesar seu ouro e sua prata, então deve a vossa alegria ou a vossa tristeza subir ou descer."






Gibran Khalil Gibran, em "O Profeta."

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Se...





Se a minha dor te incomoda,
Não inventa moda,
Sai daqui,
E se ela te diverte,
Verte esse veneno
Bem longe de mim,
E se ela te escandaliza,
Desliza até o inferno,
E se ela te entedia,
Volta outro dia.

Se a minha dor causa espanto,
Fica no teu canto,
Vira a cara,
Mostra os dentes,
Se a minha dor te perturba,
Junta-te à turba
Que me vaia,
Mas saia,
Recolha teus apetrechos
De tortura,
Deixa-me em paz, 
Com minha loucura,
Pois a minha dor
É a minha cura.

Sigo Por Dentro





Caminho por dentro de mim,
E nas vielas, te procuro,
Não há mais luz,
Sigo cega, no escuro
E é quando eu te sinto,
Mais do que nunca,
No arrepio dos fios
Da minha nuca.

Caminho por dentro de mim, 
E nas alamedas
Escuto tudo o que me segredas,
Agora, que estou surda e cega,
Agora, em que não mais me movo, presa
Pelos  tentáculos de um obscuro polvo
Que permanecem enrodilhados, para sempre
Na minha alma;
Por isso, eu morro.

Caminho por dentro de mim,
E não mais me encontro,
É como se alguém contasse um conto
Cujos personagens se foram...
Um livro vazio de vida,
Onde as ilustrações são manchas,
Neste enorme aglomerado
De páginas carcomidas.

Caminho por dentro de mim,
Num frio planeta
Onde não há mais vida,
Pois um meteoro gigante levou tudo,
Um impacto atômico, repentino,
E os pássaros fugiram, em desatino,
Indo pousar nalguma árvore distante...

Passou a vida, passou o instante,
Sigo por dentro de mim,
Caminhante,
Errada,
Errante.

Centro





Do centro do meu centro
Observo as coisas do mundo,
Penso nas coisas da vida.
Eu às vezes fico triste,
Às vezes, eu fico alegre
E noutras, me surpreendo
(Mas raramente).

Em volta de mim, o dia
Espalha-se em cores frias
Que, aos poucos, se aquecem
Nos ventos da calmaria.
O sol brilha, e ao meio-dia
Encima o topo do meu centro
E logo depois, fenece
Entre o onde e o quando.

A vida tem sido rascante,
Tanto na dor quanto no belo,
E por isso, eu aguardo
Que surja um instante mais brando...
Espero que ela se aquiete
-A vida sempre arremete
Sem avisos, sem licença
Causando muitos abalos...

Bahá'lláh & Abdu'l Bahá







"É incumbência de cada homem, neste dia, firmar-se naquilo que possa promover os interesses e exaltar a condição de todas as nações e governos justos."


"Este é o dia em que se deve falar. É este o dia com o qual épocas e séculos passados não podem rivalizar."


"Uma nova vida nesta era, agita-se dentro de todos os povos da Terra; e no entanto ninguém lhe descobriu a causa nem percebeu o motivo. Ó vós, filhos dos homens, o propósito fundamental que anima a Causa de Deus e Sua Religião é o de salvaguardar os interesses e promover a unidade da raça humana!"


"Pondera um pouco.: já ouviste dizer que o amigo e inimigo devessem morar em um só coração? Expulsa, pois, o estranho, para que o Amigo possa entrar em teu lar."





"A  essência da fé está na escassez de palavras e na abundância de ações. A morte daquele cujas palavras excedem os atos é melhor que sua vida."


"Tenho feito da morte a mensageira de teu júbilo. Por que te lamentas? a luz, Eu a fiz para derramar sobre seu esplendor. Por que te ocultas na sombra?"


"Deve-se olhar para aquilo que seja louvável em cada ser humano. Quando se faz isso, pode-se ser um amigo de todo o gênero humano. Se, porém, olharmos para as pessoas do ponto de vista de seus defeitos, então será uma tarefa muito árdua ser amigo de quem quer que seja."

"...Quando encontrares aqueles cujas opiniões não sejam as vossas, não lhes vireis vossas faces. Todos estão procurando a verdade e há muitos caminhos que a ela conduzem. A verdade tem muitos aspectos, mas permanece sempre e perpetuamente única."



Bahá'ulláh e Abdu'l Bahá (23/05/1844 - 28/11/1921) nasceu na Pérsia, hoje, Irã. Não frequentou escola ou universidade. Aceitou seu pai como mensageiro de Deus. Era conhecido como O Mestre, e ajudava as pessoas de todas as maneiras que podia. Pessoas proeminentes ou humildes amavam-no e respeitavam-no por sua bondade. Foi confinado nos muros da cidade-prisão de Akka, e logo após, viajou para a Europa e America a fim de propagar a mensagem de Bahá'u llá - seu pai. Costumava ser chamado de "Mistério de Deus." - fonte: Wikipedia

domingo, 13 de janeiro de 2013

Norma de Conduta






Todas as pessoas tem coisas estúpidas e inteligentes a dizer. Mas quando, pelas coisas estúpidas que alguém disse, nós mandamos que ele se cale, estaremos tapando nossos ouvidos para as coisas inteligentes que esta pessoa tenha a dizer.

Ninguém é dono da verdade universal. Deveríamos ser, pelo menos, donos da nossa própria verdade! Pois, da Verdade, o que realmente sabemos

Existem pessoas que acham que a vida é um mar de rosas, ou que pelo menos, deveríamos viver como se assim fosse, pois elas acham que acreditando, realmente, nesta mentira, ela se tornará verdade. A vida é apenas a vida, com suas rosas e suas pedras, seu sol e sua chuva, suas alegrias e suas tristezas. E nenhum de nós é santo. Nenhum de nós é bom o tempo todo. Bem, isto não nos isenta da obrigação que temos para conosco mesmos e os que nos cercam, de tentar melhorar!

Nem por um momento, almejarei a perfeição. Sei que estou muito distante dela... aliás... pensando bem, todos estamos, pois a perfeição é uma quimera que alguém criou para fazer de nós pessoas constantemente frustradas, e também para podermos julgar os outros de maneira mais eficaz. É muito perigoso achar-se separado dos outros pela imaginária linha que divide o santo do pecador... e na maioria das vezes, aquilo que condenamos tão veementemente na conduta alheia, nós mesmos o fazemos. 

Que droga!

Hoje assisti ao filme "Sonhos," de Akira Kurosawa. A parte final é a mais maravilhosa, pois mostra um ideal de vida - do qual nos distanciamos cada vez mais, infelizmente. Imaginei-me vivendo naquele paraíso, naquela Terra de Sonhos... na linda aldeia dos moinhos de água... mas como já diz o título do filme, é tudo um sonho. Não existe um mundo perfeito. Não existem pessoas perfeitas. A perfeição faz com que nos sintamos frustrados e culpados, pois jamais nenhum de nós conseguirá alcançá-la. Nossos 'pecados' não são apagados do Livro da Vida; tudo é parte da nossa história. Mesmo que nos redimamos deles, nos arrependamos e nos corrijamos, eles estarão lá, dizendo-nos e a todos que nos cercam, de onde viemos. Farão parte do nosso caminho, dos nossos álbuns de fotografias,e por isso mesmo, devemos nos orgulhar deles! Eles nos ajudaram a chegar aonde estamos.

Jamais hei de envergonhar-me de quem eu sou.










OSHO na Manhã de Domingo




"Se apenas te sentares, silenciosamente, fechando os olhos, tudo estará bem. Tua esposa ou teu marido dirá que te tornaste uma pessoa muito boa. Todos desejam que estejas morto. Mesmo as mães desejam que os filhos estejam mortos, obedientes, silenciosos. Toda a sociedade deseja que estejas morto. Os chamados homens bons não passam de, realmente, de homens mortos; portanto, não te preocupes com o que os outros pensam, não te preocupes com a imagem que os outros possam ter de ti."



"As portas do teu hospício precisam ser abertas!"




sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Momento-Agora




Se queres ser feliz vive o momento,
jamais cultives sombras do passado.
A sorte passará indiferente
Se amargura tiveres ao teu lado.

Tornarás teu viver triste, arrastado,
Nem os teus sonhos te farão cativo,
pois que carregas tão imenso fardo
Fazendo teu momento pensativo.

Não sejas, assim, do ontem prisioneiro,
Desfruta teu presente por inteiro,
Vive da chama, não da fumaça.

Se não tens boas lembranças, esquece.
Seja cada dia elevado em prece
Lembra que tudo vem, que tudo passa.


Edith Marlene de Barros - Coletânea Mosaico - ano: 2004


Edith Marlene de Barros, Petropolitana,  foi presidente da Academia Petropolitana de Letras. Membro honorário das Academias Petropolitana de Letras e da Academia de Educação. Participou de várias antologias e diversas premiações.



Pagando Uma Promessa

Foto: as montanhas do Bairro Santa Isabel, onde está localizada a igreja onde paguei a promessa.




Lá no hospital, antes da cirurgia, ela me pediu:

-Aninha, se por um acaso eu for desta para outra, você me faz um favor?

Pensei em rebater sua fala, dizendo que ela ainda ia viver muitos anos, mas algo dentro de mim mandou que eu me calasse. Apenas perguntei:

-Faço, sim. O que?
-Pague uma promessa para mim! Preciso que você acenda dois maços de velas na Igreja de Santa Isabel.
-Dois maços?! Deve ter sido uma promessa e tanto!

Ela riu, e continuou:

-É porque eu tinha perdido a minha medalhinha, e fiz uma promessa dizendo que se eu a achasse, acenderia um maço de velas na Igreja de Santa Isabel.

-Bem, mas... e o outro maço? Não são dois?
-Sabe aquele livro que você me deu?
-Qual?

Ela pensou, pensou e não conseguiu lembrar-se do título. Enfim, também tinha perdido o livro, e ao procurá-lo, fez uma outra promessa, de acender outro maço de velas na mesma igreja, caso o encontrasse. Não sou uma frequentadora assídua de igrejas ou templos; aliás, não gosto de missas e cerimônias religiosas, mas promessa é promessa.

Na terça feira, fomos - eu e minha irmã - à igreja de Santa Isabel pagar a promessa. Também seria sua missa de sétimo dia, em outra igreja próxima.

Chegamos lá, e achamos a igreja fechada, mas a zeladora - uma senhora muito doce, prestativa e simpática, que mora em um anexo atrás da igreja - abriu-a para nós, e ainda emprestou-nos um tabuleiro de alumínio para colocarmos as velas acesas. Encontramos a igreja vazia, é claro, muito silenciosa, e lá cumprimos a promessa de nossa mãe.

Quando saímos, deixando as velas acesas junto ao altar, a senhora conversou conosco, e falou-nos que ela também perdera alguém recentemente. Contou-nos sua história, e partilhamos as nossas. Sentadas nas escadarias da igreja, olhávamos a tarde que se recolhia, entre cores suaves e uma brisa deliciosamente fresca. Tudo ao redor era tão lindo! As montanhas ao longe, as centenas de árvores, o céu encoberto, o vento. Tudo transbordava vida. Senti uma paz incrível, seguida de uma enorme vontade de viver, e a dor passou. Mais tarde, o marido daquela senhora - um senhor muito simpático - chegou em casa, e após cumprimentá-lo, nós fomos embora, a fim de assistir a missa de sétimo dia, na outra igreja próxima.

Durante a cerimônia, vi novamente o marido daquela senhora, alguns bancos à frente do nosso. Tinha tomado banho e colocado sua melhor roupa. Fiquei observando as pessoas, e percebi que, apesar de todas elas morarem ali perto, também vestiam seu melhor. Olhei para ele; percebi a enorme fé que ele tinha, a maneira humilde e espontânea como ele estendeu as mãos, palmas viradas em direção ao teto, e rezou. Achei linda a fé daquele homem! Seu olhar, simples, desarmado, de pura aceitação, é coisa muito rara de se ver hoje em dia.

Compreendi que, naquela linda e pequena comunidade de agricultores, as pessoas ainda são genuinamente felizes.

Após a cerimônia, fomos até a cantina da igreja comer pastéis de vento... nossa!... Simplesmente deliciosos... logo depois, fomos embora, e eu, com vontade de ficar.

Promessa paga. Coração leve.

casa no Bairro Santa Isabel

Defender-se de Sugestões Telepáticas




Da mesma forma como tapamos os ouvidos frente a um som desagradável, ou o nariz para ão sentir um cheiro nauseabundo, assim também devemos bloquear os sentidos psíquicos frente às sugestões, de onde quer que elas venham, do exterior ou de algum caminho oculto. O mecanismo defensivo contra cada propaganda, deve ser natural e instintivo. Manter-se alerta é a primeira norma, como a vontade decidida é o primeiro instrumento. O sentido crítico, sempre atento e alerta, não demorará a descobrir as segundas intenções e os interesses ocultos por trás de tantas bandeiras.
Os argumentos da propaganda não devem ser levados em consideração. Se assim fosse, a entrada já estaria feita. Eles devem ficar fora da porta. A rejeição apriorística de toda e qualquer aproximação ou entendimento deve ser clara e sem compromissos.

As sugestões mais perigosas são as telepáticas

Se para o assunto de que estamos tratando é preciso fugir de todas as coisas que possam agir negativamente em nosso espírito, como quem esteja servindo de instrumento de propaganda (os pessimistas, os que falam mal do próximo e todo tipo de pessoa ou ambiente  portador de influências sinistras), mais do que qualquer outra coisa deve ser evitado quem se utiliza de meios ocultos. As sugestões mais perigosas, das quais é preciso defender-se, são exatamente as ocultas; as operadas telepaticamente pelos que conhecem a força do pensamento e são despojados  de sentido moral. Estes operam, sem que saibamos, nos momentos em que estamos deprimidos, cansados, ou no decorrer do descanso noturno. 
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Julgamos que os pensamentos de nossa mente devem ser só nossos, mesmo se tivermos de entrar em choque com o pensamento dos outros.
Esta ilusão pode custar bem caro, pois muitos pensamentos que estão em nossa mente são os captados de outras pessoas, ou pior, são lançados contra nós para que sejam inoculados em nosso ser com finalidades específicas. 
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Fiquem longe de pessoas cujo nível moral, cujas intenções e métodos vocês desconhecem. Evitem ambientes, grupos, conversas que exalam o ar maléfico dos pântanos da existência, onde não há luz mas tão somente mesquinharias de interesses ou de mórbida curiosidade. Evitem o mais possível relações e contatos com aquilo que pode ser nocivo, da mesma forma que evitamos o fogo, para não nos queimarmos, e a lama, para não nos sujarmos. Fujam de pessoas e ambientes de luta,, de ódio e discussões, animados por antagonismos e invejas. Estas são as pessoas e os ambientes de onde brotam as piores manifestações de influências maléficas, magias, poluição moral, causa de tantos outros males.
Fiquem longe deles- não só fisicamente - evitando frequentá-los e abstendo-se de qualquer contato -, mas sobretudo espiritualmente. Os que tem consciência da força do pensamento em criar ligações procuram não pensar no que é maléfico e negativo, nefasto. Fazer isso, é, em grande parte, colocar-se na condição de não ser contaminado por essas forças que só existem para causar estragos e destruições.

Evitem leituras, fujam das conversas que estimulam a curiosidade mórbida pelo oculto, afastem-se das oportunidades que levam a experiências perigosas: mantenham-se longe de pessoas que não desejam melhorar a si mesmas e que visem somente os objetivos egoísticos mais mesquinhos. Isso vale para todos e para cada um , tendo em mente prevenir situações que é difícil remediar. E, se formos atingidos, devemos recorrer a algum tipo de tratamento para nos livrarmos daquilo que atraímos para nós mesmo                                                    

Trecho do livro "Como Evitar as Influências Negativas , por Amadeus Voldben


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Filosofia de Dona de Casa















Alguns problemas são como a cozinha que você não arrumou na noite passada: estarão esperando por você, na manhã seguinte!  Já outros, são como aquela mancha no piso da varanda: somem sozinhos, se deixados aos cuidados do tempo!





                             





Poeira acumulada - nos móveis e na alma - sempre causam alergias!





                             





A água, ao ser usada sabiamente,  lava tudo: desde a roupa suja até uma aura poluída!





                                





Varremos o quintal, todos os dias, e as folhas secas voltam a cair... assim é a vida! Resolvemos uns problemas, outros aparecem.





                                





Se quisermos uma casa - e uma vida - bem arrumadas, será necessário que nos dediquemos a estas tarefas com afinco e carinho, regularmente.





                              





Amigo de verdade, é aquele que fica para ajudar a limpar a bagunça depois da festa!




                               





Uma casa capta as energias daqueles que vivem nela. Quer conhecer um pouquinho a personalidade de seu novo amigo? Preste atenção à casa dele; a maneira como ele cuida dela, as cores que escolhe para as paredes, os quadros, os aromas...





Caixas e Gavetas






Seja a vida feita
De compartimentos,
Que se unam sempre
Por sua inteireza.

Guarde sempre as dores
Em uma gaveta;
Em outras, amores, 
Lembranças e flores.

Em outra gaveta,
Os seus afazeres,
A lida do dia,
Rumor de rotina.

Guarde n'outra caixa
As perdas e mortes,
E naquela outra,
A falta de sorte.

Que cada gaveta
E caixa fechada
Contenha um aspecto
Da tua fachada,

Não deixe que uma
Contamine as outras,
Pois há muitas caixas,
Alegrias, poucas.

*

Quando Tudo Não é o Bastante




"Nos últimos anos,  grande quantidade de livros com o tema "como fazer sucesso" tem sido lançada. Eles constatam que o mundo real é brutal e competitivo e que a única maneira de progredir, é tirando vantagem, impiedosamente, das fraquezas alheias. minhas objeções a estes livros não se baseiam apenas em discordar de seus aspectos morais. Discordo, sim, mas por que deveria alguém se impressionar com isto? (O filósofo Nietzsche disse uma vez que a moralidade é uma conspiração das ovelhas, destinada a convencer os lobos de que é imoral usar a força). Minha objeção principal à "filosofia do sucesso" é que ela não funciona. Tire vantagem das pessoas, use-as, suspeite de todos e você será capaz de se sair tão bem, conseguindo ir mais longe que os outros olhando-os com desprezo. E onde você estará? Completamente sozinho."
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"Há gente que precisa ser muito competitiva para chegar ao ápice e, uma vez lá, tem dificuldades para romper com o hábito da competição. Esta gente não consegue relaxar e ter uma boa conversa comigo. Sente-se obrigada a me impressionar, mostrando seu sucesso e mencionando nomes de pessoas importantes com quem se relaciona.  Às vezes, essas pessoas me obrigam a uma discussão intelectual e tentam me provar que conhecem melhor que eu meu próprio campo de atividade. Nestas ocasiões, acabo me perguntando por que elas tem a necessidade de tanta competição e por que tem de reagir a um visitante em suas próprias casas como a um competidor  que tem de ser desafiado? E ,me pergunto se parte do preço que pagaram por seu sucesso - parte do seu pacto com o demônio, se você preferir - não terá sido o hábito de transformar amigos em inimigos."

Harold Kushner, em "Quando Tudo Não é o Bastante."

Harold Kushner

Harold S. Kushner é um conhecido rabino norte-americano, alinhado com a ala progressiva do Judaísmo Conservador, também conhecido como Masorti. Nasceu em 1935, no Brooklyn. A experiência com a morte de seu filho, vítima de progeria, o motivou a escrever seu livro mais conhecido, Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas - Fonte: Wikipedia





quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Soneto





Eu juro, tentei
Meu poema não cabe
Num soneto!

Sobra de um lado,
Falta de outro,
Se espreme de susto
E de medo!

Meu poema louco
Ora se expande, 
Ora se encolhe
E mesmo que eu o desfolhe
Cuidadosamente,
Meu poema voraz
As rimas engole, 
Profana, sem dó,
As métricas...

Tentativas tétricas!
Meu poema só há de querer
Quem o olhe,
Não quer ser tolhido,
Só quer ser mais um
Fruto da minha pobre
E descontrolada prole!


*

Morro Porque não Morro





Morro Porque não Morro (fragmento) - Santa Teresa d'Ávila

Vivo sem viver em mim
E tão alta vida espero
Que morro porque não morro.
Vivo já fora de mim
Depois que morro de amor
Porque vivo no Senhor
Que para si me chamou.
Quando o coração Lhe dei
Nele pus este letreiro:
Que morro porque não morro.
Esta divina prisão
De amor em que eu vivo
Faz de meu Deus seu cativo
E livre meu coração.
E causa em mim tal paixão
Ver a Deus meu prisioneiro,
Que morro porque não morro.
Ai, quão longa é esta vida,
Que duros estes desterros,
Este cárcere, estes ferros,
Em que a alma está metida!
Só esperar a saída
Me causa tamanha dor,
Que morro porque não morro.
Ai, que vida tão amarga,
Sem o gozo do Senhor.
Porque se é doce o amor,
A esperança inda é vaga.
Livra-me Deus, desta carga
Tão pesada, em meu socorro
Que morro porque não morro.
Vivo só por confiança
No dia em que hei de morrer,
E só morrendo o viver
Assegura-me a esperança.
Morte do viver se alcança,
Não te tardes, que te espero,
Que morro porque não morro.
Vê como é forte este amor;
Vida, não me atormentes,
Olha, somente me resta
Para ganhar-te, perder-te;
Venha já a doce morte,
Venha ligeiro o morrer,
Que morro porque não morro.
Aquela vida de cima
É que é a vida verdadeira.
E até que morra esta vida
Não me alegro em estar viva.
Morte, não sejas esquiva, 
Viva primeiro morrendo
Que morro porque não morro.
Vida, que posso eu dar afinal
A meu Deus que vive em mim
Se ati não perder primeiro,
Para gozá-Lo, enfim?
Quero morrendo alcançá-Lo
Que só a Ele desejo,
Que morro porque não morro.
Que vida posso eu ter
Senão só de padecer,
O maior que nunca vi?
Que pena tenho de mim
Por ser meu mal tão inteiro,
Que morro porque não morro.
Tira-me já desta morte,
Meu Deus, dá-me a vida.
Livra-me destas correntes
Desata o laço tão forte.
Olha que morro por ver-te,
Sem ti, não posso viver,
Que morro porque não morro.
Chorarei minha morte já
E lamentarei minha vida
Em meus pecados detida.
Ó meu Deus, quando será
Que eu diga finalmente!
Que morro porque não morro.

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