witch lady

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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Antes que Fuja...







Pega o poema que te chama 


E deita-o na folha, antes que fuja... 


Daqui a pouco, será tarde, 


E esta chama que agora arde 


Querendo ser fogueira, 


Será fumaça... 



Um poema passa, 


Mas não há de ficar para sempre 


Exigindo ser escrito... 


Um poema é uma chance, 


E mesmo que seja grito, 


Uma hora, ele se cala! 



Pega, então, e sem demora, 


Este pensamento arredio, 


Este verso fugidio, 


Efêmero e leve, que surge! 


Pois o tempo urge, 


E apaga o sentimento 


Que é deixado lá fora... 



Não aborte esta canção 


Que alguém sopra em teus ouvidos! 


Pois fostes escolhido 


Para dar-lhe à luz! 


Senta-te, e com reverência, 


Escreve mais este poema, 


E solenemente, agradeça!


domingo, 24 de junho de 2012

Terminar









Acho que desde o começo

Todo mundo está aqui 

Com um único objetivo: 

Aprender a terminar, 

Fechar, 

Concluir. 


Cada dia que começa 

Só pode nos levar 

Ao epílogo de tudo, 

Das coisas, 

De nós mesmos, 

Da vida. 



Terminar 

Sem perder-se em recomeços 

Mas reconhecendo o avesso 

Das aparências, de tudo... 


Por isso, amo o por do sol 

Mais do que o amanhecer... 

Ele é um marco, 

Uma lição em cores belas 

E definitivas, 

Que nos mostra 

Que não importa o que fizemos durante o dia, 

O final é sempre o mesmo: 

Ele termina. 


Assim, façamos o melhor... 



E as estrelas 

Continuarão sempre 

Um mistério indefinível 

A respeito do qual 

Nos perderemos em metáforas.



sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sangue do meu Sangue






Os meus glóbulos vermelhos


Sorvidos por tua garganta


Que não se cansa


Desse horrível gargarejo...



Tu és sangue do meu sangue, 


Mas me sugas,


Até deixar-me exangue!



Regorgitas minhas plaquetas


Nessa refeição infame


Para a qual não há gorjetas,


Só vexames!


Tu és sangue do meu sangue,


E teu sangue não te basta,


Queres o meu,


Para encher as tuas taças!



A vingança perpetrada 


Porque não te dei razão


A garganta perfurada


Pelos teus caninos grandes!



Tu és sangue do meu sangue,


Mesmo assim, não te garantes,


Pois desejas


Meus leucócitos e hemácias!



Tuas taças estão cheias,


Gargareje, regorgite,


E me sirva aos teus amigos!






***








A Primeira Geladeira a Gente Nunca Esquece











Nossa... este título deve soar jurássico para quem é jovem hoje. Mas quando eu era bem pequena , não era muito comum as pessoas de classe média baixa terem geladeiras em casa. Quem tinha, de vez em quando ficava responsável por guardar alguma coisa para o vizinho, ou de fornecer o gelo para as festinhas.

Nossa primeira geladeira, foi uma Cônsul azul-clarinha. Acho que eu tinha uns quatro anos de idade na época, mas eu me lembro muito bem de meu pai chegando em casa e dizendo à minha mãe que comprara uma geladeira nas Casas Xavier.

Logo depois, veio também o nosso primeiro liquidificador, e chegamos à era dos sucos e sorvetes. Maçã no liquidificador era uma verdadeira delícia, e picolé de groselha com leite, uma iguaria!

Meu pai tinha muitos ciúmes das coisas que comprava, pois o fazia sempre com muitas dificuldades, às vezes, dividindo os pagamentos em 24 vezes no crediário. Quem ousasse esbarrar em sua geladeira, ouviria um sermão zangado. 

Aquela geladeira azul ficou conosco mesmo depois que todos os meus irmãos mais velhos casaram-se e saíram de casa. Jamais teve qualquer tipo de problema. Hoje em dia, essas coisas tem prazo de validade curto. Quando eu me casei, ela ainda existia, mas foi desativada quando minha mãe mudou-se para a casa de minha irmã. Acho que eles a doaram a uma família carente. Mas sempre me vem à mente a imagem da cozinha de nossa casa, com a mesa de madeira no meio, as quatro cadeiras, a geladeira azul no cantinho, o janelão aberto sobre o fogão também azul. Ali, naquela cozinha, aprendi a ler e escrever.

A geladeira azul como testemunha da história de nossa família.




quinta-feira, 21 de junho de 2012

Um Caso de Bullying








Em uma escola, uma menina de dez anos - que não é bonita, rica ou popular, e ainda por cima, é bolsista - sofre perseguições e brincadeiras ofensivas por parte de alguns colegas. O mesmo ocorre no bairro onde ela vive.
Tem uma irmã adolescente que, como a maioria dos adolescentes, deseja ser popular, nem que para isso, precise expor sua irmã menor aos seus colegas. Talvez nem o faça por mal, e nem sequer desconfie do que isso poderá causar ao espírito de sua irmã menor. Ela mesma nem sabe que é também uma vítima da sociedade, já que ser popular é um requisito para sobreviver entre os outros adolescentes. 
A menina sofre brincadeiras de mau gosto que fazem referência à sua aparência física, apelidos e até mesmo, agressões. Quando ela chora, a irmã mais velha a chama de 'manteiga derretida', e se ela conta à mãe sobre o que está acontecendo, a mão, atarefada com seus inúmeros afazeres, ou não lhe dá atenção, ou a repreende. 
A menina cresceu ouvindo os adultos dizerem que, para ser amada, ela precisa ser boazinha e perdoar sempre. E ela tenta, realmente tenta! Cresce com um sentimento de inadequação e inferioridade, achando que tudo o que fazem a ela, é nada mais, nada menos, que normal e justo.
Um dia, um garoto bate em seu rosto na hora do recreio. Ela chora e tenta esconder, mas as outras meninas chamam a diretora do colégio, que a defende e fica do seu lado. Pela primeira vez na vida, alguém a defende! O menino é suspenso das aulas. Quando volta, após uma semana, pede-lhe desculpas. As outras crianças passam a respeitá-la mais, pois existe uma pessoa adulta que zela por ela. 
Infelizmente, a diretora da escola adoece e morre. A escola fecha, a vida segue...
Ela, que era bolsista, precisa mudar-se para uma escola estadual, onde um grupo de garotas a vê como a 'metidinha da escola particular', e a ameaça frequentemente. Até que duas outras meninas a acolhem em seu grupo. Só que para ser aceita, ela passa a fazer coisas, como fumar, tirar notas baixas e matar aulas. Mas é a única maneira de defender-se dos ataques das outras meninas. 
A mesma situação que ela vivia na escola e com as crianças do bairro, repete-se na vida adulta: seus colegas de trabalho abusam dela, armam-lhe ciladas e sabotam seu trabalho. Ela aprendeu a jamais reagir, e a acreditar que a vitória descansa sobre o perdão. Até que um dia, ela perde o emprego. 
E daí percebe que, se ela mesma não se defender, ninguém o fará por ela. Entende que as situações de conflito continuarão se repetindo em sua vida, indefinidamente, até que ela resolva defender-se. Também compreende que a melhor maneira de se defender, é expor os seus atacantes. 
Os praticantes de bullying nada mais são do que pessoas desajustadas e infelizes, que para sentirem-se melhor, atacam os mais fracos. E quem são os alvos? Bem, podem ser qualquer pessoa... alguém pode sofrer bullying por ser rico demais, pobre demais, feio, gordo, magro, bonito, inteligente ou estúpido. Na verdade, o requisito principal para ser vítima de bullying, é a INSEGURANÇA. 
A insegurança emana um odor que parece atrair os bullies! É a síndrome do espelho: eles atacam, no inseguro, aquilo que não suportam em si mesmos! Mas exatamente como os vampiros, os bullies se desintegram ao serem expostos à luz do sol. 
Graças a Deus, a menina cresceu e aprendeu a defender-se. 

Infelizmente, a case history que ilustra este artigo, não é uma ficção.

A VIDA É APENAS VIVER





Todos os dias todo mundo segue mais ou menos uma certa rotina: acordar, escovar os dentes, tomar um banho, ir para o trabalho, conviver, trocar experiências... dentro desta rotina, às vezes acontecem coisas inesperadas: alguém morre, ou um parente ganha na loteria, conhece-se o grande amor de uma vida, ganha-se um prêmio por alguma coisa... porque a vida não é só um suceder-se de coisas rotineiras; a quebra desta rotina é comum, e acho que ela acontece justamente para nos lembrar de que não temos muito controle (pelo menos, não o controle que a gente pensa ter) sobre coisa alguma.Acontecem coisas boas e coisas ruins (geralmente, denominamos 'ruim' tudo aquilo que não compreendemos).


Não acredito em heróis; acredito em pessoas que aceitam os acontecimentos que não conseguem mudar e cumprem suas terefas. Isso não é heroísmo, é obrigação. É o ciclo natural da vida.


Acho que, mesmo em face dos mais terríveis acontecimentos, o grande barato da vida é fazer de tudo para sair do outro lado e começar tudo outra vez. Heroicamente? Não; humildemente, pois não existem outras alternativas, a não ser a choramingante vitimização, que definitivamente, não combina comigo. 


Assim, sabendo que a vida é apenas viver, eu sigo a minha sina e o meu destino de ser humano. Se estou aqui, enquanto tanta gente morre jovem, ou vidas se perdem em tragédias, prefiro acreditar que existe um bom motivo para isso. 


Aquilo que eu faço por amor, jamais será oneroso. Porque o amor não cobra dívidas, nem exalta o dedicar-se. 

Amei demais o meu sobrinho Ricardo, assim como amo demais todos os meus sobrinhos. O que fiz por ele, fiz com amor e por amor. Não me arrependo de nada, apenas de não ter conseguido fazer mais. Houve um momento em que todos acreditamos que ele viveria, mas isso não aconteceu. Ponto final. Sinto muito, choro ainda, e o lugar dele jamais será ocupado, mas faremos aquilo que ele mesmo faria, caso tivesse sobrevivido a um de nós: continuaremos vivendo, pois a vida é apenas viver. 

Está um dia lindo lá fora, e a vida grita, me chamando para viver. Em algum lugar, ele continua. Por enquanto, eu tenho que continuar aqui. E viver é muito bom, apesar de tudo. Procurarei guardar sempre, não o que fiz por ele, mas o que ele fez por mim - e foi muito mais do que o que fiz por ele! Agradeço todos os dias a oportunidade de tê-lo tido como um membro de nossa família, e isso, ele será sempre.



terça-feira, 19 de junho de 2012

Resenha - A Saga de um Pedro - Amor e Luta Traçando Destinos



A Saga de um Pedro - Amor e Luta Traçando Destinos -
122 páginas
Autor: Carlos Alberto dos Santos Lopes
Editora - Edições Bagaço - Recife - PE
Ano: 2012

A Saga de Um Pedro é a história de José dos Santos Gonçalves, pai do autor, narrada em primeira pessoa, o que dá ao texto mais realismo, e ao leitor, mais intimidade com os personagens reais desta história de família. Fala das aventuras e desventuras de um homem simples, mas cheio de sonhos, pelos quais não temeu lutar até vê-los realizados. 

Logo no início do livro, o jornalista Carlos Costa explica que: "O que importa é só a dimensão temporal dessa belíssima narrativa familiar." Não cabe ao leitor, ou a quem quer que seja, julgar certas atitudes do personagem, que, devido à veracidade da narração, não foram aliviadas pelo autor. Carlos Lopes faz questão de contar a história real de seu pai, exatamente como ela é, sem floreios ou omissões de fatos que poderiam até mesmo torná-lo antipático a alguns leitores.

Como o próprio autor explicou-me em uma troca de e-mails, ele não pretende ser reconhecido como escritor; e é justamente este fato que faz da história despretensiosamente contada, uma narrativa alegre, bem-humorada e fluida, que prende a atenção do início ao fim. Sem as pretensões e vaidades dos escritores profissionais, Carlos Lopes imprime realismo à narrativa, aproximando o leitor dos personagens. Em certos momentos, identificamo-nos com eles.

O livro fala também de importantes momentos da nossa  História e da nossa cultura, como por exemplo, o advento do rádio e da televisão, a vida difícil no Sertão Pernambucano e vários outros fatos que entrelaçam a vida dos personagens à vida da maioria dos habitantes do Brasil. 

A Saga de um Pedro é uma história imperdível. Vale a pena adquiri-la através do blog do autor:
http://gandavos.blogspot.com .





"Vai Ficar Tudo Bem" - Agradecimentos




Gostaria de agradecer a todos que compraram meu livro, "Vai Ficar Tudo Bem." Ele chegou para mim no dia 8 de junho, e hoje, dia 19, restam apenas onze exemplares, dentre os quais alguns já estão reservados... foi muito bom poder contar com a ajuda das pessoas que colocaram selinhos em seus blogs, e que escreveram resenhas sobre ele. Muito obrigada!

Agradeço também ao Jô do Recanto das Letras, que prefaciou meu livro e deu-me a maior força, e a Olguinha Costa e Marco Rocca (que na época em que o livro foi escrito, tinha o 'nick' de Helio Rocca) porque permitiram que eu colocasse seus comentários na apresentação do livro.

Obrigada a Miriam de Salles, da editora Pimenta malagueta, que deu forma ao meu sonho. Ela ainda tem exemplares na sua loja virtual, da editora Pimenta malagueta. Se desejarem adquirir um, podem contatá-la.

Ontem fiz o primeiro depósito na conta da GRAACC, e foi uma sensação muito boa poder ajudar com alguma coisa. Agora, estou 'juntando' mais dinheiro, e assim que tiver uma boa quantia, doarei para a GRAACC de Petrópolis.

Se eu morrer amanhã, pelo menos terei feito alguma coisa de bom por alguém, e deixado a minha marquinha, meu arranhãozinho neste mundo. Grata a todos que me ajudaram de alguma forma!

AsSOBERBAda








Sentou-se à mesa do sofisticado café e pediu um chá gelado. Foi logo avisando que não demorassem a servi-la, pois estava assoberbada. Enxugava o suor daquela tarde quente com um leve lencinho de seda cor-de-rosa, e olhava o reloginho de pulso, pequeno e cheio de rococós dourados em volta do mostrador a cada minuto, arfando levemente, demonstrando sua impaciência por ter que esperar.


Quando a outra apareceu à porta do café, fez-lhe um sinal discreto, para que ela a identificasse. Mal a outra sentou-se, começou: "Você está cinco minutos atrasada novamente! Não sabe que eu estou muito assoberbada hoje? Aliás, sou sempre muito ocupada! Daqui a meia hora tenho que estar no salão de beleza, pois tenho um importante evento esta noite..." 

"Desculpe, o trânsito estava um caos..." 

Enxugando novamente a testa com leves batidinhas, chamou o garçom: 

"Está um calor terrível aqui dentro! Por que não ligam o ar condicionado? 

O rapaz, com toda gentileza e paciência, de quem não quer perder a compostura, responde, um tanto constrangido: 

"Ele já está ligado, madame!" 

"Madame? Em que século você vive? Chame-me de senhora, está ouvindo? E tenha mais respeito! Se eu digo que o ar condicionado não está ligado, é porque ele não está! E se estiver, provavelmente está quebrado! Vá verificar imediatamente, ou eu chamarei o gerente desta espelunca!" 

O rapaz sai de fininho, murmurando um 'sim, senhora' , a face queimando. 

A moça recém chegada, que a tudo observa, comenta: 

"Nossa, Georgia! Não precisava ser tão rude..." 

"Rude? Rude?! Você sabe quanto estou pagando por este copo de chá gelado? Tenho meus direitos!" 

Toma um gole do chá, fazendo uma careta: "Doce demais.. garçom! Traga-me outro chá, desta vez, sem açúcar, imediatamente! Que incompetência! Quem consegue beber este copo de melado?"." 

A outra nada diz. 

"Bem, agora que você finalmente chegou, podemos discutir os preparativos para a festa de casamento." 

"Mamãe, eu já disse, não quero festa nenhuma..." 

Murmurando rispidamente, a outra responde: 

"Shhh! Já disse para não me chamar de mamãe! Que coisa mais provinciana! Meu nome é Georgia! E já disse que a festa de casamento não é para você, por sua causa, querida; sabe que tenho muitos amigos na sociedade e não posso dar-lhes motivos para falarem mal de mim. A festa é para mim!" 

Irritada, a moça dá um profundo suspiro. 

"Pois tudo bem, "Mã-mãe"! Que seja! Pode dar a sua festa, convidar mil pessoas, o presidente, o cônsul, o príncipe de Gales e quem mais a senhora desejar! Eu não vou estar lá!" 

Dizendo isso, ela levanta-se da cadeira e sai apressadamente. Georgia, a mãe, nem acredita no que acaba de acontecer. Ainda mais furiosa, chama novamente o garçom: 

"Veja a conta, porque eu não fico nem mais um minuto dentro deste caldeirão!" 

Ele traz a conta. Ela olha o papelzinho, dando alguns gemidos de indignação. Vasculha a bolsa em busca da carteira de notas, mas não a encontra. Deixara todo o seu dinheiro e cartões de crédito na mesinha de cabeceira, antes de sair! Procura pelo telefone celular, mas descobre que o tinha deixado em casa também. 

Já bem menos imponente, vira-se para o garçon, dizendo: 

"Acho que deixei meu dinheiro em casa... passo outra hora para pagar a conta." 

"Infelizmente, madame, não posso deixá-la sair sem pagar os dois chás e os doces." 

"Como assim? Quem você pensa que é?" 

"Eu sou o gerente desta espelunca, madame. Nem tente sair por aquela porta, ou o segurança a impedirá. E, caso a senhora insista, eu chamo a polícia!" 

Georgia levanta-se da cadeira, muito indignada: 

"Ora, seu petulante, você sabe com quem está falando?" 

"Sei, sim: com uma madame metida à besta que não tem dinheiro para pagar a conta. Mas há muitos pratos sujos na cozinha. A madame pode lavá-los, e a conta estará paga." 

"Eu quero usar seu telefone. Exijo usar seu telefone!" 

A aquela altura, todos os outros frequentadores do café observavam o acontecido, querendo saber o desfecho daquela história. 

"Infelizmente, madame, o telefone está sem-serviço desde esta manhã, e a companhia telefônica não apareceu para fazer os reparos."

"Então, eu... eu exijo que você me empreste seu telefone celular!" 

"Meu telefone é para meu uso, entende? É particular. Infelizmente, não vou emprestá-lo à madame! Como eu já disse, os pratos sujos estão esperando na cozinha. Ou a senhora deseja mais escândalos, quando eu chamar a polícia e eles a levarem para a delegacia por não ter pago a conta?" 

Vermelha de raiva, a madame arregaçou as mangas de seu vestido de seda e encaminhou-se para a cozinha, sem dizer uma palavra.


Moral da história: Jamais cuspa no prato onde comeu! 




segunda-feira, 18 de junho de 2012

Por Que Ficamos Tão Frios?





De manhã cedo. Hora marcada no dentista. Eu e meu marido, ao sairmos do estacionamento, passamos por um cão de rua, deitado à porta de um bazar de caridade. Imediatamente, fico chocada pelo estado do animal: as orelhas muito feridas, aparentando bicheira, os olhos baços, o corpo trêmulo. Penso: "Meu Deus! preciso fazer alguma coisa!" Tantas e tantas vezes deparei com cenas parecidas com esta, e apenas lamentei e passei direto, rezando para que alguém tomasse alguma providência; noutras vezes, tentei a associação Protetora de Animais, mas jamais consegui que eles socorressem um animalzinho sequer, nem mesmo quando eu fazia contribuições mensais. mas hoje, alguma coisa no olhar daquele cão tocou-me mais fundo.

Saí do dentista após trinta minutos, e o cão tinha entrado na loja onde funciona o bazar, e estava deitadinho num canto, tremendo muito. Aquela rua é fria, e não bate sol no inverno. Resolvi fazer alguma coisa: telefonei para a Associação, mas o telefone só dava sinal de ocupado. Assim, decidi ligar para um veterinário e pagar um tratamento para o cão. 

A dona do bazar de vez em quando vinha olhar, e queria colocar o cão para fora, com cara de nojo. Pedi-lhe que esperasse, pois ia chamar o veterinário para levá-lo, e ela concordou. A atendente exigiu que eu pagasse com cartão de crédito, e fez a operação por telefone: duzentos e setenta reais. Concordei. Ela disse que o veterinário já estava a caminho.

Eu cheia de compromissos, concordei em esperar. Ela afirmou que ele não demoraria. Vinte minutos depois, liguei novamente para ela e ela disse não ter conseguido passar o cartão. Meu cartão é novo, e tem dado problemas em várias máquinas, e por isto, passei um outro cartão. Perguntei pelo veterinário, e ela disse que ele ainda estava na clínica terminando um atendimento (antes, dissera que ele estava a caminho). Esperei. Mais uns vinte minutos, e nada. Liguei novamente para a clínica, e ela disse que ele já tinha saído.  A dona do bazar me pressionando para colocar o cão para fora. Tem gente que não tem coração.

Bem, continua a história: duas horas depois, nada de veterinário, e eu ali, naquela rua gelada, querendo ir ao banheiro, o cão tremendo de frio ou  de febre. Ligo novamente para a clínica, e ela me informa que o carro do veterinário quebrou. Pensei: "E quando é que ela ia resolver me avisar? Será que me faria ficar ali o dia todo?" Perguntou-me se eu não poderia colocar o cão em um táxi e levar para a clínica. Além de eu não ter dinheiro o suficiente (a clínica era bem longe do local onde eu estava), motorista nenhum concordaria em colocar um cão com as orelhas em feridas, sujo e fedido, dentro do seu táxi. E eu já tinha pago a ela pelo transporte!


Se eu fosse o veterinário, na eventualidade do carro quebrar, em primeiro lugar teria avisado ao meu cliente; em segundo lugar, pegaria minha maleta de primeiros socorros e, mesmo de ônibus, iria para o local do atendimento, ver o que seria possível fazer. Mas a consulta já estava paga. E era apenas um cachorro de rua... quem se importa? E na verdade, será mesmo que ele já estava a caminho, como ela tinha me afirmado pelo menos três vezes, ou esperava que eu fosse embora para depois dizer que resgatou o cão, mas 'infelizmente, ele morreu?'

Após duas horas de espera, não vi outra solução, a não ser ir embora e deixar o cachorro lá, sentindo-me frustrada e inútil. Exigirei o estorno do cartão, mas não pude amenizar o sofrimento do cão. Quando chego no banco, a atendente me telefona para 'pedir desculpas.' Mas as desculpas dela não salvaram o cachorro.

Já chorei muito, de raiva, frustração e total sentimento de inutilidade. Alguém foi lá mais tarde, segundo minha irmã, para tentar resgatar o cão mas não o encontraram mais. Com certeza, a dona do bazar o expulsou.

As pessoas estão cada vez mais frias. Alguém que não se sensibiliza com o sofrimento de uma criatura, principalmente tendo a possibilidade de aliviá-lo... pensei nas pessoas que adquirem cães sem terem condições de criá-los, apenas para abandoná-los na rua quando eles crescem (ou antes disso). No caminho até o ponto de ônibus, vi muitos mendigos na cidade. Um deles, uma senhora tão gorda, que com certeza, precisaria de ajuda para levantar-se; muitos cães abandonados, alguns muito magros... e por cima, um perfeito céu azul e límpido, que tornava tudo ainda mais triste. Senti muito pelo cão; senti muito por tudo que vi hoje de manhã. Mas se as pessoas jogam seus filhos pela janela, picam seus parentes, traem, espancam, mentem, roubam, matam, por que se importariam com um simples cão de rua?


********************************


Você sabe, meu senhor, por que meu texto te incomodou tanto? Porque é verdade! Você só saiu da clínica no momento em que o meu segundo cartão conseguiu passar na máquina. Você me conhece, já esteve em minha casa, já tratou de meu cão, e que eu me lembre, não fiquei devendo nem um centavo a você. Você diz que cobrou segundo o meu 'diagnóstico incorreto.' Ora, não sou veterinária! Se eu fosse, teria tratado do cão. Não o chamaria. Além disso, você sabia que eu era irmã da sua amiga, sabia meu endereço, e mesmo assim, achou que ia levar calote? E ainda diz que "No meu mundo, todas as pessoas são dignas de desconfiança?"

Você me diz que a Associação é um órgão que trabalha de graça, apenas com o intuito de ajudar, mas se é assim, por que a sua assistente me informou que vocês não cuidam de cães da Associação? Será que é porque você se importa muito com eles?

Quanto a tentar colocar o cão em um táxi:

1) Pedi a um motorista, e ele me informou que eles não podem, por lei, fazer algo assim, por uma questão de saúde pública (pensei que você soubesse disso)

2) Eu não tenho carro e não sei dirigir

3) Eu tinha PAGO pelo seu serviço de transporte.

Quanto a devolver cães abandonados às ruas, foi a sua própria assistente que me informou que o procedimento normal era este com cães de rua. Eu não posso ficar com todos os cães que os outros abandonam, apenas tentei fazer alguma coisa por um deles. E paguei por isso. Aliás, ainda estou pagando. E melhor um cão devolvido ás ruas com saúde do que doente. A própria Associação age assim, aqui no meu bairro. Tratam dos cães e depois os devolvem ao seu local de origem, onde eles estão acostumados.

Você fala da minha impaciência; impaciência esperar duas horas? E quando o carro quebrou, por que não fui avisada, e só fui avisada depois que minha 'irmã' ligou para a clínica para perguntar sobre o motivo da demora? E naquele momento, ninguém me disse que outro transporte seria providenciado. O que ouvi, foi apenas um "Sinto Muito não podermos ajudar." A decisão de procurar outro transporte veio com a interferência de minha 'irmã.'

Quanto a você dizer que eu só quero me promover, é verdade! Estou lançando um livro, e promover este livro é o meu maior objetivo no momento. Acho que você deveria fazer o mesmo a respeito de sua clínica, que segundo palavras de minha 'irmã,' vai de mal a pior. Por que será?

Amor & Dor



Por que rimamos 
'Amor' com 'dor?'
Há outras rimas:
Torpor,
Langor, 
Seja o que for...
Mas ao rimarmos
'Amor' com 'dor,'
Nós promovemos
O desamor...

A vida rima
Com mil palavras,
E as rimas, sejam
Ricas ou pobres,
É o poeta
Quem as escolhe...

E quando, acaso
A vida manda
Rimar a si
Com 'descabida',
'vida bandida'
'Desiludida,'

Rendo-me a ela,
Mas logo, então,
Procuro outras
Rimas mais ricas,
Mais adequadas.

'Amor' e 'dor'
São só palavras
Que andam juntas
Ou separadas
Nos mil momentos
Que a vida escreve
E que assinamos
Por essa estrada...

domingo, 17 de junho de 2012

A Difícil Arte de Ser



Muitas vezes, as pessoas em quem você depositou sua confiança irão decepcioná-lo. Pessoas que você se acostumou a ver como amigas poderão traí-lo e fazer coisas que você não esperava. A maneira mais rápida de decepcionar-se com alguém - e viver se decepcionando - é esperar atitudes das pessoas, porque elas estão prontas a serem apenas aquilo que é de sua essência. Se você esperou mais, é porque não soube ler nas entrelinhas.
Viver é difícil, quando se perde os detalhes...

Exatamente por isso, há muito tempo não espero nada de ninguém, e jamais me precipito a chamar alguém de 'amigo.' Meus amigos são escolhidos com muito cuidado. Talvez por causa disso, há muito tempo não me decepciono!
E, se por um acaso, alguém tenta me ferir, eu sempre penso no porquê de eu ter atraído aquela situação para minha vida, pois sei que somos todos responsáveis pelo que entra e sai de nossas vidas. Responsabilizar outras pessoas pelo mal ou pelo bem que nos acontece é irresponsabilidade. E, assim como eu atraio certas situações, posso também repelí-las, caso sinta-me infeliz com elas. Abrir e fechar portas são atividades corriqueiras da vida. Não sou de reclamar. Não cultivo autopiedade. Não acho que eu seja uma pobre vítima a quem alguém possa estar ferindo sem nenhuma razão, e nem me vejo como estando indefesa diante das situações que a vida apresenta.

Se alguém me desagrada, tenho algumas alternativas:
-Responder à altura. O que faço, quando acho que vale à pena. Principalmente se eu estiver indo em defesa de alguém que amo, e que foi, inadivertidamente, atingido pela sujeira que me jogaram.
-Ignorar. Isso eu faço quando nem vale a pena o aborrecimento. Ou então, dependerá de meu senso de humor no momento...
-Conversar e tentar resolver a situação - quando a pessoa em questão for muito importante para mim.

Viver é estar exposto. É ser alvo. Viver não é para os frágeis. Todos nós, um belo dia, teremos que cruzar pântanos. É quase impossível passar por um sem ser respingado pela lama que lá está. Mesmo assim, prefiro cruzar meus pântanos a estagnar à beira da floresta, lamentando-me pela lama do caminho. Deixo esta tarefa para os fracos e os covardes.

A Resposta










Quantas e quantas vezes ela tentou encontrar a resposta... talvez porque nem sempre formulasse a pergunta corretamente; alguém lhe dissera que uma pergunta bem formulada, já continha, em si, a resposta.


Mas não aquela pergunta! Já tinha pesquisado em livros e enciclopédias, tinha tentado achar a resposta na internet, perguntara aos sábios e profetas... mas ninguém sabia responder. Até viajou pelo mundo, tentando, em vão, encontrá-la. Anos e anos de sua vida dedicados ao impossível! Quanta coisa boa havia perdido, devido à sua mórbida obsessão... os anos passaram, ela começou a envelhecer. 


Quem sabe, pensou, com a maturidade, a resposta que desejava não viria até ela? Mas nada aconteceu... os anos trouxeram-lhe problemas de memória. Logo, acometida pelo Alzheimer, faleceu entre as brumas do esquecimento, sem lembrar-se, sequer, qual tinha sido a pergunta.



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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...