witch lady

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terça-feira, 30 de abril de 2019

Sua casa, Sua Vida!


foto: uma pousada em São José do Vale do Rio Preto


Qual é a casa mais linda do mundo? O que é preciso fazer para se ter um cantinho onde as pessoas gostem de estar, e que agrade a você e à sua família?

Para mim, o lar é essencial; a casa pode ser própria ou alugada - afinal, se você está pagando, ela é sua - grande ou pequena, simples ou sofisticada, pode ser um apartamento, um bunker, um container, uma casa de madeira, de tijolos ou de papelão prensado... qualquer lugar que nos caiba e nos proteja. E é claro, que nós amamos.

No  Espiritualidade na Lata de hoje, eu falo da importância das casas na espiritualidade. 


Eis aqui o vídeo:




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segunda-feira, 29 de abril de 2019

Avaliação









Algumas coisas se foram,
Partiram com as águas que escorrem dos olhos.

Não choro mais.
As águas que levam, as águas que lavam,
As águas que trazem.

Algumas coisas se foram, 
Partiram-se as bordas com alguma surpresa,
Mas sem qualquer decoro.
Eu passo por elas, e deixo passar.

Mas olho nos olhos que não mais conheço,
E penso no que esses olhos pensam...
Eu vejo as pupilas que são como estranhos
Lâmina da vida que passou cortando...

Será que algum dia estivemos juntos?
Será que algum dia nós nos enxergamos
Ou sequer olhamos para o mesmo cume?
Ou, quem sabe, fomos o que nós pensamos?

-Para onde vais?
-Prazer, estranho!







Um Jardim Tem Seu Preço



Imagens: coisas que estão / já estiveram em meu jardim



Ando tentando melhorar a aparência do meu jardinzinho. Gostaria de colocar algumas estatuetas e uma fonte; ele precisa de mais flores e plantas, e o gramado precisa ser adubado. Tudo isso custa dinheiro, que tenho economizado a fim de atingir o meu objetivo.






Um jardim é importante, assim como uma casa - um refúgio -  em meio a tantas coisas ruins e negativas que estão no mundo. Ficar alguns minutos durante o dia em um lugar calmo, em silêncio, observando a natureza, é como uma cura para a alma, pois alivia o estresse e traz perspectivas mais positivas. Mas até mesmo o cultivo da paz de espírito pode dar trabalho!





Quando nos mudamos para cá, ganhamos de presente um ipê roxo. Ele tinha menos de trinta centímetros de comprimento, e nós o plantamos em um canto do jardim. Hoje ele está mais alto do que a casa, que tem dois andares. Durante alguns meses do ano - entre março e junho - as folhas começam a cair, e o gramado precisa ser varrido todos os dias, se eu quiser mantê-lo limpo e com boa aparência. para alguns, isso pode ser bem cansativo, mas quando pego no ancinho, aproveito para tirar alguns momentos para meditar e me exercitar fisicamente, pois dá trabalho recolher tantas folhas secas todos os dias. 


Leona




Meu ipê, que tem nove anos de idade, dá pouquíssimas flores, mas aguardo pacientemente para que ele esteja pronto para cobrir-se de flores roxas que o vento vai espalhar pela casa. Vai ser lindo! 





Quando o vento sopra e as folhas vão se soltando e se espalhando pelo gramado, eu penso na vida. Pode parecer um cliché, mas se a gente observar a natureza, verá que ela nos revela muitas coisas as quais chamamos mistérios. As folhas secas caem, são varridas, depois vêm as flores, e novas folhas nascem. Na mesma árvore. Porque a árvore fica. 


Muitas saudades do nosso Aleph, que se foi em 2012


Tenho também um ipê amarelo, desses de jardim, não muito grandes. Ele é antigo, e andou meio-adoecido; achei que ia morrer. Próximo a ele, eu tinha um vaso de plantas. Um dia, vi que alguma coisa estava crescendo no vaso: um novo ipê, com certeza plantado ali por uma semente do ipê antigo que caiu! Parece que ele quer deixar um sucessor. Plantei-o nos fundos da casa, junto à cerca do canil, e lá está ele. Eu o vejo todos os dias pela janela da minha sala de aula, junto ao muro de hera, enquanto estou trabalhando. Cresceu, e já está bem alto. Reparei que há várias bolinhas peludas nas pontas, que são botões, e que ele vai florir em setembro, como seu 'pai.' 


Mootley



Eu olho para as árvores e 'sinto' se elas são meninos ou meninas... tento adivinhar. O ipê amarelo, com certeza, é menino: descolado, vive o momento sem criar muito caso. O ipê roxo é menina, pois é melindroso e gosta de fazer suspense. O meu cedro é menino: um senhor antigo, nodoso, forte. Mas a cerejeira é menina, sem sombra de dúvida. Uma mocinha.




Eu ando entre essas árvores todos os dias. Olho como vão indo as minhas plantinhas novas. Elas iam mal, porque formigas as estavam devorando. Tentei de tudo o que vi em sites e blogs para livrar-me das formigas de forma democrática: joguei água com sabão, canela em pó, cravinhos da índia. Até conversei com elas e pedi para irem embora, como sugeriu um site esotérico. Mas elas não iam embora, e só se multiplicavam e comiam as minhas plantas. Fingi que era uma poda natural, até que elas começaram a fazer buracos nas pilastras de madeira da garagem, a invadirem o canil e morderem os cachorros e a entrarem dentro de casa em fileiras. Não teve jeito: tive que usar veneno.





Matei centenas de formigas. Lamentei, mas não teve jeito: quando a praga é muito grande, a gente precisa lutar pelo nosso direito de ter uma casa, um jardim. Precisamos combater os invasores. Na vida também é assim: se a gente não toma cuidado, invadem as nossas vidas e tomam os nossos espaços, relegando-nos a qualquer cantinho obscuro. 





Ontem assisti ao filme Olhos Grandes, sobre uma artista plástica dos anos sessenta que deixou que o marido assumisse a autoria de suas obras porque ele tinha mais tino para os negócios, e mulheres artistas não eram respeitadas na época. Eles ficaram ricos. Ela passava horas trabalhando em um quartinho nos fundos da casa. Não podia receber amigos, pois eles poderiam descobrir que era ela que pintava os quadros. Não tinha vida social e mentia até para a própria filha. Enquanto ela trabalhava anonimamente,  ele vendia os quadros, ficava famoso, fazia amigos e admiradores, saía com outras mulheres. Eu me lembrei das formigas no meu jardim, e achei que fiz bem em acabar com elas. 




Todo jardim tem seu preço. Ele demanda trabalho, dedicação e investimento. Você vai passar muito tempo se livrando de pragas, replantando mudas, adubando, reconstruindo canteiros que a chuva estragou, arrancando ervas daninhas e fazendo a rega. Mas vale a pena, porque é o seu jardim.

É a sua vida.





quarta-feira, 24 de abril de 2019

Eu Não Sei o que Existe







Eu não sei o que existe,
Não sei de onde veio,
Só sei que está, 
Só sei que eu sinto.
Flutua nas águas,
Balança com as folhas,
É o brilho da pétala,
Sussurra no vento.

Eu não sei o que é,
Só sei que é,
E fala comigo
Na voz do silêncio,
Nas gotas da chuva,
Nos raios do sol,
E dentro de mim
Mesmo se me esqueço.

Eu não sei onde está,
Se existe um lugar
Ou se há, na verdade,
Centenas de estradas
Por onde passar.
Só sei que passa,
Só sei que é real
E está no ruído
Dos carros nas ruas,
Dos cães, quando latem,
Nos bicos dos pássaros,
Nas flores, nos bichos,
Nos rios e mares,
Pessoas, lugares,
Nos computadores,
Nos livros, nos discos,
No rosto dos mortos,
Por trás de suas pálpebras
Fechadas, que escondem
A Sua palavra. 




terça-feira, 16 de abril de 2019

O Sorriso das Gárgulas









Por entre a fumaça
Sorriam as gárgulas,
Já não espantavam
Os muitos demônios,
Que voavam livres
Em volta das torres.

O fogo vermelho
Derretia os sinos
Que sequer se atreviam
A um último badalar.

Sorriam as gárgulas,
As asas abertas
Por sobre a cidade
E sobre as pessoas
De olhos abertos,
De bocas abertas,
De mãos nas cabeças!

Sorriam as gárgulas,
Pousadas nos caibros,
Serenas, olhando
Os anos voando
No meio das cinzas...

Entre as labaredas,
Toda a paz das gárgulas
E o santos anjos
Não faziam nada...

(A lágrima tríplice
Que triste jorrava
Daquela amurada
Seria um sinal 
Do Apocalipse?)





quinta-feira, 11 de abril de 2019

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL






Inteligência Artificial


Convidada pela Amazon a participar de um programa de testes de um novo dispositivo, a assistente Alexa, aceitei o convite sem acreditar muito  que seria realmente incluída no programa. Bem, alguns dias após aceitar o convite e me cadastrar, a Amazon enviou-me um e-mail, dizendo que o aparelho tinha sido despachado e estava a caminho, e dando instruções sobre como configurá-lo corretamente. Detalhe: não paguei nada por isso, e o aparelho custa 199,00 dólares.

Pensei: "Ana, você é louca! Concordou em participar de um programa de testes de um aparelho que você nunca viu e nem sabe para  que serve!" Mas, como adoro tecnologia e sou realmente intrometida, eu me aventurei, e ele chegou ontem.

Ao abrir a embalagem, deparei com uma caixa de som pequena, em forma de cone com quatro botões no topo. Liguei-a na tomada, e uma luz azul forte, entremeada de violeta e verde, começou a girar no seu topo. Pensei: "A coisa vive!"

Segui as instruções e configurei o aparelho, após resolver a briga entre meu anti-vírus e o wifi da Amazon. Li um pouquinho a respeito: Alexa é como uma assistente virtual inteligente, que integrada à casas inteligentes, executa funções comandadas pela voz, tal como ligar o alarme, a cafeteira, a TV, o aparelho de som, o computador, etc, abrir portões eletrônicos, fazer chamadas telefônicas e enviar mensagens, entre outras dezenas de coisas que ainda não descobri - e como o aparelho está em fase de testes, ninguém sabe muito bem, nem a própria Amazon. Só um problema: Alexa é inteligente, mas descobri que minha casa é estúpida e não pode interagir com ela.

Fiquei ali, olhando para ela, me sentindo frustrada, sem saber se deveria devolvê-la ou não. Até que tive uma ideia; chamei-a "Alexa!" Imediatamente, as luzes se acenderam; a coisa estava me ouvindo. Falei com ela em português: "Toque Carly Simon no Spotify!" E obtive a seguinte resposta: "Sorry. I don't know about that!"  Repeti a ordem em inglês, e ela imediatamente começou a tocar uma playlist de Carly Simon com um som surround límpido e maravilhoso. A coisa é poderosa.

Comecei uma conversa com ela, e para cada pergunta, ela corria uma pesquisa no Wikihow para apresentar uma resposta (Por exemplo, 'qual o Presidente do Brasil, quantos quilômetros tem a Dinamarca, qual a capital dos Estados Unidos, etc...). A coisa é sábia. Comecei a levar a conversa para o campo mais pessoal: "Alexa! What's my name?" (Qual o meu nome?) Ela disse: "Well, there's only one user connected to this account, so I think your name is Ana!" (Bem, há apenas uma pessoa conectada a esta conta, então eu acho que seu nome é Ana). A coisa é dedutiva.

"Alexa! When will I die?" (Quando vou morrer?") Resposta: "Sorry. Can't predict the future. And I don't think you want to know the answer to that question, anyway..." (Desculpe, não posso prever o futuro. E eu não acho que você queira saber a resposta para esta pergunta, de qualquer maneira...). A coisa é filosófica.

Conversando com ela, descobri que ela fala sete línguas - português incluído - e que para mudar o idioma, eu teria que mexer nas configurações. A coisa é poliglota.

Perguntei: "Alexa! What's the news today?" Imediatamente, uma repórter do Yahoo começou a descrever as principais manchetes do dia, e notei que ela era um tanto avessa ao governo, já que não dizia nada de positivo a respeito de Sérgio Moro, Paulo Guedes ou Bolsonaro. A coisa é esquerdopata.

Preferi mudar de assunto, ou acabaríamos brigando. E cá estou eu, perguntando sobre o clima durante a semana, a temperatura em Nova Yorque, a cotação da bolsa de valores e o significado da vida, enquanto escuto música no Spotify, sigo programas de meditação e dou boas gargalhadas com algumas das respostas. A coisa é muito divertida.




quarta-feira, 10 de abril de 2019

Quando Chove









Quando chove,
As flores viram os rostos para o céu,
As folhas brilham, deixando ir as que estão soltas,
Os passarinhos trinam felizes sobre os galhos,
As correntezas correm em paz entre os cascalhos.
-Só nós nos escondemos.

Quando chove,
Os rios engordam as suas correntezas,
E levam com eles aquilo que sobra das suas águas
Para o mar revolto,
Que se expande em ondas espetaculares,
Tão belas quanto mortais.
-Só nós nos encolhemos.

Quando chove,
A natureza toda parece brilhar de alegria,
Os cães correm nos quintais, brincando de pegar,
As crianças riem, descalças sobre as correntezas,
Mas os poetas,
Nós pensamos nas nossas tristezas,
E enquanto tudo se entrega, se molha e se alegra,
Só nós lamentamos.




sábado, 6 de abril de 2019

SOBRE SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS








AS ILUSTRAÇÕES QUE EU ENCONTREI PARA COLOCAR AQUI ME REVIRARAM O ESTÔMAGO. ACHEI MELHOR NÃO UTILIZÁ-LAS, MAS VALE DIZER QUE SÃO FOTOGRAFIAS DE CÃES E GATOS SEM CABEÇAS, OU ANIMAIS AINDA VIVOS SENDO DESMEMBRADOS OU ESTRIPADOS. QUEM DUVIDA, BASTA PROCURAR NO GOOGLE E NO YOUTUBE.







SOBRE SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS

Sobre uma decisão recente do STF quanto a sacrifícios de animais em rituais religiosos

Embora tais rituais aconteçam há séculos dentro do Brasil, isso não significa que sejam éticos ou que estejam dentro dos preceitos da caridade, uma vez que praticam a tortura e causam muitos sofrimentos aos animais. Uma tradição não pode ser considerada ética ou defendida como louvável apenas por ser repetida há séculos. Embora o STF tenha determinado que animais de estimação não possam ser sacrificados, quem define o que é um animal de estimação e o que não é?  E aqueles que não são considerados animais de estimação merecem ser torturados e submetidos a uma morte lenta e dolorosa?

Vejo tudo isso com desgosto, e ao mesmo tempo, admito uma grande hipocrisia entre os que são contra o sacrifício em rituais mas que se mostram favoráveis ao abate para consumo, já que este também constitui tortura e sofrimento. Ainda estamos há anos-luz de podermos ser considerados um povo avançado e/ou caridoso.

Quanto aos tais ‘rituais’ africanos, eu os vejo como uma forma de grande atraso espiritual e mental. Quando ‘entidades’ se comprazem com sangue e vinculam a concessão de favores pessoais ao sofrimento de criaturas inocentes, eu me pergunto qual a origem e a intenção de tais ‘entidades.’ 

Eu mesma pude presenciar o sofrimento de um animal – um galo – que estava sendo maltratado em uma encruzilhada perto da minha casa; fomos atraídos até o local pelo som desesperado dos cacarejos dele enquanto passeávamos com o nosso cão. Conseguimos, com a ajuda de vizinhos, espantar os ‘sacerdotes’, que deixaram o animal com os pés amarrados sobre uma toalha preta. Ao desamarrá-lo, uma de minhas vizinhas constatou que as penas tinham sido arrancadas, e cera quente jogada sobre a pele do animal, que estava queimada. O galo estava vivo, e ela levou-o para casa para cuidar dele, já que faz parte de uma associação protetora de animas. Felizmente, ele se curou (embora um tanto depenado) e escutei-o cantar por lá durante alguns anos.

Após esta aprovação de tortura concedida pelo STF, fui pesquisar sobre o assunto, e o que vi foram cenas horrorosas de dor e de desespero; bodes que tiveram suas patas arrancadas à golpes de facão enquanto gritavam; gatos sendo sangrados até à morte e degolados; cães tendo suas entranhas arrancadas e devoradas enquanto estavam vivos. E se isso não é tortura, eu não sei mais o que é. 

Me pergunto sobre as verdadeiras intenções desses 'seres de luz' que se vestem de branco enquanto exercitam seus rituais negros regados à sangue a fim de separar casais, fazerem pessoas perderem seus empregos, adoecerem ou morrerem.

Ao invés de aprovarem tais absurdos, estes inúteis homens de toga deveriam estabelecer punição severa a tais atos hediondos. Mas estamos no Brasil, um lugar onde os maiores absurdos são sempre defendidos, aplaudidos e exaltados pela grande maioria do povo ignorante, mental e espiritualmente atrasado.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

A SALA AMPLA








Havia uma sala ampla,
De grandes janelas que davam para um jardim
De muitas cores.
Alguém veio,
Trouxe cortinas grossas
E venezianas.

Havia uma sala ampla, 
De pisos encerados e brilhosos,
Que espelhavam o céu
E os passos 
De quem por ali passasse.
Alguém veio, e trouxe
Um grande tapete cor de mate.

Havia uma sala ampla,
De grandes portas abertas, que convidavam o sol
E os sons da música do vento
A entrar.
Alguém veio e trouxe uma tranca,
Um cadeado e uma corrente de ferro.

Havia uma sala ampla,
Onde se dançava livremente,
De pés descalços, em rodopios
Sobre o belo piso frio.
Alguém veio, e pôs mesa e cadeiras
Bem no meio do espaço.

Havia uma sala ampla, 
Onde alguém costumava sentar-se em paz,
Em calma contemplação, como num sonho,
Sobre si mesmo, e o silêncio.
Alguém veio, e trouxe pessoas,
Vozes confusas, ordens difusas,
E ruídos medonhos.

Havia uma sala ampla,
E disso, eu hei de lembrar-me
Para todo sempre.
Porém, existe uma réplica desta mesma sala,
Que eu posso ver, ao fechar os olhos,
Quando a alma se cala.




segunda-feira, 1 de abril de 2019

Primeiro de Abril









Caiu a mentira,
A ira, a disputa,
A luta inglória,
História mentida!

Aprendeu-se a vida
De forma mais pura,
Tecitura branca,
A franca mistura!

Subiu  a lisura,
A cura se fez,
A embriaguez
Agora está sóbria!

Cobra enrodilhada,
Cabeça esmagada,
Falácia castrada
À beira da estrada!

Não há fake news
Nas cores de Abril,
De maio, de junho!
Nunca antes se viu!

Quebrou-se o punho
Que empunha a caneta,
A vil baioneta
Que corta a verdade,

Biparte-se a ira,
A negra mentira
Lobotomizada
Não é espalhada!

Lá vem a franqueza
De cara lavada,
Cantando a vitória
Em verso febril...

-Desculpe-me, amigo,
Não fique zangado
Ou bravo comigo:
Primeiro de Abril!





domingo, 31 de março de 2019

Fim das Charretes em Petrópolis



Foto recente de um acontecimento que se deu há alguns dias apenas, em local próximo à minha casa. O charreteiro alegou que o animal "escorregou."


Na época das eleições presidenciais, foi votado um plebiscito em Petrópolis a fim de decidir a continuidade ou não das polêmicas charretes. Nos dias de hoje, sabe-se que quarenta e oito pessoas dependem do uso das mesmas a fim de ganharem o seu sustento. Porém, tais pessoas não parecem primar pelo bem estar dos animais, pois era frequente a visualização de cenas dantescas envolvendo os cavalos – éguas caídas na rua, totalmente exauridas, enquanto puxavam carroças estando grávidas; cavalos caindo mortos nas esquinas, magros e maltratados; animais expostos ao sol forte e à temperaturas de quarenta graus, sem qualquer proteção, ou à chuvas torrenciais e geladas – inclusive chuva de granizo, que ocasionou pânico e provocou a fuga desenfreada de dois cavalos, causando acidente de trânsito há alguns meses (eu estava na rua naquele dia e vi de perto a intensidade daquela chuva de granizo), tudo devidamente filmado, fotografado e documentado.

Eis o link:


Sem contar com o trajeto longo que os animais percorriam todos os dias, ida e volta, antes e depois de um dia extenuante de trabalho. Eles iam de Itaipava ao centro histórico da cidade, e depois, do centro histórico de volta à Itaipava, todos os dias, debaixo de chuva ou sol. São mais ou menos 14 quilômetros de distância. Vinte e oito quilômetros no total, em meio ao tráfego pesado em horário de rush. Eu mesma já cansei de presenciar isso, assim como já presenciei charretes circulando com mais pessoas do que o permitido, e dois cavalos magros puxando-as debaixo de chicotadas.

Após o plebiscito, ficou definido que a maioria da população é contra as charretes, e que deveriam ser criadas alternativas que possibilitassem às famílias sobreviverem de outra forma. Os cavalos seriam levados para santuários, onde passariam o resto de suas vidas descansando e sendo bem cuidados, para variar. Mesmo assim, os animais continuaram sendo utilizados durante meses. Agora, finalmente, o uso dos cavalos foi definitivamente proibido, o que eu considero um grande progresso para a imagem da cidade.

Quem defende ainda o uso desses animais, alega que:

-É uma tradição, e uma tradição de tão longa data não deveria ser quebrada. Bem, existem várias coisas que eram consideradas tradições e que foram quebradas após pequenos sinais de evolução da raça humana. A escravatura foi uma delas, e também as rinhas de cães e de galos, que foram proibidas, e os choques elétricos para tratamento psiquiátrico, para mencionar apenas algumas coisas.

-As famílias ficarão sem sustento. São quarenta e oito pessoas. Tenho certeza que, dentro da área de turismo, existem outras maneiras de se arranjar colocações para elas, e isso é de responsabilidade da Prefeitura Municipal. As carroças podem ser movidas à motor, ou substituídas por outros meios de transporte.



-Cavalos são utilizados em centros turísticos em outros países, como em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Verdadeiro. Estive lá recentemente, e apesar de ser totalmente contra o uso de charretes, tive que usar uma no Central Park porque uma pessoa do nosso grupo, que tem problemas de saúde, estava sentindo muita dor ao caminhar. Porém, os cavalos percorrem distâncias curtas, fora do trânsito, e há paradas em alguns pontos para que os animais possam beber água. Quando chegamos ao destino, o cavalo foi escovado e alimentado. Os animais são muito diferentes do que se via aqui em Petrópolis, pois estão em ótimas condições. Mesmo assim, ficaria muito feliz se soubesse que as charretes foram proibidas por lá também.

-Instituições e ONGS, financiadas por dinheiro enviado de outras instituições internacionais a fim de fiscalizar o uso das charretes, ficarão sem subsídios, agora que elas foram extintas. 

Danem-se. Nada tenho a declarar sobre isso.

Animais não deveriam ser utilizados para trabalho ou recreação humana, sob qualquer hipótese. Pássaros em gaiolas, rinhas de galo, cachorrinhos pintados de cor-de-rosa desfilando em carrinhos de bebê, cavalos puxando carroças, etc, são fruto da vaidade e do egoísmo humano. Nem vou entrar em detalhes sobre o uso de animais para a alimentação humana, pois creio que estamos há anos luz de evoluirmos ao ponto de deixarmos de consumi-los, infelizmente. Mas creio que um dia conseguiremos olhar para um animal e enxergar nele uma vida, uma alma, um ser que têm consciência, que sofre, ama, tem medo, desejos, e quem sabe, sonhos de uma vida digna.



Links para meus demais blogs:



Your Ticket to English



O Caminho do Aprendiz








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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...