witch lady

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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Janelas & Portas





Toda casa tem janelas e portas. Elas servem para proteger, tanto da violência do mundo quanto das intempéries da natureza. Ao fecharmos as janelas e portas, ficamos - pelo menos, em tese - protegidos contra ladrões e invasores, olhares curiosos, excesso de raios de sol que destroem e desbotam, chuva que apodrece os madeiramentos, insetos que podem penetrar e causar danos, enfim, nos sentimos protegidos. Todo mundo, ao ausentar-se, tranca sua casa antes de sair. Se possível, instalamos sistemas de segurança, câmeras escondidas, ou ao menos, pedimos a um vizinho amigo ou a um membro da família que olhe pela nossa casa e/ou pelos nossos animais e plantas enquanto estivermos fora. Assim, guardamos a esperança de que tudo esteja da mesma forma que deixamos quando retornarmos. 

Da mesma forma, deveríamos proceder com as nossas vidas. Às vezes, por impossibilidade, falta de coragem ou desejo de agradar sempre, acabamos deixando que continuem em nossas vidas pessoas potencialmente nocivas, curiosas, maldosas ou interesseiras. É claro que não podemos excluir todo mundo que não seja perfeito ou que não corresponda aos nossos padrões, mas podemos, digamos, instalar algumas "câmeras escondidas" e monitorar o comportamento destas pessoas. E quando elas tocarem em uma maçaneta a fim de terem acesso a um cômodo no qual não estejam autorizadas a entrar, elas prontamente levarão um choque de advertência. Não é bom sair por aí se abrindo com todo mundo, ou ficar contando sobre nossos sonhos e projetos. 

Minha Tia Rosa costumava dizer, quando éramos crianças e ficávamos tentando tirar a colher de pau da mão dela quando ela batia um bolo: "Tirem a mão! A massa desanda quando o bolo é muito mexido." E ela tinha razão. A melhor maneira de vermos nossos planos irem por água abaixo, é sairmos por aí contando para todo mundo. A massa desanda.  Entra água ou areia onde não devia. 

Melhor fechar as portas e janelas de vez em quando e preservarmos a nossa casa, os nossos planos e a nossa intimidade.










quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Insinuações


É preciso ter equilíbrio...




Olhar de lado, deixar escapar uma frase ou comentário insinuante sobre o comportamento de alguém que está ou não presente, e que pode ser verdade ou não: a isto se chama insinuação. Insinuações são indiretas. É não dizer diretamente o que se pensa a respeito de alguém ou alguma coisa, muitas vezes, desejando despertar a desconfiança das outras pessoas em direção a alguém de quem não se gosta. Outras vezes, aquele que insinua não tem coragem de dizer na cara o que está pensando. Pode ser porque ele (a) não tem certeza do que está dizendo, ou então, porque é covarde mesmo.

Eu tenho um problema: não sou de insinuações. Se alguém disser algo que possa me ferir ou aborrecer, eu procuro a pessoa (se eu achar que esta pessoa vale a minha preocupação) e tento esclarecer o assunto de maneira direta, de forma que não fique nenhuma dúvida a respeito. Caso contrário, beijinho no ombro!

O problema da insinuação, é que ela muitas vezes está disfarçando a real intenção de quem a pronuncia: fazer fofoca. Criar calúnias ou dúvidas sobre o caráter de alguém. A notícia se espalha feito rastilho de pólvora, e daqui a pouco, o que começou como uma simples insinuação, torna-se uma afirmação da verdade - uma verdade que não existe, a não ser na cabeça de quem a criou. 

Insinuação, para mim, é coisa de cobra. Até o excesso de sons  "sss..." contidos nesta palavra, me faz lembrar o sibilar de um ofídio. As cobras se arrastam pelo chão, andam pelos cantos e atacam de surpresa.  E ao enterrarem suas presas na carne da vítima, fazem-no de modo que a picada seja fatal, se a vítima não for socorrida a tempo: mata misericordiosamente.

Mas quem insinua não quer matar rapidamente; quer fazê-lo bem devagar. Quer comer pelas beiradas, a fim de ter o prazer de ver sua vítima desfazer-se aos poucos entre suas presas. Quer saborear a sua fofoca azeda e desfrutar do prazer de ver todo mundo se voltando contra a sua vítima, que muitas vezes, nem percebeu nada. E caso perceba e vá tirar satisfações, o insinuador fará aquela cara de surpresa: "Eu??? Eu não disse isso, não foi sobre você, foi sobre uma coisa que me aconteceu."

Ao longo da minha vida, conheci muitas pessoas assim, que gostam de insinuar coisas. Por isso mesmo, diante da repulsa que elas me causam, aprendi a ser direta e firme nas minhas afirmações - e jamais insinuar coisas sobre as pessoas se eu não tiver certeza, e caso eu diga alguma coisa da qual eu não tenha certeza, sempre arremato com: "Eu não tenho certeza absoluta sobre o que estou falando, é só uma especulação. Posso estar errada." Mas quem insinua, o faz de maneira tão sutil, que deixa no ar apenas um fio de raciocínio para que os ouvintes sigam e acreditem no que quiserem. 

Pessoas trisssstessss......






segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Uma Noite de Pesadelo








Na última sexta-feira, fomos despertados com a campainha tocando à meia-noite. Ficamos muito assustados. Meu marido cautelosamente olhou pela janelinha do portão - ficamos com medo de abrir a porta, é claro - e ouvimos alguém gemendo muito. 

O que você faria em um momento desses? Voltaria para a cama e continuaria a dormir? Bem, eu acho que não!

Imediatamente, liguei para a emergência do SAMU. Expliquei a situação. Eles me fizeram várias perguntas, inclusive, quem era a pessoa em questão - até aquele momento ainda não tínhamos tido a coragem de abrir a porta - e informei que eu não sabia quem era. Ele me instruiu a ligar para a polícia, pois segundo o atendente, ele não colocaria sua equipe em situação de risco. Segui as instruções dele, mas o 190 não atendeu, mesmo após várias tentativas. 

Meu marido abriu o portão parcialmente, e viu que se tratava de uma vizinha nossa. Ela estava semi-inconsciente e completamente mole. Na testa havia um enorme "galo" que sangrava. Ela sofre de problemas nervosos e toma vários medicamentos para depressão e ansiedade, uma doença que é frequentemente tratada como "frescura" por pessoas ignorantes. Em outras ocasiões, quando ela apresentou quadro semelhante, algumas pessoas me disseram que ela exagerava, que não passava de teatro. Bem, quem sou eu para julgar? Não sou médica para fazer diagnósticos.

Diante do quadro que meu marido presenciou ao abrir o portão, liguei para os bombeiros novamente e expliquei a situação. Ele nos aconselhou a chamar alguém da família dela.  Meu marido subiu as escadarias da casa da mulher e fez contato com o filho dela, um rapaz entre dezesseis ou dezenove anos, que tentou acordá-la, mas não conseguiu. Chamei o corpo de bombeiros várias vezes, mas ninguém atendeu. Assim, voltei a chamar o SAMU, explicando a situação. Falei com um médico da emergência que me instruiu a fazer massagens no peito dela, pois desta forma, ela provavelmente acordaria. Não estou apta a prestar primeiros socorros, e não quis fazer o procedimento e piorar a situação, então passei as instruções dele para o filho dela, mas ele não conseguiu acordá-la. 

Daí foram várias ligações solicitando ambulância, algumas ligações atendidas, outras não. 

Em uma das vezes, voltei  a ligar para o SAMU pedindo  uma ambulância, mas eles alegaram que todas estavam em serviço no momento e me instruíram a ligar de novo para o Corpo de Bombeiros.

Pedi uma ambulância após explicar novamente do que se tratava, e o atendente me disse que a ambulância deles estava em atendimento e ia demorar cerca de meia hora ou mais, mas me garantiu que iriam. Após uma hora de espera, com a  mulher na mesma situação (conseguimos sentá-la em uma cadeira de jardim que levei para a calçada) ela acordou e conseguiu tomar alguns goles de água com açúcar, disse que estava sentindo dores no peito e na cabeça, e ficou inconsciente novamente. Liguei para o SAMU mais uma vez, e eles me disseram que iriam fazer contato com o sargento "X" do corpo de bombeiros e que ele ligaria para mim. Pensei que finalmente obteria algum tipo de ajuda, e suspirei aliviada, mas foi aí que o pesadelo piorou. Deu-se mais ou menos o seguinte diálogo:

- Alô, aqui fala o sargento "X" do Corpo de Bombeiros. Você é a Pâmela do Humberto Rovigati?

-Não, sou a Ana Bailune do Retiro.

 (Ele, começando a ironizar:)

-Sei... mas você me ligou ainda há pouco dizendo que era Pâmela do Humberto Rovigati.

-Não liguei não. Sou a Ana do Retiro.

(aos berros:)

-Você está querendo me deixar mal com o pessoal do SAMU? Sabia que eu posso mandar a polícia atrás de você?

-Se o senhor conseguir ligar para eles, pode mandar, pois eu já tentei e não consegui!

-Você me ligou dizendo que era Pâmela do Humberto Rovigati e agora me diz que é Ana do Retiro? Engraçadinha! Sabia que eu estou gravando esta ligação? 

-Eu também!(E eu realmente estava gravando).


-Ah, você também? Que gracinha!

-Escute, eu só quero assistência para uma pessoa! Não estou afirmando que alguém do Humberto Rovigati não te ligou, só estou dizendo que não fui eu! Meu nome é Ana Bailune (disse meu endereço) e eu sei onde eu moro!

Eu disse que tinha testemunhas por perto que poderiam comprovar o que eu estava dizendo. Daí ele começou a fazer um monte de perguntas - na voz, o mesmo tom de irritação,  ironia e escárnio, e pediu para falar com o filho da mulher. Disse a ele que a ambulância ia demorar. Perguntou a mesma coisa ao garoto várias vezes - eu sei, porque ouvi a gravação depois que ele desligou. 

Esperamos até às duas e e pouco da manhã, e a ambulância não veio. A mulher começou a acordar e conseguimos fazê-la levantar-se e voltar para casa apoiada no ombro do filho, sem atendimento. Lembrando que ela ficou naquela situação, podendo morrer, por mais de duas horas. Poderia estar tendo um ataque cardíaco ou um derrame. A concussão na cabeça poderia tê-la matado. 

Tentei contato com os bombeiros para cancelar o pedido da ambulância, mesmo sabendo que eles não tinham a menor intenção de enviá-la, mas ninguém atendeu a ligação. Daí liguei para o SAMU e fiz o cancelamento.

Fui para a cama me sentindo fraca, exposta, vulnerável e impotente. O homem que me ameaçou e gritou comigo ao telefone sabe onde moro, meu nome e endereço. Todo o estresse que eu acabara de sofrer veio à tona. Tive uma crise de choro de madrugada, e na manhã seguinte, me levantei péssima para trabalhar, pois mal consegui dormir. Eu precisava fazer alguma coisa.

Fui à página deles no Facebook e deixei um comentário, contando o ocorrido e pedindo que o caso fosse apurado. Eles excluíram o post na mesma hora e me bloquearam. 

Recorrer ao Ministério  Público? Que chances eu tenho, se vivo em um país como este, onde não existe justiça? A mulher em questão é apenas uma mulher, muito pobre, doente, quase cega. E eu, segundo as estatísticas, também não sou ninguém. Vivo em um mundo no qual a vida e a integridade das pessoas honestas, que pagam seus impostos, não vale merda nenhuma. Somos ignorados, destratados, ironizados e ameaçados por aqueles que deveriam nos proteger e zelar pelo nosso bem-estar - e são pagos para isso.

Isso me faz pensar: da próxima vez, eu acho que vou fingir que não escutei a campainha. Vou virar para o outro lado e tentar dormir, porque toda vez que eu tento ajudar alguém, é isso que acontece. Daí, com toda certeza, alguém vai querer me processar por omissão de socorro. 

 E é assim que começamos a perder a nossa humanidade. É assim que nos tornamos, cada vez mais, criaturas frias, egoístas, agressivas e sem educação- como o sargento "X". 




quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Não Creem em mim







Não creem em mim quando eu digo
Que eu a vi,
Bem ali, naquela nuvem
Que desliza entre as duas montanhas.

Eu te diria, se tu cresses,
Das noites em que ela me veio
De um outro mundo
Durante meu despertar.
Trazia nos olhos um brilho estranho,
Não sei se de felicidade
Ou de pena.
Nos lábios, um pálido rosado
De quem já ressuscitou.

Eu te diria, se tu cresses,
Dos lugares onde ela esteve,
Das histórias que me contou.
A sua pele era branca, sem marcas ou dobras,
Um semblante sem idade
Que trazia, em si, todo o tempo que já existiu.

O seu riso era tão fácil,
Mas as lágrimas, também...
Ela tinhas as mãos na cintura,
Usava um vestido leve
Todo enfeitado de flores.
Ah, eu te diria muito mais!
Mas... eu sei que tu duvidas.
Ela me falou, numa certa noite,
E o que ela disse está guardado
Em algum lugar da minha memória
Do qual eu me esqueci;
Mas as palavras estão todas lá, vivas,
E elas aguardam o tempo de serem ouvidas.

E quando eu me sento no jardim,
Cercada de verde por todos os lados,
Ela passa, de repente, e com pressa,
Sopra uma folha de árvore, que balança
(Embora não haja nenhum vento)
Só para me dizer que está ali.

E eu te diria, se tu cresses,
Que ela um dia caiu com a chuva
E, escorregando a mão sobre a minha vidraça
Escreveu as letras deste poema.





segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Contas









Eram contas de um colar pesado,
Sem brilho, um tanto funesto
Que alguém usava em volta do pescoço
Como uma forma de protesto.
Elas traziam o peso dos anos
Insanos marcos de um viver profano;
Com nó de forca denso e sufocante,
Feria a própria pele qual um tirano.


Pagava as contas que já havia pago,
Cobrando outras já prescrevidas, 
E um peso insano arrastava, assim,
Ao longo de toda a sua pobre vida.

As contas negras e acinzentadas
Ao fogo da injúria moldadas,
Não conferiam nenhuma beleza
A quem, com orgulho, as portava.

Enfeite tosco, de puro mau gosto,
Um arremedo de joia valiosa,
Imitação barata e sem valor
Arte jocosa, ao fogo destinada.





segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

ABORRECIMENTOS







Aborrecimentos

Nessa minha vida
Não há mais espaços
E nem sequer tempo
Para tormentos voluntários.

E os involuntários
Que também são
Contratempos,
Eu deixo de lado,
Levados pelo vento.

Um gesto de mão,
Um olhar de passagem,
E eu deixo para trás,
Seguindo viagem.

A mesma paisagem,
Sob olhares diferentes,
Pode ser o céu,
Ou pode ser o inferno.

Nem todos os verões,
Ou todos os invernos
Mudarão aquilo
Que o outro sente.

A mesma paisagem,
A pele que sangra,
Num mesmo colar,
Diversas miçangas.

A mesma viagem,
Mas as estações
E as disposições
Sempre divergentes.





domingo, 31 de dezembro de 2017




ELLE 

Diretor: Paul Verhoeven
Com: Isabelle Ruppert, Laurent Lafitte, Anne Consigny e outros.
Lançamento: 17/11/2016
Gênero: suspense
Sonny Pictures
Nacionalidade: Franco-alemã


Premiado com o César em 2016 nas categorias melhor filme e melhor atriz (Isabelle Ruppert)

Michèle Leblanc, brilhantemente interpretada por Isabelle Ruppert, é um caso a se pensar. E pensar muito! Ela é o tipo de pessoa que adoramos ver em um filme, mas que raramente suportaríamos ter em nosso círculo de amigos (ou de inimigos) na vida real.

Ela é um poço de controvérias: extremamente moralista em relação à mãe, mas dorme com o marido de sua melhor amiga e sócia; sofre um estupro dentro da própria casa, mas ao invés de reportar o caso à polícia, torna-se amante de seu estuprador; não quer mais saber do ex-marido, embora sejam amigos, mas morre de ciúmes de sua atual namorada. Michèlle Leblanc, cujo pai está na prisão há quase 30 anos por ter matado em uma só noite 27 pessoas, seis cachorros e dois gatos (mas estranhamente, poupando um hamster) traz na veia algumas gotas de maldade. Herança genética?

Apesar de estar classificado sob a categoria “suspense,” o filme Elle me fez rir muitas vezes. Porque o bizarro surpreende, distrai, enfim, o filme é uma viagem de mais de duas horas pela vida de uma personagem egocêntrica que tem certeza que o mundo gira em sua volta – e ele gira, na verdade. Ninguém pode prever qual será a atitude dela diante dos fatos que se desenrolam. Quando esperamos por uma determinada reação, ela dá a volta e faz  coisa totalmente diferente. Implacável diante das pessoas de quem ela não gosta, Michèle é capaz de humilhá-las da maneira mais sutil, de modo que só elas mesmas possam perceber, enquanto os demais estão distraídos e totalmente envolvidos pela sua personalidade forte, extremamente sexy e absorvente. Cenas que nos fazem gargalhar, mas apenas quando as presenciamos através de uma tela. Pessoas como Michèle, na vida real, são intoleráveis.

A cena da festa de natal vale ser vista mais de uma vez. O filme todo merece ser assistido mais de uma vez – e eu o fiz duas vezes, dois dias seguidos. Não é muito fácil rever, logo no dia seguinte, um filme que tem mais de duas horas de duração. Na verdade, isso nunca me aconteceu antes. Mas existe alguma coisa em Michèle que nos atrai e nos repudia com a mesma força. É possível adorá-la em uma cena e odiá-la cinco minutos depois. Quando o filme terminou, eu fiquei olhando para a tela, lendo os créditos, ainda tentando entender o que eu tinha acabado de assistir. A história é uma mistura de encantamento, indignação, surpresa, raiva, e muitas, muitas gargalhadas.

O final é impactante. Mais impactante ainda, é a postura de Michèle diante do que acontece. E é claro, no fim de cada história, ela sempre consegue afirmar seu fascínio sobre as outras pessoas, não importa o que ela faça. Embora não tenha estudado psicologia, pude sentir ali alguns traços de psicopatia, alternados e emaranhados a sentimentos de ternura bizarros – ou dissimulados?

Um filme imperdível, embora esta frase seja um clichè. 







Quicksand





Your words drop into my ears
One 
By
One
Like in quicksand,
Sink in the silence
Of my own lack of words.

I don't know what else to say,
I've run out of options
I've become creatively numb.

If only I had a word
That could fit into your needs
And fill in your craving for answers
Which can't be found
In the depths of your own
Quicksand...










quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Textos Longos / Textos Curtos



Pela segunda vez, fui questionada em meu blog "Histórias" sobre a extensão de meus textos. O "Histórias" é um blog de contos e novelas, no qual eu exerço a minha criatividade mais do que em qualquer outro espaço. Os personagens de minhas histórias e contos vão surgindo, e eu lhes cedo um lugar na minha sala e converso com eles. Não seria educado limitar o que eles me dizem.

Se os contos são bons ou não, não cabe a mim julgar. Eu os escrevo conforme me surgem, e não me preocupo em demasia com a gramática e sequer faço algum tipo de revisão. Eles são postados como me surgem. E acho que este é o objetivo de um exercício criativo: exercer a criatividade livremente.

Não sou uma escritora - poderia considerar-me como tal caso eu escrevesse sob o selo de alguma editora que financiasse meus escritos, ou se eu os vendesse de alguma forma. Tenho livros publicados pela amazon.com.br, em formato e-book, que eu mesma escrevi, editei e postei, e eles não vendem o suficiente para me garantirem um salário mínimo mensalmente. Se um dia isso acontecer, será maravilhoso, embora não seja este o meu principal objetivo. Eu adoro escrever e ser lida, mas a primeira parte é bem mais importante do que a segunda.

Agradeço pelas críticas e sugestões - desde que elas se dirijam ao que eu escrevo, e não à minha pessoa, pois não admito ser julgada por estranhos que não sabem da ponta do ice-berg de minha vida - mas continuarei escrevendo e postando as minhas histórias da mesma forma como venho fazendo. Não é meu objetivo ficar famosa, pois sequer tenho talento para tal, e eu sei muito bem o quão difícil é tornar-se um escritor em um país onde as pessoas preferem escutar a nova música da Anitta (alguns consideram esse tipo de música como manifestação cultural, e eu não vou discutir este mérito aqui) a lerem algum tipo de  livro. 

Quando eu abro um texto em um blog (e infelizmente, não tenho tido muito tempo ultimamente) o que me prende e me encanta não é a extensão do mesmo, mas a forma como a escrita me cativa, seja ela curta ou longa. Às vezes, alguns poemas curtos me desviam a atenção após o segundo ou terceiro verso, enquanto artigos longos me prendem até o final e me trazem muitas reflexões. Depende da qualidade do escrito, e não do quão curto ou fácil de ler ele é, pois um bom leitor não procura apenas por textos curtos e consumíveis que lhe tragam reciprocidade nos comentários, mesmo que os comentários postados sejam de alguém que sequer leu o que estava escrito, mas também busca por reciprocidade. O bom leitor procura por bons textos; algo que lhe cative a atenção e traga reflexões, encante, escandalize, enfim, provoque algum tipo de REAÇÃO. Um texto que me deixe apática não vale a pena ser lido.

Assim, mais uma vez, quero deixar bem claro que, apesar de me sentir agradecida e lisonjeada com as leituras e comentários que recebo, escrever é muito mais importante do que isso para mim.

Por outro lado, uma de minhas histórias foi recomendada por uma professora de ensino médio aos seus alunos, que leram, comentaram e até sugeriram um final diferente, pois o personagem principal morre no final; uma segunda me rendeu uma mensagem carinhosa em meu Instagram de um adolescente que dizia acompanhar meu blog e ser meu fã. Um de meus contos foi classificado em primeiro lugar em um concurso promovido pelo blog Gândavos. Talvez isto possa significar que o que eu escrevo tem algum valor. Para mim, é o suficiente.



sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

COISA RARA











Sol que passa sobre o mundo,

Sobre as flores do jardim

Da minha casa,

E beija tudo devagar,

Em silêncio,

Em asas de borboletas 

Que cintilam.




Vento que passa sobre o mundo,

Atravessa o muro alto

Da minha casa,

Soprando perfumes e penas

Que os pássaros soltam no ar,

Sementes esvoaçantes

Que buscam um solo fértil

Onde pousar.




Chuva cristalina

Que as nuvens deixam cair dos olhos

Lacrimosos

Sobre os fios verdes do gramado,

Sobre os rostos das flores,

E copas de árvores,

Trazendo a vida assim, suavemente.




Coisa rara,

Essa paisagem tão pequena

Que me entra pelos olhos todos os dias,

Esse pedacinho de mundo

Que me cabe e me absorve,

Me protegendo e guardando

Enquanto eu apenas existo,

E resisto

Aqui dentro...




. . . . . . . . . . . . 



Que o Natal de todos vocês seja feito de coisas belas e raras a serem apreciadas.



quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O que Tem na Sua Playlist? Uma Interação







Inspirada por um comentário de paulo Bratz a um de meus posts, que fala sobre um aparelho de som que comprei na Black Friday, decidi escrever esta pequena crônica. 

Me diz aí: o que tem na sua playlist? Como você ouve música hoje em dia?

Bem, ainda tenho meus velhos bolachões, que ouço com certa frequência. Guardo-os desde os tempos de adolescente, quando comecei a colecioná-los, e ali tem de tudo: Supertramp, Queen, temas de novelas, coletâneas românticas, Rock pesado, Rod Stewart, Taiguara, Barbra Streisand, clássicos, enfim, uma verdadeira parafernália de estilos. O mesmo eu posso dizer sobre meus CDs, que eu também escuto frequentemente, e tenho uma coleção maior ainda deles. 

Tenho também alguns pendrives totalmente ecléticos - a maioria das músicas eu baixei no 4shared, que era um site que disponibilizava para baixar grátis, e que hoje está bem diferente e cheio de vírus, infelizmente. Devo ter mais de dois mil títulos daquele site. Bons tempos...

Também tenho minhas playlists no Spotify, pois não sou boba nem nada e gosto de acompanhar a evolução. Ali, escuto de tudo, desde as músicas antigas que adoro - lá encontro todas elas - até as mais modernas, que gosto de preparar para usar nas minhas aulas de inglês com os meus alunos. O que ouço por lá? Principalmente, Ed Sheeran, por quem tenho paixão, Scorpions, o velho Rick Wakeman (lembram?), Queen, Beatles, Diana Krall, Frank Sinatra, Tony Bennett, P.O.D, James Blunt, Tom Odel, que foi uma feliz descoberta (o álbum "Piano" é sensacional), 20 Seconds to Mars, Lukas Graham (absolutamente inspirador, põe qualquer um 'pra cima'), Michael Bublé, Damien Rice, The Lumineers, Keane, Metalica, Lana Del Rey (adoro), Cake (anos 80, mas excelente), músicas dos anos 60, 70, 80 e 90, e pouquíssima MPB, que fica restrita a algumas canções da bossa nova e alguns poucos cantores selecionados, nenhum deles da atualidade. 

Mas fico aguardando as respostas de vocês às perguntas acima:

-Como você ouve música hoje?


- O que tem na sua playlist?


-Qual a sua canção preferida, e por que?







Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...