witch lady

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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Cartões





Abro a gaveta, e lá no canto
Cartões de antigos natais
E aniversários.
Tua letra caprichada, teu nome assinado,
Desejos de saúde e felicidades,
Lindas palavras...

Fico pensando no que sentias
Enquanto, com carinho, os escrevias...

Abro-os com todo cuidado e zelo,
E vão caindo, sobre os pelos
Dos meus braços,
Um fino pó de passado,
Em purpurinas multicoloridas.

Ah, no que se resume a vida!...



                                                        

O Tom





Às vezes não é fácil
Achar o tom 
Entre tantos tons
E tantos matizes.

Não é tão simples,
Achar o que nos descreve,
O que nos define,
E algumas pessoas
Passam a  vida toda procurando
Sem encontrar.

As cores são tão lindas,
Mas nem todas elas
Conseguem me pintar.
Misturas, loucuras,
Aquarelas e querelas
Gotas de tinta
Tons pastéis e tons cruéis.

E eu sigo assim,
fazendo artes 
Com os meus pincéis.



As Aulas






Sábados de manhã. Eu dava aulas de inglês para meus dois sobrinhos, a Dany e o Ricardo. Saudades daquele tempo... ano? Entre 2006 e 2008, se não me engano. O Ricardo às vezes chegava um pouco atrasado, e cheio de histórias para contar. A Dany, sempre pontual e disciplinada. 

Eu perdia a conta das vezes em que ele - o Ricardo - me interrompia. Era mais ou menos assim: eu começava:

-Well, gente, hoje nós vamos falar sobre as formas de futuro, 'will' e 'be going to.' Pay attention: we use will to talk about general predictions, and... (eu notava os olhos do Ricardo, divagando...).

-Tia, só um instantinho: você viu o filme de ontem, blá, blá, blá...

E lá se ia boa parte da aula de inglês... às vezes, ele me pedia para ajudá-lo com a letra de alguma música; outras vezes, as perguntas eram diferentes; ele queria fazer vestibular, e me pedia dicas de como escrever melhor; eu passava algumas redações para ele fazer em casa, e depois, corrigia e dava algumas dicas. Para a correção, ele vinha sozinho, durante a semana.

Depois das aulas de inglês, eu ia encontrar meu marido no trabalho para almoçarmos, e os dois iam cada um para sua casa. Mas descíamos a rua juntos, a pé, até o ponto do ônibus no Retiro. O lugar é bonito, e as conversas, eram animadas. Sinto saudades de nós três, às vezes sentados juntos naquele último banco, o maior do ônibus, conversando sobre as coisas da vida. Sinto saudades dos tempos em que sonhar era fácil, pois nenhum de nós tinha sequer ideia sobre o que o futuro nos traria dentro em breve.

Momentos únicos, que ficarão para sempre.


BARRINHAS

domingo, 7 de abril de 2013






Minuto


Perdem-se horas
A compreender
A importância
De um minuto


Um por-de-sol,
Nuvens rosadas
Cores mutantes
Que nada duram...

Desabrochar 
De cada flor
O azul do céu
E seus matizes...

Perdem-se dias
A compreender 
A importância 
De um momento...

Eles se vão,
Não voltam mais,
Ficam os ecos
Entre as paredes...

-Morrem de sede
Enchendo potes!


Shakespeare




Soneto LXX

Se te censuram, não é teu defeito,
Porque a injúria, os mais belos pretende;
Da graça, o ornamento é vão, suspeito,
Corvo a sujar o céu que mais esplende.


Enquanto fores bom, a injúria prova
Que tens valor, que o tempo te venera,
Pois o verme na flor gozo renova,
E em ti irrompe a mais pura primavera.


Da infância os maus tempos pular soubeste,
Vencendo o assalto ou o assalto distante;
Mas não penses achar vantagem neste


fado, que a inveja alarga, é incessante.
Se a ti nada demanda de suspeita,
És reino a que o coração se sujeita.





Soneto XXXV

Não chores mais o erro cometido;
Na fonte há lodo; a rosa tem espinho.
O sol no eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o inseto fez seu ninho.


Erram todos; eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar.


Os sentidos traíram-te, e o meu senso
De parte adversa, é mais teu defensor,
Se contra mim te escuso, e me convenço


Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso
Dou-me ao ladrão amado e amoroso.







sábado, 6 de abril de 2013

O Polêmico Clodovil Hernandes





Frases de Clodovil Hernandes - Amado por muitos, odiado por muitos, polêmico, politicamente incorreto, sem papas na língua, controverso, enfim, uma pessoa que deixou sua marca no mundo, e que aprendi a admirar e odiar desde meus tempos de infância.











"Já sei que vou ser assediado o tempo inteiro em Brasília, porque as pessoas pensam que eu sou um idiota, que vou lá fazer frescura na Câmara. Não. Viver é um ato político."





Em bate-boca com a deputada Cida Diogo, em 10/05/2007 - "Eu tenho culpa que ela nasceu feia, gente?"






"As mulheres ficaram muito ordinárias, ficaram vulgares, cheias de silicone, e hoje em dia as mulheres trabalham deitadas e descansam em pé. A gente não pode concordar com esse tipo de coisa."






"Não me importo com o que falam pelas minhas costas. Meu traseiro não tem ouvidos."






"As donas de casa me adoram porque sabem que eu vim de baixo. Vivi a história da Cinderela. E pobre gosta mesmo é de luxo."






Na Câmara: "Eu não sei o que é decoro com um barulho desses enquanto a gente fala. Parece um mercado! Isso aqui representa o País.






"Tudo que me mandarem, eu faço. Em curral alheio, boi é vaca." 







Sobre a reforma do gabinete: "Dinheiro é uma questão de cada um de nós. Eu só consigo viver no meio da beleza."






"Se o Collor tinha aquilo roxo, o meu é cor de rosa choque."




sexta-feira, 5 de abril de 2013

Coisas que Não se Explicam

imagem: lagoa de Abaeté - Google


Ainda me lembro de minha primeira viagem de avião, há 18 anos. Eu fui acompanhando meu marido para Salvador, Bahia,  a convite de seu chefe , esposa e filha. Meus maiores sonhos naquele tempo eram: viajar de avião e conhecer Salvador, e consegui as duas coisas ao mesmo tempo! Era uma conferência sobre comércio da qual eles iam participar, e por isso, nós, as três mulheres, tivemos muito tempo livre para explorar Salvador, seus shoppings, praias e principalmente, o Pelourinho.

Quando o avião pousou em Salvador, o cerimonial da conferência tinha contratado uma porção de baianas em trajes típicos, que nos recepcionaram com colares de flores , pacotinhos de cocadas e as inevitáveis fitinhas do Bonfim; aliás, eu trouxe um rolo delas para dar de presente quando voltei. Bem, logo na entrada, eu me senti 'em casa!' 

Quando chegamos ao hotel, que fica na Praia Vermelha, fui até a varanda e olhei para baixo: o mar se estendia aos meus pés, e parecia que o hotel era construído dentro da água. O tempo todo, eu tinha aquela sensação de ter chegado em casa. Naquela mesma varanda, no último dia, chorei feito criança na hora de voltar. Sabia que raramente teria a oportunidade de estar ali de novo.

Enquanto caminhávamos pelas ladeiras do Pelourinho, que naquela época acabara de ser reformado, eu entrava e saía daqueles sobrados, suas lojinhas e igrejas, e parecia, não que eu estivesse conhecendo tudo pela primeira vez, mas refazendo um caminho. Não gosto de calor, mas o calor não me incomodou nem um pouco, estranhamente.

Mas a impressão mais forte, foi quando fomos todos juntos conhecer a Lagoa de Abaeté. Chegamos ao alto de uma colina, e olhamos a lagoa lá em baixo. Uma linda vista. Depois, descemos as dunas e fomos ver de perto. Quando chegamos lá, onde as lavadeiras costumavam trabalhar, de repente eu tive uma sensação fortíssima de déjà vu. Tive  a certeza absoluta de que aquela não era minha primeira vez naquele lugar. Olhei em volta, e até os cheiros começaram a vir na minha cabeça, mas eu não sabia de onde. Tive sentimentos de conversas que tinha tido ali, embora as palavras não viessem à mente. A luz da tarde refletindo na lagoa era a luz de uma outra tarde.

De repente, olhei para um prédio que havia ali - se me lembro bem, era o Museu Casa das Lavadeiras, mas pode ser um outro prédio - e sabia que se o circundasse, encontraria um tanque. E disse isso ao meu marido. Fomos andando até a lateral do museu, e lá estava o tanque!

Senti também uma incrível empatia com o povo, e achei que foi mútuo, pois quando pedíamos informações na rua, as pessoas se desviavam de seu caminho a fim de nos levarem aonde queríamos chegar. Foi assim com o Elevador Lacerda. Naquele dia, eu estava mau-humorada por algum motivo que não me lembro, mas quando chegamos lá em baixo, um dos vendedores ambulantes olhou para mim e disse: "Sorria! Você está na Bahia!" Na mesma hora, o mau humor se foi, e eu pensei: "É... estou em casa!"

Ouvi dizer que hoje Salvador está bem diferente do que era na época em que a visitei: violenta, mal-cuidada. Espero que não.

Chás & Simpatias - Marcia Andrade






Chás e Simpatias - Vovó Tinha Razão - livro de Marcia Andrade


Prefácio:

Tive  a sorte de ter  durante muitos anos a companhia de minha avó Belinha que eu adorava, e era adorada. Sempre que um pássaro se machucava, ou um cachorro se envenenava, lá estava vovó salvando-os com seus remédios caseiros. Devo a ela meu interesse nestas curas caseiras e por isso, durante muitos anos, colecionei receitas por puro divertimento. Morei no interior e visitava muitas fazendas, e sempre encontrava alguém que sabia de algum remédio ou simpatia. Esta cultura está morrendo e é tão sábia. Resolvi colecionar, e então li muito, e um belo dia alguém me perguntou por que eu não as publicava. É o que faço agora, dedicando este livro para minha avó, que mais que  ninguém sabia das coisas; ela tinha razão!





Algumas simpatias e receitas que estão no livro



Para a Paíxão Ser Correspondida - Para a pessoa amada corresponder, pegue alguma peça de roupa do amado e durma com ela, somente ela, durante uma semana.




Mau Hálito - mastigue um pedaço de papel em branco e limpo por 3 minutos pela manhã e à tarde.





Manchas no Rosto - Moer amêndoas e milho branco em medidas iguais. Massagear o rosto em movimentos circulares, depois lavar com água.





Debilidade Cardíaca - Faça um xarope de maçã, cozinhe bem o seu suco durante 40 minutos e depois coloque mel. Tome sempre.





Para a Criança Andar Logo - Quando o cavalo anda, a ferradura solta pedacinhos de terra. Pegar estes torrões de terra e esfregar no joelho da criança. Devolver a terra para o mesmo lugar. Depois não tem quem segure mais esta criança.





Para Acabar com Dores de Cabeça - Corte algumas pontas do cabelo da pessoa e enterre. / Faça um enchimento de travesseiro com essência de dormideira e use este travesseiro todas as noites. / Esquente uma folha de café e prenda em sua testa com pano branco virgem.






Para Tirar Mau-olhado - Tome banho de cachoeira com sal grosso; peça licença antes de entrar na água e agradeça ao sair.





Pata Ter tranquilidade no Lar - Pendurar atrás da porta de entrada principal da casa uma chave de aço, presa por um prego de aço.





Parar de Cair cabelo - Ferva 1 maço de hortelã verde com um pouco de água filtrada em uma panela nova. Lave seus cabelos com esta mistura e enxugue-os depois com uma toalha macia, evitando secador ou sol. Repita 3 vezes por semana, durante 2 meses.






Para parar de beber - Pegar pelo de égua suada + 1 copo de suor e colocar na garrafa de pinga. Dar para a pessoa, que não pode saber. (?!) / Rezar para o anjo da guarda da pessoa, que no caso, pode ajudar. 






Suor forte - Ao acordar, esfregue limão podre ou passado nas axilas. Lave-as somente antes de dormir.






Para Acabar Com Brigas de Casal - Pegue 1 alfinete de segurança, 3 galhos de avenca e prenda atrás da cortina do quarto do casal; quando secar, troque por outros.






Para o Marido Ficar Amoroso - Lave a roupa dele como sempre, mas na hora de enxaguar deixe de molho em um balde com bastante água e mel. Seque na sombra e guarde sem passar na gaveta.





Para Conquistar um Homem - A mulher deve coar o café em uma blusa usada e oferecer ao escolhido. Não há quem resista.









quinta-feira, 4 de abril de 2013

Amizade





As coisas que eu sinto são apenas as coisas que eu sinto. As minhas opiniões são apenas isto- opiniões. Jamais serão decretos, jamais tentarão impor pontos de vista.

Nem sempre serão amigas todas as pessoas que estiverem presentes no momento da sua queda; algumas poderão estar lá apenas pelo mórbido prazer de lhe ver cair. Mas com certeza, serão amigas todas aquelas pessoas que estiverem lá, de pé, aplaudindo quando você se levantar e sacudir a poeira.

Amizades virtuais são coisas muito raras; não que elas não possam existir, mas são raríssimas... para mim, só podemos dizer que alguém é realmente amigo, se partilharmos acontecimentos e experiências de vida. Acredito que, virtualmente, encontramos pessoas com quem temos afinidades - ou não; podemos admirá-las e gostar delas por aquilo que elas nos mostram sobre elas mesmas, seu modo de pensar, opiniões, habilidades; mas como considerá-las amigas verdadeiras, se a amizade precisa daquele cimento dos anos para que possa ser solidificada? O cimento da colaboração mútua, da experiência de vida, da convivência real, dos olhos nos olhos...

Existem algumas pessoas que admiro virtualmente, e com quem acredito que teria uma amizade sólida aqui fora; mas as distâncias geográficas nos separam. Tenho poucos amigos aqui fora; mas sei que são amigos de verdade. Sei que estariam lá para me aplaudir - como já estiveram - tanto no meu sucesso quanto nos momentos em que me ergui dos meu fracassos.

Tenho cuidado ao afirmar que alguém é meu amigo; tanto por ele quanto por mim. Acho que é preciso conhecer devagar. E a isto eu chamo, não de 'desconfiança,' mas de respeito mútuo, de cuidado. 

A amizade verdadeira precisa de bases sólidas, que são construídas pouco a pouco, com as pedrinhas e o cimento da convivência. Acho que para mim, dão bons amigos aquelas pessoas que conseguem passar muitas horas sozinhas com elas mesmas sem se sentirem entediadas. Aquelas pessoas que não tem medo de dizerem o que pensam, e que não se incomodam tanto com a opinião alheia a respeito delas. E, principalmente, aquelas pessoas que tem bons ouvidos. Que sabem fazer de uma conversa um diálogo interessante, e não um monólogo cansativo. Aquelas pessoas que sabem respeitar meus silêncios e distâncias, e que saibam ser amigas sem sem serem cobradoras. As pessoas que sabem a hora em que estou dormindo, comendo ou trabalhando.

Não é fácil ser amigo; mas é fácil dizer-se amigo.



Haikais





São os colibris
Fadinhas disfarçadas
Beijando as flores







O sol ameno
O céu de glacé
Traz de volta colibris






Vem de um romance
São aves minúsculas
Que Deus desenhou






Faça-me, Deus







Faça-me Deus, receptáculo
Das mil tristezas desse mundo,
E que profundo seja o corte,
Se assim for a Tua vontade.

Faça queimar, ainda mais,
A dor que hoje já me arde,
Faça eu morrer, a cada dia,
E ao final de cada tarde...

-Mas tira de mim a amargura,
Torne minhas lágrimas, doces rios,
Pois a pior coisa do mundo,
É um coração e um riso frios...

Faça-me Deus, a longa estrada,
Passagem de pesadas bigas...
Que as suas rodas me esmaguem,
Mas que meu sangue seja doce...

Faça-me Deus, um passarinho,
Para eu cantar as minhas dores
E que elas sirvam de encanto
Para secar, do outro, o pranto!

E através daquilo mesmo
Que faz quebrar meu coração,
Hei de tirar minhas lições
Para tornar-me bem melhor...

Assim, eu creio que a vida
-Que dói em todos, cedo ou tarde,
Há de secar minhas feridas
E eu serei merecedora
De uma alegria sã e limpa...



Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...