Ligo a TV esta manhã, e deparo com um repórter entrevistando várias pessoas num baile de carnaval, em um clube local. Ele faz a todos a mesma pergunta: "Como está o Baile do * aqui em Petrópolis?" As respostas variam entre: "Show de bola!" "Tudo de bom!" "Melhor impossível!" e "Bom demais." Tudo isto - perguntas e respostas - gritado a plenos pulmões, com uma música infernal ao fundo.
Mudo de canal. Mostram uma festa de rua em um outro estado, onde perguntas semelhantes são feitas e respostas semelhantes são dadas. Tudo também gritado a plenos pulmões ao som de uma banda infernal. Montes de gente gritando e pulando diante da câmera, alguns, visivelmente bêbados.
Eu odeio carnaval.
Se a gente não tem TV à cabo, estará sujeito a este tipo de programação durante, pelo menos, duas semanas - porque depois que o carnaval termina, tem a transmissão das apurações e dos resultados dos concursos, o desfile das campeãs, a cremação das tristezas... para minha tristeza. Graças a Deus, inventaram os canais de filmes. E este ano, não teremos carnaval de rua em Petrópolis, pois o prefeito destinou a renda do carnaval à saúde. Grande notícia, pois a saúde anda terminal por aqui.
Lembro-me de quando eu era adolescente, e saíamos fantasiados para a avenida. Era divertido! Um grupo grande de pessoas, muita vontade de se divertir, e nenhuma bebida alcoólica. Hoje, diversão tem outra cara. Uma cara que não gosto de ver. E acho que também ultrapassei aquela época. Nem consigo imaginar-me em um local como aquele que acabo de ver na TV, onde um monte de gente se acotovela no meio de um salão, suando, pulando, ao som de música berrante, a maioria, tão bêbada que nem sabe o que está fazendo. Bem, cada um tem seu conceito sobre divertir-se, e eu mesma já gostei desse tipo de coisa.
Estou ficando velha mesmo.
De qualquer forma, meu conceito sobre diversão mudou bastante. Não sei se isso acontece à maioria das pessoas, ou só às mais chatas. Para mim, hoje, divertir-se significa passear, viajar, ler um bom livro, ouvir música, conversar num grupo pequeno de pessoas, tomar um vinhozinho, escrever. Eu não aguento multidões. Não suporto calorão, música berrante e gente caindo de bêbada.
Mas o carnaval é uma fase, e como toda fase, acabará passando... resistirei corajosamente!