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sábado, 22 de setembro de 2012

PONTES







Uma ponte liga duas margens de um rio, ou duas vilas, ou duas cidades. As pessoas as percorrem para chegar ao outro lado, onde estará alguma coisa que buscam ou que precisem alcançar, embora não as estejam buscando voluntariamente. Assim pensando, acredito que os rios entre as pessoas não fluem por acaso. Quando estamos diante de um obstáculo qualquer, acho que estamos sendo testados para que usemos nossa criatividade e boa-vontade ao máximo, para que cresçamos. Para isso, precisamos buscar os recursos existentes dentro de nós, na nossa experiência de vida. Mas também podemos fazê-lo seguindo os exemplos das pessoas que já chegaram do outro lado.

Chegar ao outro lado não significa que sempre permaneceremos por lá; mas só o fato de tentarmos, realmente, com o coração, já é um grande passo. Mesmo que encontremos uma porta fechada, terá valido à pena. Neste caso, o melhor é fazer o caminho de volta com classe.

Mas sempre ficam as lições da travessia. Talvez descubramos que não somos tão equilibrados quando pensávamos, ao irritar-nos tão facilmente com os obstáculos no caminho... então, é este lado que precisamos exercitar mais. Noutras vezes, descobrimos que aquele alguém que pensávamos estar nos aguardando do outro lado, fecha-nos a porta à cara. Daí temos a lição da desilusão, que é o momento crucial, essencial, em que as máscaras caem.

Nessa travessia, sempre haverá pessoas que, dizendo-se pontes, serão, na verdade, mais um pouco da água que separa. Saibamos reconhecê-los e evitá-los.

Mas jamais devemos deixar de, pelo menos, tentar cruzar as pontes da vida.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Metamorfoses- dueto a convite de Marco Rocca







Não subestime as agruras 
nuas em meus olhos...
Ardem no céu dos anos.
Como espantos, alegrias...
 
Meu andar é torto,
mas tenho um caminho.
Minhas desventuras 
seguem comigo. Fugidias...
 
Desespero-me, corro, fujo de mim.
Tento apaziguar minhas ternuras.
Mas, esta dor arde em meus dias
deixa-me louco, sozinho, morto...
 
Até que torto em descaminho,
encontro o porto que procurava.
Sem saber, que dentro de mim,
havia o silencio que jamais notara.
 


NOITE

Fotos: o anoitecer, visto da minha janela.








Coberta negra sobre os montes,
A noite vira mote
Nas linhas de um poeta.
E nas estradas da poesia,
Alinham-se as estrelas,
Uma a uma,
Sob a luz
Da mãe-lua.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Foram-se




Foram-se as flores do meu ipê,
Caíram em murchas manchas silentes,
Mortas manchas
Aparentemente, para sempre.

Mas permanece a árvore, que guarda
Em si, milhares de sementes
De outras árvores, e outras flores
Que hão de brotar novamente.

Mas jamais serão as mesmas flores,
E jamais, as mesmas sementes.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Duas Aves





Duas aves,
Que poderiam partilhar
A  simples alegria de voar
Pelo mesmo céu.

A primeira,
Voava por amor ao voo,
Sem desejar, da vida,
Mais do que o prazer das asas.

Mas a outra
Desejava voar mais alto,
Superar
As alturas que a outra
Poderia singrar.

A vida passou sobre as duas,
E chegou a hora do voo derradeiro.

A primeira, foi sem pesos,
Alçou um voo rápido,
Alcançou o paraíso
Das coisas redimidas.

A segunda,
Abriu suas asas pesadas
Pelo chumbo com o qual
Atirava contra a outra...

E caiu,
No abismo do esquecimento,
Onde morre a vida.

Dinheiro mata?





Dinheiro é apenas papel. O que fazemos dele, quando o temos, é que determina se ele será bom ou ruim em nossas vidas. Vejo casos de pessoas que fazem campanhas para arrecadar dinheiro para que possam tratar-se - ou a algum parente - em países como a China ou os Estados Unidos, pois elas não possuem condições financeiras para pagarem as despesas do tratamento ou da viagem. Neste caso, dinheiro salva.

Vejo muito dinheiro sendo usado para comprar armas e bombas, a fim de dominar outras nações e matar, de uma vez, o maior número de pessoas possível. Neste caso, dinheiro mata.

E até mesmo algumas instituições religiosas que vivem pregando aos seus fiéis que o dinheiro é o atalho mais rápido para o inferno, não recusam uma pequena ou uma grande doação às suas causas... fazem até propaganda sobre a necessidade do dízimo...neste caso, ajudam seus fiéis a livrarem-se da danação?

Acho muito cruel, diante da morte ou da doença de alguém muito rico, quando alguém se refere a eles, dizendo: "De que adianta todo aquele dinheiro? Está doente, e nada vai salvá-lo!" Mas e quantos pobres morrem, todos os dias, em filas de hospitais públicos porque não podem pagar por um tratamento? Acho este tipo de comentário não apenas maldoso e eivado de inveja, mas absolutamente cruel e desrespeitoso!


Acho que essa mania que as pessoas tem de dizer que o dinheiro é ruim, expressa apenas o desejo que elas tem de possuí-lo, mas como não podem fazê-lo, desdenham-no. Mas eu gostaria de ver se, de repente, um parente desconhecido deixasse para elas uma imensa fortuna,  elas fariam pouco caso!

Infelizmente, nasci bem pobre. Tive que ralar muito para conseguir uma vida um pouquinho melhor. Nunca fui rica, e talvez, nunca seja. Mas minha vida hoje é  melhor do que era, porque hoje, eu consigo pagar por coisas que durante grande parte de minha vida, não podia pagar. Graças a Deus! Não tenho e nunca tive raiva das pessoas por elas serem ricas ou pobres. Nunca fiz assepsia de gente por condição financeira.

Ah, a mesma velha hipocrisia que grassa sobre a humanidade...

Dualidade




Uma moeda tem dois lados. A lua tem o lado que podemos ver e o lado escuro, que podemos adivinhar. Existem o ying e o yang. O avesso e o direito. E sendo assim, uma estória sempre tem dois lados.

Quando julgamos os acontecimentos através de apenas um dos lados da estória, mostramos preconceito e corremos o sério risco de cometer uma injustiça. Porque quem conta uma estória, certamente tende a 'puxar a sardinha' para o seu lado, desfavorecendo o outro personagem. Nem creio que isto seja maldade, é apenas uma tendência natural. Fazemos isso quando estamos errados, e sabemos que erramos, mas não queremos admitir. Não adianta; sempre teremos tendência a justificar os nossos erros, em detrimento de quem está do outro lado da estória. É humano.

Geralmente, quando há uma discussão ou desentendimento, ambos os lados estão certos e errados de alguma maneira. Mas sempre há um lado que está 'mais certo' do que o outro. Reconhecer um erro é prova de coragem, humildade e maturidade, e também de solidariedade com o outro lado, que afinal, não merece levar a culpa toda sozinho.

Quando alguém que amamos vem nos contar sobre alguma injustiça sofrida, eu acho que devemos nos lembrar que naquele exato momento, o outro lado estará fazendo a mesma coisa: contando a sua estória a alguém que o ama e se dispôs a ouví-lo. E ele também estará certo. E também estará errado. Mas se não ouvirmos os dois lados da estória, jamais saberemos quem errou - ou acertou - mais. Mas, justamente porque aquela pessoa que nos está contando a estória é alguém a quem amamos, nós a defendemos e ficamos do lado dela, sem questionamentos. 

Isto é certo?

Todos nós somos mocinhos e bandidos em várias circunstâncias da vida. Ninguém é sempre bonzinho, e ninguém é sempre malvado. Todo mundo está aqui para aprender: quem conta a estória e quem a escuta.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Uma Mensagem Para Vocês




Meus caros amigos de blog:

Minha internet está horrível, lentíssima... não consigo abrir os blogs de vocês, e mal consigo abrir os meus.

Assim que melhorar, retribuirei comentários, visitarei amigos, e entrarei como seguidora das pessoas que começaram a seguir-me recentemente. Sorry...

Abraços,


Ana Bailune

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Rosa do Sertão





A paisagem seria bonita, não fosse tão seca. O céu era de um azul profundo, límpido, total. O azul mais azul do mundo. Contrastava com o vermelho do chão coalhado de rachaduras, e o mato seco e morto que deixava tudo ainda mais desolado.
Mariinha, seis anos, morava com a família – mãe, pai, cinco irmãozinhos – em um casebre de dois cômodos, no meio do nada. Menina magrinha, de cabelos loiros tão ressecados quanto palha fina prestes a pegar fogo ao sol escaldante. Rosto sempre sujinho, pés descalços como seus cinco irmãozinhos. Tinha dois vestidos: um inteiro, de ir à missa na vila, e outro com a manga rasgada – ficara presa em um espinho de Mandacaru – que usava para ir à escola. Em casa, Mariinha andava quase nua, vestindo apenas uma calcinha feita pela mãe, de saco de estopa.
O pai trabalhava na horta... isto é, quando Deus mandava chuva. Naqueles últimos dois anos, Deus andava um tanto econômico com a água, e a plantação de feijão e mandioca, há muito, morrera. Só havia um poço de água cada vez mais barrenta, há alguns quilômetros da casa onde Mariinha vivia com sua família. Eles iam até lá três vezes por semana, cada um carregando uma vasilha para encher d’água. As vasilhas sempre chegavam com água pela metade, que as crianças deixavam entornar ou que o sol fazia evaporar.
Mariinha e seus irmãos iam à escola. Não iam todos os dias, pois às vezes, o sol estava tão escaldante, que ficavam com preguiça de andar pela estrada barrenta. Mesmo de manhãzinha, o calor já envolvia a todos com seus dedos quentes e pegajosos. Na escola, eles às vezes merendavam: um copo de café com leite fraquinho, um pedaço de pão, ou um prato de sopa.
Tia Marinalva – a professora – fazia o que podia. Tinha vindo da cidade grande para ensinar as crianças. Mariinha simplesmente a adorava! Queria ser professora, como ela.
Sonhava com o dia em que ela estaria de pé na frente da sala de aula, escrevendo no quadro com o giz. E todas as crianças prestariam atenção ao que ela dizia, e seus pais diriam, com orgulho, que tinham uma filha que era professora.
Na sala de aula, Tia Marinalva tinha uma roseirinha plantada em um vaso. Todos os dias, ela punha um cadinho d’água, um tiquinho de nada, o suficiente para que a mirrada roseira crescesse um pouquinho só. Ela mostrava às crianças, dizendo:
-Vejam, meus pequenos: a gente deve ter sempre fé na vida, e mesmo que a fé da gente seja um tiquinho, como esse golinho de água que eu uso para molhar a roseira todos os dias, um dia Deus ajuda, e a roseira da vida floresce. Não se esqueçam disso!
As crianças ouviam com atenção, os olhos esbugalhados de curiosidade e fome.
Mas um dia, Tia Marinalva foi transferida para uma outra escola, bem longe dali. Todos ficaram muito tristes, mas nada podiam fazer. Antes de ir embora, ela ergueu com a mão o rosto de Mariinha (sua preferida) e entregou-lhe o vasinho com a roseira, dizendo:
-Cuide dela para mim, pois quem sabe, um dia eu volto?...Que esta seja a nossa Roseira da Esperança.
Lágrimas sujas escorriam pelo rosto da menina.
E Mariinha levou a roseira para casa, carregando-a com dificuldades pelo caminho, sob o sol escaldante do meio-dia. As lágrimas deixavam a paisagem ainda mais baça.
A mãe e o pai conversavam no alpendre. Diziam que a seca não acabava nunca. Reclamavam, cismando sobre como alimentariam as crianças no dia seguinte, já que a comida – um pouco de farinha e melaço – só daria para mais aquele dia. O pai resolveu ir à cidade, ver se conseguia alguma coisa. Voltou ao cair da tarde, trazendo algumas batatas, que comeriam no dia seguinte.
Conseguir água estava ainda mais difícil, já que o poço mais próximo finalmente secara. Tinham que andar pelo menos quatro horas, ida e volta até o próximo vilarejo.
Um dia, a mãe viu quando Mariinha bebeu da metade de sua caneca d’água, jogando a outra metade no vaso da roseira. Imediatamente, a mãe ralhou com ela:
-Ô menina abestada, jogando água fora? Num sabe o trabaio que dá pra carregá? De hoje em diante, nada de jogar água na terra!
-Mas mãe, é a roseira que a tia Marinalva pediu pra cuidar! Ela disse que a roseira é para ter esperança...
-Que roseira que nada! A gente num pode cuidá nem da gente mesmo, ainda inventa de cuidá de roseira... eu proíbo de jogar uma gota que for nesse vaso! Esperança... que esperança que se tem nesse fim de mundo, minina?
Dizendo isso, a mãe pegou o vaso, jogando-o pela janela. A terra ressecada caiu no chão. Mariinha chorou durante muito tempo, mas à noite, quando todos dormiam, ela foi lá para fora e recolheu tudo no vasinho de novo. Só a lua viu.
Escondeu a roseira atrás do tanque seco, onde ninguém nunca ia. E todos os dias, ela ia lá, escondidinha, levar um pouquinho de água para a roseira.
Mas Deus decidiu que a roseira não precisava de cuidados, pois levou embora Mariinha. Os pais a enterraram em uma cova rasa, atrás do casebre. Não teve padre, nem missa; apenas o choro dos pais e dos irmãos, que amedrontados, olhavam fixamente, enquanto o rosto de Mariinha sumia sob as pás de terra.

Mas o tempo passou, e veio a chuva. E veio forte. Aos poucos, o solo rachado foi sendo consertado pelas correntezas de água. A paisagem voltou a ser verde, e o Mandacaru floriu. Certo dia, a mãe foi até o velho tanque lavar a pouca roupa, enquanto o pai replantava algumas sementes de feijão. Foi então que ela viu, com os olhos cheios d’água, uma mancha vermelha e perfumada, que brilhava ao sol. Era a roseira da esperança.

Existe


Existe uma vontade
Além da minha,
Que obriga-me a continuar
Movendo-me,
Apesar de tudo.

Existe uma alegria
Que me abarca,
E se insinua,
Através de minha tristeza,
Mostrando que vale a pena,
Lembrando-me que há beleza.

Existe um sentimento
De conforto
Nesse passado, há muito, morto,
Pois ele me trouxe aqui,
Até este momento
No qual eu me reinvento.

Existe uma asa de borboleta
Que passa, depressa
Sobre a crisálida seca.

Existe uma paz que me guarda
Onde eu caibo toda,
Embora arda.

Existe um amanhecer
E enquanto eu anoiteço,
Ele me aguarda.

sábado, 15 de setembro de 2012

Não é Nada!...



Essa nuvem nos olhos
Não é nada!...
Vem da chuva fininha,
Vem da tarde nublada...

Esperanças caíram
Na calçada.

Não é nada, esse medo
Que por hora me abraça!
Talvez seja, em segredo,
Uma dor que não passa...

Mas não há de ser nada,
Pois a noite se alonga,
E os fantasmas e as sombras
Amanhecem...

Depois, me esquecem.
Por isso,
Não é nada.

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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...