witch lady

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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Tudo Passa




Tudo nessa vida vai passando
Em vertiginosa velocidade:
Acontecimentos que se entremeiam,
Se transpassam,
Passam.

A dor mais aguda, a alegria,
A felicidade, a juventude,
A hora e o minuto, a noite, o dia,
Pessoas, lugares, e paisagens...

Tudo nessa vida vai passando
Em vertiginosa velocidade:
Lágrimas que caem, secam, marcam,
Risos brancos que amarelecem,
Dentes caem...

E as carnes vão ficando moles,
E os músculos vão perdendo a força,
E assim passam todos, a criança,
O jovem, o adulto, passa a moça...

E dentro da poça
De repente, o vislumbre
Do céu que fica, e jamais passa,
"O Sempre Céu" de Richard Bach,
Debaixo dele, os ossos ficam brancos...

E tudo passa, a dor, o medo, e a vergonha,
Memórias passam, tornam-se poeira,
E até mesmo as estrelas envelhecem,
E o pó da vida caído nas beiras
Será soprado pelo bafo do tempo
Que não tem piedade ou sentimento.

***
O tempo é como uma religião, pois ouve todas as orações que passam por ele, e sua única certeza, é o final.


Fôlego






Uma linda tarde, a de ontem. Minha irmã me telefona, convidando-me para passear pela cidade. Marcamos de nos encontrar na avenida, próximo ao Museu. Minha mãe veio com ela, e está animadíssima para começar o passeio!

Seguimos pela Rua Dezesseis de Março, e subimos a Nelson de Sá Earp. Almoçamos no Liberty Garden, e depois atravessamos a Praça da Liberdade, caminhando pela Koeller e a Ypiranga, em direção ao Parque Municipal. Paramos para descansar alguns minutos na pracinha em frente à Catedral, onde um grupo de turistas da terceira idade fazia um lanchinho: frutas, iogurte e sanduíches.

Percebo o quanto minha mãe tem fôlego... na volta, ela reclama que o sapato está machucando um pouco. Foi a sua única reclamação durante a tarde toda, e mesmo assim, porque eu perguntei - notei que ela estava meio-calada. 

Paramos no posto de gasolina da Treze de Maio para tomar um sorvete no McDonald's, e depois, por insistência minha, tomamos um ônibus até o centro da cidade - ela queria ir andando, mesmo com o sapato machucando o calcanhar!

Ao chegar no centro, eu já estava bem cansada... e descubro uma greve parcial dos rodoviários... o maior tumulto na avenida, e decido tomar um táxi para casa, enquanto ela, ainda toda serelepe, vai fazer compras com a minha irmã. Ufa! Graças a Deus ela é tão forte e saudável.... 

Só para lemrbar: ela tem 85 anos.




Descanso






Só queria um lugar para descansar,
Proteger-se do vento, pois estava triste,
Ofereci-lhe meu dedo em riste.

Só queria parar por alguns instantes
Para descansar suas asas doridas
De tanto perder-se a voar pela vida...

Dei-lhe tudo o que tinha; um aeroporto,
Um pouso seguro, um pouco de tempo
Mas ela se foi, pois era do vento...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Dúbia




Seu sim, não;
Seu não, sim;
Talvez, jamais;
Seu nunca, sempre...

Dúbia, dúbia, dúbia,
Deveras mente!

Sorriso amarelo,
No peito, um degelo,
Olhar que observa,
Fixando-se inteiro
Na luz e na treva,
Caminho do meio,
Por cima do muro,
Metade ou inteiro...

Dúbia, dúbia, dúbia...
Se cala, grita,
Se grita, é rouca,
Se sóbria, insana,
Se sã, é louca!

Metaforando,
Observando,
O bote armando,
A língua ardendo
Dentro da boca...

Dúbia, dúbia, dúbia,
Não compreende, 
Ninguém a entende,
Se diz, não sente,
Se sente, cala,
Distorce a fala
Deveras, mente!

A Grande Transição da Terra - Resenha





Hoje em dia, qualquer um que erga a cabeça acima do próprio mundinho e veja, com olhos críticos, o caminho que estamos seguindo - tirando óbvias conclusões sobre aonde ele vai dar - é chamado de fanático, pessimista e até mesmo, louco.

Muito se ouve sobre o fim do mundo. Há pessoas que exageram nas cores, com o mero intuito de causar pânico e sensacionalismo, mas há também aquelas que, baseadas em uma visão crítica, trabalho de pesquisa e até mesmo, uma previsão de futuro que tem suas raízes na lógica, e não no misticismo exacerbado, podem chegar a tristes quadros sobre a nossa jornada aqui neste planeta que tanto maltratamos.

O mais incrível de tudo isto, é que somos a todo momento expostos às notícias, que nos mostram catástrofes ecológicas, crises financeiras, guerras e violência ocorrendo logo ali, na calçada de nossa casa, e após nos indignarmos por alguns breves instantes, logo saímos para o trabalho e esquecemos o fato. Nós não nos lembramos de tirar alguns minutos de folga para recostar a cabeça no coração do planeta, e ver que ele está batendo mais fracamente...

Uma destas pessoas que tem visão crítica (que passa bem longe do fanatismo e do sensacionalismo) e que tenta alertar-nos sobre o que está por vir, é Denis Moreira, em sua obra "A Grande Transição da terra," livro lançado em abril deste ano, e portanto, contendo as mais atualizadas pesquisas científicas, sócio-culturais e religiosas. Com muita sabedoria e bom senso, Denis Moreira fala-nos não do fim do mundo, mas do fim dos mundinhos. O fim dessa mania pervertida que temos de enxergarmos apenas os próprios umbigos e de nos preocuparmos apenas com o que vem ao encontro de nossos interesses pessoais e bem-estar momentâneos, sem darmos a mínima para as outras criaturas e para o planeta em que vivemos - como se pudéssemos viver sem ele!

Citando autoridades mundiais em meio-ambiente, como o cientista James Lovelock e o ambientalista Tim Flannery, Denis Moreira nos conduz a repensar nossas atitudes, alertando-nos de que a Grande Transição não está para começar a qualquer momento, mas que já estamos passando por ela, e que o doloroso desfecho, que está mais próximo do que se pensa, e que será visto ainda em nosso tempo de vida, já é irreversível. A alternativa? Preparar-nos para ele.

Quando acontece uma infecção bacteriana, para livramo-nos dela, é preciso que tomemos fortes medicamentos para matar as bactérias e re-estabelecer o equilíbrio do organismo. E foi exatamente nisto que nos transformamos: perigosas bactérias planetárias, de poder altamente destrutivo. O que virá daqui por diante, será apenas uma cura para o planeta.

Não haverá um fim do mundo, e sim, o fim dos mundinhos e o extermínio de grande parte da população da terra. O que, em minha humilde opinião, será uma graça para o planeta.

Com toda certeza, daqui a pouco, todos os que riem de homens como Denis Moreira, Tim Flannery, Stephen Hawking e James Lovelock (que foi ridicularizado pelos seus colegas nos anos sessenta) estarão chorando lágrimas amargas! 

Agora podem voltar aos seus mundinhos.






quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Apostas






Apostas sobrepostas
Nas bancas da vida:
Umas vencedoras,
Outras, vencidas...
Estradas fechadas,
Fontes ressequidas,
Palavras erradas,
Almas corroídas... 

Nem sempre, haverá
Faixas pintadas,
Muitas vezes,
Não há nada!...

Ninguém na chegada,
Apostas perdidas,
Silêncios pesados,
Cassinos fechados...

Quem sabe, a derrota
Seja bem mais fácil
Do que a vitória?...

E o esquecimento
Te traga mais paz
Que um dia de glória?

Faixa de Gaza





Faixa de Gaza

Enfaixados, um a um,
Os cadáveres e as almas
Lado a lado, empilhados
Desterrados, enterrados.

Amarrados aos escombros
Pelas faixas do rancor
Podridão, destruição,
Consumados no terror.

Dia e noite, noite e dia
Fuzis, bombas, rebeldia
Numa terra de ninguém
O algoz feito refém.

Todos rezam para Deus
A pedir que sejam salvos
E que sejam protegidos
De transformarem-se em alvos.

Deus retira-se, cansado
Ele mesmo , indiferente
Aos pedidos absurdos
Desta raça de dementes

Que não vê que em uma guerra
Não há nenhum vencedor
Nem vencido, apenas vítimas
De um constante desamor.

Em Breve




Em breve será noite,
E a brisa leve que transporta as nuvens,
Trará meus sonhos de volta,
Leves e macios,
Bastará que eu feche os olhos,
Entregando-me ao sono tardio.

Em breve, tudo será quieto,
Tudo em volta, um só mistério,
E apenas o velho relógio
Há de ser ouvido,
Marcando o compasso
Dos meus fracos passos
Até aquele sonho perdido...


Em breve, um negro abraço
Há de embalar o que resta
Dos meus tênues desejos,
Trocando-os pela promessa
Que ninguém nos prometeu,
Mas que da morte, cobramos,
Como quem nem sequer viveu...

Em breve, estarei sozinha,
E todos terão ido embora,
Deixando cair, pela última vez,
A última lágrima de saudade que restar...
Serei esquecida, varrida,
Com tudo o que ficar de mim 
Em outras vidas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Diante de um Olhar Vazio







Diante de Um Olhar Vazio


Diante de um olhar vazio,
Perdido nas ondas agitadas de um copo,
A vida passa, e não retorna.

Cada momento sendo bebido, tragado,
Virando ressaca
Dentro do teu olhar frouxo e dormente...

Olha, que a vida passa,
Ela passa, e não retorna
Para buscar quem não foi com ela!...
Olha, que a vida morre,
E ela se esconde, de repente,
N'algum buraco de terra,
Negro, frio e indigente!...

E mesmo que, ao reabrir dos olhos,
Tu lá estejas novamente,

A vida que passou mornamente
Não voltará atrás; é vida ida,
Perdida, largada e escorrida
Pelos esgotos da indiferença...

domingo, 5 de agosto de 2012

Flores Pelo Chão






As flores soltas voaram
Dos galhos pendentes
E pousaram suaves
No chão de cobalto...

Antes, lá do alto,
Contemplavam a vida,
Desejando o vôo
Liberdade
des
a
bri
da...
Que
da
li
vre...

O Vôo foi mágico,
O sentir da brisa...

E no fim,
O murchar da vida...

...Ou?...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Olhos Secos







OLHOS SECOS

Um homem sentado ao alpendre
Com seu olhar de boi manso
Contempla um fio de nuvem
Que some no azul do céu.

Aos seus pés, a terra seca
Onde brincam os seus filhos
De pés descalços e secos,
De olhos baços e secos,
Cabelos de arame seco,
E risos secos de fome.

"Quando será?..." um pergunta,
Estendendo-lhe a cuia vazia.
E o homem, com olhos de boi,
Aperta o chapéu contra o peito
Diz só: "Quando Deus quiser..."

Aos poucos, morrem-lhe os filhos,
Um a um, ele os sepulta.
Mas os olhos de boi manso
Há muito não choram mais...

Quem sabe, se Deus quiser,
Eles voltam a nascer
Do chão seco do sertão
Quando Deus mandar chover?

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