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quarta-feira, 25 de abril de 2012

COMPETIÇÃO - FÚRIA DE TITÃS





Eu às vezes me pergunto o porquê dos seres humanos terem criado a necessidade de competir, de mostrarem quem, dentre nós, é o melhor, o mais preparado, o bonzinho. A todo momento, a raça humana sai por aí, criando opostos: bom/mau; inteligente/estúpido; competente/incompetente. Nem sequer atentam para o fato de que todos nós, em diferentes momentos da vida e em diferentes funções, passamos por estes extremos! A necessidade de competir é tão grande, que as pessoas matam e morrem por  aquilo que eles chamam de “vitória!”


Vencermos  a nós mesmos, todos os dias, superando defeitos, aprendendo a ser pessoas melhores – não melhores que as outras, mas melhores que nós mesmos- já é uma tarefa tão difícil...


Uma vez, alguém me disse que a própria natureza é que nos fez competitivos, e citou a seleção natural como exemplo; na natureza, apenas os mais fortes sobrevivem. Mas alguém aí já viu leões competindo para ver quem é capaz de abater o maior número de presas? Não! Eles não são estúpidos a esse ponto... abatem apenas a presa que lhes saciará a fome naquele momento.


Nós não precisamos comer uns aos outros para sobreviver.


Mas o que há por trás do desejo de competir? O que se esconde sob a capa do título de ‘vencedor,’ tão almejado hoje em dia? Talvez uma enorme insegurança e uma falta de satisfação e aceitação pessoal tão grandes, que é preciso disfarçá-las, trazendo-as para fora, jogando-as sobre os outros.


Para que alguém segure a taça de ‘vencedor, é necessário que muitas pessoas, na maioria das vezes tão ou mais competentes, ergam a triste taça de ‘perdedor.’ Vencer nem sempre significa ser o melhor; a toda hora, vemos isso em concursos de beleza e de canto, eventos esportivos, etc. porque todo mundo pode ter um dia ruim, em que a capacidade pessoal de realização esteja embotada.


Acho que viver seria bem mais simples se cada um cuidasse de seu próprio cantinho, varresse a própria calçada, e colaborasse com o outro, ajudando quando puder e não estragando as coisas ‘do outro lado.’ Assim, quem sabe, a palavra ‘competição’ tornar-se-ia algo bem mais interessante, como por exemplo, ‘colaboração?...’


Publicado no RECANTO DAS lETRAS em: 29/07/2011 08:39:16

Tranquilidade




Ah, é bom poder desfrutar de tranquilidade!

Cada vez mais, a vida vem me ensinar que a minha tranquilidade está em mim mesma, e não no que vem de fora! Dar murros em pontas de faca para quê? O importante, é sempre tentar de novo. Reerguer-se. Procurar novos caminhos, quando os velhos caminhos tornam-se tortuosos demais, e passam a ser um tormento, ao invés de uma ligação entre nosso caminhar e nosso destino.

Graças a Deus, existem outros caminhos! E não é possível que pelo menos um deles não seja o certo.

É importante conseguir proporcionar corretamente os acontecimentos, não deixando que algo ruim ocupe todo o espaço que resta, pois sempre restam muitas coisas boas para cada coisa ruim que me acontece. Basta ficar calma... esperar a resposta...

Eu estava em dúvida sobre uma decisão tomada. Achava que talvez voltar atrás fosse uma boa solução, e foi o que eu fiz. Mas descobri que o que eu tinha deixado para trás, fica melhor lá atrás, onde deixei. Mas foi preciso voltar e me machucar novamente, para poder cortar definitivamente os laços. Acho , sem falsa modéstia, que agi muito certo, e tive coragem, pois jamais é fácil cortar laços.

Mas há muito tempo, eu tomei a decisão de viver a vida sem arrastar pesos mortos e coisas mal resolvidas  atrás de mim. Quero que meu passo seja leve. E chega de olhar para trás! O caminho é para frente.

E as lições que levamos da vida, não tem peso.

SILÊNCIO





No silêncio lento,
Me acalmo
E vejo ainda
O que eu tenho:

Tenho um jardim
Com passarinhos,
Grama cortada,
Um céu em cima;
Tenho uma casa
Várias janelas,
Tenho uma porta
E cadeados.

Tenho canções
No meu pendrive,
Tenho endereços
No meu email.
Tantas pessoas,
Tantos contatos...

Pensando bem,
Eu nada tenho!...

Penso melhor:
Existe a vida,
Com a vontade
De ser vivida,
Existe um cão,
Um coração,
O meu trabalho,
Os meus poemas...

Pensando bem,
Valerá, sempre,
Da vida, a pena!

Tenho uma pena!...
 

ILUSÔES




Não importa
Quantas vezes 
Caias ou levantes.
Nada se altera,
Quer sejas manso
Ou sejas fera.

A tua vida
Ao terminar
Só deixará 
Um triste rastro
Que se apagará,
E mesmo que deixe
Uma bandeira
Em algum mastro,
O tempo, atento,
A rasgará.

A vida atua
Sobre as pegadas
E as apaga
Sem deixar traços.

As traças comem
Tuas roupagens,
Os vermes sorvem
A tua carne.

E a tua alma
Sobrevivente
Será lembrança
Que se apaga
E o tempo leva
Sem deixar nada!

*************


"Vaidade das vaidades, tudo é vaidade..." - Eclesiastes

CORREDEIRAS




Rolam pelas corredeiras
As histórias que juntei
Em uma vida inteira!

Palavras destruídas,
Derretidas
Pelas águas rápidas...

Frases desfazem-se
Ao baterem nas pedras,
Deixando letras pelas margens...

Vem os pássaros
E as recolhem no bico,
Alçando um voo eterno...

Onde irão pousar?

Rolam pelas cachoeiras
Da minha ausência
As histórias que escrevi,
Contei,
Vivi e chorei...

Minha memória
É afogada
Nas corredeiras, entre as pedras,

E eu olho, lá do fundo,
A claridade do céu
Enquanto morro...

Amizades



Uma amizade verdadeira é um bem de valor incalculável! Pena que amigos verdadeiros sejam tão raros... mais uma vez, a vida e a experiência vieram para mostrar-me este fato.

E o que significa, ser um amigo verdadeiro? Bem, a amizade pode significar diferentes coisas para as pessoas, dependendo da maneira que elas tem de encarar a vida e os fatos. Alguns acham que ser amigo é viver amontoado, como os bichinhos aí da foto, sempre uns por cima dos outros, engalfinhados, esquecendo-se de uma palavrinha que para mim, é muito importante: respeito e privacidade. Nesses meus quarenta e seis anos de vida e de rarísssimas pessoas que encontrei pelo caminho e que posso chamar de amigas - façam elas parte de minha vida atualmente ou não - aprendi a estabelecer alguns critérios; para mim, um amigo é aquele que...

-Respeita as nossas decisões, mesmo que elas o desagradem. Entendem que cada um precisa ter as suas próprias experiências e caminhos de aprendizado.

-Alegra-se sempre com o nosso sucesso, mesmo que isto signifique um sucesso realmente muito grande! O verdadeiro amigo não sentirá inveja e nem se considerará diminuido pela alegria e o sucesso do outro.

-Jamais nos exporá ao ridículo! Se tiver qualquer coisa a tratar conosco, ele o fará de maneira privada.

-Ao estarmos tristes, o verdadeiro amigo ficará ao nosso lado e segurará a nossa mão. Não tentará nos 'consolar', tentando obrigar-nos a fazer coisas para as quais não estamos preparados, como sair e divertir-se quando você está arrasado, ou até mesmo, de luto.  Um amigo sabe respeitar nossos momentos.

-Um amigo não acreditará naquilo que disserem de ruim sobre nós; pelo menos, não sem antes verificar por si mesmo. Um verdadeiro amigo jamais tomará a palavra de outro a nosso respeito como verdadeira sem antes averiguar.

-Um bom amigo tem memória. Se tiver de julgar-nos por um erro, lembrar-se-há também das vezes em que acertamos.

-Um amigo verdadeiro não baterá a porta em nossa cara se precisarmos de alguém para conversar. E durante uma conversa, não tentará impor-nos seus pontos de vista.

-Um amigo verdadeiro não falará mal de nossos outros amigos, tentando monopolizar o relacionamento. Isto, os inimigos já fazem, e muito bem!

Um amigo, enfim, é a pessoa que estará do nosso lado quando precisarmos, na alegria e na tristeza. Exatamente como deveria ser em um bom casamento. Pode ser que ele nos dê uma boa bronca de vez em quando... afinal, um amigo verdadeiro é sempre sincero, e ao invés de concordar com nossas asneiras, tenta alertar-nos. Mas saberá respeitar as nossas escolhas, sejam elas quais forem.

É... não é fácil encontrar um bom amigo!

Praça da Liberdade



Já tinha pago as contas do mês. Caminhava pela Avenida XV de Novembro, já voltando para casa no final da tarde, quando a menina pediu: "Mãe, me leva na praça?" Ela pensou nos legumes que tinha deixado na geladeira, já descascados e cortados para para o preparo do jantar. Pensou na roupa que ficara de molho no tanque. Pensou no chão que ainda não varrera. Suspirou: "Está bem, mas só um pouquinho!" A menina pulou de alegria, abraçando a mãe pela cintura.
Ainda não tinham lanchado, mas a menina não sentia fome; só conseguia pensar nos balanços, nas gangorras e no vai-vém.
A mãe resolveu ir pela Avenida Koeller, pois adorava passar por aquelas mansões maravilhosas. As magnólias que se enfileiravam pela rua estavam crivadas de pássaros, que faziam a maior algazarra nas copas das árvores. O céu era de um azul absurdamente límpido e uniforme. Uma linda tarde.
Ela segurava a mãozinha da filha, que ia pulando ao lado dela, e lembrava de um tempo - bem distante - em que passeara por ali segurando a mão de seu primeiro amor. Nada mudara. A paisagem era a mesma. Seus sonhos, embora perdidos pelo caminho, ainda insistiam em vir à tona de vez em quando, mesmo sendo impossíveis.
Atravessaram a rua em direção à Praça da Liberdade. A menina, ansiosa, quase arrastava a mãe pelo caminho, querendo chegar logo aos balanços. Teve que esperar sua vez, mas enquanto isso, comeu a metade do saquinho de pipocas sem casca que sua mãe comprara para ela. A outra metade, a mãe colocara na bolsa.
Finalmente, a mãe ajudou-a a sentar-se num balanço de assento vermelho, e logo começou a empurrá-la. Outras crianças também aguardavam sua vez, e algumas mães conversavam.
Ela gritava: "Mais alto, mãe!" Enquanto as copas das árvores iam ficando cada vez mais próximas. A sensação era indescritível! Cansada de empurrar, a mãe disse: " Agora você dá impulso, como eu ensinei!" E ela assumia o controle do balanço, sentindo-se cada vez mais livre.
A mãe sentou-se em um dos banquinhos de madeira para descansar. Sentia um pouco de fome, mas talvez a menina quisesse comer o resto da pipoca mais tarde, e as moedinhas em sua carteira só dariam para a passagem de ônibus de volta para casa e para seu vidro de xampu. Ela ficou ali, observando o movimento, admirando os vestidos das outras mães. Nem se lembrava mais da última vez que comprara um vestido novo. Será que ainda era bonita? Não tinha muito tempo para cuidar da aparência, pois sua vida resumia-se a acordar às cinco da manhã, preparar a marmita do marido e dos três filhos mais velhos para que fossem trabalhar e preparar as duas meninas mais novas para a escola. Depois, a lida com a acasa tomava-lhe todo o tempo restante. Sua diversão consistia em ouvir as novelas no rádio e conversar com a vizinha da casa ao lado.
De repente, percebeu que estava sendo observada.
Do outro lado da praça, um homem olhava insistentemente para ela. Olhos de lobo. apenas um paquerador barato em busca de aventura, mas ela sentiu-se viva novamente, sabendo que ainda era capaz de chamar a atenção de alguém. Passou as mãos pelo cabelo instintivamente. Alisou a saia do vestido. Percebeu as unhas lascadas. Ele ainda olhava para ela. Sentiu vontade de sorrir, mas achou que não ficava bem. Achou melhor ir embora.
Chamou a menina, que insistiu em ficar mais um pouco, mas a mãe segurou o balanço e obrigou-a a descer. A menina berrava, esperneava, soluçava. As outras mães começaram a olhar e fazer comentários em voz baixa. Ela sentiu seu rosto queimar.
Quando saiu do balanço, a menina estava aos prantos, e a mãe tentava consolá-la. "Não chore, eu te compro uma caixa de estalinhos..." Enquanto isso, a menina caminhava ao lado da mãe, desconsolada. De vez em quando, olhava para trás, para os balanços - o seu, ocupado por outra criança. Gritou: "Eu não quero estalinho, quero uma cornetinha!" A mãe aproximou-se da barraca do vendedor e perguntou quanto era a cornetinha de plástico que a menina queria. Custava metade do seu vidro de xampu. Mas ela comprou-a assim mesmo. Finalmente consolada, a menina assoprava a cornetinha, tentando reproduzir alguns sons interessantes, cobrindo e descobrindo os três furinhos.
Começava a escurecer, e a menina sentia frio e fome. Também estava muito cansada. Pediu a mãe que a carregasse no colo. A mãe protestou: "O ponto de ônibus é logo ali. Ande mais um pouquinho, e eu te carrego no colo depois." A menina, mau humorada, jogou no chão a cornetinha, lascando-lhe a beirada. A mãe pegou-a do chão, limpando a poeira na saia e devolvendo-a à menina: "Olhe, ainda serve, só quebrou um pedacinho..." Mas a menina berrou: "eu quero uma nova!"
Naquele momento, a mãe teve vontade de chorar também. Estava cansada, com frio e com fome. mais uma vez, tinha feito o melhor que podia, e não tinha sido o bastante. De repente, vieram à tona todas as queixas do marido, sobre o quanto ela era insuficiente, sobre a comida sem-sal ou salgada demais, a camisa mal-passada. Ela quis chorar. Ela quis morrer.
Mas simplesmente pegou o restante do dinheiro na carteira e comprou outra cornetinha para a filha.
No ônibus, a menina adormeceu em seu colo, agarrada à sua nova cornetinha. A mãe olhava a paisagem, as primeiras luzes se acendendo nos postes, os faróis dos carros, o céu avermelhado. Um vento frio entrava pela janela do passageiro do banco da frente, e ela apertou mais a menina adormecida, tentando aquecê-la.
Novamente, pensava no jantar, que naquela noite, estaria atrasado.

A BOLHA DA PERSPECTIVA



Perspectiva... definição de dicionário: "Ato de representar, num plano, os objetos tais como se apresentam à vista, guardadas as distâncias e situações; pintura que representa edifícios e paisagens à distância (gostei mais desta); panorama, vista, aparência, miragem, probabilidade, esperança, promessa."

Quando se tem perspectiva, raramente nos desesperamos. Porque sabemos que existe um começo, um meio e um final para tudo que se nos apresenta nessa vida.

Conversando com minha irmã pelo telefone, ela me disse: "Ana, já leu "O Profeta", do Gibran? Tem uma parte na qual ele fala da alegria e da tristeza. Ele diz que aquilo que mais nos dá alegria no dia de hoje, será nossa maior tristeza, e vice versa. Ele poetisa que enquanto a alegria come à sua mesa, a tristeza dorme em sua cama." E é verdade!

O amor, por exemplo, nos traz alegria, mas quando precisamos nos separar daqueles a quem amamos, ou quando eles nos decepcionam, sentimos tristeza. Às vezes, alguma coisa que nos falta há muito tempo, nos é inesperadamente suprida; então, aquilo que nos causava tristeza, torna-se nossa maior alegria.

Não é nada fácil, quando estamos bem no olho do furacão, ver as coisas deste jeito. Só enxergamos o problema. Mas se saírmos de dentro dele, andarmos para um pouco mais longe de onde nos encontramos, veremos a paisagem em volta. Poderemos ter um vislumbre do futuro. Saberemos que, seja qual for o problema que estamos enfrentando, ele terá uma solução. Não vai durar para sempre!

Por isso, eu hoje fui lá para fora. Sentei-me no jardim, entre meus cães e os beija-flores, e "saí " um pouco dos acontecimentos que me cercam. Vi que, apesar dos meus dramas pessoais, e dos dramas das pessoas que me cercam, a vida continua acontecendo, e que ela não vai me esperar para continuar o seu curso. Vi que, mesmo em meio ao caos total, é possível encontrar um centro, um ponto de equilíbrio. Um lugar onde a gente entra, uma bolha que nos proteja de tudo o que está do lado de fora e nos fornece paz, energia, confiança e otimismo.

Depois, podemos voltar renovados lá para onde se encontra o problema (ou problemas) que estamos vivendo, com muito mais perspectiva, e deixar que as soluções se apresentem quando chegar a hora - porque existem problemas que não podem ser resolvidos pelas nossas atitudes. Não adianta perder a cabeça, se estressar, fazer pirraça e dizer "Eu não quero isso!" Existem coisas que simplesmente fogem ao nosso controle, e pronto.

Só nos resta entrar na bolha da perspectiva e esperar... mas essa espera não é infrutífera, pois podemos aprender muitas coisas sobre nós mesmos, enquanto isso. Acho que a pior coisa, é passarmos pelas experiências difíceis e sairmos delas exatamente como entramos, sem ter aprendido nada.

Resistir ao inevitável não é uma atitude sensata. A vida é feita de aceitação. Podemos espernear, gritar, berrar, chorar, sofrer, socar o travesseiro. Mas sabendo que, daqui a pouco, só nos restará respirar fundo e aceitar as coisas que são.

terça-feira, 24 de abril de 2012

ESTAR





Estar aonde se quer
E ser, sem ser perturbada...
Esta é minha paz de espírito,
Da qual não serei lograda.

A estrada é muito larga,
E também tem muitas curvas...
Cristalinas poças d'água,
Mas algumas, muito turvas!

Há uma faixa bem no meio
Que divide as duas mãos:
Eu não piso no seu lado,
Nem você pisa no meu!

O acordo está fechado,
Eu aperto a tua mão...
O destino foi selado,
Você fica do teu lado,
Não ando na contra mão.

CANYON




Hoje, já  faz um ano
Que aquele meteoro
Abriu um grande buraco
Sobre a paz do nosso solo.

No começo, ele podia
Ser visto à grande distância,
Mas com o tempo, muitas plantas
Bichos, árvores, regatos,
Habitaram nosso canyon.

Assim, passou-se o tempo...
O buraco ainda existe,
E para sempre, ele estará
Bem no meio do viver.

Mas hoje, ele abriga vidas,
Lembranças, ecos de risos,
Muitas flores, passarinhos,
E tornou-se um santuário

Onde vamos recolher
Pedacinhos da passagem
Tão breve, mas tão marcante,
Paisagem que tu plantaste.


17 de janeiro de 2012

A Montanha



Lá do alto, a montanha observa a planície e as criaturas que vivem sobre ela. A montanha é altiva, e sabe-se objeto dos muitos sonhos dos que vivem na planície, mas ela não tem orgulho. Mas também não é condescendente com aqueles que desejam galgá-la: trata a todos igualmente, enviando tempestades quando tem que enviar, não importa em que ponto da escalada eles estejam.

Muitas vezes, ela manda um pouco de neve; em outras, um calor escaldante. Quem quiser vencê-la, precisa aprender a sentí-la, entender seus humores e basear sua escalada de acordo com eles. De nada adianta lutar contra o seu vento, a sua chuva ou o seu sol. É preciso adaptar-se a eles.

A montanha é linda, e alcançar o seu cume é um momento inesquecível; poucos conseguem, mas os que chegam lá, olham para baixo e tem uma nova compreensão sobre a vida. Uma nova visão e entendimento, muito mais profundos. Mesmo os que não conseguem chegar ao cume, mas ao menos, tentam a escalada, sempre aprendem alguma importante lição que levam consigo pelo resto da vida. Até aqueles que tentam e caem, perdendo-se no abismo, lucram mais do que aqueles que permanecem na segurança da planície.

A montanha não deseja ser decifrada; ela deseja ser aceita. Ela quer ser galgada, não por ambição, mas por amor. Amor puro. Ela não dá aos alpinistas nenhuma forma de garantia ou segurança. Ela só dá, a cada um, o direito ao próximo passo. O direito a ter esperanças. O resto, cada um terá que conseguir por si mesmo, com a ajuda da própria fé.

Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...