witch lady

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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Voo Narrado





Imagine só, você, voltando de Brasília para o Rio de Janeiro, após cansativas palestras e reuniões chatas das quais teve que participar, em um avião que mais parece um ônibus (na classe econômica, na qual seu joelho está a poucos centímetros das costelas de quem está à sua frente, e os joelhos de quem está sentado atrás de você, descansam confortavelmente sobre os seus pulmões); imagine você, em um voo no qual você tem que pagar pelo catering, se quiser comer alguma coisa - um sanduíche com gosto de borracha ou uma barra de ceral meio-amolecida.



Pois é. Este é o voo no qual meu marido voltou de Brasília no sábado passado. Era tão parecido com os ônibus que circulam pelas cidades, lotados e sem conforto, que na hora de sair, as pessoas ficavam procurando pela campainha.


Agora, imagine que, perto de você, está um senhor meio-gordinho, com um cavanhaque enorme e um par de óculos que lhe emprestam um certo ar intelectual, contando histórias de desastres aéreos a um amigo que o ouve atentamente, ansioso pelos detalhes mais sutis. Pois é... e a cada minuto, esta criatura estranha narra, em voz alta, tudo o que está acontecendo durante o seu voo; tipo: "Agora deve estar mais ou menos trinta e cinco graus negativos lá fora..." "O trem de pouso acaba de subir..." "Agora estamos em área de cúmulos nimbus e melhor manter o cinto afivelado..." E na hora do pouso: "O trem de pouso já deveria ter sido descido. Deve ter acontecido alguma coisa, e talvez precisemos fazer um voo forçado. Vou contar até dez, e se até lá não tiverem descido o trem de pouso..." 


A vontade de qualquer um, seria mandá-lo tomar um arzinho lá fora, no cúmulus nimbus... ou então, agarrar aquele cavanhaque horroroso, e , arrastando-o até a porta, abrí-la e chutá-lo para fora sem páraquedas, causando uma despressurização - termo que ele fez questão de descrever em detalhes, com direito a case history e tudo. É incrível a capacidade que algumas pessoas tem de despertarem sempre o pior em nós!

Lembrei-me de um famoso ator da Globo que teve um piripaque durante um voo... será que ele viajava perto deste nobre senhor?

OK, a vida tem dessas coisas. Se estamos mau-humorados, é certo que atraímos para nós ocorrências pouco favoráveis. E quando estas ocorrências acontecem durante um voo, ou seja, em um espaço confinado do qual é impossível sair, só nos resta respirar fundo quantas vezes forem necessárias, e aguentar firme.

Mas ter que aguentar as risadas de tirar o fôlego do amigo que está viajando com você e conseguiu um lugar em outra fileira, é revoltante. Enquanto você sofre, ele te olha e se contorce de tanto rir da sua cara. E quando a tortura finalmente termina, e vocês já estão no aeroporto, você tem que aturar as gozações dele dentro do carro, enquanto sobem a serra...

Ao ouvir essa história, digo ao meu marido: "Bem, querido, um dia é da caça, e outro, do caçador!"

Parabéns, Carlos Fontes!



domingo, 15 de abril de 2012

ESTRADA











Um caminho comprido, de uma só mão,
Caminho sem volta,
Sem olhar para trás.
O que ficou perdido, perdido estará,
Caído no asfalto
Pedaços doloridos
Daqueles e daquilo que amei.

Ficam para trás
Mudos, parados, esperando,
Ou talvez, quem sabe,
Seguem outros caminhos...
Mesmo assim, outros caminhos
Não são o que hoje sigo.

Na estrada, só existe uma certeza:
Seguir em frente,
Surpreendendo-me a cada curva,
Sem saber o que me aguarda,
E talvez seja melhor assim.
O que caiu e ficou para trás,
Não tem mais volta.

O futuro é para frente,
Viver é para frente,
Amar é de hoje em diante,
Ser feliz, é mais adiante.

Respostas?...
Não me atrevo a perguntar.

HISTÓRIA - frases







"A história dos famosos continua sendo escrita, depois que eles morrem."


****

"Escrever a própria história é saber que não seremos nós quem colocaremos o ponto final."



*****


"Se história contada é história aumentada, no final, todos teremos muitas histórias mirabolantes a contar."


****


"A uma história escrita, existem muitas interpretações. Estas, a deturpam."


****

"Após muito tempo, as histórias viram lendas. E as lendas, histórias."


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"Quando alguém diz: 'Vou te contar uma história,' imediatamente, enquanto a ouve, você se prepara para recontá-la de maneira diferente, recriando-a com seus próprios detalhes. Por isso, toda história contém inverdades.'


****

Diferentes Momentos da Minha Esperança





A Esperança

Em um mundo de homens que caminham
Trôpegos,
Buscando sonhos que se alongam
Sôfregos
Há uma janela bem no alto
Erguida
D'onde nos olha, a Esperança
Frígida.

Ah, Esperança caprichosa, 
Cínica,
Ria de nós, mulher maldosa,
Cítrica!
Estende o teu tapete longo
E rôto
Que passaremos por sobre esse
Esgoto!





A esperança não é a última que morre, mas a última que deve nascer. Antes dela, precisamos da ação. 

Muitos confundem esperança com esperar, e acabam não agindo quando devem agir. É como naquela piada, em que, durante uma enchente, uma pessoa reza para que Deus lhe salve, e apesar de passarem alguns botes que tentam resgatá-lo e um helicóptero, ele sempre responde dizendo: "Não! Ficarei aqui, Deus vai me salvar!" Acaba morrendo, e ao chegar ao céu, indaga a Deus: "Por que não me salvaste?" No que Deus responde: "Mas em mandei dois botes salva-vidas e um helicóptero!" 

Isso não é esperança; é comodismo.

É engraçado, mas é assim... algumas pessoas vivem dizendo: "Eu tenho esperanças de que um dia, minha vida vai melhorar!" Mas o que elas fazem para que isso venha a acontecer?...

A esperança é o nosso último recurso, que deve ser usado apenas quando não há mais nada a ser feito. Ela é a beirada de um riacho, cujas águas, são o milagre. Quando recorrermos à esperança, que saibamos acreditar em milagres. Alguém já disse que o mais incrível a respeito dos milagres, é que eles acontecem!

Mas até mesmo a esperança não pode ser arrastada atrás de nós a vida toda, ou ela se torna um fardo. Existe o momento de olhar para trás e dizer: "Fiz tudo o que eu podia. É hora de desistir e tentar outro caminho." 

Nessa hora, devemos esquecer a esperança e procurar outras certezas.


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'A esperança é a mãe de todos os milagres, mas sofre muitos abortos espontâneos.' - Ana Bailune

CADA UM...











Alguns, só calam e consentem,


Outros, entendem.


Alguns, escutam e se esquecem,


Ou rezam preces.


Alguns só fingem que escutam,


Outros, se ocultam.


Há quem se tranque no banheiro,


Sob o chuveiro.






Uns, preferem as cavernas,


Cegos de medo...


Alguns aceitam, outros negam,


Fazem segredos...


Uns ferem, outros se perdem


Em seu degredo.


Alguns matam, outros morrem,


E eu, escrevo.



sábado, 14 de abril de 2012

EU SOU











Eu sou a luz que brilha


Que te ilumina


E que te cega,


Centrada no alto


Da tua treva.






Eu sou o chão que te falta


E o abismo que te acolhe


E que recolhe


Teus passos claudicantes.






Eu sou aquele que te leva


Ao limiar da tua queda


E que te empurra


Quando tu medras.






Eu sou a voz que tu sufocas


E o medo que te derrota,


Eu sou a faca que te corta


E o teu sangue, quando jorra.






Eu sou a dor, na agonia


Da esperança que tu tinhas


E que te deixa


Sentado à beira de uma estrada


Diante do teu nada.






Eu sou o sol no horizonte


Que banha a tua fronte


E que te salva


Da escuridão da tua alma.






Eu sou aquele que te fala


E que declara


Que o amor que tu sustentas


Nem sempre vence.






E quando a dor chegar, te ergas,


Vá à janela


E grite alto, muito alto,


Quando a esperança estiver morta,






Pois é tolice tentar ser


Demasiadamente forte,


Conter o grito que te nasce


Depois do corte.

O OUTRO LADO DO AMOR










O teu amor não garante

Sequer a sobrevivência

Até o final do dia.

O teu amor, quem sabe, até

Nem te traga alegria...




O amor não oferece

A promessa de uma vida,

Pode trazer sofrimentos

E no final, nem sempre vence...




E quando amamos, nem sempre

Será sem qualquer interesse,

O amor ideal, altruísta.




Pois às vezes, o amor

Esconde uma necessidade,

Amamos por pura maldade,

Amamos por sermos artistas,




Amamos sem nem mesmo sentir,

Um amor feito de ausência,

Anestesiadamente autista...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

JANELAS







Deixo abertas as janelas
Para entrar a luz do sol
E o vento, que varre para longe
Energias malfazejas...

Deixo abertas as cortinas,
Para entrar a claridade,
Borboletas, Joaninhas,
Um odor de Margarida...

Da janela, vejo a moça
Que tem algas nos cabelos,
E uma outra, elegante,
Que passa, e derrama poemas...

Vejo a moça de Brasília,
E de longe, uma que guarda
O amanhecer no nome.
Assim, elas passam, em cenas,
Derramando seus poemas...

Deixo abertas as janelas
Para ver e para ser vista
Por aqueles a quem amo
E que me amam também.



LAMPEDUSA






Cruzamos o mar, em busca da vida
E a vida arriscamos tentando viver
Mas ninguém nos quis, aqui, em Lampedusa...

Chegamos à ilha cheios de esperança,
Trouxemos famílias, trouxemos crianças,
Mas fomos lançados de volta ao mar...

E assim te deixamos, adeus, Lampedusa!
De volta ao destino, seremos lançados
E pereceremos em breve, entre os braços
Da guerra cruel, a Terrível Medusa!



ÁGUA









Água boa, de mina

Limpa, cristalina

Que desce, em sussurros

Por entre as pedras

Lá na mata,

Sobre o limo,

Entre as folhas,

Sob as asas...




Água cheia de vida,

Gotas cheias de luz

Que cintilam ao sol

E refletem o céu,

E se jogam

Por inteiro

Nas cascatas...




Água purificada

Onde moram Ondinas

Sereias e Iaras

E botos rosados

Peixes falantes

De corpo nacarado

Que atraem

E afogam

Meus olhares...




Água, vem pelos canos,

Cai na minha torneira,

Encha copos e cântaros,

E escorra no alpendre

De minha casa,

No telhado

De duas águas...



Trazendo os Bichos Para Fora





Quem me conhece, sabe o quanto eu adoro escrever... se pudesse, passaria a maior parte do meu tempo me dedicando a esta atividade! Acho divertido, além de espiritualmente enriquecedor, pois quantas coisas descobri sobre mim mesma através da minha própria escrita!...



Mas tanto quanto eu gosto de escrever, eu gosto de ler. Saber o que as outras pessoas pensam, quais as suas opiniões e experiências de vida, pois a gente também aprende muito assim. Ler, para mim, significa entrar na mente de outras pessoas, e olhar o mundo através dos olhos dela. Mesmo que eu não concorde com seus pontos de vista, é bom trocar idéias. E é isto o que fazemos ao ler e escrever: trocamos idéias. Aprendemos e ensinamos. Concordamos e discordamos, e muitas vezes, mudamos de idéia. Passamos a pensar diferente.



Jamais quero colocar um ponto final nas minhas idéias e crenças. Desejo estar sempre aberta ao novo, e sempre disposta às mudanças. Não quero estagnar: quero entender! Quero aprender a ser inteligente o suficiente para dizer: "Eu estou errada," quando for o caso. E nem sempre é fácil. Mas escrever me ajuda bastante.




As religiões sempre falam na importância de perdoar e amar aos inimigos, mas o que eu acho que ninguém entendeu até agora, é que o maior inimigo que nós temos, o que mais precisa de perdão e compreensão,somos nós mesmos! Há certas partes em nós que negamos e tentamos sufocar, partes que talvez não sejam tão 'politicamente corretas' ou que não seguem aquilo que os outros determinaram como O Certo. Temos que desmistificar o medo que temos de trazer estas coisas para fora. Faço isso quando escrevo. Por isso, tenho alguns poemas que podem ser considerados bastante negros... e alguns deles falam de mim mesma.



Uma vez, ouvindo um sermão de um religioso, fiquei pasma ao ouví-lo dizer o quanto é necessário que sufoquemos o mal dentro de nós, fazendo todo o possível para deixar apenas o Bem vir à superfície, e que a única maneira de fazer isto, seria seguir a religião dele. Ora, tudo o que sufocamos, um dia fica tão acumulado, que explode! Daí, as grandes catástrofes emocionais, como depressão, ataques de raiva e até assassinatos. O mal tem que ser aceito, entendido, educado.



Também por isso, eu escrevo.

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Wyna, Daqui a Três Estrelas

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