witch lady

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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A Cabala da Inveja - trechos



Fofoca - a Rede Informal de Ódio

A 'fofoca', ou a transmissão mal-intencionada de informações, é uma das redes mais importantes de preservação e transporte de rancor. Sua disseminação é tão corriqueira e rotineira que novamente faz-se necessário desmontar sua estrutura e visualizá-la à luz dos diferentes mundos.
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O caluniador está na categoria de nada. Sua mentira é a saída e o recurso que reabilitarão aquele que é caluniado. Isto, porque à medida que for desmascarada a sua mentira, a reputação do caluniado é restaurada imediatamente.


Tomando Como Pessoal

A boca (de alguém magoado) só atinge a gravidade do ouvido quando se cala. Nestas ocasiões, sim, a boca assume em poder de destrutividade em uma posição semelhante à do ouvido. Veremos que uma boca que se cala e guarda para si rancor, é, para efeitos da inveja e do ódio, como um ouvido.

Para a tradição judaica, aquele que fala é como um arqueiro. Joga suas flechas e uma vez que estas já estejam no ar, não pode mais arrepender-se. Criou, dá-se conta posteriormente, emissários ou extensões de si mesmo com procurações poderosíssimas de agir em seu nome. Todas as atitudes e consequências geradas por estes agentes serão de nossa responsabilidade. Quem percebe isto conhece a arte de falar pouco.

No entanto, aquele que 'toma como pessoal' anda pela floresta, e onde quer que veja uma flecha cravada numa árvore, desenha ao seu redor um alvo. Sua percepção de realidade o faz acreditar que aquela agressão era obviamente intencional e premeditada. Seu alvo com uma flecha cravada bem na mosca é a prova derradeira de sua ilusão.



Bancando Sua Ingenuidade

Que a ingenuidade é perigosa à sobrevivência, é óbvio-como qualquer ousadia é. Ser ingênuo neste mundo é ousado, e quem escolhe esta forma de resistência, de luta pela melhoria de seu e de nosso mundo é extremamente corajoso. Para tal missão, terá de enfrentar a malícia, que busca a toda prova desafiar a ingenuidade e, em última análise, deverá suportar ser tolo aos olhos dos humanos, para não ser malévolo os olhos de D'us.
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enfartados de de alma, fazemos pouco do ingênuo, cujas conquistas de vida parecem-nos irrisórias. No entanto, são os ingênuos que nos assistem, enquanto, fossilizados numa cama de hospital, recapitulamos um passado de "perspicácia e sagacidade." São eles os justos que preservam o mundo.

Homenageie seus atos de verdadeira ingenuidade. Saiba distingui-los da tolice e valorize o ato de ser você mesmo, antes de abarcar o pacote da "experiência humana". Saiba arriscar e perder em nome da ingenuidade. A falta de ingenuidade é um dos grandes fatores de risco que propiciam o ódio e a rixa.




Do Livro A cabala da Inveja, por Nilton Bonder

domingo, 30 de dezembro de 2012

Estranha Asa




Estranha asa de borboleta,
Desprendeu-se do corpo,
Caiu no vazio
De um longo sono...

Estranha asa, leve e nacarada,
Sob pálpebras fechadas
Sem destino, sem sonho...

Estranha asa, que não voa
Por aqui,
Voa além, algures,
Nos céus que não vi,

Estranha asa
Esqueceu-se do pouso,
E paira, dormente,
Num imenso léu
Insosso...

Estranha asa, 
Caída num canto,
A espera de um vento
Que a erga de novo

E que a leve,
Num infinito despertar
Por dentro
De um infinito sono...

*

Invenção




Invento cores,
Cheiros, sabores
Invento caminhos
Cheios de flores,
Invento os sons
Da trilha sonora
Que cantam-me a vida,
Invento as horas.

Demoras, atrasos,
Flutuam nos rasos lagos.
Esperas, anseios
Tentando encontrar os meios.

Mas a mente pensa,
A mente divaga,
A mente desliga
A mente se lava!...

Assim, eu invento
As cores e tons,
Os temas e sons
Que espalho no ar.
Assim, eu aguardo
Acontecimentos
Que ficam suspensos
Acima, no ar.


Kafka







Alguns pensamentos de Franz Kafka, na coletânea elaborada por Allan Percy em "Kafka para Sobrecarregados."


"Comece pelo que é correto, não pelo que é aceitável."


"O Mal é aquilo que nos distrai."


"Tem muito medo de morrer porque ainda não viveu."


"O verdadeiro inimigo lhe transmite uma coragem sem limites!"


"A desgraça  de Dom Quixote não era suas fantasias, mas o ceticismo de Sancho Pança."




Não Confundir...






É importante
Essencial
Não confundir:

Amor / dependência
Serenidade / apatia
Esperança / ilusão
Fé / crença
Imparcialidade / indiferença.

Melhor não dissimular
Justiça / conveniência
Informação / especulação
Boa vontade / interesse
Paciência / inação.

Cada um bem sabe
O que vai, o que pensa
Em seu coração.

*

sábado, 29 de dezembro de 2012

Sol Desse Tempo







O sol
Brilha mais forte,
Às vezes, forte demais,
Obriga-nos a sombra,
A água,
O vento...

O que quer o sol?
Talvez, brandura,
Nas palavras,
Ações
E pensamentos...


Suave...







De repente, em meio ao desespero das dificuldades - embora as coisas não tenham, aparentemente, se modificado - comecei a sentir uma estranha paz de espírito; acho que cheguei à conclusão de que, o que não posso modificar, apesar de meus esforços, não precisa de minha interferência. 

Acredito que alguma outra Força assumiu o controle, e lutar contra ela, não seria sensato. Seja lá o que estiver para acontecer, preciso confiar na sabedoria desta Força, embora desconheça seus caminhos, e esperar... acreditar que o melhor - não o que eu acho que é o melhor, mas o que é realmente melhor, aos olhos da própria vida - há de se dar.

Esta certeza me veio de repente, quando eu estava pensativa, chorosa, brigando com a vida feito uma criança que não ganhou o brinquedo que queria, ou que não teve a festinha de aniversário que esperava. Sentada em minha rede, no jardim, senti um perfume estranho. Pode ter sido de algum vizinho que passava, mas foi exatamente naquele instante, que eu me senti mais calma. E a calma foi aumentando, substituindo o desespero.

Tomara que ela permaneça!

Alice Bailey - Sobre a Ajuda





"Uma cuidadosa avaliação deve ser feita entre uma ajuda grande demais e uma por demais pequena; se for dada muita, o indivíduo não se sentirá encorajado a usar os próprios recursos. Demasiado pequena, poderá afundá-lo no desespero."



Pensamentos - Helena Blavatsky





"Os maus pensamentos são menos prejudiciais que os pensamentos medíocres. Porque contra os maus pensamentos estais sempre em alerta, e estando determinados a combatê-los e vencê-los, essa determinação vos auxilia a desenvolver a força de vontade. Os pensamentos medíocres, ao contrário, servem simplesmente para distrair a atenção e desperdiçar energia."





"A mente é como um espelho: cobre-se de pó ao mesmo tempo que reflete. É necessário que as brisas leves da sabedoria da alma limpem o pó de vossas ilusões."




"Uma lei ensina que todo homem que corrige seus defeitos individuais, aperfeiçoa, por pouco que seja, o organismo de que é parte integrante."



Verdade







Para achar a verdade não se necessita de guru nem de livro algum. Para termos a mente lúcida, devemos examinar cada questão, cada movimento de pensamento, cada vibração de sentimento...

Juddu Krishnamurti

Alguns Pensamentos de Tagore




"Ah, perdi uma gota de orvalho!"- reclama a flor ao céu no amanhecer. Justo ao céu que acaba de perder todas as estrelas.




O que é isto que me aperta tanto o peito? É minha alma querendo fugir para o infinito, ou a alma do mundo querendo, a todo custo, entrar no meu coração?






A noite abre as flores em segredo, e deixa que o dia leve a fama.





Cada criança que vem a este mundo nos diz: Deus tem ainda esperança no Homem.







Fazem-se de ouro as asas do pássaro, e este nunca mais voará aos céus.





A Culpa e a Vergonha



Existem duas emoções tóxicas: a culpa e a vergonha. A vergonha sugere que existe algo de errado comigo. A culpa sugere que há algo de errado com o que eu fiz. Se eu tivesse de apostar em qual das duas destruiria minha vida mais rapidamente, apostaria na culpa. Eu acho que consegui funcionar apesar de me achar feia, inadequada, limitada e ignorante. No entanto, quando eu me convencia de que havia feito a coisa errada, lá vinha uma tremenda sensação de culpa, impossível de administrar.  A culpa me mantinha paralisada de vergonha. Quanto mais eu m lutava para me libertar de suas garras, mais ela apertava.  
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Quantas vezes você já se perguntou: "O que há de errado comigo? Por que é que eu faço sempre a mesma coisa? Por que é que não consigo mudar?" A culpa e a vergonha caminham de mãos dadas pelo jardim de sua vida, causando um enorme estrago nela! Quando nos sentimos mal com relação a nós mesmos e/ou com relação ao que estamos fazendo, fica difícil tentar fazer qualquer coisa de positivo. 

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A lei é a seguinte: quando nos concentramos naquilo que fazemos de errado, ficamos paralisados no que chamamos de erro. isso é a culpa. Eu descobri que  a única forma de se libertar da teia de culpa é confessar o que se fez, perdoar-se e escolher uma outra coisa. Confessar! Dizer a alguém que eu errei, eu menti, não fiz o que disse que ia fazer porque preferi ver televisão? Você deve estar enlouquecendo! Eu jamais faria uma coisa dessas! Só de pensar, fico mais culpada e ainda fula da vida! Agora eu estou sentindo culpa e raiva! E isso se chama negação.

Quando começamos a negar que estamos nos sentindo culpados pelo que fizemos, é que o caldo engrossa. nesse estado de espírito, precisamos encontrar razões e desculpas para as coisas que fizemos ou deixamos de fazer. Procuramos culpados e nos tornamos vítimas

Tanto as vítimas quanto a maioria das pessoas culpadas e das pessoas que culpam os outros são impotentes. Impotentes para escolher ou MUDAR. A trama da culpa tem vítimas e vilões chafurdando na lama da impotência e do desamparo. Como é que um simples mortal pode se levantar e seguir seu caminho no meio de um dramalhão como esse? É muito simples: confesse para você o que fez, perdoe-se e faça outra escolha. Mesmo que isso signifique ter que falar  com as pessoas que você prejudicou ou desonrou. Peça perdão. Se elas não quiserem perdoar, o problema não é seu. Se elas deixarem de gostar de você, o problema também não é seu. Você precisa do amor de sua mãe, do seu pai, do seu filho, dos seus irmãos, do seu cônjuge, do seu amigo! Você precisa sobretudo se amar um bocado para assumir o que fez. Pode parecer difícil, mas só se você tornar as coisas difíceis. Bem, e como é que se faz para tornar as coisas fáceis? É só fazer! está bem!



Iyanla Vanzant em "Um Dia Minha Alma se Abriu Por Inteiro"




A Deus nada se Cobra




Choras por não seres feliz
mas vives,
Gritas enraivecida por não teres o que queres
Mas vives,
Lamentas a perda de um grande amor
Mas vives,
Reclamas a Deus caminhos de flores
Que não recebeste
mas vives,
Choras, gritas, lamentas e reclamas,
E calas os corações dos que te amam
mas vives,
Arrebentas as cordas que unem a esperança à felicidade;
E respiras... vives...
Não chores se não és feliz,
Não grites por não teres o que queres,
Não lamentes a perda de um  amor
por maior que ele seja.
Não percas a esperança,
Não por ser a última que morre,
mas porque ainda existe.
Não reclames a Deus o que não soubeste
Aproveitar,
E com um pouco de sofrimento e muita luta
Tu terás o que queres.
Tu não mais procurarás a Deus para cobrar-lhe,
E sim,
Para agradecer-lhe
E lembra-te: A Deus, nada se cobra. AGRADECE-SE.


Maria Aparecida Pires Pinto, na coletânea  'Nossos Poetas II - Petrópolis RJ'




CRIANÇA






Cabecinha boa de menino triste,
de menino triste que sofre sozinho,
que sozinho sofre - e resiste.

Cabecinha boa de menino ausente,
que de sofrer tanto se fez pensativo
e não sabe mais o que sente...

Cabecinha boa de memino mudo
que não teve nada, que não pediu nada,
pelo medo de perder tudo.

Cabecinha boa de menino santo
que do alto se inclina sobre a água do mundo
para mirar seu desencanto.

Para ver passar, numa onda lenta  e fria
a estrela da felicidade
que soube que não possuiria.



Cecília Meireles, em "Viagem"



Viver o Momento





Viver no fluxo significa viver totalmente no presente. Não voltamos ao passado para remover velhas questões. Não nos adiantamos para o futuro tentando adivinhar como serão as coisas. Direcionamos toda a nossa atenção para cada interação, seja esta lavar os pratos, fazer amor, comparecer a uma reunião ou ler uma história para uma criança. Envolvemo-nos por completo com qualquer coisa que façamos, e o tempo parece fértil e pleno, vibrante e tranquilo, tudo ao mesmo tempo. Esse estado de consciência é chamado de viver o momento.



Charlene Belitz & Meg Lundstrom, em 'O Poder do Fluxo.'

CUMPRIR o PRÓPRIO DEVER





Ninguém tranquiliza ninguém sem trazer a consciência tranquila.
Usar boas palavras e bons modos.
Qualquer viajante da estrada sabe afastar-se do pé de laranja azeda.
Desconhecer ofensas.
A vida não constrange criatura alguma a passar recibo numa serpente para atormentar-se com ela.
Auxiliar indistintamente.
Se a fonte escolhesse os elementos a que prestar benefício, decerto que a Terra seria, francamente, um planeta inabitável.
Não censurar.
A crítica traça a obrigação de fazer melhor do que aqueles que nós reprovamos.
Abençoar sempre.
Qualquer trato de solo agradece o adubo que se lhe de.
jamais vingar-se.
Pessoa alguma consegue ajudar a um doente, fazendo-se mais doente ainda.
Amar os inimigos.
A obra-prima da escultura nasce no sonho do artista que a concebe, mas não dispensa o concurso do buril que lhe dá forma.
Não se lastimar por fracasso do caminho.
O sol, em cada hemisfério do mundo, começa a trabalhar de novo, diariamente.
saber cooperar, a fim de receber cooperação.
O próprio Cristo não consegue sozinho realizar a obra de redenção da Humanidade, e, em iniciando o seu apostolado na Terra, procurou doze companheiros que lhe serviram de base à divina missão.



André Luiz - psicografado por Chico Xavier, em 'Meditações Diárias.'

O Ego e o Eu




O ego, diz a filosofia oriental, é o pior inimigo do Eu; mas o Eu é o melhor amigo do Ego.

O Ego é inimigo porque é ignorante. - pois toda a inimizade vem da ignorância.

O Eu é amigo porque é sábio - amizade é filha da sabedoria.
Enquanto o homem ignora a si mesmo, não há solução para o problema fundamental do homem e da humanidade.

Mas como levar o homem da ignorância para a sabedoria? Da incompreensão para a compreensão?
Da inexperiência para a experiência de si mesmo?

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Para que esta grande revelação aconteça ao homem, (pois deve acontecer-lhe!) deve o homem criar um ambiente propício ao redor e dentro de si mesmo; pois, segundo as eternas leis do universo, 'Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece.' Quando o homem-ego está pronto, o homem-eu se revela.

Isto é autorrealização.


Huberto Rohden, em 'Roteiro Cósmico.'

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Felicidades em 2013!







Tomara que seja um ano muito bom para todos: os que gostam e os que não gostam de mim, pois como li em um post no Facebook, devemos desejar sempre a felicidade de nossos amigos e inimigos, pois gente infeliz, enche o saco.







Tomara que em 2013, quem está doente, se cure; quem está a procura de amor, o encontre; quem deseja um emprego, consiga achá-lo; quem planeja realizar um sonho, tenha forças, ajuda e empenho para consegui-lo.









Tomara que em 2013, possamos todos agir de forma diferente, para que possamos encontrar coisas diferentes diante de nós. Por exemplo, ao invés de ficarmos observando e especulando sobre a vida alheia, que tratemos melhor da nossa própria vida, de forma que não nos sobre tempo para destilar maldade quando virmos alguém que se encontre passando por dificuldades; se não pudermos estender a mão, que pelo menos nos abstenhamos de afundar, ainda mais, esta pessoa.







Que em 2013 tenhamos sempre tempo para parar e refletir sobre os bons e maus momentos de nossas vidas, pois eles são comuns a cada ser humano! Ninguém será feliz ou triste o tempo todo! A alegria e a tristeza nos convidam a observar e aprender que na vida, TUDO passa. Que na tristeza, aprendamos a ser fortes, superar e continuar; que na alegria, aprendamos a aproveitar, partilhar e agradecer.








Que em 2013 - lá no finalzinho, em dezembro - possamos ter a certeza de que fizemos o nosso melhor, demos o nosso melhor, e aprendemos alguma coisa de bom, seja através da alegria ou da tristeza. Porque a tristeza não deve ser encarada como um 'castigo' ou 'punição' que Deus dá àqueles que o 'merecem,' mas uma fase de aprendizado e crescimento pela qual todos, sem exceções, passarão. E se formos brandos ao nos referirmos à tristeza alheia, encontraremos em nosso caminho pessoas que serão brandas conosco quando chegar a nossa vez. Como eu tenho encontrado.






Que em 2013 sejamos menos arrogantes, menos cruéis, menos maledicentes.






Possamos ser mais compreensivos, pacientes e solidários.








Se cada um de nós cultivar bem o próprio jardim, varrer bem a própria calçada e trabalhar com afinco nos próprios interesses, seremos mais felizes e permitiremos que os outros sejam também mais felizes.








Eu desejo a todos - eu disse TODOS - que sejam muito, muito, muito felizes em 2013! Tomara que seja um ano bem florido!





FRASE








"Inúmeras vezes, a maldade que vemos no mundo e nas pessoas, é a que está em nossas pupilas."

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Barco








O barco espera as águas
Que o levarão...
Criou raízes
Que o prenderam
Ao chão.

Será preciso
Muita água,
Muitas ondas,
Maremotos
Que desprendam,
Soltem,
Façam navegar o barco
Para longe...

O barco sabe,
O bardo sabe,
Que nunca mais voltará.
O barco quer ficar,
O bardo quer partir.

*

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

COISAS








Naquele canteiro, havia dálias,
Bocas-de-leão,
Beijos, margaridas,
Misturadas aos tomates,
Couves, salsas e alfaces.

Encostado, um velocípede
Pintado de branco, enferrujado,
Na frente, da casa, um balanço,
Nos fundos, pés de frutas espalhados.

Os cães e gatos circulavam,
Latas d'água pelos cantos
No bambuzal, besourinhos
Coloridos e listrados,
Vagalumes, joaninhas,
E o musgo que grudava
Em volta da grutinha
De onde nos olhava
 Nossa Senhora.

Bolinhas de gude
Amarelinhas desenhadas
E a gente brincava,
E como brincava!...
Iam-se as horas.

As aranhas, tão temidas,
Penduradas nos vãos do telhados
Com suas teias sempre cheias
De insetos, que eu salvava
Quando dava,
Quando dava...

Eu Acho...






Eu acho que  a morte deveria ser encarada com mais naturalidade, desde que somos crianças. Acho que deveria ser matéria de currículo durante toda a vida escolar. As crianças pequenas deveriam ser convidadas a conversar sobre a morte de seus animaizinhos de estimação de uma forma natural, sem dramas, e estimuladas a dizerem como se sentem. Os professores poderiam passar por treinamento psicológico a fim de explicar a morte física, dizendo que ela acontece a tudo e a todos que estão vivos, e que é não apenas inevitável, mas também necessária.

Adolescentes deveriam ser levados em visita a hospitais, onde pudessem conversar com pacientes terminais e participar de programas voluntários. Mais do que apenas "Vovó foi para o céu" e "O cachorrinho está no sítio," deveríamos ser estimulados a conviver com a verdade da morte - não falo aqui de religião - como algo físico e inevitável, pois assim, acho que perderíamos o medo dela, e sentiríamos uma dor mais conformada quando chegasse a hora de nos despedirmos de alguém. Também nos sentiríamos mais estimulados a valorizar a vida e as pessoas que nos cercam, pois teríamos a plena consciência de que um dia elas nos deixarão - ou nós as deixaremos.

Mas a morte é tabu; é considerada a pior coisa que nos pode acontecer. É negada e sublimada durante toda a vida. Construímos um mistério em volta dela,  fantasiamos e enfeitamos a morte. Somos acostumados a acreditar que seremos eternos, que ela nunca chegará, e que - pior ainda - só acontece aos outros. Mas finalmente, quando nos vemos diante dela, crescem o desespero e o medo. Não sabemos lidar com toda a carga que socamos lá para o fundo de nós mesmos durante todos esses anos. O que deveria ser encarado como inevitável e natural, torna-se um trauma, e um drama. A vida perde a cor quando descobrimos que o cachorrinho não foi para o sítio, e que a vovó não está dormindo.

Vemos situações nas quais pacientes com câncer tem a verdade escondida deles. Poderiam fazer alguma coisa que planejassem antes de morrer; uma viagem, se possível, escrever um poema, reconciliarem-se com alguém, enfim... qualquer coisa para que pudessem despedir-se adequadamente, da maneira que desejassem; mas como aprendemos e ensinamos que a morte é horrível, mentimos para eles; dizemos que ficarão bons. Acho isto errado... mesmo assim, compreendo que em vista da maneira como somos educados a respeito da morte, esta pode ser a única forma de agir: negando-a a té o fim.

Dizem que existe vida após a morte, no que eu às vezes creio -não sei se por uma certeza atávica e sublimada, ou se por influência externa, ou até mesmo, fuga -mas às vezes, não; porém, mesmo que tivéssemos absoluta certeza de que isto é possível, em nada nos consolaria da ausência real daqueles que amamos. Porque não existem telefones ou internet para o Outro Lado, e nossas crenças vão de encontro à parede das possibilidades remotas (ou não).

Acho que as UTIs são desumanas, quando nos tiram a liberdade de morrer com dignidade, ligando nossos corpos a aparelhos que inflam ar à força dentro de nossos pulmões. Antigamente, as pessoas morriam em casa, quando chegava a hora delas. Hoje, ficam suspensas por máquinas, até que suas peles cubram-se de feridas e toda a dignidade de seus corpos se extingua. Olhamos para elas, e nem sequer as reconhecemos, não vemos naqueles corpos os corpos que nos sorriam, caminhavam entre nós, eram pessoas.

Cobrimos a morte com um véu de mistério e esperança, quando a morte é apenas... a morte. Pelo menos, para este mundo. E se há um outro, ou outros, não há como estabelecermos contato com ele(s). Acho que precisamos aprender a dizer adeus e seguir em frente. Eu ainda não sei fazer isto.

domingo, 23 de dezembro de 2012

MOSAICO





Música ao vivo, bailes, balas,
La Cumparsita em ritmo disco,
Wando, maçãs, doeu demais,
Pores de sol, finais de tarde.
Boteco do seu Manoel,
Bisnagas inchadas de fermento,
Café com leite, 'pão de vento,'
Queijo fatiado, Fanta Uva.
Muitos almoços preparados,
Roupa lavada, casa limpa,
Pijama estampado com pintinhos,
Dentes escovados, livrinhos de história.
Crianças prontas, Dias das Mães
Jograis, homenagens, festas na escola.
Natais, as compras, os pudins,
Ceias, presentes, dinheiro em falta...
Vinho barato e rabanadas
A mesa pronta, muitos enfeites
Crianças correndo pela sala
E a arvorezinha perfumada.
Livros , revistas, dicionários,
Enciclopédias, Inglês sem mestre,
Perfumes da Avon, talco Pretty Peach,
Rifas, sorteios pelo rádio.
Cachorros, gatos, porquinhos da Índia,
Passarinhos, Hamsters, tartarugas
Repreensões, castigos, surras,
Tardes brincando no Morrinho.
Dias de chuva à janela
De uma casinha pequenina,
Bolo no forno, bolinho de chuva,
Doce de abóbora e gelatina.
A geladeira azul clarinha,
A grande mesa de madeira
Que ocupava toda a cozinha...
As canequinhas penduradas.
Tinha o chamado da vizinha,
O muro baixo, mil conversas,
Alguns convites para as festas,
Doce miúdo, glacé, ki-suco.
A morte do avô, a noite longa
Dormindo em casa da vizinha
Aos oito anos, primeiro velório,
Adeus que eu não compreendia.
O pai ouvindo futebol,
Domingo à tarde, mais um gol...
A mãe reclamando do radinho,
Jogo de damas, peças sopradas...
Sentadas no chão enceradinho,
Jogando varetas e moinho
Queen na vitrola, adolescência,
Longos cabelos, aparências.
Churrasco feito no domingo,
A maionese e a farofa,
Cervejas geladas, Coca-cola,
Vizinhos chamando na calçada.
Os namorados, os cunhados,
Sentados à sala, no domingo,
Temporadas de férias em Cabo Frio,
Praia, calor, e pebolim.
Creme de aveia, bronzeador,
Inevitáveis queimaduras,
Cação ao molho de camarão
Que a irmã fazia na cozinha.
A volta à escola, primeiros empregos,
Dificuldades, crediários,
A roupa nova desejada,
E as paredes descascadas.
Obras em casa, novo banheiro,
Um novo piso na cozinha,
Toalha de plástico, mesa de fórmica,
TV à cores, e cortinas.
Namoro sério, casamento,
Mudanças, casas, apartamentos,
Sobrinhos nascendo, e eu crescendo,
Irmãos indo embora, casa vazia.
Os pais mais velhos, eu sozinha,
Poucos amigos, muitos sonhos,
Segunda morte já sentida,
Maturidade, dor na vida...
Terceira morte, foi meu pai,
Outros amigos, conhecidos
Morrer virou uma rotina,
Cresci, e a morte acompanhando...
Meu casamento, alegria,
O pai ausente, lua-de-mel,
Nova família, muitos ciúmes,
Ressentimentos bem velados.
Sobrevivência, nova casa,
Período longo de alegrias,
Aulas de inglês durante o dia,
Na flor da vida, academia...
Mais duas mortes, dor da vida,
Foram-se o sogro e o sobrinho,
Sobrevivemos, renascemos,
Tombamos bem logo adiante.
Um livro escrito, árvore plantada,
Mais duas mortes esperadas...
E segue a vida, e segue a história,
E as alegrias almejadas.










Minha mãe






O destino pode ser implacável. Embora algumas pessoas acreditem apenas no livre arbítrio, e que tudo o que nos acontece é obra de nossas próprias atitudes, eu venho aprendendo que nem sempre é assim. Às vezes, apesar de tudo o que fazemos para mudar determinada situações, elas se encaminham para um certo fim, independente de nossa vontade ou de nosso esforço.

Tenho registrado meus sonhos mais significativos em um diário, no Recanto das Letras. Há alguns dias, sonhei que minha mãe se aproximava de mim com o rosto tristonho. Ela carregava uma bolsinha de papelão forrada com plástico grosso, estampada com flores cor-de-rosa, semelhante às que ela carregava quando ia viajar à praia com as amigas. Estava muito triste, e me disse que iria viajar, e que não poderia passar o natal conosco. 

Eu perguntei:

-Viajar? Mas para onde, mãe?
-Viajar... eu tenho que ir. Não vou poder passar o natal com vocês.

Eu a abracei, e quando a soltei, ela chorava lágrimas de sangue. Eu disse a ela: "Não vá, mãe, passe o natal conosco..." Mas ela repetiu que precisava ir - e estava bastante contrariada e triste - e acrescentou: "Mas não fiquem tristes, pois o Pai tem planos pra vocês."

Acordei muito angustiada, e contei o sonho a uma de minhas irmãs, que ligou para ela para saber de sua saúde, e depois, ligou-me de volta, dizendo para que eu não me preocupasse, pois ela estava muito bem; tinha sido apenas um sonho. Mas mesmo assim, continuei preocupada.

Dias depois disso, ela adoeceu com um problema na vesícula. Todas as minhas tentativas de apressar a cirurgia deram errado, e tudo o que eu fiz para tentar operá-la em hospital particular, através de uma liminar, também. O hospital descumpriu a primeira liminar, e um outro juiz exigiu uma declaração do hospital dizendo que ali não havia UTI, pois só assim, forçaria a transferência dela para um hospital particular. Todos sabem que a UTI daquele hospital está fechada há meses, mas ninguém lá dentro concordou em expedir a declaração, apesar de meus esforços. Os médicos tentavam nos convencer de que a cirurgia seria simples e que ela tinha muitas chances de sair dela muito bem. Os dias passavam.

 Cheguei a consultar um médico para saber quanto ficaria a operação particular. A cirurgia ficaria caríssima  e tentei de tudo para operar particular, mas quando conseguia uma resposta positiva,  tudo se emaranhava e dava errado na última hora. Eu via as coisas se encaminhando para o pior, e nada parecia dar certo. Após três semanas de internação, faltava apenas um exame para que ela fosse operada por vídeolaparoscopia, e ela se preparou para ele ficando mais de um dia de jejum, obedecendo ao critério injusto e cruel dos hospitais públicos.

No dia do exame, fui perguntar aos enfermeiros da ala cirúrgica por que estavam demorando tanto para levá-la, e eles disseram que eu ficasse calma, pois o exame seria realizado naquele dia. Meia hora depois, o enfermeiro veio me dizer que não sabia o motivo, mas que o exame não seria mais realizado, e como só havia um médico no hospital que fazia aquele exame, e como ele só trabalhasse uma vez por semana, decidiram fazer a cirurgia aberta, devido à urgência do caso dela. Mal pude acreditar no que estava ouvindo!

No início da semana seguinte, levaram-na para a cirurgia, e após seis horas, sabíamos que algo tinha dado errado. Quando ela voltou, assim que a olhamos, percebemos que ela não estava bem. Daí, foi apenas decadência. Passei a noite seguinte com ela, e ela teve muitas dores, e uma forte hemorragia (lembrei-me das lágrimas de sangue do sonho). Além disso, pegou pneumonia.

Ontem, ela estava ainda pior. Não conseguiram conter a hemorragia, e pensavam na possibilidade de entubá-la. Só pedi que aliviem o sofrimento dela. Não acho que ela vá sair viva dessa experiência.

Não peço que ela viva. Ela tem 85 anos de idade, e está doente demais para que possa viver. Há muito deixei de acreditar em milagres. Só peço que ela não sinta dores, apague, não veja nem sinta mais nada. Ontem, quando segurei a mão dela, apesar da aparência ausente, ela apertou minha mão com tanta força, que tive que sair do quarto. Parecia querer me dizer que estava ali, que estava viva.

Ela não vai passar o natal conosco, exatamente como me disse no sonho, mas por que tanto sofrimento? O destino nos levou a exatamente ao momento que vivemos agora, apesar de todo o meu esforço e toda a minha angústia. Só espero que ela não demore muito a deixar este mundo, que seja logo, pois ela não merece sofrer tanto.

Minha mãe é uma amante da vida e da simplicidade. Às vezes, chegava a ser até mesmo 'coquete,' tal a maneira leve e superficial com que encarava as vicissitudes. Jamais lamentou as coisas que não podia mudar, e nem mesmo a morte de alguém querido a deixava triste por mais que algumas poucas horas. Minha mãe sempre aceitou a vida como ela é, e sempre ergueu a cabeça e seguiu em frente, mesmo diante das maiores dores. 

Quando todos estávamos sofrendo e lamentando a morte de meu sobrinho, ela era a única que parecia serena e leve. Minha mãe simplesmente nunca ficou 'de luto.' Viveu a vida como quis, fazendo sempre o que desejou, e as pessoas geralmente não aceitam este tipo de atitude; acham que devemos sempre viver 'para alguém,' cumprindo obrigações, mas após criar seus cinco filhos, ela libertou-se de qualquer obrigação para conosco ou para com qualquer outra pessoa. às vezes eu a achei egoísta, mas depois compreendi a sabedoria de sua atitude. Ela jamais fez da vida, um drama.

Dizia sempre que a vida é linda, maravilhosa e muito curta, e que não devemos desperdiçar um minuto sequer com lamentações e tristezas. Desculpe-me, mãe, mas eu não consigo ser assim.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Algumas Palavras...




Gostaria de ter tempo para percorrer todos os blogs dos quais participo, deixando em cada um deles, uma mensagem de natal, mas infelizmente, não posso. 


Apesar da época alegre e festiva que vivemos - e apesar de adorar o natal - existem coisas acontecendo que fazem com que meu tempo torne-se bastante curto e limitado neste momento.

Mas eu não poderia terminar o ano sem agradecer pelas interações e visitas aos meus blogs, o Liberdade de Expressão e o Avesso. Também agradeço aos blogs dos quais participei, entre eles, Gandavos, Quiosque do Pastel e Recanto dos Autores.

Este foi mais um ano difícil, porém, participar dos blogs deu-me novas perspectivas. Ler e escrever serviu-me não somente como distração, mas também como aprendizado.

Deixo a todos que aqui vieram, mesmo que por um breve momento, meu muito obrigada. Aos que me ajudaram a divulgar meu livro, um obrigada extra especial!

Um Feliz natal a todos, e um 2013 cheio de coisas boas, ótimas e excelentes!


Filosofia de Vida







Minha mãe queria visitar o genro enfermo, que se encontra na UTI há vários meses. Minha irmã gostaria de poupá-la daquela tristeza, mas ela tanto insistiu, que  concordou em levá-la.

Ao chegar no hospital, as duas caminharam em silêncio pelos corredores. Diante do leito, a expressão do rosto dela era de pura tristeza. Lamentou muito o estado de como as coisas estavam se encaminhando, não só para seu genro - por quem ela nutre grande apreço e gratidão - mas também para sua filha e netos, filhos dele.

Ao saírem, minha mãe viu que o dia lá fora estava lindo: uma tarde quente, de céu azul; a vida que chamava para ser desfrutada plenamente. Um contraste entre o que acabara de ver e a paisagem que estava diante dela. Ela suspirou fundo. Minha irmã estava apreensiva. 

Finalmente, minha mãe disse: "Que tristeza..." De repente, seu rosto iluminou-se, e como quem  sabe viver, admitindo que algumas coisas não podem ser modificadas, e que por isso, ruminar pensamentos tristes sobre elas é totalmente inútil, ela deu um sorriso, e convidou:

-Vamos tomar um sorvete?

As duas saíram pela tarde, deixando para trás a tristeza.




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Após a Tempestade





Passarinhos brincavam de capturar mosquitos e cupins, tendo como fundo, o céu cinzento e pesado. Pareciam alegres. Davam rodopios no ar, indo pousar com suas pequenas presas nos galhos das árvores, que ainda gotejavam pela chuva recém-caída. Poças no chão refletiam o céu, e o perfume da chuva, limpo e fresco, pairava no ar. 

Ficamos na varanda do hospital apreciando aquela beleza tranquila de final de tarde, o carrinho do soro nos acompanhando. Comentamos o quanto as nuvens cinzentas eram lindas. Um pombo pousou no galho mais alto da árvore em frente, e ficamos imaginando a beleza da vista da qual ele dispunha. Parecia um pombo filósofo. 

E de repente, ela agradeceu. Por simplesmente estar diante daquela beleza toda. Agradeceu em voz alta pela vida que teve, chegando a conclusão de que tinha sido boa. O que mais poderia querer? Tinha o carinho dos filhos, tinha aquela tarde. E disse que esperava poder cruzar aquele caminho entre os jardins do hospital dentro em breve, de volta para casa.

Disse que, se pudesse, brincaria carnaval; compraria a fantasia de seu grupo de idosos - um abadá? - e cairia na folia, pois viver é festejar. Cantou um pequeno trecho da estrofe do 'samba' do ano anterior, que segundo ela, dizia 'Não queremos sopinha, não queremos mingau, mas queremos brincar o carnaval.'

E depois repetiu, mais uma vez, o jargão de um personagem de seu programa de comédia preferido: "Pois é, pois é, pois é..."

Hoje ela passa pela cirurgia que pode devolver-lhe a vida. Tomara que ela esteja brincando carnaval em fevereiro.

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