Enxurrada
Eu, sentada,
Céu por cima,
Enxurrada,
Chuva fina...
E na água,
Passam os pontos de exclamação,
Afundando e emergindo,
Afundando, e indo...
Minha vida,
Minha lida,
Minha história
Quase escrita...
E na água,
Passam os pontos de interrogação,
Afundando e emergindo,
Afundando, e indo...
O passado,
As histórias,
As memórias,
As ausências...
E na água,
Passam parênteses não preenchidos,
Afundando e emergindo,
Afundando e indo...
O futuro,
Os dilemas,
As promessas,
E seus cacos...
E na água,
Passam os tremas e as reticências,
Afundando e emergindo,
Afundando e indo...
Eu sentada,
Eu olhando,
Eu parada,
Eu sonhando...
Que maravilhoso instante de olhar a chuva, deixar os olhos vagarem e surfarem nas aguas da enxurrada, que tudo leva num movimento de sobe e desce, que um dia levou o nosso barquinho de papel, que desceu e nunca mais se viu, ate que outros teimosos começaram descer e sumiram.
ResponderExcluirAbraços Ana.
Lindo seu poetizar.
Há momentos magníficos na vida, um deles é ficar conosco... "Afundando e emergindo, Afundando, e indo..."
ResponderExcluirParando e pensando, como voltar...
Adorei esse instante.
bjs