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terça-feira, 21 de janeiro de 2020

CASAS ABANDONADAS








CASAS ABANDONADAS

Existem no YouTube vários canais que mostram casas abandonadas no Brasil e no mundo. Antes de assisti-los eu não fazia ideia da quantidade imensa de casas que estão nessa situação aqui no Brasil, principalmente no sul. Eu me pergunto o porquê de tal coisa acontecer. 

A grande maioria dessas casas foram abandonadas como se, de repente, a família inteira tivesse desaparecido e deixado tudo para trás: móveis, roupas, utensílios, os pratos na pia, sapatos, livros, retratos. Ainda há quadros nas paredes e colchas sobre as camas. As fotos espalhadas pelo chão e os armários e gavetas escancarados cujos objetos que ali eram guardados estão por todos os lados, mostrando que as casas foram invadidas, tiveram sua privacidade devastada por furacões de curiosos procurando por coisas de valor para roubar. 

Muitas vezes, ninguém sabe quem foram os donos daquelas casas. Ontem assisti a filmagem do interior de uma mansão ainda em construção, enorme, com pilares e escadarias de mármore e mais de dez quartos. De repente, a pessoa que a construía achou que seria melhor abandoná-la, e assim o fez. 
Quem serão essas pessoas que deixam para trás toda a sua história de vida? Estarão mortas? E se morreram, por que os seus herdeiros não tomaram posse de sua herança? 




Olhando aquelas casas sofridas e mal-amadas, penso sobre a transitoriedade de todas as coisas: famílias, relacionamentos, momentos felizes e tristes. A vida em si. Construímos coisas que não poderemos levar conosco. Sonhamos e trabalhamos para construir uma vida o mais confortável e  segura possível, mas... qual é o nosso medo? Por que temos essa necessidade tão grande de acumular coisas, como se elas nos trouxessem segurança em um mundo onde qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento a qualquer um de nós?

Somos criaturas estranhas. Sei de pessoas que não viajam porque têm medo de deixar suas casas e serem roubadas. E sei de pessoas que lutam durante anos para comprar uma casa da qual não cuidam e a qual não amam. 

Eu fico sempre um pouco melancólica quando vejo uma casa abandonada, pois ali estão histórias de vidas que foram abandonadas. 

Quando eu penso na minha própria casa, eu penso nela com amor e gratidão – lutamos para conquistá-la e deixá-la do jeitinho que ela está hoje, e ela vive sofrendo pequenas mutações junto conosco enquanto escrevemos nas paredes e pisos as nossas histórias de vida. Sei que um dia iremos deixá-la. Quero aproveitá-la o máximo que eu puder, e quando despedir-me dela, será com a mesma gratidão e a certeza de momentos bem vividos. Não deixarei louças sujas na pia, nem minhas coisas espalhadas pelo chão. Tomarei cuidado para que todos os papéis e documentos referentes a ela sejam adequadamente encaminhados a quem de direito. Deixarei minha casa vazia e limpa para que outras pessoas possam construir suas vidas dentro dela. Não abandonarei aquela que me acolheu, me guardou e me abrigou.

Isso não é apego. É amor, respeito e gratidão.




18 comentários:

  1. Querida Ana, que texto rico de se ler e sentir os verdadeiros valores da Vida, nossa casa é a nossa segunda pele, eu também amo a minha, cuido com toda a minha dedicação, nem consigo entender porque há, tantas casas abandonadas, assim como você, sinto que também não deixarei nem louças sujas na pia, tampouco minhas coisas jogadas, sempre me apego em tudo o que tenho até o momento em que preciso desapegar, deixar pra lá, mas isso, nem quero pensar, nem quero pensar!
    Amei ler aqui, sempre nos dá bons textos para pensar!
    Abraços bem apertados!

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  2. Coisas dos tempos contemporâneos onde nada tem valor. Só o aqui e agora. Tempos em que a estupidez humana impera. Costumo dizer e acredito que daqui alguns anos nossos tempos serão classificados como a pré-idade Média II. Pré porque ainda tem muita coisa para piorar. Depois teremos a Idade Média IIpara novamente o mundo viver a Idade das Luzes II.

    Beijão

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  3. Boa noite de paz, querida amiga Ana!
    Gostei demais de ler aqui o que tento explicar a algumas pessoas que amo.
    Zelo é assim mesmo como você bem pontuou... Cuidar bem não e apego nem dependência... É Amor! Você clarificou bem isso.
    Se com bens materiais somos solícitos, cuidadosos, que dirá com seres humanos que amamos?
    Ser grato ao que nos acolhe com delicadeza é nobre da nossa parte.
    É preciso sensibilidade para discernir sentimentos bons.
    Gostei muito.
    Tenha dias felizes em seu lar!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

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  4. Por cá também existem muitas casas abandonadas....
    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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  5. Eu desconhecia haver um canal no youtube que tratasse desse assunto. Despertou-me curiosidade.
    Na cidade anterior em que morávamos, foi devido a um surto de dengue que descobriu-se um bairro "quase inteiro" de casas abandonadas.
    Casas imensas, de pessoas com bons recursos financeiros, todas com piscina e assim, abandonadas. Fui surpreendente saber.
    Meu marido afirma que o medo não deixa mais as pessoas habitarem casas, vão para apartamentos. Eu não sei...
    Gostei muito da maneira como nos trouxe esse assunto e vou refletir sobre ele!
    Beijo

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  6. Olá Ana
    Texto muito interessante. Acredito que existem vários motivos para as pessoas abandonarem suas casas, bom seria se passassem para os parentes, pois nesta vida tudo passa... só o Amor de Deus permanece para sempre. Bjs querida.

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  7. Uma ótima reflexão! Casa e lar são diferentes. Um lar é um pedacinho do céu!... Que nossa casa seja aconchegante e nunca abandonada, mas tenha o essencial sempre, o AMOR presente entre "as 4 paredes"...
    Meu abraço, Ana...

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  8. Sigo no Instagram uma página chamada , House becomes home. Concordo em absoluto que são realidades diferentes.
    Beijo

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  9. Querida Ana
    Hoje vim trazer um convite.
    Neste ano de 2020 quero alinhavar no meu blog Sonhos e Poesia um projeto intitulado "Café Poético" onde no último dia de cada mês será apresentado na minha página uma pérola poética de sua autoria à sua escolha para que possa ser apreciado pelos nossos amigos e amigas leitores. Maiores informações no meu blog. Passe por lá, leia a postagem e sinta-se à vontade para aceitar ou recusar o convite.
    Beijinhos poéticos

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  10. Our home is humble, but we've lived in it for more than 48 years, and it is part of our lives together, part of our family, part of us. A failure to appreciate it and all it's meant to us, all the joys and sorrows we've experienced under its roof, would be to me unconscionable. The thing I would wonder most about all those abandoned houses is if the inhabitants abandoned them willingly, or whether there's a sad story behind it. I also think of all the people who have no home at all. It would be nice if they could be settled into those abandoned homes.

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  11. Um texto maravilhoso que nos leva a refletir! Realmente casas abandonadas são tão tristes, parece que algo horrível ali aconteceu ! Vidas infelizes que no passado ficaram! Parabéns teu texto nosóprendese a imaginação voa! Bjo

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  12. É triste quando as pessoas abandonam as casas, mesmo que não saibamos as razões… Gostei da reflexão.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  13. OI ANA!
    JÁ ME DEPAREI COM IMAGENS DE CASAS ABANDONADAS E MESMO AS VAZIAS ME FIZERAM PENSAR SE A FAMÍLIA QUE A DEIXOU NÃO TINHA QUEM A HABITASSE.
    UM TEXTO QUE NOS LEVA A PENSAR.
    ABRÇS

    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  14. Olá Ana,
    Que texto maravilhoso e reflexão em sintonia.
    Nunca dei conta desse desapego, confesso que senti-me surpreendida, em consciência jamais o faria.

    A minha casa é o meu doce lar. Um local maravilhoso de aconchego que me ampara todos os dias. Cada cantinho nela retrata a mulher que sou pelos detalhes e, pormenores que a adornam.

    Um beijinho,
    Ana

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  15. Desconhecia totalmente tais factos...
    No entanto, não me parece que algumas dessas casas tenham sido abandonadas. Refiro-me às que apareceram com o interior completo, como se os donos tivessem se ausentado por pouco tempo.
    Tudo indica que algo inesperado aconteceu, do género acidente e morte.
    Na minha região, há uma casa belíssima, género palacete, que nunca foi habitada, porque o filho do proprietário, criança, durante a finalização da construção, caiu de um dos andares superiores e faleceu. Muitas vezes as casas podem se transformar em memórias insuportáveis.
    As pessoas são novas, não têm filhos, não têm laços e não pensam que podem falecer num acidente... e ninguém identifica seus corpos... triste.
    A louça na pia, faz-me lembrar num marido que saiu e encontrou a esposa morta ou a morrer...
    Não penso em desleixo ou desapego, mas em sofrimento e morte.
    Agradeço a boa reflexão sobre casos que supunha raridades.
    Dias muito agradáveis em harmonia e contentamento.
    Abraços
    ~~~~~

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  16. Excelente!
    Por trás de cada casa abandonada há uma história que desconhecemos.
    Há uns anos vi-me em frente de uma enorme moradia inacabada, no Algarve (sul de Portugal).
    O casal proprietário sonhou a vida toda com aquele ninho de amor. Ela faleceu inesperadamente. Ele perdeu o rumo, quase deixou de viver. Tinha dinheiro para a terminar, não tinha coragem para lá entrar: escolheu deixá-la «morrer» devagar.
    Beijo.

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  17. Excelente reflexão.
    Sempre que vejo uma casa abandonada, também fico sempre pensando qual terá sido a razão.
    Sei de um caso, que são os herdeiros que não se entendem e os anos vão passando.
    Também gostaria, que quem um dia vier para a minha casa, se sinta tão feliz e aconchegada, como eu me sinto agora.
    Beijinhos

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  18. Gostei desta sua bela crônica, amiga Ana, da qual transcrevo o trecho que segue:

    “Somos criaturas estranhas. Sei de pessoas que não viajam porque têm medo de deixar suas casas e serem roubadas. E sei de pessoas que lutam durante anos para comprar uma casa da qual não cuidam e a qual não amam.”

    Sempre senti forte atração por casas, tanto que constantemente aparecem em meus poemas. Gosto de crônicas e de contos que tem as casas (principalmente as antigas). E são muitos os escritores que abordam esse tema, como, por exemplo, o escritor daqui de Porto Alegre, já falecido há anos, e que na Casa de Cultura Mário Quintana deram o seu nome ao Teatro, já que além de contista era dramaturgo.

    Uma boa semana Ana!
    Pedro

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