witch lady

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segunda-feira, 13 de julho de 2015

DESPERTAR






Neste inverno esquecido pelas marcas das estações, onde um calor de primavera me serve de cobertor, desperto com uma brisa fresca entrando pela janela. Vou até a varanda. Lá fora, o tom do céu vem avisar que o dia será estranhamente quente outra vez . E quem dá graças pelo dia quente deste demasiadamente curto inverno, se esquece de que ele é devido ao aquecimento global. Há vários dias não chove por aqui. Em grande parte do mundo, as pessoas estão economizando o que podem, mas a falta d'água assola o planeta. Haverá uma solução?

Da minha janela, olho nossa casa-planeta encaminhando-se aos poucos para seus momentos derradeiros. Não sei se teremos tempo de recolher a roupa no varal e fechar as janelas... e mesmo que tenhamos, de quê isto nos servirá? Penso naqueles filmes de ficção científica, onde as pessoas formam hordas que lutam pelo poder da água que ainda resta.

Pessimista, eu? Talvez... mas é impossível negar que algo mudou, e que o planeta parece encaminhar-se rapidamente para algum infeliz desfecho. Lamento profundamente pelas outras espécies, que nada fizeram para que isso acontecesse. Fico penalizada ao ver plantas secando, gramados morrendo, animais sentindo sede, pagando juros de uma conta que eles não fizeram. Alguns cientistas afirmam que nada mais pode ser feito, e que mesmo que combatêssemos arduamente o efeito estufa a partir de hoje, de nada adiantaria. Nossa esperança ficou num passado no qual éramos ambiciosamente surdos.

Sinto que vivo em uma época de despedida. Temo pelas gerações futuras.



sábado, 11 de julho de 2015

(Des)considerações




Todos os dias, ao ligar o rádio, a TV ou o computador, eu fico sabendo de alguma coisa que me choca ou me desgosta, deixando um sabor amargo na minha boca. Atos de desprezo e desconsideração pelo outro, humilhações, casos de bullying e de falta de respeito, preconceito, mentiras, ódio.

As pessoas parecem ter perdido o bom senso completamente. O velho ódio entre classes renasce, e dois times de pessoas são estabelecidos: ricos X pobres. Quem se considera do time dos pobres, enxerga aqueles que ele acha serem ‘ricos’ como sendo seus opressores, dando-lhes adjetivos que variam entre ‘burgueses nojentos’ e ‘coxinhas.’  Enquanto isso, o que se coloca do lado dos ‘ricos’, vê os pobres como malandros, vagabundos e aculturados.

Ao mesmo tempo, vejo que o ódio racial – que muitos acreditavam estar praticamente abolido neste país – ressurge de repente das formas mais vis. A mais recente vítima foi a apresentadora do Jornal Nacional, Maju Guerra. Lamento profundamente que este texto e todos os que foram ou serão escritos sobre este assunto, nada poderão fazer para mudar a cabeça dos preconceituosos. Nada do que se diga é capaz de sensibilizar ou educar pessoas assim, que parecem ter nascido com o ódio e o preconceito nas veias. Elas estão perdidas. Não creio que um dia poderão pensar diferente, e para elas, desejo apenas a punição da lei.

Só há uma maneira de melhorar esta situação, e ela começa dentro de cada lar: educar e  aconselhar as crianças, dando a elas valores e bons exemplos. Acho que o que antes era apenas uma necessidade, hoje torna-se urgente. Quando penso que estas pessoas que espalham o ódio, o preconceito e a violência tem ou terão filhos que crescem ou crescerão sob seus tetos e aprenderão a pensar como elas e a fazer as mesmas coisas, eu me pergunto o que será de nós.

O ser humano é a criatura mais ambígua do planeta, pois ao mesmo tempo que cria coisas maravilhosas, como a internet e os computadores, acaba dando a elas os piores usos. Chamam de liberdade de expressão o direito de difamar, caluniar, ofender, e diminuir os outros. Usam esta mesma liberdade de expressão que tanto pregam a fim de tentar, veladamente, constranger e calar aqueles que pensam diferentemente deles – os “ignorantes.”

Acredito que só há uma única coisa que gera toda a violência, ódio, preconceito, disputas, pretensão e abuso: ela é um das coisas mais arraigadas na alma humana, que deveria ser trazida à tona, examinada, compreendida e trabalhada, a fim de ser diminuída à níveis toleráveis que  tornem seus possuidores pelo menos passíveis de conviver de forma saudável com os outros; este sentimento, esta coisa pegajosa, é  a burrice.

Não a burrice de quem tem pouco estudo, pois a intelectualidade pouco significa quando se fala em inteligência, mas o pior tipo de burrice, a que é a filha do orgulho exacerbado e da autoestima exagerada, e que leva seu possuidor a achar-se sempre mais que todos, melhor que todos, acima de todos. O preconceito de classe, racial, sexual ou religioso só pode ser explicado quando olhamos para estas pessoas mais de perto e percebemos o quanto elas são burras.




HAIKAI









Um passarinho
Do galho olha pro mundo
Chorando por Deus.







terça-feira, 7 de julho de 2015

JULHO








Metade do ano já se foi;
Com ele, o entulho
Que estava guardado
No canto do armário...
-Bem-vindo, Julho!




segunda-feira, 6 de julho de 2015

FOI O SOL








Entrou pelas minhas gretas,
Acendeu as labaredas
Do pensamento.
-Ascendeu-me.

Iluminou as gavetas,
Matando as traças,
Fez brilhar minhas vidraças.

Foi o sol,
E quando ele se pôs,
Prometeu voltar
-Mas não disse quando.






domingo, 5 de julho de 2015

Não é Poesia...





Não - isto não é poesia.
Não sei o que é; nasceu de mim
Junto com o dia,
Mas não é poesia.

Às vezes me chega,
Sufoca a voz,
Impede o caminho,
Turva a visão...

Deita as garras 
Em meu coração
Até que eu a ouça,
Até que eu responda,
E faça de mim
Um canal
Para que ela chegue,
Me torne uma mãe
Para que ela nasça...

Mas não importa o que eu diga,
Ou o que eu faça,
Não é poesia.

Chega de noite,
Assombra meu sono,
Bordando as palavras
Nos meus lençóis...
Às vezes,
Ata-me em seus nós,
E quase me mata
Com suas mandingas...

Mas seja o que for,
Ou o que eu diga,
Se visto ou não visto
Os seus trajes de mendiga,
Não é poesia,
É uma outra coisa...

(Depois de usar-me,
Ela limpa a boca
Com as costas da mão...)




quinta-feira, 2 de julho de 2015

Lindos Pensamentos Sobre as Casas








Achei na internet lindos pensamentos sobre as casas, e gostaria de partilhar aqui alguns deles:


"Na minha casa um nabo é mais saboroso... do que o tordo, o faisão ou o porco da mesa alheia."
Ariosto


"Um homem percorre o mundo inteiro em busca daquilo que precisa e volta a casa para encontrá-lo."
George Moore



"Todas as casas onde há livros e quadros e discos são bonitas. E são feias todas as casas, por mais luxuosas, onde faltem essas coisas."
Eugênio Andrade



“Desculpa, mas não entendo. Eu quero tudo e mais ainda. Amor tem que encher o coração, a casa, a alma. Pouco ou metades nunca me completaram.” 
―Clarice Lispector


“Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Afinal se coisas boas se vão é para que coisas melhores possam vir. Esqueça o passado, desapego é o segredo!” 
―Fernando Pessoa



“A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.” 
―Leon Tolstoi




A INOCÊNCIA É UM BÔNUS







A Inocência não vê cores
Com a qual pintam-lhe as feições,
Ela não tem nãos ou senões, 
A tudo abraça, a tudo acolhe.


A inocência guarda um molhe
De chaves, só para abrir portas,
Não vê o riso torto e os dentes
Que almejam o doce de sua aorta.


A inocência é um bônus,
Não sente o bafo da ambição,
Ou o fedor do preconceito
Que tenta achincalhar seu tônus.


Ah, eu perdi minha inocência
Há um tempo longo e impreciso...
Ainda resta-me  a decência
De escolher o chão que eu piso.




segunda-feira, 29 de junho de 2015

LIBERDADE






Todas as borboletas têm o direito de serem como são.

-Eu digo todas, sem nenhuma exceção.

Algumas voarão mais alto,
Outras, mais perto do chão.

Mas todas as borboletas têm o direito de serem como são.

E mesmo que alguém considere seu voo 
Viagem limitada, sem reais motivos
E sem nenhuma razão,
Voo descabido, fraudulento, ignorante,
E sem expressão,

Todas as borboletas têm o direito de serem como são.

Porque existem várias formas de exercer a censura,
Existem várias formas de ferir, de cortar asas:
E elas  são: veladamente limitar, tolher, intimidar,
E tentar fazer com que todos os voos sejam apenas
Cópias, sempre à mesma altura,
Repetições eruditas de eternas e ultrapassadas cenas,
Sem re-invenções,
Sem quaisquer tentativas
De desenvoltura.


E a mais forte forma de censura,
É a intimidação,
É tentar fazer o outro crer
Na pior forma de loucura:
A velada ditadura
Do "Seja como eu, ou não vale a pena ser..."

Então:
Todas as borboleta têm o direito de serem como são!



quinta-feira, 25 de junho de 2015

ANDAR







Solto os passos no caminho,
E deixo que ele me guie
Até meu oculto destino.

O meu caminho é menino,
Longo, voluntarioso,
Feito de flores e espinhos.

E se passo displicente
Aceitando ser guiada
Pelo vento, ser levada, 

É que eu sei que eu sou folha,
Que um dia , estará seca
Caída na beira da estrada.



QUEM SE LEMBRA DE NEIMAR DE BARROS?







Você se lembra de Neimar de Barros, autor do livro Deus Negro, famoso nos anos 70 e início dos anos 80? Escolhi alguns de seus pensamentos, e um poema:


"Quem não aceita os velhos de hoje, corre o risco de não se aceitar amanhã. A opinião pode permanecer, mas a juventude não."





"Para aqueles que não entendem de amor, a Terra não é redonda nem quadrada; é chata."




Renúncia 

Eu queria uma vida assim com você, 
Assim sem relógio e sem dedo em riste, 
Sem lei e sem sociedade, 
Sem satisfação e sem chau! 

Eu queria uma vida assim com você, 
Mas, felizmente, meu querer não é tudo 
E meu poder é limitado. 
Felizmente, minha palavra se esvai 
E este papel se amarela. 
Felizmente porque o bom é a espera. 
A incerteza e o talvez são molas propulsoras; 
Porque senão a alegria não teria razão 
E o chegar não teria partida. 

Eu queria uma vida assim com você, 
Sem lenço e sem documento, 
Mas, o bacana é o adeus, é a volta, 
É o riso depois do choro, 
É o hoje sofrido e o amanhã exultante. 
O bacana é o crescente, a renúncia, 
A noite mal dormida, a consciência, 
O bacana é a luta, 
É saber que existe o perdão. 
É a dúvida do "não quero", mas quero! 

Eu queria uma vida assim com você, 
Mas dou graças por não ter, 
Porque só assim eu posso escrever tudo isto, 
Só assim eu posso medir-me, 
Posso certificar a limitação humana. 
Só assim eu sei que nada sou, 
Que vivo capengando, 
Carregando o que dá 
E caindo com o que não dá. 
Só assim eu sei o quanto lhe quero, 
quanto posso, mas o quanto não devo!


Quando dois corpos se encontram com amor, os anjos cantam. Quando dois corpos se encontram por interesse, os demônios sorriem!





Neimar de Barros Nasceu em Corumbá -MS e foi muito conhecido como produtor de televisão da equipe de Silvio Santos . Até o início da década de 1970, criou e produziu vários programas de grande audiência, como Cidade contra Cidade, Boa Noite Cinderela, entre outros. Em 1971 foi convidado a participar de um encontro dentro da Igreja Católica, na época chamado de cursílio. Como ateu, ele aceitou desafiar o convite dizendo que só acreditava no que podia ver. No terceiro e último dia, depois de ter incomodado o encontro, foi desafiado a ir pra capela e algo o fez ajoelhar-se, uma grande emoção o tomou e ali naquela hora aconteceu o início de sua conversão.

Quando voltou ao seu trabalho na TV, sentiu que como cristão não podia aceitar muitas coisas que aconteciam. Entrou em conflito com Silvio Santos e acabou se desligando do grupo. Foi quando se tornou famoso também como escritor de livros religiosos, onde podemos citar o best-seller Deus Negro, que vendeu mais de 4 milhões de exemplares. Em 1975 contraiu uma tuberculose e foi aconselhado a se tratar em Campos do Jordão, onde posteriormente resolveu residir por 11 anos. Lá fundou o Instituto M.E.A.C., missionários para evangelização e animação de comunidades, sendo o principal pregador, e durante 14 anos desenvolveu um trabalho missionário dando cursos e palestras em mais de 4 mil cidades. Suas palestras lotavam ginásios de esportes, auditórios, igrejas e teatros. Seu trabalho teve tanto destaque que esteve na capa da Revista Família Cristã, a maior publicação católica do Brasil, editada pela Editora Paulinas. Visitou o Vaticano, publicou mais de 10 livros, sendo vários em espanhol. Como leigo conseguiu quebrar vários paradigmas, sendo uma forte referência dentro da Igreja Católica. Depois disso, chegou uma fase ruim em sua vida, e como um ser humano normal teve várias desilusões, sendo muitas dentro da própria Igreja Católica, indo contra os seus dogmas, muitos que ele não aceitava e gostaria de mudar. Contudo, trabalhava e viajava muito e uma profunda crise entrou em sua vida, associando ao estresse do trabalho e sua separação no casamento, o que potencializou ainda mais o seu estado emocional e o despertar de uma doença neurológica descoberta 18 anos mais tarde, o Mal de Alzheimer.

Em 1986, entretanto, Neimar concedeu uma entrevista bombástica à revista Veja, revelando que sua conversão teria sido uma farsa. Ele contou ter sido contratado por uma loja maçônica internacional, para se infiltrar na Igreja Católica e repassar informações sobre a conduta de religiosos. Entretanto, afirmou que, depois, teve sua verdadeira conversão, mas teve de manter o compromisso com a loja maçônica por medo de represálias. A maioria de seus admiradores não acreditou nessa história, e sabemos que a Revista Veja teve recordes de venda naquela semana, ultrapassando 900 mil exemplares. Depois disso, Neimar escreveu dois livros contando sua história, mas sem muita repercussão, o que pode explicar seus excessos e devaneios por causa do Mal de Alzheimer. Passou a frequentar uma igreja evangélica.

Oculto por alguns anos ele depois reapareceu na equipe de Silvio Santos, trabalhando novamente como produtor. Neimar faleceu no dia 06/05/2012.






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