witch lady

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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O que Faz Durar?


No último dia 16 completamos 23 anos de casamento. Fizemos as contas: nos conhecemos há 29 anos! Estive pensando no que faz um casamento durar, e cheguei a algumas conclusões (sobre o meu, pelo menos):

Não existe relacionamento perfeito. Ninguém será totalmente feliz e satisfeito em todos os aspectos o tempo todo; mas é preciso saber medir as vantagens e desvantagens de se estar juntos,  o que é bom, o que pode ser melhorado e o que deve ser aceito. Tentar modificar a maneira do outro ser pode ser desastroso... é preciso que cada um tenha espaço suficiente para ser, existir, manter sua personalidade e seus gostos pessoais. E de nada adianta desfazer-se das coisas que o outro aprecia: eu gosto de escrever, ele gosta de futebol, e pronto. Jamais gostarei de futebol, e ele jamais gostará de escrever, e isto é um fato. Mas um respeita os gostos do outro. E é claro, há várias outras coisas que gostamos de fazer juntos!

Também não é uma boa ideia (aliás, é péssimo) intrometer-se entre o cônjuge e sua família, especialmente, seus pais. Ao nos casarmos com alguém, querendo ou não, estamos também entrando para um a família, da qual faremos parte. Certa vez ouvi alguém dizer que para saber se o(a) cara metade será um bom marido ou não, temos que observar a maneira como ele (a) se relaciona com os pais. E se o relacionamento é bom, por que tentar estragá-lo? Ciúmes? Competição? Com certeza, quem vem de uma família sólida, jamais aceitará esse tipo de coisa.

É preciso não ir dormir com raiva um do outro - embora nem sempre isto seja possível. Mas que seja raro! Mas segurar a raiva ou o ressentimento 'em prol de uma boa convivência' pode criar uma bomba relógio que fatalmente explodirá. Melhor expressar de uma vez como cada um se sente em relação ao que acontece. Dizem que existem dois tipos de casais que não dão certo: os que brigam o tempo todo e os que jamais brigam. Eu concordo.

Ciúmes? Tratar de controlá-lo... é certo que muitas vezes ele até pode ter fundamento, mas é preciso saber agir nestes casos. Uma coisa boa: quando eu sinto ciúmes, procuro melhorar minha imagem: saio, vou ao cabeleireiro, compro uma roupa nova e vou visitá-lo no trabalho. E se necessário, dou um 'chega-pra-lá' educado no objeto do meu ciúme - quando eu percebo que ela está tentando se aproximar demais. Sempre é bom mostrar que o lugar está ocupado, e que tentar sentar-se aonde não foi convidada não será nada fácil. Mas se tem algo que abomino, é o escândalo. Prefiro ser discreta nestas situações... rsrsrsrs...

Enfim: não sei bem o que faz um casamento durar. Existem casamentos que duram, embora os parceiros se odeiem mutuamente, e fiquem o tempo todo competindo entre si ou tentando controlar o outro. São relacionamentos doentios, baseados na dependência e na falta de autoestima (como o casamento dos protagonistas da novela das nove da Globo, os personagens de Suzana Vieira e Antônio Fagundes, Pilar e César). Mas eu preferiria não ter um relacionamento assim, e jamais ficaria com alguém apenas por conveniência. 

Mas sem respeito, amor, cumplicidade e uma boa dose de tolerância, não há casamento que dure.




quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Cheiro de Flor







Ah, esse cheiro de flor murcha, sufocante!
Esse aroma que me segue na vida...
Flores mortas e frouxas
E cera de velas...

Ah, esse aroma que o vento traz
Sempre, cedo ou tarde,
E agora, mais que nunca,
Esse cheiro que me acorda
No meio da noite
Mais negra e mais profunda!

Quisera poder abrir as janelas
E expulsar, para sempre, este aroma!
Mas não há ninguém que dele a vida poupe...
Ninguém!

Não existe uma redoma
Que dele nos proteja...
Seguro entre os dedos os caules dessas flores
Que há muito já murcharam...




Fases da Vida


Uma borboleta não nasce borboleta. Antes, ela precisa ser lagarta, arrastar-se pelo solo e conhecer o caminho das nervuras das folhas. Ela precisa sonhar com as asas, antes de obtê-las, e fazer por merecê-las. Uma lagarta necessita conhecer seus predadores naturais, e como evitá-los. 

E mesmo depois desta fase de arrastar-se rente ao chão , às folhas, e aos galhos, evitando os bicos dos passarinhos e os ferrões das formigas, a fim de tornar-se borboleta uma lagarta tem que submeter-se voluntariamente à morte. Ela precisa morrer. Recolher-se em um casulo, envolta em teias, e aguardar pacientemente até que a borboleta esteja pronta. E qual será o sonho da lagarta em seu casulo? Quais caminhos ela percorre durante seu sono metamórfico? 

Finalmente, chega a hora de romper o casulo e vir à luz. Mesmo assim, a borboleta ainda não está pronta para o voo: precisa secar e desamassar suas asas, e lembrar-se quem são seus predadores,  vasculhando em sua memória de lagarta os caminhos do solo e das folhas para que saiba onde pousar quando necessário. 

E quando ela abre suas asas, entregando-se à beleza de sua nova vida e à sua missão de percorrer as flores, ela sabe que será breve a sua nova existência; mesmo assim, terá valido a pena todo o período em que viveu como lagarta e fechou-se em seu casulo!

O mais importante, é que a borboleta jamais se esqueça de onde veio, e lembre-se sempre de que ela é apenas uma lagarta que se transformou... que ela jamais despreze as lagartas que encontrar em seu caminho!

E que as lagartas saibam que, dentro delas, moram as asas de uma borboleta.

Triste é aquele que pensa que já nasce borboleta, e pensa que voa entre as outras lagartas com asas imaginárias e por caminhos que não lhe pertencem, para os quais, não se preparou! Cedo, o vento sopra forte e derruba seu voo de arrogância. E como esta lagarta passou toda a existência pensando ser uma borboleta e negando sua verdadeira forma, quando a queda chegar, ela nem ao menos saberá escolher um pedaço de solo sem espinhos ou pedregulhos... as dores serão muitas! O tempo de metamorfose será muito mais longo e sofrido.

Portanto, quando eu vejo uma lagarta, lembro-me sempre que dentro dela, mora uma borboleta; e quando vejo uma borboleta, sei que dentro dela, mora uma lagarta.



José Saramago








Pensamentos de José Saramago






"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome; essa coisa é o que somos."







"Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão, aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala."





"Se tens um coração de ferro, bom proveito. 
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."






"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais."






"A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre."





"A única maneira de liquidar o dragão é cortar-lhe a cabeça, aparar-lhe as unhas não serve de nada."





Poema à boca fechada 


Não direi: 
Que o silêncio me sufoca e amordaça. 
Calado estou, calado ficarei, 
Pois que a língua que falo é de outra raça. 

Palavras consumidas se acumulam, 
Se represam, cisterna de águas mortas, 
Ácidas mágoas em limos transformadas, 
Vaza de fundo em que há raízes tortas. 

Não direi: 
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem, 
Palavras que não digam quanto sei 
Neste retiro em que me não conhecem. 

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas, 
Nem só animais boiam, mortos, medos, 
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam 
No negro poço de onde sobem dedos. 

Só direi, 
Crispadamente recolhido e mudo, 
Que quem se cala quando me calei 
Não poderá morrer sem dizer tudo.





"Somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não."





"O costume de cair endurece o corpo, ter chegado ao chão, só por si, já é um alívio."





José Saramago




José de Sousa Saramago foi um escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português. Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. 
Nascimento: 16 de novembro de 1922, Azinhaga, Portugal
Falecimento: 18 de junho de 2010, Tias, Espanha

Prêmios: Nobel de Literatura, Prêmio Camões






segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Café




O café escorreu lentamente,
Desceu queimando
Pela garganta,
Fazendo sangrar a manhã
Em tons marrons.

O futuro se escondeu na borra forte,
E o sabor coloriu a alma anêmica.
O perfume despertou a ilusão
De que talvez fosse mentira.

O dia seguiu, quase hipnótico,
O azul imenso e monocromático do céu
Agredia as vistas,
Sem o menor respeito pela minha dor.

E as aves cantavam, atrevidas,
Nas árvores próximas à janela...
Mais um gole de café
Que não trouxe de volta o que eu queria...

Não despertei daquele pesadelo,
E a tarde descansou, finalmente,
Sobre tuas mãos cruzadas...


domingo, 15 de setembro de 2013

TRANSGRESSÃO




Nasci para andar descalça.

Meto os pés na lama
Sem hesitação,
Cubro-me das pétalas
Que das flores caem,
Orno-me das folhas
Que as árvores enjeitam,
Mato minha sede
Com a água que nasce
Das loucas enchentes,
Revolta da chuva,
Revolta dos rios.

Aparentemente,
Sigo a linha reta
Que a vida desenha,
Mas dentro de mim
A estrada não segue
Caminhos conhecidos:
Sou de poucas palavras,
Poucas perguntas,
Poucos amigos.


Prefiro o silêncio, 
E dele eu me visto,
Sou bicho das sombras,
Ando equilibrando-me
Pelo meio-fio
Só porque assim
Eu me divirto,
E seu eu cair,
Não há abismos.

Aprendi a ser
Aquela que cai,
E sempre se ergue
Um milhão de vezes.
Não desisto nunca
De recomeçar.
De cabeça erguida
Sacudo a poeira,
Só pago o que devo
(Se acho que devo)
Choro quando quero.

É duro, é difícil,
É quase impossível
(Desista, eu te digo)
Me fazer cair,
Me manter no chão,
Calar minha voz,
E ferir a pele
Do meu coração
Que bate sozinho,
Sem necessidade
De adrenalina.


Eu pago meus micos
Sem pedir descontos,
Não tenho vergonha,
Nada me constrange,
Nada me intimida,
Nada .


A Energia do Sábado





Desde pequena, sempre adorei os sábados... lembro-me da época em que eu tinha aulas de inglês e educação física nas manhãs de sábado, e acordava cedinho, a casa cheirando à madrugada, e dirigia-me à escola enquanto todos ainda dormiam. As aulas sempre terminavam com a gente jogando queimado no pátio da escola, e ao meio-dia, eu caminhava com as amigas até a avenida, onde tomava o ônibus para voltar para casa.

Sábado era dia do meu pai chegar mais cedo do trabalho. Era dia da comida mais caprichada. Era dia de ouvir músicas e brincar na rua. Também era dia - mais tarde, quando me tornei uma adolescente - das festinhas no início da noite, na casa de Dona Celina - mãe de amigos nossos, a única que não se importava com a nossa bagunça.

Na casa de Dona Celina, tudo era possível e permitido. Frequentemente, entrávamos já chamando pelos nomes de nossos amigos (quatro irmãos: dois meninos e duas meninas), e íamos adentrando a casa, encontrando Dona Celina na cozinha, passando roupas, debaixo do velho relógio cuco. Ela nos recebia com alegria, pois gostava de ter jovens em volta.

A casa de Dona Celina era bem pequena, mas era o lugar onde todos gostávamos de ficar.

Uma das lembranças mais queridas que tenho de lá, é a de uma noite de natal; voltávamos da comemoração em casa de minha irmã, recém-casada, e quando saímos do táxi, percebemos a luz e as vozes vindas da casa de D. Celina. Após alguma insistência, eu e minha irmã adolescente tivemos, finalmente, a permissão de nossos pais para irmos lá, "bem rapidinho." E encontramos a festa de natal sem ceia farta e sofisticada, mas com muita música, dança e alegria. 

Na casa de Dona Celina, nós nos arrumávamos para irmos aos bailes - "Sons", como eram chamados naquela época . As meninas disputavam o único espelho do armário do quarto, dividindo e partilhando sombras, rímel, blushes, batons e lápis de sobrancelhas... e de lá, saímos todos juntos nos domingos à tarde, em direção ao Serrano Futebol Clube.

A casa de Dona Celina foi nosso point, nosso ponto de encontro, da infância à adolescência... 

Comecei falando de sábados, e terminei recordando a casa de Dona Celina. Mas é que não existiam sábados sem casa de Dona Celina. E os sábados sempre me trazem lembranças daqueles tempos.



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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...