witch lady

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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Mãos Vazias




Pra ser feliz, às vezes
É preciso uma gota
De egoísmo...

-Vês?

A dor do outro
Quando nada há
Que possa ser feito,
Queima o peito,
Cala a voz!

Ah, triste cenário,
Ver que o que deve ser feito
Não o será,

Pois falta um simples gesto
De vontade própria,
Que não cabe em minhas mãos!

E eles seguem sempre,
Ansiando pelo perfume de uma rosa
Que jamais plantaram!



Ainda Bem que Existe a Poesia!...





Ainda Bem que Existe a Poesia!...


É tanta coisa, tanta, todo dia!
Da mais profunda e límpida tristeza
À beira da mais louca alegria...
E o sol se deita, e se levanta,
Todo santo dia!

Enquanto isso, a lágrima de esperança
Escorre devagar por entre os dedos,
Formando imensos, densos, tristes rios
Da mais total e pura nostalgia!...

-Ainda bem que existe a poesia!

E é ela quem derrama, entre linhas,
O doce do alcaçuz, o fel das rinhas,
A vida traduzida em verso e prosa,

Da cega e escura noite
À singeleza da rosa!

-Ainda bem que existe a poesia!

E quando vem a chuva, em gotas lindas
Fazendo transbordar muitas saudades,
É ela quem nos salva e nos resgata:
Uma consolação de pura arte!

-Ainda bem que existe a poesia!

E quando na memória mais profunda
Insiste a dor mais forte, mais fecunda,
De repente, nos chega um passarinho,
E a mente assim se solta, de mansinho...

-Ainda bem que existe a poesia!


terça-feira, 9 de julho de 2013



Eu Menina na Menina dos Teus Olhos


Te olho;
E quando te olho,
Me vejo menina
Nas tuas pupilas,
A brincar
Com a menina dos teus olhos.

Nos damos as mãos,
Corremos, cantamos,
E vemos tudo,
Como cores de algo novo:

A nossa casa,
O céu, as plantas,
A lua açucarada,
Docinhos de estrelas...

De mãos dadas brincamos
Dentro dos olhos,
Até que rolamos
Nas lágrimas,
Aterrisamos
Na grama orvalhada.

Corremos em rios
Entre risos e lágrimas,
E o que nos une
É que nos vemos,
Eu, nos teus olhos,
Tu, nos meus olhos.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Respiração - por Monja Coen






"Se quiser conhecer a si mesma, a respiração é a corda que leva ao fundo do poço" - ouvi essa frase repetidas vezes durante minhas aulas semanais de Yoga.

"Respirar é preencher espaços" insiste sempre minha professora Walkiria Leitão.

Ela foi aluna do professor Shimada, de dona Inês, do professor Garoti e de tantos outros mestres e mestras de Yoga, Filosofia, Espiritualidade, Fisiologia.

Para ser intrutor, instrutora de Yoga ou do Zen Budismo, é preciso conhecer corpo-memte-espírito com grande intimidade.

Estar em contato com a respiração é estar em contato com nossa maior intimidade, com a essência que nos faz ser. Interser.




MInha superiora no Japão, a Abadessa do Mosteiro Feminino de Nagóia, Aoyama Shundo Docho Roshi costumava dizer que são necessários dez anos para se formar uma monja, vinte anos para se formar uma professora monja e trinta anos para se formar uma mestra zen. Não é assim mesmo? Muitas vezes queremos transpor etapas, procuramos atalhos, mas essa ansiedade apenas nos afasta do próprio Caminho, que náo é curto nem longo. É apenas, assim como é.

Inspirar e expirar conscientemente. Pausa. 
Inspiração. Pausa. Expiração longa, lenta, devagar.
Vai-se tornando sutil e profunda. Leve.

Não significa apenas que durante o Pranayama respiremos mais oxigênio. Pode ser o contrário. Mas criamos condições para que durante todo o dia possamos respirar melhor e oxigenar melhor as células de nosso corpo.

Vontade de respirar e não vontade de respirar.
Vontade de pensar e não vontade de pensar. Diferente de vontade de não pensar. Diferente de vontade de não respirar.

Depois de alguns exercícios de Pranayama, Marcos Rojo me surpreendeu com essas frases. Estávamos no encontro anual de Yoga e Budismo, em Ubatuba, nos feriados de Corpus Cristie.

Com que simplicidade profunda os ensinamentos sagrados eram transmitidos.

Suas palavras esclareciam aquilo que o fundador da minha ordem religiosa no Japão, Mestre Eihei Dogen (1200-1253) escreveu há tantos séculos:
"Existe o pensar, existe o não pensar e além do pensar e do não pensar."




Sempre achei difícil explicar em palavras o que isso significa. De repente, na aula de Yoga, lá estava, palpável, a experiência pura.
Inspirávamos, retínhamos o ar e expirávamos lentamente. E onde estavam os pensamentos? E a vontade de respirar ou de pensar?
O som da sala era o som das ondas do mar.

Muitas pessoas acreditam que meditar é silenciar a mente, evitar todo e qualquer pensamento, e assim se esforçam para não pensar. Quanto mais se esforçam mais difícil fica a meditação verdadeira, o samadhi profundo. Cria-se uma idéia, um conceito de samadhi. Há muitas pessoas que desistem de meditar porque não conseguem passar a barreira sem barreira, o portal sem portas do Zen.

Fiquei me lembrando de um retiro que fiz há cerca de trinta anos. Um dos meus primeiros sesshin (retiro zen silencioso). Eram muitas horas por dia sentada em zazen. O corpo reclamava da postura, a mente tentava romper a torrente de pensamentos, reclamações, resmungos. Estávamos já no terceiro ou quarto dia do sesshin. A dor nas pernas era insuportável. Resolvi seguir uma partícula de oxigênio. Estaria mesmo a seguindo? Respirei suavemente pelas narinas, percebi essa molécula entrando nos pulmões, passeando pelas artérias, chegando a meu pé direito, dobrado sobre a coxa esquerda. Depois fazendo a troca e o gas carbonico saindo, lenta, suavemente pelas narinas. Foi um momento mágico. Onde estava a dor? Onde ficaram os pensamentos?



Noutro momento aconteceu algo também extraordinário: percebi que se inspirasse e retivesse o ar e depois o soltasse lentamente, o abdomen se contraia e havia momentos em que parecia não precisar respirar. Sem esforço.
Como se meu próprio corpo me ensinasse princípios do pranayama.

Naquela época eu não conhecia nada do Yoga.
Continuo conhecendo muito pouco.
Mas, desde a minha primeira aula senti que havia encontrado um caminho maravilhoso. Caminho que completa e se ajusta à vida monástica, aos ensinamentos de Buda, ao conhecimento de mim mesma.

Mestre Zen Eihei Dogen (1200-1253) também escreveu:

"Estudar o Caminho de Buda é estudar a Si mesmo. Estudar a Si mesmo é esquecer-se de si mesmo. Esquecer-se de si mesmo é ser iluminado(a) por tudo que existe. É abandonar corpo e mente- seu e dos outros. Nenhum traço de iluminação permanece e essa iluminação é colocada a serviço de todos os seres, de toda a existência"(do texto chamado Genjokoan- A realizaçao na vida diária)




Inspirando. Não inspirando.
Expirando. Não expirando.
Pensando. Não pensando.

Além, muito além, o yogui e o budista se encontram no topo da montanha mais alta, no mais profundo dos oceanos.
Parecem apenas pessoas simples, comuns. Mas, como são leves...

Mãos em prece

Monja Coen




Minha Vida






Minha Vida


Nada muito grande,
A minha vida.
Pode ser, por todos,
Ignorada,
Deixada de lado, esquecida,
Pode acabar-se de repente,
Nalguma esquina perdida.

Basta que alguém puxe uma alavanca,
Ou quem sabe, acelere,
Ou aquele encontro em Samarcanda?...

Um quase nada,
A minha vida.
Frágil sopro distraído
Que saiu da boca
De um deus cansado
Enquanto ele suspirava!

Foi como surgiu o universo:
Um simples espirro,
E veio um verso
De um poeta entediado.

É assim, a minha vida:
Nada tão importante,
Ou relevante,
Que morre ao fechar dos olhos
Na beira de cada noite,
Como um simples talho
Que corta um fio.

Mas desperta toda manhã,
Nas gotas de orvalho.

domingo, 7 de julho de 2013

Retorno






Retorno

Pensei jamais voltar aqui,
Mas a estrada me trouxe
Estendendo aos meus pés
Os caminhos de outrora.

Puxei, sem querer, os fios da memória
E me lembrei de ti.

Tudo, nesse jardim
É planta sem flor, sem viço,
Caminhos musgosos
Cobertos de densa neblina
Onde um dia, tu passaste.

Queria ouvir de novo a tua voz
No bico de um pássaro,
Ou ver um segundo do teu rosto
No espelho silencioso destas águas!

Mas há um rio entre nós,
E nos olhamos
Cada qual, do seu lado,
Sabendo que não há pontes
E nem há barcos.

A vontade afunda, afoga-se,
Sem jamais chegar às margens.


sábado, 6 de julho de 2013

Inesperado






Inesperado


Por mais que seja noite,
-Cliché: um dia, amanhece!
E os cedros negros,
Que lembravam monstros,
Serão flautas para o vento.

E num momento de pura surpresa,
As nuvens recolherão as tempestades,
Abrindo um caminho no meio do céu
Para que o sol passe.

O musgo do abandono
Que cresceu pelo caminho não trilhado
Será estrada aveludada
Que levará ao reencontro tão sonhado.

Num dia inesperado,
Quando os olhos estiverem secos
E o riso tiver voltado.




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