witch lady

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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Suposições








Alguém supôs,
E pôs
E expôs
Para tirar
Da língua fria
Aquele gosto
De todo dia,
De feijão com arroz.

Mas do que disse,
Nada sabia,
Apenas pôs,
Supôs 
Expôs
O que não sabia
Não soube antes
E não saberá depois.

Quando Formos Luz



Um dia,
Quando formos luz,
Talvez a cegueira que hoje temos
E a ilusão que ela traz
Nos faça olhar um ao outro
E nos enxergarmos
Como realmente somos.

Quem sabe,
Quando formos luz,
As ilusões causadas,
As desilusões mascaradas
Possam encontrar um final
E nos conheçamos, enfim.

Talvez
Quando formos luz,
Tu me olhes sem armas,
Sem pedras nas mãos,
Sem inveja, sem disputa,
E me vejas como eu sou
(Ou como eu tento ser).

Um dia, 
Quando formos luz,
Compreenderás as razões
Pelas quais eu fiz
O que tive que fazer,
E me vejas, não como um monstro,
Mas como uma pessoa
Tão sensível quanto você.

E quem sabe,
Nesse dia
(Se ele chegar)
Possamos, sinceramente , lamentar
Pelo tempo que perdemos
Tempo que não nos reconhecemos
Esse mesmo tempo que vivemos
Como luz, que somos.


*

domingo, 14 de outubro de 2012

Há Muito...







Há muito desisti de procurar sentidos para a vida. Acho que jamais os teremos, e quanto mais certezas adquirimos, mais longe estaremos da verdade. Talvez baste aceitar a vida como ela é: com tudo o que não sabemos ser, desejamos ser, aprendemos a ser.

A única verdade, segundo minha mãe, é que ninguém sai daqui vivo. Nada ou pouquíssimo sabemos sobre o viver, e menos ainda sobre o morrer.

Só sei que a vida vai ficando cada vez mais deserta, quando começamos a envelhecer. As pessoas começam a ir embora. As máscaras começam a cair. Nosso entendimento muda, nossos objetivos mudam. Chegam as crises existenciais. Talvez envelhecer seja como passar por uma segunda adolescência; só que, ao invés de adquirir conceitos e acrescentar traços à nossa personalidade, nós vamos nos despedindo destes conceitos e traços. Aprendemos a ser desnudos. E quem não conseguir, permanecerá pesado.

Mas uma coisa eu sei, sinto e vivo: envelhecer nos deixa mais confortáveis sobre nós mesmos. Já não tenho tantos medos. Aliás, medos, sobraram-me bem poucos. Sei que um dia serei eu a partir da vida das pessoas. Nem sei se farei falta ou não. E nem sei se fará diferença.

É que ando mesmo um tanto melancólica. Chata, mesmo.

Quando nos despedimos de alguém que está indo embora, despedi-mo-nos de tudo o que vivemos com esta pessoa, desde que a conhecemos: cada risada, cada mágoa, cada alegria e cada tristeza. É como se o papel que aquela pessoa fez em nossas vidas estivesse ficando em branco. Sei lá, é difícil explicar. Mas fica uma outra coisa: uma essência que não entendemos. Uma ausência que é para sempre. As lembranças. A voz. As risadas. Tudo de bom e de ruim que dissemos e escutamos. E nos perguntamos: para quê? Se desde o início estávamos fadados à perda e ao afastamento, por que?

E ouvimos sempre a mesma ladainha, que nada nos acrescenta, e que em nada nos alivia: "A vida é assim mesmo." "Agora é colocar nas mãos de Deus." Que porcaria! Melhor nada dizer, quando nada existe a ser dito.

E eu me pergunto o que ainda estou fazendo aqui. E por que, meu Deus, apesar de tudo, de tanta dor e de tanto sofrimento, a vida tem que ser tão bonita, e essa brisa que sopra tem que ser tão fresca, e o barulho dos sinos de vento tem que ser tão mágico e encantador. E as nuvens pesadas e cinzentas passam no céu. Continuarão passando sempre. E um dia, o céu ficará azul de novo, e cinza outra vez.



Soldadinho de Chumbo







Soldadinho de Chumbo


Soldadinho de chumbo,
Quem te pôs no mundo?
Por que tão pequeno,
Por que tão pesado,
Soldado de chumbo?
Quem te fez tão duro,
Te pôs nas fileiras,
Soldado de chumbo?
Quem cavou trincheiras?
Quem se ri de ti,
Quem que te fez tão mau
Quem te fez tão triste?
Vê se não desiste, soldado ignóbil!
Encosta no ombro
O cano da arma
Não foge à batalha!
Ao final do dia,
Soldado de chumbo,
Faz tua elegia,
Que existe no céu
Alguém que te guia (?)
Soldadinho torto,
Quem te deu à luz,
Quem te quer tão morto?
Alguém te fez duro,
Rígido e pequeno,
Te pôs nas fileiras,
Cavou-te as trincheiras
E agora, afinal
Te derrete aos poucos...
Pra quê tudo isso, soldado de chumbo?
Pra onde tu vais?...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

SORRIA



Sorrir nem sempre é fácil,
Mas com certeza,
Te fará mais belo
A quem te observa.
Julgar-te-hão mais feliz,
Mesmo que não sejas,
Mais forte,
Mesmo se fraquejas.
Sorrir é grátis,
Basta ensaiar
Na frente do espelho.
Cuide bem dos dentes,
Deixe-os sempre brancos
Prontos para sorrir.

Capriche na curvatura dos lábios,
Para que ela pareça natural,
Sorria, mesmo que seja
Um riso falso e pesado,
Triste, dissimulado.

Sorria, mesmo que de lado,
Pois o teu sorriso
Te fará mais forte
Te dará suporte
Na hora de chorar.



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Iniquidades




À janela do dia,
Derramamos nossas penas
Como se elas nos fossem levar, em um voo,
Até as portas da verdade,

Mas nossas penas, e nossas piedades
São coisas disfarçadas,
Lúdicas camadas
De pura iniquidade.

Seguimos pela vida, mostrando o que não somos,
Dizendo o que não queremos,
Escondendo o que pensamos,
Até que chegue a hora de entregar-se ao abismo
Às portas da noite negra e sem saudades.

Das janelas da vida,
Às portas da noite,
Nossa eterna, hipócrita
Iniquidade.



quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Contemplação





Às vezes eu acho
Que meu tempo passou,
Estou além
Do que deveria.
Buscando sentidos
Eu mergulho
Nesse caudaloso rio
Sem fundo e sem margens.

Às vezes eu penso
Que não deveria pensar tanto,
O melhor seria
Abstrair, ir levando,
E de repente, eu me perco,
E de repente, eu me espanto.

A história não acaba,
A história continua,
Retilínea, consagrada,
A história é macabra.

E um dia, sei que o livro
Há de fechar-se em um baque,
Cessando cada lembrança,
Apagando cada mágoa.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

ECLIPSE





Sonhei que o dia era noite,
Sonhei que a noite envolvia
O que restara do dia.

Perdida, eu me procurava,
Mas no negro, não me achava,
A noite me engolia.

A  manhã tornou-se negra,
Recolheu-se de repente
E a lua se escondeu.

Me perdi do que era meu,
Me senti tão desabrida,
No meio da escuridão...

Era um verso sem poesia,
Aquela noite sem dia,
Uma canção sem refrão!

Não havia madrugada,
Só a noite entrecortada
Pela escura solidão...


Poema baseado em um sonho que tive na noite passada. Sonhei que estava no portão de casa, acompanhando uma visita. Quando o abri para que ela saísse, um homem negro entrou, e de repente, a manhã ficou muito escura. Fiquei pensando, no sonho, que era um eclipse, mas ele me disse: É o fim do mundo." Sonho louco...

IMAGEM

Foto: Aniversariantes.



Dia 29 de setembro, aniversário meu e de minha irmã. Aniversariamos no mesmo dia. Nossa mãe nos teve de parto normal, e eu nasci exatamente onze anos depois dela. Incrível.

Minha mãe conta que quando eu nasci, o tumulto era tanto que se esqueceram do aniversário de minha irmã. Então, me deram para ela batizar.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Êxtase






Uma rosa se abriu
No fundo do meu jardim. 
Foi assim, de surpresa, 
Hoje de manhã. 


Êxtase: 
Beber da sua imagem, 
Sentir sua textura, 
Cheirar sua essência, 
Sentir ciúmes 
De uma abelha... 


Rodeá-la, 
A procura de ângulos
de beleza escondida... 
Experimentar imagens, 
Surpreender-me: 
Espetar-me 


E achar maravilhoso...

Cores Vivas






C o r e s   V i v a s



Vem ver o sol,
Olha o vermelho da flor,
Desprenda-se deste lençol
Onde não existe amor...

Há um mundo tão grande
Que deseja te encontrar,
Há um sonho preparado
Pra você realizar!

Vem ver o sol,
Vem pra fora,
Vem viver,
Vem sonhar!

Ah, ponha no rosto um sorriso,
Pense nos anos de vida
Que se estendem à tua frente,
Para que tu sejas gente,
Para que faças escolhas,
Para que sejas melhor!...

Deixa pra trás a tristeza,
Vem ver o sol,
Tenha a coragem, a certeza
De que a verdade 
É um brinde à vida,
Ao caminho certo,
E que a mentira, é um trago
De cachaça ruim
Em uma viela suja...

Vem para fora,
Vem ver o sol,
Vem aprender
A ser você!

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EU SÓ TENHO UMA FLOR

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