witch lady

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sexta-feira, 20 de abril de 2012

SERENIDADE






Fiquemos aqui, sentados e silentes...
Lá na curva, de repente, o que virá?...
Mais um dia nasce, outra esperança,
Ou será apenas uma iminente espera?

Sente-se aqui comigo, dê-me sua mão,
Quem sabe, o por do sol seja mais belo?
Logo virá, com suas cores fortes
Tintas entre o vermelho e o amarelo...

Esqueça um pouco a curva do caminho,
O que tiver que vir, virá;
Somos duas almas impotentes e cansadas,
Mas... 
Quem foi que disse que já não nos resta mais nada?

Fiquemos aqui, sentados, em silêncio,
Saibamos decifrar a voz dos ventos!
Deixemos que o tempo nos responda,
Pois nós ainda temos o tempo, o tempo...

REFÚGIO







Quero estar junto ao mar
Quando a Terra dormir,
Quando a luz apagar,
Quando não mais houver
Nem sequer, esse mar...

Com cobertas de ondas,
Com cabelos de algas,
Com anéis de corais
E colares de conchas,
Quero estar junto ao mar
Quando o mundo acabar.

Vou dormir na areia
E olhar as estrelas
Uma a uma, apagando,
O luar, se fechando,
Todo o céu desabando
Em poeira de luz!

Quero estar junto ao mar,
Ao meu lado, Jesus,
A guiar-me no escuro
E levar-me consigo
Mas não sei se consigo,
Mas não sei se consigo...

Quietude





As aves já foram dormir;
Sobre o telhado,
O céu.

Apenas silêncio e quietude.

A natureza recolhe
As cores do dia
Nas asas das nuvens.

Laranja e amerelo,
Vermelho e rosado,
Azul e branco,
Acinzentado.

Uma vontade de sonhar
Acordado
Sob um céu assim,
Nacarado. 









quinta-feira, 19 de abril de 2012

A GOTA D'ÁGUA





Pensamos
Que o mundo dura
Por cima de nossas durezas,
E que ele permanece
Através de nossas
Impermanências.

Achamos
Que o futuro
Não depende nada
Daquilo
Que fazemos no presente.

Pois somos tolos,
Egoístas, orgulhosos,
Preguiçosos,
E proclama-mo-nos eternos
Enquanto perpretamos o dolo!

Danem-se os rios,
Danem-se os índios,
Danem-se as árvores,
Dane-se o povo!

Até quando?...





FANTASMAS





As palavras que calei gritam à noite
Quando vejo apenas minha escuridão
E mergulho no vermelho de meu sangue
Me afogando em minha própria solidão.

-Anjo, anjo meu, perdoa-me!
Se eu falasse, nem sequer me ouvirias,
Se me ouvisses, sei que não me entenderias.

Os olhares que neguei cegam-me à noite,
Quando tento não te ver, e tu me assombras.
Entre brumas, me estendes tuas mãos,
Mas se tento alcançá-las, te alongas.

_Anjo, anjo meu, perdoa-me!
Os olhares que ousei lançar às trevas
Me corroem, como as ondas sobre as pedras...

As risadas que não dei choram à noite,
E no acre da saliva que degusto
Elas morrem, e seus ecos repercutem
Nas paredes glaciais do quarto fusco.

Anjo, anjo meu, perdoa-me!
Os afagos que esmaguei entre meus dedos,
E os sorrisos, e os olhares, e as palavras,
Sepultei-os, sob a laje de meus medos!

PEDAÇOS DE NÓS



Pedaços de dentro,
Pedaços de fora
Pedaços que ficam
E que vão embora
Na cauda do vento,
Na água da chuva,
São partes de hoje,
São cantos de outrora.

Pedaços maiores,
E outros pequenos,
Pedaços estranhos
Que não conhecemos
Mas nós pertencemos
A cada pedaço,
A cada estancar
E a cada passo.

Pedaços inteiros,
Outros, aos pedaços...
Pedaços que morrem
Dentro de um abraço...
Alguns que se soltam
Se perdem no mundo,
Jamais retornando,
E não deixam traços...

Pedaços daqui,
Pedaços de lá,
Palavras que calam,
Silêncios que falam...
Peito que se expande
E explode em pedaços
E em gotas de sangue,
Libação dos paços...

O CIRCO





Respeitável público,
Venham todos assistir
A mais este espetáculo!

Por trás do aplauso, a dor
E a exploração covarde
De animais mal-tratados!

Temos o elefante que dança,
O leão acorrentado,
Macaquinhos enjaulados,
Cavalinhos espancados!

Tragam as suas crianças
A este mundo encantado!

Batam palmas, minha gente,
Para a pantera sem dentes!
Há periquitos que dançam
Por terem seus pés queimados,
Vejam como dominamos
A sórdida e lucrativa arte
De explorar, à última gota
A vida dos outros seres,
E depois, abandonados,
Morrem de fome, enjaulados!

Façam fila, meus amigos!
Será um lindo espetáculo,
De felinos sem as unhas,
E cachorrinhos treinados
Tão exaustivamente,
Que se tornam obcecados
Repetindo movimentos
Para não serem espancados!

E depois do espetáculo,
Retornem às suas casas,
Recomendem aos seus amigos.

(Se quiserem, na entrada
Nós vendemos maritacas,
Periquitos e araras,
Todos de asas cortadas
Para sua diversão...
Eles jamais fugirão!)


************************************************

NÃO LEVEM AS CRIANÇAS A CIRCOS QUE EXPLOREM ANIMAIS!

NÃO INCENTIVEM A EXPLORAÇÃO E OS MAUS TRATOS A ANIMAIS DOMÉSTICOS E SELVAGENS!

NÃO COMPREM ANIMAIS SILVESTRES!

DENUNCIEM MAUS TRATOS AOS ANIMAIS!



********************************


Bicho foi feito para ser livre.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

SE NÃO HÁ NADA...








Diga, o que significa


Esse por de sol, essa estrada,


O destino seguido, o aprendido,


Se não há nada?






Pra onde vão essas nuvens


Navegantes de um céu infinito,


Vapores rarefeitos, que caem em gotas


Sobre o chão fendido,


Tantas vezes transformadas?






Qual o valor de uma palavra,


Que roupa veste


Nosso sentimento,


Se no fim, tudo é nada,


Sob uma lage de cimento?






Pra onde as memórias, os sonhos,


O som da risada, a voz,


Aquele olhar risonho, tristonho


Que antes estava em nós?


De onde vem a profundidade


De uma saudade?






O que significa o viver,


E o estar, o que é ser


Um ser vivo, aonde dança


Em volta de uma fogueira


A morte, em um ritual?


Qual o porquê do bem e do mal?






O que significa, esse céu


E essas luzes salpicadas,


Quem poderá definir


O que é eterno, o que é finito?






De onde vem a vontade,


A paixão, que nos incita


Pelas coisas que fazemos


E o desejo de crescer,


E esperar pelo momento


Em que a tempestade passe,


Continuar, se no final,


Nada há, que nos abrace?






Se nada há, me responda


O porquê de tanta dor,


Ou o motivo de um sorriso,


Por que desabrocha a flor?


Porque corre para o mar


Incessantemente, o rio,


Qual o sentido de sentir,


Para onde vai o amor?






Se não há nada,


Se não há vida,


Se não há chegada


Depois da partida,


Qual o sentido


De tudo isto,


Se não houver um destino


Para cada jornada?






Não existe o nada...







ENTENDER?...











Às vezes,


De nada adianta tentar entender


O porquê de um mal-querer.


Pode ser que a resposta


Simplesmente, não exista,


Quem sabe, incomode


O teu coração de artista?






Às vezes,


Não importa quantas vezes


Você tentou,


Compreendeu,


Perdoou...


Tua presença


Não é bem quista!






Às vezes,


O não gostar de alguém, se estende


Para além do pessoal,


E quer contaminar


Outras relações,


Quer servir de aval


Para novas rejeições.






A mim, não importa


Se tu me gostas ou não,


E quem quer que acredite


Em tuas palavras tortas,


Para mim, é gente morta.

O JARDINEIRO SONHADOR








PUBLICADO ORINALMENTE EM 2010 NO RECANTO DAS LETRAS


Foi há muito tempo, quando compramos nossa primeira casa. Ela tinha um quadradinho que chamávamos de jardim, e alguns canteiros. Portanto, contratamos um jardineiro. Nós o descobrimos numa daquelas lojinhas à beira da BR 040, em Itaipava. Seu nome era Marcelo.

Marcelo era um bom jardineiro, e tinha jeito com as plantas. Tinha o tal 'dedo verde', pois todas as plantas que ele cuidava, cresciam e ficavam viçosas. Jovem, usava uns óculos estilo Lennon que lhe emprestavam um ar intelectual.

Mas ele tinha um pequeno problema: era muito sonhador. Embora eu não tenha certeza se isso é bom ou ruim.

Tinha mania de me chamar o tempo todo: "Dona Ana! Vê se a altura da roseira está boa!" Eram tantas vezes, que eu às vezes fingia não ouvir. Mas era em vão, pois ele jamais desistia. Berrava: "Dona Aaaaannnnaaaaa!"

Gostava de dar-me plantas de presente, mesmo que às vezes levasse algumas de meu jardim, talvez para presentear outras pessoas. Uma vez, apareceu-me com um vaso grande, onde estava plantado um cactus. Todo sorridente, entregou-me seu presente, dizendo: "Se plantar no chão, ele cresce uns... cinquenta metros!" Respondi: "!!!!" Ele coçou a cabeça, e dando o braço a torcer: "Tá bom, cresce uns... três metros e meio." Este cacto está hoje plantado na frente do meu terreno, em minha nova casa, e realmente, está com uns quatro metros de altura... tá bom, três!

Um dia, ele estava terminando seu serviço quando veio com três gatinhos recém-nascidos, os olhos ainda fechados. "Dona Aaaaannnnaaaaa!" olha o que eu achei no seu jardim, no meio das plantas!" Eu logo percebi que ele mesmo tinha colocado os gatinhos lá, talvez os tivesse encontrado na rua. O muro da casa era muito alto para que alguém os tivesse posto lá, e duvido que alguma gata descuidada iria ter seus filhotes em um jardim vigiado por um Rottweiler! Foi um custo conseguir alguém que ficasse com os gatinhos, e eu, com viagem marcada para a manhã seguinte, tentando ligar para as associações de animais, com um conta-gotas cheio de leite e três gatinhos berrando de fome. Mas Marcelo jurou de pés juntos que não tinha sido ele a abandonar os gatinhos em meu jardim...

Um dia, ele não apareceu para trabalhar. Ligamos para ele, e ele contou-nos a novidade: "Eu agora trabalho com cobras. Capturo cobras e vendo para o Butantã!" Repliquei, admirada: "Mas como você manda as cobras para lá?!" E ele: "Ué! Por Sedex!"

Mas acho que o negócio das cobras não deu muito certo, pois ele logo voltou a ser nosso jardineiro. Ou melhor, paisagista.

"Dona Ana! Fiz um curso de paisagismo por correspondência. Se a senhora quiser, eu faço um projetinho para o seu jardim, tudo por computador!" "Ah, que bom! E quanto custa?" "Quinhentos reais!" "!!!!!" "Mas para a senhora, eu faço por... cinquenta!" Educadamente, recusei a proposta e desejei-lhe boa sorte em seu novo empreendimento.

Começou a faltar novamente, alguns meses depois. Ligamos para ele. Ele tinha uma nova profissão: "Eu não faço mais jardim, Dona Ana! Agora eu crio vídeo games e vendo pela internet! Se a senhora quiser, eu vendo baratinho..." Mas não, obrigada, eu não quis...

Infelizmente, acho que não vendeu muitos vídeo games, e voltou a ser jardineiro. Certa tarde, ele estava trabalhando no jardim, quando deu o seu grito de guerra: "Dona Aaaannaaaa!" Fui correndo atender ao seu desespero, e ele falou: "Vou sair mais cedo hoje. Fui picado por uma aranha caranguejeira imensa... estou meio tonto..." "Nossa, então espere, que eu vou ligar para o meu marido, e a gente te leva para o hospital. Onde foi que ela picou?" "Aqui..." Olhei, e não vi nada. Ele continuou: "Não precisa me levar para o hospital não, que eu tenho soro em casa, na geladeira!"

Mesmo assim, nós gostávamos dele. Ele ia e vinha, marcava e não aparecia, mas ele tinha alguma coisa de agradável que nos fazia sempre chamá-lo de novo. Acho que era a sua alma de sonhador, que emprestava viço a todas as plantas.

Ainda chegou a fazer o jardim da nossa nova casa. veio apenas umas três ou quatro vezes, e depois, sumiu de novo. Desistimos dele, mas espero que ele não tenha desistido de seus sonhos.

Enquanto escrevia esta crônica, meu novo jardineiro, o Sandro, me chamou umas três vezes: "Dona Aaaannaaaaa!"

JUSTIFICATIVAS








"Fiz porque..."


Ora, não é necessário sempre darmos uma explicação do porquê de fazermos certas coisas. Mas mesmo assim, vivemos inventando novas justificativas para nos livrarmos da culpa de termos feito algo, cujo único motivo, foi nosso próprio desejo!


Acredito que não é necessário que demos explicações para tudo o que fizermos, desde o momento em que não estamos prejudicando ninguém; fazemos porque assim o desejamos, e pronto! Fazemos porque o pensamento é livre, e a cabeça, um poço sem fundo de criatividade. Fazemos porque o coração tem desejos que o próprio coração desconhece, assim como a razão...

E por que sentir culpa, se fazemos apenas aquilo que nos deixa verdadeiramente felizes? Sonhar é permitido, e quem vive tentando bloquear os sonhos alheios, teme seus próprios sonhos. É certo que precisamos viver em um mundo real, mas quem disse que dentro dessa realidade não pode haver fantasia? Quem determinou que é proibido ser feliz? Hello!

Assim, da próxima vez que me perguntarem: "Por que?" Responderei, sem delongas: "Porque eu quis!"

A MORTE DE UM POEMA







Às vezes, um poema
Morre antes de nascer
Entalado na garganta,
Sufocado em um abraço,
Preso a um coração,
Enlaçado a um sentido...

Quando morre um poema
Assim, antes de nascer,
Sua vaga alma
Vaga,
Pelas noites sem estrelas
Pelos becos sem saídas
De uma mente vagabunda...

Às vezes, um poema
Nos assombra sem piedade,
Até parece saudade,
Mas como sentir saudades
De algo que nunca foi,
Que jamais chegou a ser?

E nos pomos a tentar
Provocar-lhe um renascer,
E o poema, outra vez,
Morre no ventre do autor
Num aborto de palavras
Em grande espasmo de dor. 






terça-feira, 17 de abril de 2012

NEGRO









Derramava o negro sobre as páginas


Para não matar,


Para não morrer!




Externava o luto


De saber o quão absurdo


Pode ser o viver...




Abria os olhos para si,


Fechava os olhos para o mundo,


Tentando não se perder




Daquilo que mais desejou


Cujas portas se fechavam


Para que ela não alcançasse!




Derramava negro sobre as páginas


Como nanquim, que escorre e borra


As cores que estão pintadas...




E as flores , em volta, murchavam,


Dando suas vidas pela dela,


Pétalas murchas coladas na tela...



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