Assisto TV todos os dias. Há vários programas que eu gosto, entre filmes, musicais e documentários. Quando eu era criança, havia apenas três canais em nossa casa: a Rede Tupi, a Globo e a TVE. Minha mãe costumava ligar a TVE para que eu assistisse de manhã, antes da escola, e através da apresentadora Bibi Ferreira, aprendi muitas coisas, como combinar sílabas e ler algumas palavras.
Quando minha irmã se casou, eu gostava de ir até a casa dela para assistir TV quando podia; imaginem só, ela tinha treze canais! Para nós, eram muitos! Hoje em dia podemos ter mais de duzentos canais se quisermos e pudermos pagar por eles. Acho impressionante a velocidade na qual a tecnologia e a televisão cresceram em tão pouco tempo.
Muitas pessoas reclamam da programação atual; concordo que muitos programas não tem qualidade, segundo meu próprio gosto, e por isso mesmo, não os assisto; porém, existem muitas pessoas que os apreciam, ou então eles não estariam no ar.
Existe uma grande polêmica hoje em dia sobre o que é ético ou não na TV, e um certo exagero quanto ao poder que a televisão exerce sobre as pessoas, até mesmo a crença absurda de que, ao assistir casais homossexuais pela TV, as crianças e adolescentes tornar-se-hão homossexuais também! Por outro lado, a exibição forçada, quase compulsiva de casais homossexuais nos canais de TV não ajuda em nada a vencer preconceitos, pois levanta polêmicas entre grupos, dividindo a opinião das pessoas. Se eu fosse homossexual, acho que a última coisa com a qual eu me preocuparia, seria se alguém me aceita ou não, desde que me respeitassem. De nada adianta querer empurrar à força pela garganta dos outros os nossos conceitos, porque o que sempre acontece no final, é que cada um acreditará apenas naquilo que eles mesmos querem.
O dever de educar as crianças e mostrar-lhes a diferença entre certo e errado é dos pais, e não deveria jamais ser atribuído à televisão. Quando as crianças crescem em lares equilibrados, onde existe diálogo e liberdade para fazerem as perguntas que quiserem e obterem respostas adequadas, a televisão não terá nenhum poder. Proibi-las de assistir aos programas não as educará; pelo contrário, apenas as deixará mais curiosas, e elas poderão assistir em casa de amigos, bares, restaurantes, vitrines, internet ou em qualquer outro lugar onde haja um aparelho de TV disponível.
A Rede Globo de TV está completando cinquenta anos de existência, e tenho visto nas redes sociais uma campanha difamatória e desnecessária contra esta emissora, como se ela fosse responsável por tudo de errado que acontece no país e nos lares dos cidadãos brasileiros, quando ela não tem este poder. Não aprecio toda a programação que eles exibem, mas também não acho que devam exibir apenas aquilo que eu acho bom, pois sendo uma empresa, eles precisam de clientes / espectadores. Se existe alguma culpa pela má qualidade de alguns programas, ela está nos espectadores, e não nas emissoras de TV, pois se as pessoas reclamam e continuam assistindo e dando-lhes audiência, nada mudará.
O Facebook, por exemplo, está salpicado de textos de pessoas reclamando do mau exemplo das novelas. O incrível, é que elas sabem os nomes de todos os personagens e também tudo o que está acontecendo na novela. Se eu perco algum capítulo, é possível ficar sabendo do que aconteceu apenas lendo estes posts. Sim, eu assisto às novelas! E não me idiotizei e nem fiquei mais inteligente por isso. Não passei a trair o marido, não "virei" homossexual, não roubei e não matei. E assisto novelas desde que tinha quatro anos de idade. Por que eu assisto? Porque acho legal. Porque gosto.