witch lady

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

O Poder do Fogo


O Poder do Fogo



O fogo fascina o felino
Faz festa nos olhos,
Aquece o pelo,
Relaxa o flanco.

Nas chamas alaranjadas,
Extasiadas,
As salamandras dançam.





Imagem: o gato Peter, por Josie Lopes

terça-feira, 25 de junho de 2013

Por que Jogamos na Loteria?





Trecho do livro "Pílulas de Neurociência Para uma Vida melhor", de Suzana Herculano-Houzel



Matemáticos e economistas adoram fazer tabelas com as chances de investimentos darem certo ou errado, e dizem que devemos usá-las para tomar decisões racionalmente. Faz sentido, é claro. Só não funciona na prática- porque o ser humano tima (felizmente!) em não se guiar apenas pela razão.

Por exemplo: diz a matemática financeira que devemos sempre aceitar qualquer divisão, de prêmios ou balas, que nos for ofertada. Mesmo as injustas: afinal, qualquer coisa no bolso é melhor do que um bolso vazio. No entanto, ofertas injustas despertam protestos do córtex da ínsula, aquela parte do cérebro que sinaliza desgosto e repulsa.  Se a ínsula fala alto o suficiente , seus protestos ganham tendências racionais - e acabamos por recusar uma oferta que, racionalmente, deveríamos ter aceitado.




Loterias são exemplos divertidos do oposto: situações em que a razão manda não se fazer investimento algum, pois a chance de retorno é ínfima. A própria Caixa deixa bem claro em seu site: a chance de um apostador da Mega Sena jogar em seis números e acertar todos os seis em um concurso qualquer é de uma em 50 milhões. Dito de outra forma, quem faz um jogo tem 49.999.999 chances em 50 milhões de apenas ficar R$1,75 mais pobre. O córtex pré-frontal toma nota e vota - racionalmente - por guardar o R$1,75 no bolso.

Mas outras parte do cérebro pensa em outra coisa: quão bom seria ganhar o prêmio? Por mais improvável que seja, a eventualidade de um prêmio de vários milhões de reais certamente seria motivo de grande euforia e muitas coisas desejáveis - casa própria, carro, segurança. O sistema de recompensa, que sinaliza para o restante do cérebro o que tem chance de dar bons resultados, também toma nota e dá seu voto.




Quem toma a decisão, no fim das contas, parece ser uma região no centro pré-frontal, que pesa os possíveis custos (quando a ínsula se importa de perder R$1,75) e benefícios  (quanto o sistema de recompensa gostaria do prêmio). Pelo jeito, essa parte do cérebro de cerca de 2 milhões de brasileiros entende a cada concurso que R$1,75 é um custo baixo para se concorrer à chance, mínima mas real, de ganhar uma bolada.

Se fôssemos racionais, não apostaríamos na Mega Sena  nunca - e, como o prêmio vem da arrecadação com as apostas, não haveria prêmios milionários a dividir entre improváveis ganhadores. Afinal, certo mesmo é o seguinte: quem não joga na loteria tem 100% de chance de não ganhar!



segunda-feira, 24 de junho de 2013

Um Rio





Um Rio


Por mais que agitadas as margens,
Por mais que guerras e mortes,
Um rio segue sereno,
E deságua numa fonte
Sem jamais reter suas águas.

É assim que tem que ser,
É assim que deve ser:
Enquanto o rio só passa,
Sereno, e segue seu curso,
Na terra, morrem os vermes
Pela sede de uma água
Da qual, jamais beberão.

Segue o rio, e a correnteza
Promove fertilidade,
Mata a sede das cidades,
Fertilizando colheitas.
Bebem dele os abutres,
Assim como os passarinhos,
Pois o rio não escolhe
A quem doar suas águas.

É assim que tem que ser,
É assim que deve ser,
E é assim que será,
Até o final dos dias,
Enquanto o rio correr.

Mal-entendidos



A internet é um caldeirão fervente onde cozinham os mais absurdos mal-entendidos. As pessoas que se postam por trás dos computadores tem as mais diversas personalidades, e ninguém sabe, ao certo, quem está acompanhando as nossas atividades, e com qual intenção. Ou seja: é igualzinho aqui fora! A única desvantagem, é que online existe a possibilidade de anonimato - se bem que hoje em dia é possível rastrear postagens onde quer que elas tenham sido feitas. O anonimato não é mais tão anônimo assim.

Existem todos os tipos de malucos espalhados pela internet, e alguns, quando cismam com a gente, resolvem não dar descanso! Os místicos dirão que sou eu quem os atrai através de meus próprios pensamentos e de minha conduta; mas eu não vejo as coisas deste modo. Estou cá, quieta em meu canto, cuidando de minha vida, quando de repente, um destes malucos me encontra.

E como eu já assisti a esta novela outras vezes, minha gentil senhora, para seu desespero (tentei enviar-lhe um e-mail privado, mas não consegui, pois não existe "contato" em seu perfil), eu tenho uma novidade: não vou cair na sua armadilha de novo! Pode urrar de raiva, arrancar todos os fios de sua cabeça demente, arranhar-se da cabeça aos pés: você não vai me tirar do sério. Sei exatamente o que pretende: que eu acabe me estressando, e tenha minha assinatura suspensa novamente. Mas olha só, leia com cuidado estas palavras: Isto não vai acontecer.

Pode continuar plagiando meus textos, colocando meu nome em seus poeminhas mixurucas, tentando fazer guerra de nervos comigo através de suas postagens equivocadas. Eu decidi que não vou ligar mais. Mas não exagere, pois existem a polícia e advogados que podem bater à sua porta a qualquer momento. Sei de onde você é, seu nome e seu sobrenome, e mantenho várias postagens antigas suas - lembra? - com meu nome e sobrenome, nas quais você me ofendeu e denegriu minha imagem publicamente. Depois, ainda teve a ousadia de pedir-me perdão, e eu, tola, te perdoei; mas como não sou tão tola assim, mantive as cópias de seus infames escritos.

Desfrute bastante da leitura deste texto - o ÚNICO que realmente lhe dedico, feito especialmente para você, e que, pode ter certeza, é o último.


domingo, 23 de junho de 2013

O Amor





O Amor


O amor que ele viu
Ao mirar-se, de repente,
No cristal dos olhos dela,
Foi tão grande e inesperado,
Que o coração se abriu;
Aos seus pés, uma torrente
Borbulhante, qual um rio
De mil sonhos derramados!

Todo o fogo que surgiu
Elevando a ebulição,
Somente ele sentiu,
Ela nem sequer notou,
E assim, quedou-se mudo,
Dolorido, nauseado,
Pois não foi correspondido
No amor que tinha dado!

Ah, o orgulho tão ferido,
O amor ignorado,
Deixou o peito partido,
O olhar amargurado...
Achou melhor disfarçar,
Dizendo que era ódio
Tudo aquilo que sentia
E não sabia matar!

E a história terminou,
Aparentemente, como
Milhões de sonhos quebrados
E muitas noites sem sono.
E a imagem que ele viu
Nas pupilas, refletida,
Aos poucos, se ressentiu,
Murchando qual flor colhida...




sábado, 22 de junho de 2013

Em Petrópolis







Em Petrópolis


Assistimos à passeata pela TV. Desde cedo, a concentração começou na Praça D. Pedro - principal praça da cidade. A TV local tem apenas a imagem de uma câmera, que pela posição, o cinegrafista parece estar filmando do alto de uma árvore. Às vezes, um galho entra em cena. E no meio de todo aquele verde, as pessoas tocando samba.

Deitados sobre o gramado do jardim, alguns cachorrinhos a tudo observam. Parecem curiosos com a movimentação. Um garoto ainda pinta um cartaz, sentado na grama.

Passa um vendedor de algodão doce, o espeto totalmente cheio de algodões cor-de-rosa, azul-claros, brancos e verdes-água. Passa um menino de bicicleta. Alguns manifestantes são entrevistados, e falam de suas reivindicações. Passa um rapaz com um menininho no colo. Há vários idosos observando o movimento.

Os policiais a tudo observam. O Comandante da Polícia dá uma entrevista, e ele parece calmo. Está sorridente, e é muito simpático.

A passeata começa. Dez minutos depois, ainda da Praça D. Pedro, passa de novo o vendedor de algodão doce, com o espeto já quase vazio. Cruza com o vendedor de bandeirinhas do Brasil. A multidão caminha pela Rua da Imperatriz, totalmente ordeira. Um grupo ainda permanece na praça, tocando samba, e as pessoas dançando.

Um rapaz foi detido, mas ainda não sabemos o motivo. Dizem populares que foi porque ele desacatou policiais, mas ninguém tem certeza.

Quem participou da passeata, disse que foi totalmente pacífica, e que teve um lindo momento, no qual manifestantes e policiais se encontraram e aplaudiram uns aos outros. Meu sobrinho colocou a foto no facebook.

É por isso que eu amo Petrópolis cada vez mais!



sexta-feira, 21 de junho de 2013

Minha Cidade





Minha Cidade


Minha cidade amanheceu,
Ainda se espreguiça entre as montanhas,
E as árvores
Penteiam as folhas com pentes de vento.
Os passarinhos
Anunciam o dia, e nem sabem
Da tensão que se esconde em cada esquina,
Do mal que se espalha, pouco a pouco,
Abrindo caminhos de pesadelos
Entre os sonhos
Ainda dormentes.

No ar, rasgando a paz,
Uma certa apreensão,
Um pequeno medo crescendo em meu coração,
E eu rezo, apenas rezo,
Para que minha cidade não seja quebrada,
Para que a frustração não se arrebente
Ao encontro dos monumentos
Praças, parques, lojas, carros,
Cidadãos, asfalto... nosso chão!

E que não fique na história
De minha histórica cidade
Uma outra  história, de ódio,
Ignorância e atrocidade!





Hoje Petrópolis fechará suas portas mais cedo. As lojas e serviços de transporte encerrarão suas atividades às três horas da tarde, para que as pessoas tenham tempo de ir para casa se proteger das possíveis atrocidades e atos de vandalismo que certamente ocorrerão. Temo pelos jovens bem intencionados que estarão participando deste evento - entre eles, meus sobrinhos. Temo pelos comerciantes da cidade, nossos amigos e conhecidos. Temo pelos monumentos históricos, e até mesmo pelos cães abandonados que dormem nas ruas.


E mais ainda, eu temo pelo que pode acontecer a este país.


quinta-feira, 20 de junho de 2013

Me Desculpem, Senhores, Mas "Eu Não estou entendendo!"




Há apenas alguns meses, Lula era herói, e o bolsa-família, a melhor coisa já feita na história deste país. PT era grito de guerra, partido do povo. Dilma, a sucessora, uma pessoa coerente e durona, que estava investigando a corrupção e blá, blá, blá...

É que eu não entendo nada de política.

Mas acho que estou começando a entender de politicagem. Como é que as coisas podem mudar assim, tão de repente? Isso cheira a manipulação.

Eu ainda não consigo, embora esteja tentando arduamente, ver todo esse barulho com bons olhos. Dizem que o gigante está acordando, mas acho que ele está apenas tendo um de seus piores pesadelos. Se eu estou certa ou errada, o tempo dirá, e estarei pronta a mudar meu discurso caso a correnteza dos acontecimentos prove o contrário.

Para mim, esse movimento tem líderes - e são comunistas - e nada mais é do que pura manipulação de massas. E o fermento da massa está crescendo. Vai transbordar no forno a qualquer momento. 

Amanhã, será aqui em Petrópolis. Temo pela minha linda cidade histórica e seus muitos monumentos. Temo pelos comerciantes de minha cidade, suas lojas, os carros das pessoas, os cidadãos comuns e até pelos cães de rua - há muitos por aqui.

As pessoas enchem os olhos com toda essa reação, e perdem a perspectiva e o bom senso. Eu não lutaria por uma causa que eu não sei bem qual é, multipartida, supostamente sem líder (mas todo mundo sabe que tem gente graúda por trás disso, pois começou nas redes sociais - por quem? Só Deus sabe)...

Eu acho, em minha santa ignorância, que uma manifestação deveria ser coerente, coesa, objetiva e, acima de tudo, dentro da realidade. Brigar pelo impeachment da presidenta, dos governadores, prefeitos, tudo ao mesmo tempo? Vocês acham mesmo que vão conseguir isso? E se conseguirem, quem vai ficar no poder? Provavelmente, os líderes disso tudo... mas... quem são eles?

Vocês realmente pensam que o Brasil, país capitalista, vai dar passe livre para todos os estudantes? As empresas de ônibus tem como objetivo gerar lucros! Existem pessoas trabalhando para elas que precisam ser pagas. 

Vocês acham que o comunismo e a igualdade dão certo em algum lugar? São teorias muito bonitas no papel, mas na prática, trata-se do poder nas mãos de poucos, fim da liberdade religiosa e da liberdade de expressão, fim da propriedade privada (quer dividir seu ap. com mais umas duas ou três famílias?), fim do direito de manifestar-se! E se fosse bom, os que moram nos países comunistas não viveriam tentando sair de lá, arriscando suas vidas, pois não seriam obrigados a viver trancafiados dentro do próprio país. 

Pode até ser que eu esteja falando um monte de besteiras, mas é o que eu penso, e graças a Deus, vivo em um país que me permite expressar minhas ideias. 

Sei que como está, está muito ruim. Alguma coisa precisa ser feita, certo! Mas o que está sendo feito é o correto? Minha preocupação, é como vai ficar depois! Não acredito que mudanças grandes possam ser feitas em pouco tempo; é preciso que as ideias amadureçam, que os novos líderes surjam, que as pessoas possam escolher e aprender a escolher melhor! É preciso que aprendamos através de nosso erros, ou daqui a pouco, tudo isso não passará de mais uma revolução que não vai dar em nada! E logo, esqueceremos de tudo, e eles estarão lá de novo - eleitos por nós.

É muito bonitinho pintar a cara, carregar cartazes, gritar na rua, cantar musiquinha, dar flores aos policiais, aparecer no Jornal Nacional, fazer discurso no Facebook, OK, mas qual é a legitimidade disso? 


"Toda Unanimidade é Burra." - Nelson Rodrigues

Páginas Sobre a Areia






Ficou o caderno aberto,
As letras desbotando ao sol,
Os poemas morrendo de sede,
A capa sendo carcomida, aos poucos,
Pelo que antes, fora a vida.

Ninguém recolheu as palavras,
Ninguém fechou o caderno,
Porque o autor, já ausente,
Não deixou nenhum herdeiro...

E assim, o destino das folhas,
Era o de serem aos pouquinhos,
Apagadas pelo vento,
Enterradas pela areia,
Desbotadas pelo sol...
E os poemas,
Ah, os poemas?...

Seguiriam, num rastro de estrelas
(Quando nada mais restasse
Daquele pobre caderno),
O seu criador.

A dor de um poema, ao morrer,
É bem maior que qualquer outra dor.



Anjos do Céu - Álvares de Azevedo



Anjos do Céu (Álvares de Azevedo)



As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, a rir e sonhar
E em leito d'escuma revolvem-se nus!

E quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear,
E a trança luzente da nuvem flutua,
As ondas são anjos que dormem no mar!

Que dormem, que sonham- e o vento dos céus
Vem tépido à noite nos seios beijar!
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!

E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!

Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Por que não consentes, num beijo de amor
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar?



Um Sabiá





Um Sabiá

Paradinho no chão,
No meio da grama,
Junto ao pé de laranja,
O sabiá sonha.
Seus olhinhos de alfinete
Estão ausentes,
O coração minúsculo
Protegido do frio
Entre penugens eriçadas.

A brisa ergue algumas penas
Junto às asas,
Mas ele não quer voar,
Ainda não...
O sabiá está parado,
Em contemplação,
A meditar.

Eu o olho, da janela,
Atrás do vidro,
Enquanto também medito,
Buscando sentidos
E esperando a brisa soprar
Sob as minhas asas paradas...

Temos muito em comum, sabiá,
Pois tu pensas que sabes,
Mas não sabes nada...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Espaço





ESPAÇO

Desta vez
Não te darei nenhum espaço,
Mas deixarei
Que tu tropeces em teus próprios passos,
E que te enredes nas sujas fitas
Dos teus próprios laços!

Pensas que não sei o que tu queres?
Pensas que sou tola,
Que não conheço
Aonde queres
Cavar-me, com tuas colheres?

Se é briga, o que queres,
Estás sozinha!
Arranje um espelho,
Pois que tua própria imagem
Já te espezinha,
Criatura falsa,
Covarde e mesquinha!


MOMENTOS BRANCOS




MOMENTOS BRANCOS

Ah, esses momentos brancos
Nos quais a poesia se ajeita
E relaxa sobre os flancos
Das palavras, que descansam!...

E vem e vai o sentimento
A procurar por certas tintas
Que o revelem, que o traduzam,
Sobre o papel seco e vazio
Da folha branca, que o rejeita!

E um poema se espreme
Rolando pela folha muda...
Senil e frágil criatura,
Nascida de um deus sem paraíso...

E a lágrima vira um sorriso,
Em homenagem ao sentimento
Que mesmo sendo sofrimento,
Revela-se, como é preciso...


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O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...