É sempre assim: se eu posto uma foto em minhas
redes sociais sem estar sorrindo, alguém sempre pergunta: “Mas por que você
está triste?” Ou então comenta: “Sorria!” Então eu percebo que ser feliz – e principalmente,
demonstrar felicidade, o que não significa necessariamente ser feliz – tornou-se
quase uma ditadura nos dias de hoje. Existe uma competição pelas fotos mais
maravilhosas das últimas férias, as roupas mais bonitas, o final de semana mais
descolado.
A maioria das pessoas navegam pelas redes
sociais e, ao deparar com as imagens fabricadas de vidas perfeitas, começam a
pensar que suas vidas são desinteressantes; mas em uma foto, a gente pode
colocar o que quiser! Então, basta forçar um sorriso no rosto, criar um cenário
bonito, e pronto: você se torna instantaneamente uma pessoa feliz.
Nos canais do YouTube a gente também encontra uma
quantidade infinita de vídeos ensinando como ser totalmente feliz e como conquistar
todos os objetivos da sua vida através do pensamento positivo. Como se fosse
possível conquistar todos os nossos desejos ignorando o fato de que a nossa
vontade cruza o tempo todo com as vontades alheias.
Hoje, em uma de minhas aulas, usei um texto que nos ensina a como nos tornarmos miseráveis e infelizes – uma alusão ao que não fazer se você quer ser realmente feliz. O autor do texto, cujo nome desconheço, infelizmente, disserta sobre três coisas; resumindo:
1- Seja o mais voltado para si mesmo que puder:
fale sobre si mesmo, pense em si mesmo e viva para si mesmo;
2- Enxergue-se como uma vítima das circunstâncias;
3- Fique o tempo todo ruminando sobre as coisas
ruins que aconteceram no passado.
É claro que fazer as coisas acima
compulsivamente, tornando-as um hábito, é nocivo para a alma, mas quem não amarra
um bode de vez em quando? E o que há de errado em fazer isso quando nos
sentimos mal por causa de algo que nos aconteceu? Não podemos controlar tudo, e
nem acho que devemos. Acredito que bloquear emoções e posar de pessoa feliz o
tempo todo pode ter efeitos catastróficos a longo prazo.
Quando eu estou triste, eu fico triste; quando
estou alegre, eu fico alegre – embora a minha alegria não tenha nada a ver com
demonstrações efusivas de queima de fogos pela minha satisfação. É uma coisa que
tem mais a ver comigo mesma ou com a pessoa ou pessoas envolvidas.
Essa obrigação em ser feliz, em ter pensamento
positivo, em ser o mais perfeito possível, em ser um “ser de luz” altamente
espiritualizado o tempo todo, é abominavelmente chata. Quem nunca viu guru
descer do salto, que atire a primeira pedra.