witch lady

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quarta-feira, 15 de junho de 2016

PASSAR












Passar de leve, passar,
Pois a vida é só um sopro,
Uma janela entreaberta,
Incerta coreografia
De uma dança sem ensaios...

Passar de leve, passar,
Pois a vida é como um raio,
Repentina, intensa, breve,
Leve como a pluma solta,
E chegamos sem escolta
-Breve vida, vida louca!

Passar de leve, passar,
Pois que nada levaremos,
E também nada trouxemos,
A não ser páginas brancas
Que aos poucos, vão manchando
De chorar e de amar...

Passar de leve, passar,
Sem fazer muito barulho,
Como fazem os marulhos
Do imenso, denso mar,
Que se ergue sobre ondas
Que se acabam nas areias
Voltando a se desmanchar...








terça-feira, 14 de junho de 2016

Viver é Muito Perigoso...







Trechinhos de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa











"Ah, a mocidade da gente reverte em pé o impossível de qualquer coisa!"







"Desespero quieto às vezes é o melhor remédio que há. Que alarga o mundo e põe a criatura solta. Medo agarra a gente é pelo enraizado."






"Acho que o que não deixa é a minha boa memória. A luzinha dos santos arrependidos se acende é no escuro."







"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto."








"Ah, medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há . Mas o demônio não precisa existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer céu porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é a sua instrução do senhor..."








"Moço: toda saudade é uma espécie de velhice."






"Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é sozinho..."






"Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo."






"Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem - ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si só, não tem diabo. Nenhum!"















quinta-feira, 9 de junho de 2016

O Peso dos Anos






Eu hoje acordei 
Com um peso estranho 
Por cima dos ombros.

Olhei-me no espelho,
E em cada marca,
Havia cem anos.

Os olhos não viam
O que sempre viram,
Mas viam paisagens
Que eu nunca toquei
Na estrada das rugas
Por onde eu segui
Depois que acordei.

Eu hoje pensei,
Lembrei-me de coisas
Que eu tenho perdido:

Presenças ausentes,
Das quais abri mão
Tentando um sentido.

A boca não disse,
Não houve palavras
Minha voz já cansada
De não ser ouvida.
-Ah, coisas da vida!
Depus o meu fardo
E dele me aparto...









Morei Aqui

Eu amava a arquitetura desta casa, que foi construída no início dos anos 50. Infelizmente, os novos proprietários a modificaram e descaracterizaram completamente. Subiram um outro andar, acabaram com os tijolinhos e com a varanda. Hoje, ela é uma casa totalmente diferente; perdeu seu estilo.

Mexendo em gavetas, encontrei algumas fotos antigas e resgatei um pouco da minha história. 

Eu já morei nesta casa. Foi sete anos após termos nos casado. Esta foi a primeira casa que compramos, e que eu pude, finalmente, chamar de minha. Moramos nela durante sete anos, fomos felizes e infelizes, tivemos momentos ótimos e outros nem tanto... ela tornou-se uma parte importante da minha vida. 

Nunca me esquecerei do primeiro dia, a primeira manhã que despertei nela: estava frio, e quando abri os olhos, mal pude acreditar que estava acordada; parecia um sonho! Enquanto meu marido dormia, eu me levantei, fui preparar o café e comecei a andar pela casa - ainda havia caixas cheias de objetos na sala de jantar - e no silêncio daquela manhã, tomei posse da casa pela primeira vez. Percorri cada cômodo, e o cheiro de café misturado ao cheiro do sinteco novo é algo de que nunca me esqueço. Foi um dos dias mais felizes para mim.



Este canteirinho ficava sob a casa, que tinha um espaço vazio por baixo da varanda. Criamos este canteiro para preenchê-lo.

Era uma casa peculiar: nos meses de maio, junho, julho e agôsto, até meados de setembro, ela não recebia sol no jardim, apenas no telhado. Era uma casa fria, e precisávamos espalhar muitos anti-mofo nos armários, que precisavam ser arejados todos os dias. Mas a partir de setembro, até meados de abril, era tanto sol, que às seis da tarde, a parede do nosso quarto, dentro de casa, estava iluminada por ele. 

O quintal dos fundos era bem pequeno - uma faixa de cimento - e tão privado, que alguém poderia tomar sol totalmente nu, sem o risco de ser visto. Confesso que fiz isto algumas vezes: ligava o aparelho de som, e lá ia eu, tomar sol.

Era uma casa prática, pois era toda térrea e muito fácil de limpar. A sala de estar era enorme e conjugada à sala de jantar, que também era muito grande. Tínhamos dois quartos: um pequeno e um grande, e o banheiro, que reformamos quando já estávamos morando, era um dos banheiros mais bonitos que eu já vi. Pena que não tive a ideia de fotografá-lo também! Era todo azul, e o piso era de azulejo quadriculado de piscina. Parecia que estávamos dentro de uma enorme piscina azul, e uma das paredes era toda espelhada. Nunca vi um banheiro mais bonito.

A cozinha não era lá grande coisa, mas conseguimos torná-la aconchegante. O maior problema da casa, eram as aranhas... passamos alguns anos lutando contra elas, até que, finalmente, pusemos telas nas janelas dos fundos, e elas diminuiram. Mas era um tal de encontrá-las sob toalhas, nas paredes, debaixo de sofás... e a cada vez, um grito. Eram enormes e peludas. Não sei como eu consegui ficar tanto tempo na casa. À noite, o ritual era sempre examinar o quarto e as cobertas, para checar se a 'costa estava limpa.'



Este quadradinho de jardim, onde plantei várias roseiras, ficava abaixo da casa, e tinha acesso por uma escadinha de ferro. Passei muitas horas felizes nele, cuidando das plantas, aparando roseiras e brincando com meu falecido Rottweiller, o Aleph.

Um dia, andando pela casa, tive a sensação de que me despedia dela... ainda nem estávamos pensando em ir embora, mas a sensação foi forte e inequívoca: um ano depois, encontramos esta casa onde hoje moramos, e começamos a negociá-la; foi difícil, mas após quase um ano, conseguimos chegar a um acordo. Dois anos e meio após aquela sensação de despedida, nós mudamos para cá.

Lembro-me que eu chorei muito ao voltar lá pela última vez, a fim de pegar alguns objetos e trancar a casa pela última vez. Foi como deixar uma parte de mim para sempre! Hoje, quando passo por lá e vejo o quanto a modificaram - na verdade, a obra ficou boa, mas não existe mais aquela casa dos anos 50 que adorei desde a primeira vez - fico feliz que eu tenha estas fotos.



quarta-feira, 8 de junho de 2016

ControVERSOS



Imagem: Google






Dizia, olhava,
- Claro que queria!
O olhar queimava,
A boca vermelha,
Cereja molhada
Guardando seu mel
Na língua que ardia.

Movia a cintura,
Dançava, girava,
Cabelos ao vento,
Suor gotejava,
Amargo sorriso,
O riso amargava.

Fingia não ver,
Enxergar não queria!
A noite aguardava
À borda do dia
Um sonho, em promessa
Ao fim da tal festa...
E então, provocava,
Vulcão explodia!

Deitou-se, lasciva,
Na cama mal-feita,
Lânguida, desfeita,
A pele brilhando,
A boca pedindo,
O corpo aguardando
As mãos convidando...

E então, disse: "NÃO!"
Quebrou a magia,
Zombou do desejo
De quem lhe queria,
Despiu-se do fogo
Que lhe encendiava,
E logo, rogava
A quem lhe forçava:

"Me deixa sair,
Me deixa ir embora!"
Mas era um incêndio
O que ela causara,
E a água foi pouca,
Nem mesmo apagou
O fogo da cara,
Quiçá, o da fome
Que não saciara!

E a boca vermelha
Tornou-se borrada,
Os olhos que ardiam
Morreram de dor...
O corpo brilhante
Fechou-se ao amor,
Mais nada sobrou:
-Alquebrada alma
Sem paz e sem calma,
Que desmoronou!

A infância roubada
Nas mesas dos bares,
A crua vileza
Nascida dos ventres
Da indiferença;
A falsa inocência
Que nunca existiu,
Não chegou a ser,
Já nasceu mulher,
Nunca foi criança,
Não teve limites,
Não soube a esperança.

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terça-feira, 7 de junho de 2016

A REALIDADE









A realidade, sem a fantasia,
É como uma lenda sem alegoria,
É um sonho torto numa noite insone
É sangue parado nas veias de um morto.

A realidade, pura e simplesmente,
É solo arenoso, estéril semente,
Viver doloroso, aquarela sem cor
Dor intermitente, vida sem sabor.

A realidade, sem a poesia,
É comida fria, sem tempero algum.
É um barco à deriva numa tempestade,
perfume sem cheiro, adeus sem saudade.

A realidade, sem imaginação,
É um vale sem eco, amor sem paixão,
Beco escuro e triste, estrada sem destino,
Presente sem futuro, bandeira sem hino.






sexta-feira, 3 de junho de 2016

Que Seja Assim







Que seja assim, tão bonito
Quanto a suavidade da folha
Que cai da árvore com o beijo do vento
E antes de pousar no chão definitivo, 
Vive o êxtase, doce momento,
Do seu  primeiro e último voo.

Que haja pássaros cantando lá fora,
E o pedaço de céu visto da janela
Seja azul-rosado, e azul cobalto
Quase assim, nacarado,
Bordado de nuvens esgarçadas e finas
Cortinas rendadas guardando o palco
Para o meu último adeus.

Que seja assim, a alma a voar livre
Pelos sisudos corredores rescendendo a éter,
Por onde caminham, cabisbaixas,
Pessoas amarguradas
Pela sua fé embotada,
Por tudo o que não percebem.

Que eu esteja calma, branda, leve,
Sem nada que me detenha
Ou me faça olhar para trás...
Que seja assim, finalmente,
Um desprender-se de repente
E um seguir livremente
Pelo caminho que se apresente
Por trás dos meus olhos fechados.









Num Dia de Sol & Chuva













quinta-feira, 2 de junho de 2016

SMART ASSES








Let them think they're smart,
Let them say I'm dumb;
It makes no difference to me:
They won't be at my tomb!








COMUNICAR-SE








Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria liguagem, você atinge seu coração.
Nelson Mandela




Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento. Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos.
Clarice Lispector





Se não estás prevenido ante os meios de comunicação, te farão amar o opressor e odiar o oprimido.
Malcolm X








A Musica é a mais Harmônica ponte de comunicação entre sua mente e seu coração.
Erick Vinicius






Arte é a única linguagem de comunicação entre mentes loucas e mentes normais.
Lenonn Bruno




Angel Boligan




A comunicação pela metade faz mal.
Papa Francisco




Doçura

Orquídeas que coloquei em uma árvore no jardim


Às vezes a gente perde o rumo da própria alma. São tantas disputas, tantas notícias ruins (e tantas notícias falsas sendo publicadas e compartilhadas na internet), que a gente acaba perdendo o prumo. Nada como uma dose de natureza para fazer as coisas voltarem aos eixos.

Um amigo que sempre aparece por aqui, e traz muitos outros com ele

Abro a porta para conduzir minha aluna até o portão ao final da aula. Estava chovendo, e as gotinhas d'água penduradas no cedro brilhavam, porque também estava sol. Uma claridade linda e alegre. passarinhos e beija-flores voavam de um lado para outro, e pareciam estar brincando.

A paisagem que vimos assim que chegamos à varanda

Um momento tão bonito e tão doce, que paramos na varanda para contemplá-lo um pouquinho. Depois que minha aluna foi embora, peghuei o celular e bati estas fotos - humildes imagens, mas eu quis retratar um pouco do que eu estava vendo naquele momento.

Uma luz bonita - sol com chuva

O ar estava frio, e parecia haver uma energia vibrando. Alguma coisa muito boa. E acho que não era só eu que a estava sentindo, pois os passarinhos cantavam e voavam sem parar.

A montanha coberta pela névoa

Ah, e aquela luz... todas as coisas estavam envolvidas por ela... apesar do céu encoberto e da chuva, tudo estava brilhando e pulsando. Uma manhã mágica... valeu a pena.









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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...